Pokémon - Odisséia escrita por Golden Boy
Notas iniciais do capítulo
Oi! Obrigado por chegar até aqui. Esse capítulo é lento, mas o ritmo da narrativa acelera a partir do segundo.
Espero que goste.
Aos seis anos, assim como seu irmão, Asher recebeu um ovo de sua avó e instruções claras de como cuidar dele. Deveria limpar a casca todos os dias, mantê-lo aquecido e nunca deixá-lo cair. Sua avó sempre fora apegada a tradições, porque ela nasceu quando Ryumaru ainda existia. E a tradição dizia que toda criança Ryumaru deveria receber um ovo de pokémon dragão.
O ovo rachou numa madrugada. Asher mantinha o ovo em sua mesa, cercado por panos e velas que ele acendia antes de ir dormir. O pokémon do tipo dragão saltou para fora da casca quebrada e explorou a casa inteira. Parou na cozinha e destruiu a perna da mesa com a força extraordinária de sua mandíbula.
Quando o garoto acordou, a primeira coisa que viu foram pedaços da casca espalhados pelo chão. Ele saltou da cama e correu pela casa até encontrar seu parceiro tentando comer uma quina da parede.
Era um Gible, e ele o apelidou de Daichi.
Seu irmão mais velho havia recebido o ovo de um Dratini, e Asher estava esperando pelo mesmo pokémon. Porque os Dratinis são fofos e fáceis de cuidar, e evoluem para poderosos Dragonites.
Quando Amin conseguiu sua primeira insígnia ao lado de seu Dragonair, Asher praticamente implorou para poder fazer o mesmo. Ele passou três noites dando argumentos para sua avó sobre porque ela deveria deixar ele desafiar o ginásio de Opelucid, mesmo que tivesse só sete anos.
E então, na terceira noite, Amin voltou para casa. Ele tinha tirado a semana depois de ganhar a insígnia para treinar seus pokémon nos arredores de Opelucid, e quando chegou ele tinha algo a dizer: ele iria viajar por Unova conquistando mais insígnias.
— Eu vou com você. — afirmou Asher. Ele tinha uma mochila nas costas e vestia uma jaqueta grande demais para seu corpo. As mangas cobriam suas mãos, e parte dela se arrastava no chão quando ele se movia.
Daichi abriu a boca para morder a jaqueta, mas uma bronca de seu treinador foi o suficiente para fazê-lo parar. E então, Amin se sentou na frente do irmão. Ele tinha doze anos na época, mas já estava acostumado a ser a figura paterna de Asher.
— Você não pode vir comigo, baixinho.
— Eu não sou baixinho! — Asher puxou as mangas da jaqueta para liberar as mãos. — E eu até tenho um pokémon! Eu também sou um treinador.
— Pra ser um treinador você precisa de uma licença. — Amin ergueu uma sobrancelha. — Você tem uma licença?
— Eu posso conseguir! — Asher fechou os punhos na frente do rosto. — E aí a gente vai viajar junto!
— Seria muito divertido — concordou o mais velho. — mas você é muito novo ainda. Quando eu voltar, eu prometo que vou te conseguir uma licença.
O coração de Asher se quebrou um pouquinho ali. Ele deixou a mochila cair das costas. Não que ele tivesse certeza que aparecer no quarto do irmão com uma jaqueta emprestada do pai deles e uma mochila fosse convencer Amin, mas era tudo que ele poderia fazer.
Ele sentiu as lágrimas vindo, e agarrou o irmão.
— Eu não quero ficar sozinho. — disse, soluçando.
— Você não vai ficar sozinho! Tem o Daichi e a vovó aqui. E a gente pode se falar sempre que você quiser.
— Você promete? — Asher ergueu os olhos molhados.
— Sim! Você pode me ligar sempre.
— E que eu vou conseguir uma licença quando você voltar?
— É claro, baixinho. — Amin o ergueu nos braços, passando seu braço por baixo das coxas do irmão. — Assim que você fizer dez anos.
Quando Asher acordou no dia seguinte, Amin já tinha ido.
—O-O-O-
— Que horas ele disse que chegaria? — Asher parou diante da cadeira de balanço de sua avó, que tricotava um cachecol. A senhorinha o encarou por cima da armação dos óculos.
— Na hora do almoço, Ashy — respondeu. O garoto olhou o relógio, que marcava dez da manhã. Ele ainda estava de pijama, mas isso não o impediu de se sentar na soleira da porta de entrada. Daichi se aconchegou entre as coxas do garoto, que segurava a própria cabeça com as mãos fechadas.
E sentado ali, Asher esperou o tempo passar. Sua barriga roncou, sentindo falta do café da manhã.
Quando a figura de Amin virou a esquina, ele saiu correndo. Descalço, seus pés se incomodaram com o asfalto, e ele saltou assim que chegou perto o suficiente para se escorar no irmão mais velho.
Ele o abraçou com toda a força que tinha. Amin tinha apenas quinze anos, mas parecia um adulto para Asher.
— E aí, baixinho? — disse o mais velho. Ele passou os braços ao redor do mais novo, e depois o ajudou a descer. Então, bagunçou o cabelo do garoto e eles seguiram juntos para dentro de casa.
—O-O-O-
Eles conversaram durante o almoço sobre cada uma das batalhas de ginásio de Amin. Ele contou sobre como a líder de Nimbasa era bonita, e sobre como sua batalha contra o de Driftveil havia sido difícil
Durante a tarde, Asher conheceu Taro, o Poliwrath; Mirna, a Darmanitan e Joppo, o Snorlax. E Ferris, o Dragonite de Amin, também estava de volta. Brincou com todos eles no quintal e apresentou Daichi a eles.
Amin só teve tempo para se sentar com sua avó quando o sol se pôs e Asher foi tomar banho. Antes disso, o irmão mais novo havia monopolizado sua atenção.
— Posso deixar um pokémon com você? — Amin perguntou, em dado momento da conversa. A senhora sorriu de leve, e olhou para ele de lado.
— Qual deles? Ferris?
— Não, ele nunca! A de fogo, Mirna. Ela gosta muito de cozinhar, e acho que vocês vão se dar bem.
A velhinha pensou por alguns segundos.
— Eu realmente vou precisar de ajuda para fazer compras, agora que o Asher vai sair em jornada também. — Uma interrogação se formou no rosto de Amin. Ela percebeu. — Você não lembra? Prometeu que daria uma licença no aniversário de dez anos dele. Ele falou disso o ano inteiro.
— Ele… lembra disso? Eu falei, sim, mas não achei que ele fosse querer. — Amin coçou atrás da cabeça. — Ele sempre foi tão caseiro, tão… assustado.
— Talvez o Asher de seis anos fosse assim, mas ele cresceu. Agora ele gosta de aventuras, e sai sempre com Daichi apenas para explorar a cidade. — Ela pegou a mão do neto e se virou para vê-lo de frente. — Ele é igualzinho a você, Amin. Na idade dele, você só falava em capturar pokémon. Seu sonho era ter um Onix.
— Eu lembro disso. Eu ia chamar ele de Rocky.
— É. Crianças têm sonhos, não faz mal alimentá-los. Você queria ir numa jornada, e eu deixei. Por que não pode fazer o mesmo por seu irmão?
— É diferente, vó. — Um nó se formou na garganta de Amin. Ele desviou o olhar, lembrando de tudo que passou. — É perigoso.
— E não era três anos atrás?
— Mas…
— De qualquer forma, não é comigo que você precisa falar. É com o bisbilhoteiro ali. — A senhora fez com a cabeça na direção da escada, de onde um Asher semi-nu ouvia tudo.
— Asher, eu… — Não havia tempo para explicar. O caçula subiu as escadas correndo e bateu a porta com toda a força. Daichi correu para entrar, mas não chegou a tempo e ficou do lado de fora.
Amin bufou, subiu as escadas desviando das poças molhadas deixadas pelos pés do garoto e bateu na porta.
— A gente pode conversar sobre isso? — perguntou o mais velho.
— Não. — A voz de Asher estava embargada, e fez Amin se sentir culpado.
— Você vai precisar sair daí alguma hora.
— Não vou, não.
Amin se sentou com as costas apoiadas na porta, e fez carinho em Daichi.
— E quem vai alimentar o Daichi?
— Ele sabe se virar. — disse, entre fungadas.
— Você realmente não quer conversar sobre isso?
— Você prometeu, Amin — o garoto soluçou. — Você prometeu que eu sairia numa jornada com dez anos, e eu acreditei. Eu treinei o Gible, ensinei ele a usar Dig e Bite, pra conseguirmos passar pela grama alta.
— Eu sei. Mas é mais complicado que isso. Unova não é segura para crianças.
— Eu não sou uma criança. Já tenho dois dígitos de idade.
Amin riu baixo, para que Asher não ouvisse. Ele sabia que era hipocrisia de sua parte não deixar o garoto sair em jornada, mas depois de tudo o que ele viu nesses anos…
— Ok, então o que você é? Adulto?
— Pré adolescente. — Asher estava soluçando menos.
— Ah. — Amin pegou Gible com as duas mãos e o colocou sobre suas pernas. — O Daichi tem dentes fortes. Como você treinou ele?
— Eu sempre arranjo rochas pra ele comer. — A voz dele soava embargada ainda, mas bem menos. — E a gente treina todos os dias.
Talvez Asher soubesse se virar.
Unova era perigosa, mas ele estaria por perto. Só precisava cuidar daquele assunto. E então, estaria livre para ajudá-lo na jornada.
Não faria mal esperar algum tempo antes de enfrentar a Victory Road.
— Então vamos fazer o seguinte — Amin disse — você pode ir até Icirrus e desafiar o líder de lá por uma insígnia. Se você conseguir ela, pode sair numa jornada.
Silêncio. E então, a porta do quarto foi destrancada, e Asher abriu uma fresta.
— E eu vou poder capturar pokémon? — o garoto perguntou antes de fungar. Seus olhos estavam vermelhos da choradeira.
— Que? Não, mas…
Asher começou a fechar a porta.
— Tá, tá. Um pokémon. Mas você vai pagar pela pokébola. — Amin ficou de pé e estendeu a mão na direção do irmão mais novo. — Feito?
Asher sorriu, e apertou a mão do irmão.
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