Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 22
Somewhere over the Rainbow


Notas iniciais do capítulo

O que é isso aqui?
Sou eu? Eu???? Depois de quase 2 meses de bloqueio e fodida da mente???? Eu mesma??? Então tá, sou eu. OIE!
Como vai você? Tudo bem? Tem comido direito? Como anda sua saúde? Se tu não precisa trabalhar fora, espero que esteja com a raba dentro de casa por causa desse "micróbio" maldito.
Tá tudo bem psicologicamente com você? Quer conversar sobre algo?
Gente, seguinte. Essa capitulo tá aqui bonitinho, quinta tem outro. Eu disse no Twitter que queria postar 4 essa semana, mas daí pensei. Vou postar só dois normais e na semana que vem (sem ser essa próxima segunda) faço "SEMANA BOIOLINHA 2, PORQUE A RAÇÃO TAVA NA PROMOÇÃO E EU COMPREI MUITO" a ração no caso é a minha criatividade que leva um up quando meu bloqueio passa.

Enfim, é isso.

Playlist da história.

YouTube:

https://www.youtube.com/playlist?list=PLqzyWlKccLfamc0Zj0ZnRquCAmLaa_Den

Spotify:

https://open.spotify.com/playlist/2GOa9C4tuU2boRWQEZwGtG?si=i115-RDLS1e8UfRhYOlnEQ


Música do capítulo: srael "IZ" Kamakawiwoole - Somewhere over the Rainbow


Ps: Se tiver algum erro gramatical, perdão. Não deu prazo de revisar bonitinho. Então depois faço isso.


~Boa leitura



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Galateia Pov.

Feliz, essa é a palavra que me define nesse momento. Vick não só veio aqui pra casa, como nós nos divertimos muito jogando enquanto Vicent havia saído para buscar a Sam. Eu não sabia que ela era boa com jogos, mas é, além de sempre xingar quando erra alguma coisa. Ver ela jogando God of War em uma das minhas fases salvas foi a coisa mais divertida que eu poderia ter o prazer de ver. Não sei explicar exatamente a euforia que senti, já que ela passou o tempo todo sentada do meu lado. Quando Vicent foi dormir, me alertou que ela estava cochilando no sofá. Desliguei o aparelho no mesmo instante e fui chamá-la. Eu só queria fazer um pouco de carinho na cabeça dela, mas o Vicent tinha que abrir a boca, então infelizmente, precisei acordá-la e guiar em direção ao quarto de hospedes. Acabei que pegando a mão dela no meio do caminho ao notar que mais dormia do que andava e caminhei em um ritmo lento para guiá-la.

— Você quer tomar outro banho? – Propus ao fechar a porta do quarto e ela soltou minha mão pra cheirar o próprio braço.

— Estou fedendo? – Perguntou divertida e ri negando com a cabeça.

— Você está muito cheirosa. – Alertei e ela se virou de costas para olhar em volta.

— Que quarto bonito. – Elogiou e sorri me aproximando dela. – Quase do tamanho da sala. – Comentou.

— Esse é o mais fresco da casa por causa dessa porta aqui, que dá para o jardim. – Mostrei a porta de vidro, a correndo para o lado, deixando o vento gelado entrar.

— Ah... Tem como trancar ela, não tem? – Perguntou medrosa e dei uma risada divertida.

— Tem sim, é só travar aqui. – Puxei de volta e travei a porta, me adiantando em correr a cortina para cobrir o vidro. – Pronto, sem jardim e seu quarto exposto. – Mostrei e ela sorriu caminhando até ficar ao meu lado.

— Obrigada. Só dormiria aqui com essa porta aberta caso alguém dormisse comigo. Eu sou medrosa. – Alertou e sorri me virando para lhe olhar. Eu poderia dormir aqui com ela, mas é estranho propor isso, principalmente agora, que revelei que a porta tranca. Maldição, eu devia ter dito que não trancava.

— Qualquer coisa tem o meu quarto, onde você pode dormir. – Propus e seus olhos se arregalaram.

— Sério? Hahaha. – Começou a rir e franzi o cenho sem entender. – Não é seguro me deixar no seu quarto. – Falou entre sua risada e ergui uma sobrancelha.

— E por que não? – Perguntei confusa e seu riso cessou no mesmo instante.

— Hã... Nada! Eu meio que sou sonâmbula. – Contou e lhe olhei em curiosidade.

— Do tipo que fala dormindo, anda e essas coisas? – Perguntei interessada.

— Isso mesmo. Eu já tentei nadar na minha cama uma vez. – Riu sem jeito e sorri carinhosa. – Já andei o apartamento todo também e depois fui dormir na cama do meu pai. – Revelou. – Mas só acontece quando vou dormir ansiosa. – Alertou e sorri outra vez.

— Sério?

— Muito sério! Mas olha... Se um dia dormir na minha casa, vai ter de dividir a cama comigo. O quarto de hospedes lá de casa virou um lugar para meu pai se exercitar quando não vai trabalhar. Você talvez, corra risco de morrer. – Falou aleatória e sorri.

— Minha expressão de preocupação. – Apontei pro meu rosto e ela riu.

— Não liga de ser assassinada, garota corajosa.

— Um pouco, sei me defender muito bem. – Brinquei e olhei para o chão por ela corar. – Então... Espero que durma tranquila. – Desejei indo até ela e esticando os braços para lhe abraçar, puxando seu corpo para o meu. Eu sei que talvez não deva, mas abraçar ela é uma das coisas mais prazerosas da minha vida. – Boa noite. – Desejei e seus braços me apertaram também, me mantendo no abraço por mais tempo.

— Boa noite. – Beijou meu rosto e me afastei com um sorriso.

— Se quiser sair para beber água, tem um interruptor aqui do corredor que acende uma luz interna na cozinha. Tio Jason o colocou na semana que me mudei para cá.

— Tudo bem, mas costumo não me levantar. Não consciente.

— Certo, então eu vou me deitar. – Alertei e arregalei brevemente os olhos por ela me abraçar uma segunda vez. A gente não já se deu boa noite?

— Até amanhã. – Desejou e se inclinou para beijar meu rosto pela segunda vez.

— Até. – Sorri e fui em direção ao meu quarto, fechando a porta em minhas costas. Deus, eu estou muito feliz.

XxX

Pela manhã eu acordei mais cedo que todo mundo, o que é comum, então arrumei meu quarto, reguei as plantas da tia Cass e alimentei os passarinhos que tio tem em algumas gaiolas, troquei a água deles, conferi se Vick dormia bem e voltei para cozinha na intenção de comer alguma coisa, porém nem cheguei a abrir a geladeira e parei para pegar meu celular, que alertou uma chamada em meu bolso.

—  Alô? – Atendi ao ver que quem ligava era Liane.

Heeeey, Sister. Know the water's sweet but blood is thicker. — Saudou animada, cantando um trecho da música Hey Brother do Avicii. – Vamos sair hoje? Eu queria te levar em algum lugar divertido. — Falou e olhei o relógio em meu pulso, vendo que já daria por volta das dez da manhã.

—  Eu tenho aula hoje e um trabalho para apresentar.

—  Fim de semana? — Perguntou e suspirei.

—  Não sei...

—  Vamos, por favor. Ficar na casa da nossa mãe me traz muitas lembranças e, percebo que comparado a antes, você está tão distante de mim que me faz querer chorar. Se for ver pelo que você significa pra mim, eu nunca teria ido embora daquele jeito, mas envolvia tanta coisa. — Falou chorosa e me escorei no balcão ao entender o motivo do seu sentimentalismo logo pela manhã.

—  Teve um pesadelo? – Perguntei.

Sim. — Sussurrou e sorri negando com a cabeça.

—  Depois da aula eu não vou fazer nada em específico. Se você ainda quiser sair até lá.

EU QUERO! — Gritou e sorri pela empolgação por algo tão bobo. – Vou te comprar chocolate e a gente vai se divertir muito. — Falou eufórica e sorri.

—  Parece legal. Quando chegar do colégio eu tomo banho e vou encontrar você. – Avisei.

—  Tá bom! Eu te ligo antes da sua aula, pra confirmar onde iremos e saber se ainda vai querer sair comigo. Te amo, beijos. — Desligou antes que eu pudesse responder. Sei que ela fez isso porque sabe que ainda não me sinto confortável o suficiente para sair dizendo que a amo. É claro que amo, muito. Ela é minha irmã mais velha e a pessoa que teve muita influência na minha vida, mas ir embora daquele jeito me machucou. Por mais que não tenha sido sua intenção fazer isso, me senti abandonada.

Guardei o celular no bolso, fiz um sanduíche com toda calma do mundo e o comi lentamente, para depois limpar a sujeira que fiz e pegar uma barrinha de chocolate no armário para comer. Mordi dois pedaços dela e vi Vicent entrar na cozinha com cara de sono. Eu nem estava com vontade de falar com ele, mas quando usou o nome da Vick eu me vi na necessidade de mandá-lo tomar no cu.

Eu tudo bem, ele não percebeu que sou lésbica ainda porque é lerdo demais sobre as coisas, agora falar da Vick pelas costas dela? Quem faz uma coisa dessa? É horrível e nojento. Sorte a dele foi lembrar que tínhamos de repassar o trabalho, por isso saí para acordar a Vick, o que foi uma das coisas mais legais, porque quanto mais eu chamava, mais ela apertava o travesseiro na cabeça e falava que não queria. Com muito custo a convenci, então ela foi fazer sua higiene matinal quase chorando, depois grudou nas minhas costas e me pediu para lhe carregar pela casa. Acho que no fundo ela ainda estava dormindo, mas não posso deixar de dizer que foi muito engraçado.

Depois de todo mundo tomar café da manhã e repassar o trabalho, Vicent foi levar Sam em casa, então isso acabou resultando em Vick e eu sozinhas, de novo. Acabei que deixando-a jogando na sala para ir ao meu quarto tomar banho, mas ao entrar no cômodo, percebi que não o havia mostrado pra ela.

— Victória! Vem pra cá. Me sinto mal te deixando na sala sozinha. – Chamei da porta do quarto e ela me olhou rapidamente, deixando o controle de lado. Eu não queria estar tão nervosa, mas como não ficar?

— Eu não vou roubar nada. – Brincou e ergui uma sobrancelha, não conseguindo evitar de rir. Por que ela é assim?

— Não disse que ia roubar alguma coisa, engraçadinha. Vem logo. – Chamei de novo e ela se levantou vindo em minha direção. Rapidamente me virei para voltar pra dentro do quarto por sentir minhas mãos trêmulas com sua presença. Pelo amor de tudo que é mais sagrado, porque estou me tremendo toda? - Ontem eu nem te mostrei o meu quarto. – Falei e ela entrou nele, olhando para todos os lados em curiosidade.

—  Meu Deus! Você tem muitos livros. – Falou animada e correu até minha estante, olhando todas as divisões cobertas de livros. – Já leu todos? – Perguntou curiosa e assenti.

—  Cada um deles.

—  NÃO ACREDITO! – Gritou e correu em direção a minha parede, olhando todas as fotos que eu tinha pregadas ali. Antigamente era cheio de fotos da Liane, mas depois que ela foi embora, eu acabei tirando todas, não por não gostar mais delas, mas porque sempre que as olhava, me dava vontade de chorar. – Que lindas. – Elogiou e sorri carinhosa. Ela gosta das minhas fotos. – Eu tenho um mural assim lá em casa, só que minhas fotos são sempre imprimidas em papel fotográfico. – Contou e me aproximei para olhar as fotos junto com ela. – Faz todo sentido você usar uma polaroid.

— Você acha?

—  Claro! Você é toda fofinha e a miss “não tecnologia”. – Fez aspas com os dedos e sorri. Ela acaba de me chamar de fofa? – Várias fotos de plantinhas, não estou dizendo? Fofa. – Falou pegando algumas das fotos e neguei com a cabeça. – Menina, olha só esses olhos azuis, caralho! Parece uma piscina toda detalhada no azulejo. – Comentou pegando uma foto minha e me encolhi no lugar. O que deu nela de repente?  É a primeira vez que parece tão à vontade do meu lado.

— Acha meus olhos bonitos? – Especulei e ela sorriu sem desviar a atenção da foto.

— Você é toda bonita, caralho. Que pergunta mais besta. – Brincou e ri negando com a cabeça.

—  Bom... Eu vou tomar banho. Pode se sentar. – Avisei indo até minha muda de roupa do colégio.

—  Me sentar onde? – Perguntou confusa e lhe olhei mais confusa ainda.

—  Como assim onde? Olha o tamanho dessa cama de casal. – Apontei e ela suspirou indo até a cama e se sentando, mas acabou se desequilibrando e caindo para o lado, se erguendo em um salto para me olhar com os olhos arregalados e a respiração alterada pelo susto. Mordi o lábio tentando não rir da sua expressão, mas não consegui segurar o riso. - É um colchão d’água. – Falei entre os risos e ela se sentou de novo, dessa vez com os braços cruzados e um bico de todo tamanho. Fofa.

—  Você podia ter avisado. – Resmungou fazendo outro bico e ri alto.

—  Desculpa por isso. Pensei que não iria cair. – Falei tentando conter a risada.

—  Está desculpada. – Murmurou subindo mais para cima da cama e movendo o corpo levemente. - Isso é muito legal. Parece até um pula-pula. – Brincou forçando seu corpo e se balançando de um lado para o outro.

—  Ele me rende boas noites de sono. – Falei amarrando meu cabelo em um coque e fui em direção ao banheiro.

—  Porra! – Falou surpresa e olhei para trás assustada.

—  O que foi?

—  Você, de cabelo amarrado é mó gata. – Falou com um sorriso e arregalei brevemente os olhos. Espera! Isso foi um flerte? Qual era a necessidade de falar isso pra mim?

—  Eu não sou gata com ele solto? – Perguntei para confirmar se isso é ou não um flerte.

—  Nossa, também. Mas desse jeito é a primeira vez que eu vejo, né? Tem aquele choque inicial. – Sorriu. A VICK TÁ FLERTANDO COMIGO!

—  Mas o título de gatinha é seu. Então na minha opinião, você o mantém de forma justa, porque é linda. – Joguei e seu rosto ficou vermelho. Oh... Ela está com vergonha, que fofa. Flerta e não aguenta, adorável. – Enfim, já volto. – Desfiz o rumo que tudo havia seguido e ela pareceu ficar aliviada.

—  Tudo bem. Vou dormir mais um pouquinho. Me acorda quando voltar. – Alertou se aconchegando e fechando os olhos. Neguei com a cabeça e entrei no banheiro fechando a porta. Tomei meu banho um pouco mais demorado que o normal, já que ela disse que iria dormir mais um pouco. Quando saí do chuveiro e me vesti, aproveitei para passar um lápis no olho, porque de acordo com a Vick, meus olhos são bonitos e eu quero realçar eles por isso. Depois de algum tempo me arrumando, abri a porta devagar e olhei para Vick, que estava jogada na cama, como se tivesse desmaiado no lugar. Sorri achando fofo e caminhei para perto do seu corpo, tocando seu braço em delicadeza.

—  Vick. – Chamei baixo e ela murmurou uma reclamação, puxando o travesseiro para o peito e o abraçando forte.

—  Não quero. – Murmurou e soltei uma risada baixa. Simplesmente adorável.

—  Você pediu para lhe acordar. – Falei me sentando na beira da cama e ela voltou a apertar o travesseiro.

—  Galateia, você é tão cheirosa. – Falou baixo e meu rosto esquentou de vergonha. Ela me acha cheirosa? – Seu vestido é tão lindo. – Continuou e franzi o cenho, olhando para baixo, conferindo meu uniforme. Ela está sonhando?

—  Acha lindo?

—  Olhos fofos. – Alertou e sorri de canto. MEU DEUS QUE COISA MAIS FOFA, ELA FALA DORMINDO.

—  Você gosta? – Perguntei um pouco mais alto e sorri por seu rosto ficar vermelho. Meu Deus? Ela está sonhando comigo?

—  Quando tá pertinho.

—  Pertinho de onde? – Perguntei tentando segurar o riso.

—  Do morro. – Quê?

—  Qual morro?

—  Segunda-feira. – Falou e ri, cobrindo a boca rapidamente.

—  Quer que eu saia do morro?

—  Beijar... – Sussurrou e ergui uma sobrancelha. Hã?

—  Beijar o quê?

—  Minha boca. – Fez uma careta e guiei minha mão para acariciar seu rosto, sorrindo por sua mão agarrar a minha e seus lábios tocarem a superfície dela em um beijo. Isso não pode estar certo. Não tem condição ela estar sonhando comigo e pensando em me beijar, ou tem? Vick gosta de mim? ESPERA! ELA GOSTA DE MIM? Por isso as vezes parece estar flertando? ELA FAZ DE PROPÓSITO?

—  Você quer que eu beije você?

—  Meu desejo. – Murmurou sussurrando alguma coisa e me aproximei para ouvir.

—  O que tem seu desejo? Do chocolate? – Perguntei perto do seu ouvido e sorri por ela sorrir. Ela é tão lindinha dormindo.

—  Me beija de novo. – Pediu voltando a abraçar o travesseiro e arregalei os olhos. O quê? De novo? Como assim de novo? Isso não... - Galateia. – Chamou e apoiei a mão ao lado do seu corpo, me inclinando para mais perto, beijando sua testa com carinho, rindo baixinho por ela tatear meu rosto. Foquei em sua expressão serena e engoli em seco por meu coração disparar. Eu deveria? Não acho que seja certo, ela está dormindo e isso seria tirar proveito de uma situação que ela não tem controle, mas por outro lado... Ela está pedindo um beijo meu! Teoricamente, de novo. Já sonhou que me beijava antes? Tem esse tipo de sonho comigo?

—  Eu vou beijar você. – Sussurrei e fechei os olhos, curvando mais meu tronco em sua direção, tocando seus lábios com os meus de leve, os movendo em lentidão para que ela não acordasse. Porém o sentimento de culpa que me atingiu foi tão forte que me afastei rapidamente, cobrindo a boca com a mão direita e olhando para ela, que sorria e abraçava o travesseiro mais forte. – Deus. – Sussurrei e tirei a mão da boca para me virar de costas, cruzando os braços para andar de um lado para o outro. Foi errado, foi muito errado. Ela está dormindo, sonhando algo aleatório. - Com mil demônios, eu não devia ter feito isso. – Choraminguei olhando por cima do ombro para ver que ela ainda dormia. Ela gosta de mim? De verdade? Tipo, não tem outro motivo para sonhar que estava me beijando, não é? Ou foi um sonho normal e eu estou pensando diferente? Se ela gostar de mim...

—  Thought we built a dynasty that heaven couldn't shake. Thought we built a dynasty, like nothing ever made. Thought we built a dynasty forever couldn't break up.— Arregalei os olhos por meu celular tocar alto no canto da cama e Vick se sentou em um pulo, olhando de um lado para o outro até focar os olhos em mim. Suas bochechas ficaram extremamente vermelhas e seus ombros se encolheram logo depois. Olhei para o chão por saber que também iria ficar corada por tê-la beijado e caminhei até meu celular que tocava a música Dynasty da Miia, o que deixava óbvio que Liane quem me ligava de novo. Lembro de ter escolhido essa música para colocar de chamada quando ela me ligasse, simplesmente porque sentia que o refrão representava como nossa relação havia ficado, sem dizer a parte que escolhi para iniciar a chamada. Chorei muito em meu quarto enquanto ouvia isso no primeiro ano que Liane foi embora e seguiu assim pelos próximos anos também. Acho engraçado o fato de as vezes, uma música que é levada mais para o lado de desilusão amorosa, poder ser encaixada em outras situações.

—  Alô. – Falei levando o aparelho ao ouvido e olhando de novo na direção da Vick, vendo que ela brincava com minha almofada. Ela percebeu que eu a beijei?

 KARAOKÊ!! — Liane gritou e fechei os olhos brevemente pelo som estridente de sua voz zunir em meu ouvido.

—  Quer me deixar surda? – Reclamei desligando a chamada e revirando os olhos pelo celular iniciar outra chamada no mesmo instante. – Se gritar de novo, nunca mais atendo uma ligação sua. – Adverti irritada e ouvi sua risada contida.

 Perdão, eu me empolguei demais. Enfim, não vou tomar muito do seu tempo, visto que já te irritei e as chances de desligar na minha cara de novo e cumprir sua palavra é de 99%.

—  Que bom que você entendeu. – Murmurei.

—  Karaokê. O que acha? Você canta maravilhosamente bem, já eu, sou um verdadeiro coro de anjo. Topa?— Perguntou animada e suspirei, olhando disfarçadamente pelo espelho na direção da Vick, abaixando o olhar em perceber que ela me olhava fixamente. Meu Deus, ela gosta mesmo de mim? De verdade?

—  Irei. Quando sair da escola te aviso por mensagem. – Alertei e fechei a cara por ela soltar outro grito.

—  Desculpa! Foi sem querer dessa vez.— Alertou rapidamente e neguei com a cabeça. – Eu vou desligar antes que você se arrependa. Eu te amo.— Desligou e suspirei colocando o celular de volta onde estava e me virando na direção da Victória, que olhava para o teto com a boca aberta. Soltei uma risadinha e se olhar veio em minha direção.

—  Falou alguma coisa? – Perguntou meio perdida e neguei com a cabeça. Não consigo acreditar que ela gosta de mim. Quais as chances de isso acontecer?

—  Você parece meio aérea.

—  Tive um sonho muito real. – Murmurou e ergui uma sobrancelha em curiosidade. Se ela gosta de mim, me contaria do seu sonho? Mesmo que seja revelar que foi comigo?

— O que você sonhou? – Tentei enquanto caminhava em sua direção.

—  Prefiro a morte a te contar. – Resmungou se deitando para trás e não consegui segurar o riso. Meu Deus?

— Que horror. Prefere a morte a me dizer? Muito bonito da sua parte.

— Eu sei que sou linda! – Brincou e me sentei na cama antes de deitar ao seu lado, com meu coração em um ritmo acelerado devido ao que tinha acontecido. - Hã... Er... – Começou e cobri a boca para bocejar.

— Que foi? – Perguntei erguendo uma sobrancelha e ela se encolheu.

— Por que você deitou também?

— Como assim? A cama é minha. Posso deitar quando eu quiser! Ou não? – Perguntei divertida. Eu te deixo nervosa, Victória?

— Hehehe claro, é só que...

— Só que? – Perguntei interessada na sua resposta. Ela está nervosa, é tão óbvio que chega a ser engraçado.

— Nós vamos pro colégio! – Alertou e ergui ambas as sobrancelhas. Não acredito que essa é a desculpa dela, que gracinha.

— O que tem? – Não faz mal algum deixar ela um pouquinho mais nervosa.

— Seu cabelo tá lindo e vai bagunçar. – Hahahahahaha ela é muito fofinha.

— Meu cabelo não vai bagunçar só por eu deitar na cama. – Saia dessa agora.

— A é? E agora? – Perguntou e arregalei os olhos por seu corpo se inclinar em minha direção e sua mão se mover de um lado pro outro sobre minha cabeça, bagunçando meu cabelo que estava perfeitamente penteado.

— Garota? Por que você fez isso? – Perguntei em choque e me sentei para tentar arrumá-lo com as mãos. Então ela toma atitudes quando não tem pra onde correr?

— Deixa eu arrumar. – Se sentou ao meu lado e me encolhi por sua mão se enfiar em meio ao meu cabelo, começando um carinho suave. Fechei os olhos por um momento para apreciar o gesto. Eu não sou muito acostumada em receber carinho de outras pessoas, exceto tia Cass. Antes eu tinha a Liane, mas desde que ela foi embora, só me restou tia Cass. - Sabia que se você fizesse uns penteados ficaria ainda mais bonita? – Perguntou e fiz uma careta só em imaginar prender meu cabelo. Faço isso muito “contra vontade” nas aulas de karatê e para tomar banho.

— Não gosto de fazer penteados. Gosto do meu cabelo solto. – Contei e ela soltou um suspiro como se estivesse chateada. Fechei os olhos por um breve momento e virei a cabeça em sua direção. - O que você quer fazer? – Perguntei e seus olhos brilharam.

— Uma trança. – Falou empolgada e olhei para minhas mãos em silêncio. Ela vivia fazendo isso no meu cabelo quando éramos crianças.

— E você sabe trançar? – Perguntei curiosa em saber se ela tinha alguma memória sobre nós, nem que seja vaga. Eu sei que as vezes ela se lembrar ou não que me conhecia, não faz muita diferença nessa atualidade, já que gosta de mim e de algum jeito estamos nos aproximando, mas seria muito agradável saber que ela tem memórias comigo e que não sou apenas eu que vivo do passado.

— Mas é claro que sei. Eu faço dessas pulseiras aqui, vê? – Esticou o braço em minha direção e olhei para as várias pulseiras. – E também tranço o meu cabelo quando não tenho nada pra fazer. Você já viu a trança sereia? – Perguntou animada e neguei com a cabeça. – Meu Deus, você precisa ver, acho que tenho uma ou duas fotos no meu celular. – Se jogou na cama para pegar o aparelho e fiquei lhe olhando até que a tela foi guiada para perto do meu rosto. – Qual você gosta mais? – Questionou e foquei nas duas imagens, onde em uma era como se a pessoa usasse uma coroa na parte de traz da cabeça e a outra seguia o mesmo estilo, só que a diferença era que ela descia quando chegava ao meio e várias mechas do cabelo se juntavam nessa descida até perto da ponta, deixando mais da metade do cabelo livre.

— Eu não sei bem... – Resmunguei por realmente ser uma das coisas que não curto muito fazer no meu cabelo. - Não que ache feio, mas para tirar me deixa sem paciência. – Contei.

— Larga de ser resmungona, Galateia. É só uma trança. Aposto que vai gostar. – Realmente, é um fato eu gostar de tudo que você faz.

— E quando eu for tirar? Vou perder a paciência.

— Eu desfaço antes da aula acabar. Satisfeita? – Rebateu e suspirei aceitando a derrota. Acho que vou sair ganhando. Terei ela mexendo no meu cabelo e perto de mim. - Yah! – Deu um gritinho subindo mais na cama e colocando seu corpo atrás do meu, tornando a me mostrar o celular com as fotos. – O que você quer?

— Você. – Falei subitamente e arregalei os olhos. – Você escolhe. – Refiz a frase e ela riu sem jeito, começando a juntar meu cabelo para trançar.

— Seu cabelo é cheiroso. - Falou e soltei um murmuro por não conseguir formular uma frase. Por que ela tem de dizer isso? Não é possível que não faça de propósito na intenção de me abalar. - Você resmunga muito, sabia?

— É um dom. – Falei divertida e ela começou a trançar meu cabelo enquanto ria.

— CHEGAMOS. – Ouvi o grito de tia e olhei em direção a porta do quarto, já que a primeira coisa que ela faz quando chega de algum lugar, é vir conferir como estou. – Bom dia, meu amor. Tá tudo bem? Já comeu? – Perguntou depois de abrir a porta do quarto e sorri.

— Bom dia, tia Cass. Comi sim senhora. – Alertei e ela focou os olhos na Vick, que parecia concentrada em trançar meu cabelo.

— Que menina mais bonita. É a sua colega de grupo? – Especulou curiosa e senti meu rosto esquentar um pouco, já que se eu confirmar, ela vai saber que é por quem eu tenho certos... Sentimentos.

— Sim! – Falei um pouco receosa. - Victória... Essa é minha tia, Cassandra. Tia, essa é minha amiga, Victória Frieck. – Usei o sobrenome dela na apresentação, já que assim ela vai associá-la com a Vanessa e não terá tempo de processar que é a menina que eu gosto.

— Victória? É um prazer te conhecer. Espero lhe ver mais vezes por aqui. – Sorriu carinhosa e Vick fez o mesmo. Missão principal: completada com sucesso.

— Obrigada. – Falou voltando a atenção para meu cabelo e olhei rapidamente para porta esperando que tia já houvesse saído, mas invés disso, ela continuava ali, nos olhando com curiosidade, oh não.

— O que você está fazendo com o cabelo dela? – Perguntou e encolhi os ombros.

— Pedi para fazer uma trança. – Avisou. – Quer ver qual estou fazendo? – Perguntou carinhosa e tia veio em nossa direção para olhar o celular dela.

— Essa é muito linda. – Falou em um tom sugestivo e me olhou antes de negar com a cabeça discretamente. – Bom saber que a Galateia permitiu que trançassem o cabelo dela. Você conseguiu em um dia, o que tenho tentado há anos. - Missão principal: fracassada.

— Trouxe chocolate? – Perguntei rapidamente pela vergonha súbita que me dominou e ela só faltou piscar em minha direção, já que tinha juntado os lábios em um biquinho.

— E eu já lhe deixei sem chocolate? Vou deixar vocês duas sozinhas aqui e ir olhar minhas plantas. Você regou? – Perguntou preocupada e lhe olhei rapidamente.

—  Sim senhora.

—  Certo, então já vou. – Se virou saindo do quarto e sorri por ouvir sua voz se elevar pela casa. - Jason! A menina tá trançando o cabelo do nosso pitbullzinho. – Falou e revirei os olhos olhando para trás, capturando o exato momento que Vick reprimia uma risada.

—  Nem ouse. – Adverti pra ela não rir do que tia me chamou e ela mordeu o lábio inferior, para soltar o ar e me olhar divertida.

— Não ousarei. O nome do seu tio é Jason? – Perguntou mudando de assunto e sorri.

— É sim.

— Meu Deus. Galateia, Jason, Pudim. O que mais temos por aqui? Alguma Afrodite? Fred Krueger? Pelo que estou vendo, pode ter até um Jigsaw escondido na sua família. - Brincou rindo e neguei com a cabeça.

— Hahaha. Acabou? – Perguntei querendo soar brava, mas meu risinho estragou meu plano. - Não tem um Jigsaw! E você não pode falar nada. Como é mesmo o seu nome completo? – Perguntei me virando para trás e sorri por ela focar sua atenção em meu rosto e se manter em silêncio. Caramba, é uma sensação muito boa de saber que essa garota gosta de mim. Porque eu gosto dela, mas tem todo um motivo da minha parte, já ela nem se lembra de mim e... Por que ela começou a gostar de mim? A gente nem se falava...

— Você não lembra? Continue assim. – Se referiu ao nome e sorri. Garota? O que eu não lembro sobre você?

— Quem disse que eu não lembro? Senhorita Victória Frieck D’Ewder Klow. – Falei seu nome e ri de sua careta.— Com licença senhor velhinho, mas para onde está viajando? — Comecei e sua careta foi impagável. - Ah minha cara moça. Eu vou para Victória Frieck D’Ewder Klow. – Continuei e ri divertida.

— Eu não acredito que você está me zoando. – Murmurou fazendo um bico e voltei a rir.

— Estou! Eu estou te zoando.

— E ainda admite? Sério isso? – Perguntou em um tom bravo e virou minha cabeça para frente, voltando a puxar meu cabelo com delicadeza para fazer a trança.

— Você ficou brava? – Perguntei indo virar a cabeça para seu lado, mas suas mãos se firmaram ao redor dela, me impedindo de me mexer.

— E se eu tiver ficado? – Reclamou em um tom divertido e ri por ser óbvio que estava brincando. Devo agradecer por ela ser expressiva o suficiente para que eu entenda quando está ou não falando sério. Desde aquele dia no carro, ela realmente tem sido bem clara sobre como está se sentindo e isso não poderia me deixar mais feliz.

— Eu me desculparia. – Falei e movi meus ombros no ritmo de uma música que veio a minha cabeça.

— Nossa, Galateia! Você parece aquelas crianças que vão cortar cabelo no salão. Fica quieta, criatura. Eu estou tentando trabalhar aqui. – Reclamou em um tom autoritário e segurou meus ombros me fazendo parar de mexer e soltar uma risada.

— Você que quis fazer penteado.

— Tá! Mas você precisa ficar dançando e me atrapalhando? Sabia que esse penteado vai te fazer ficar ainda mais linda?

— Nossa! Então tá. – Falei divertida. - Vou me comportar, se bem que não tem como eu ficar ainda mais linda do que já sou, mas você pode tentar. – Brinquei e sua mão parou por um momento o que fazia em meu cabelo.

— Você não era assim. Quando foi que passou a ser convencida? – Perguntou voltando a trançar e arregalei os olhos. Era? No passado?

— Como assim eu não era? – Questionei um pouco eufórica. Às vezes ela diz as coisas de um jeito que dá a entender que tem memórias comigo.

— Antes de fazer grupo com você eu pensava “Uau! Galateia está em um nível intelectual avançado do mundo. Ela deve ser mega inteligente e refinada. Aposto que não gosta de brincadeiras”. Mas aí... O que eu descubro? Galateia é uma gamer que adora roupas fofas e age feito uma criança. E ainda por cima é convencida. – Falou e soltei o ar me sentindo idiota por imaginar que ela tinha alguma lembrança. Eu tenho de parar de resumir a Vick a menina que conheci e focar apenas na que estou conhecendo agora. Nada é como antes e preciso aceitar esse fato de uma vez por todas.

— Oh! Quem disse que não estou em um nível intelectual avançado do mundo? – Comecei. - Sou mega inteligente sim e absurdamente refinada. Sei todas as regras de etiqueta. – Revelei, revirando os olhos ao lembrar o motivo de saber todas as regras. - E eu gosto das suas brincadeiras, porque você é engraçada. Gosto do seu bom humor e pra ser sincera, você tem muita facilidade em me fazer rir. Isso me agrada, porque do seu lado tudo parece muito leve. Aprecio sua companhia. – Falei e sua mão parou de se mover em meu cabelo. Sei que talvez eu devesse dizer a ela que tenho sentimentos por sua pessoa agora que sei que ela o tem por mim. Mas na cabeça dela isso não faria muito sentido e quero que possa me conhecer mais antes de lhe mostrar um pouco dos meus sentimentos. Então por hora, aprecio a sua amizade e corresponderei a qualquer e toda iniciativa dela.

— Eu vou abraçar você. – Alertou e passou os braços por meu corpo, me abraçando pelas costas. Fechei os olhos apreciando o gesto, não deixando de me surpreender com o fato de ser abraçada. O abraço mais recente que recebi sem ser os da tia Cass, foi o de Liane, quando ela foi me ver na academia.

— Wow! – Estiquei os braços para cima de olhos fechados e segurei sua cabeça com ambas as mãos, retribuindo como podia ao seu abraço. Como que alguém teve coragem de implicar com ela e lhe levar a perder a memória? A Vick que me lembro era a coisa mais doce do mundo.

—  Certo, vou terminar sua trança para podermos ir pra escola. – Alertou depois de alguns segundos e acordei para realidade, soltando sua cabeça e lhe deixando trançar meu cabelo. É normal ficar tão ansiosa perto dela?

Victória Pov.

Meu sonho. O meu perfeito sonho sonhado na casa do Vicent. Galateia veio me perturbar outra vez em roupas de ninfa. Graças a isso eu pude realizar o meu desejo e lhe beijar. Pena que fui acordada no melhor momento do sonho. Se fosse o Vicent me acordando eu o teria xingado, mas quem me acordou foi Galateia e por um estante pensei que ainda sonhava, ainda me agarrei nas costas dela e pedi para voltar ao meu sonho. Torço pra ter sido só um surto da minha cabeça e que ela não tenha notado nada, porque só acordei de verdade depois que fomos para cozinha. Jhu sempre me disse que eu era sonâmbula e até eu mesma já sabia disso de tanto me falarem, porque eu mesma não me lembro de nada que fiz antes de despertar por completo, só sei que ficar abraçada com a Galateia foi mesmo real, porque quando despertei, estava abraçada nela.

Quando fiquei sozinha na cozinha com Sam e o Vicent e ele disse que o sonho devia ter sido quente... Céus! Tantas imagens passaram por minha cabeça, tantas coisas pervertidas que senti que a qualquer momento eu iria explodir, porque imaginar Galateia em certas situações foi demais pra minha cabeça e meu coração. E como se já não pudesse piorar, ela chega do nada e se escora em mim. Fala sério! Ela faz essas coisas de propósito, né? Tipo: Vou me escorar na Victória porque ela se derrete com qualquer toque meu. Cara... Galateia é malvada, muito malvada comigo, tão malvada que eu não estava conseguindo pensar direito com ela escorada em mim.

Dei graças aos céus por Vicent nos chamar para fazer o trabalho, me senti aliviada quando Galateia se soltou de mim, mas vê-la sair emburrada quase me fez entrar em pânico. Não queria que ela pensasse que “não queria” que soubesse do que eu falava. Ela só não podia mesmo saber que eu a beijei em meu sonho! O que pensaria de mim? Fora que depois, quando ela me mostrou seu quarto e eu acabei dormindo de novo... Porra! Outro sonho, mas esse foi tão real. Tão absurdamente real que meu coração disparou como nunca no momento que acordei com o toque do celular dela e vi que ela me observava. Eu fiquei tão desconcertada que acho que nem pra disfarçar servi. Mas porra, parecia que estava sentindo a pressão dos lábios dela nos meus.

Tentei tanto disfarçar como estava nervosa que inventei de trançar o cabelo dela e, mesmo ela reclamando na maioria do tempo, deixou com que fizesse, fora que me disse umas coisas bem legais e a gente chegou a conversar bastante durante o processo. Adorei cada segundo do momento que passamos juntas até Vicent voltar. Agora estamos no carro em direção a escola e para ser sincera, estou com vontade de abrir a porta do carro e empurrar o Vicent para fora, de tanto que esse arrombado está me empurrando com o ombro.

— Arg! Na moral, Vick. Chega pra lá. – Me empurrou no banco do carro pela milésima vez, só que agora quase caí em cima da Galateia.

— Larga de ser grosso, Vicent. – Galateia se inclinou dando um soco no braço dele, voltando para seu lugar e segurando meu braço de leve. – Se machucou? – Perguntou preocupada e neguei meio abobalhada com sua preocupação. Ainda não acredito que consegui sonhar que beijava ela duas vezes no mesmo dia.

— Eu não sou grosso! Só preciso de espaço. – Vicent falou e tornou a me empurrar para cima da Galateia, mas dessa vez com mais gentileza.

— Para de empurrar ela. – Rosnou e Vicent me olhou por um segundo, dando uma leve piscadinha.

— Não dá! Metade do nosso trabalho está lá na frente, e eu preciso colocar essa parte aqui também. Se a Vick não der espaço, ele vai amassar. É isso que você quer, Ninfa? Que nosso sofrido trabalho vá para o lixo?

— O que você quer que eu faça? Pegue a Victória no colo? – Arregalei os olhos quando Vicent assentiu empolgado. Não! Eu vou desmaiar se isso acontecer, se eu não desmaiar, derreto. – Tudo bem! Licença, Victória. – Chamou e lhe olhei. - Poderia sentar no meu colo? – Perguntou séria e por um momento esqueci como fazia pra respirar. CA RA LHO. Puta que o pariu, não me pede pra sentar em você não, porra. Desgraça, meus hormônios, oh inferno.

—  Enh? – Produzi o som que saiu sem um sentido especifico pela minha boca, arregalando os olhos por seu braço esquerdo passar por trás das minhas costas e ela me puxar em um impulso tão rápido, que quando me dei conta, estava sentada no colo dela. Minhas mãos tremeram levemente quando seus braços rodearam minha cintura para me segurar. Um arrepio subiu por minha espinha e comecei a ficar tonta quando sua respiração ficou ao lado de minha orelha. Adeus mundo! Eu vou morrer aqui e depois reencarnarei como sereia, e talvez, em um futuro distante, Galateia reencarne como uma ninfa e sejamos um casal apaixonado. Eu te amo e te odeio Vicent. Te amo por estar nessa posição agora, e te odeio pelo mesmo motivo. Não estava psicologicamente preparada.

— Agora sim! Espaço para as folhas. - Vicent resmungou colocando as folhas onde eu estava sentada anteriormente, fazendo Galateia soltar um suspiro, o que fez com que até o último pelo de meu corpo se arrepiasse. Pela primeira vez na vida agradeço por nosso uniforme ser uma blusa social de manga, sério mesmo. Seria muito constrangedor se ela percebesse que me arrepiei com seu suspiro ao lado do meu ouvido. — Sabe, Ninfa. Vick está sem segurança. Não seria mais adequado você a segurar de forma mais firme? - Vicent perguntou curioso e Galateia afastou meu cabelo para o lado, apoiando seu queixo em meu pescoço na medida em que apertava mais os seus braços em volta da minha cintura. Adeus mundo! Foi bom viver aqui até meus 17 anos, fiz muitas coisas das quais me orgulho, vivi uma vida feliz e divertida, mas já estava na hora de partir. Só quero deixar claro que se eu morrer, o Vicent sofrerá um acidente muito grave. Um acidente tão grave que não será possível reconhecer seu rosto.

XxX

— Eu te mato! – Rosnei assim que saí do carro, dando socos no peitoral dele, aproveitando que Galateia conversava com o motorista sobre alguma coisa que não consegui entender.

— Eu te ajudo e você pensa em me matar? É assim? – Perguntou tristemente e segurei sua camisa o puxando para ficar cara a cara comigo.

— Olhe para minhas mãos, Vicent! Minhas mãos estão tremendo que nem um pinscher. Acho que meu corpo atingiu oitenta graus, de tão quente que eu fiquei! Meu coração tá disparado, porra. Acho que cheguei perto de um ataque de pânico e você diz que me ajudou? Eu quase não estou conseguindo respirar. – Falei tudo de uma vez e ele começou a gargalhar de forma divertida.

— Se acalme, gatinha! Respira e pense pelo lado bom. Você ficou perto dela. Galateia é muito tapada e não percebe que as atitudes delas quase te matam. Por isso eu estou aqui. Sou seu cupido, esqueceu? Eu vou te ajudar a mostrar para essa Ninfa que sereias são loucas por ninfas.

— Caralho Vicent! Dá próxima vez, sei lá, me envia uma mensagem no celular avisando de seus planos para que eu fique psicologicamente preparada. Cara... Meu coração está batendo o recorde de desespero aqui.

— Nossa! Desculpa, não foi à intenção quase te matar e eu não tinha programado nada, foi no aleatório. Prometo que da próxima vez te aviso dos meus planos, mas me diga aí. Como conseguiu a proeza da Galateia te deixar mexer no cabelo dela? Eu ia perguntar lá em casa, mas as chances dela me acertar um soco eram grandes.

— Como assim? Eu só pedi.

— Só pediu? Caramba! Isso que é poder de persuasão, gatinha. Sabia que Galateia morre de ciúmes daquele bendito cabelo dela? Ela não gosta nem que olhem, e olha o que você conseguiu fazer. Você fez uma trança nela. Cara... Você deve ser a escolhida. Seu amor tá vindo. – Comecei a rir e senti um arrepio correr por todo meu corpo quando um braço rodeou meu pescoço.

— Sabe... Temos um trabalho para apresentar agora e ainda a necessidade de montarmos o nosso cenário. Podemos ir ao que interessa? – Galateia perguntou e assenti, percebendo que meu corpo estava sendo usado de apoio para o dela.

— Então vamos, minhas duas garotas mitológicas. – Vicent chamou e junto dele seguimos para a sala de aula, mas antes Galateia disse que iria beber água e ir ao banheiro, pedindo para continuarmos, assim economizaríamos tempo. Quando fui em direção a minha cadeira parei, vendo que Tiffany e Amanda estavam lá, Amanda sentada na minha e Tiffany na da Galateia.

— Fala sério. – Vicent resmungou do meu lado e dei uma fraca risada. Ele parece não gostar dessas duas tanto quanto eu. – Olá, coisas insuportáveis! Poderiam sair de onde meu grupo se reúne? – Perguntou se aproximando delas e cruzei os braços analisando a cena.

— Estamos bem aqui. – Revirei os olhos e me aproximei colocando meu material onde sempre colocava, sobre a mesa.

— Esse lugar é meu. – Falei séria e Amanda deu de ombros. — Na boa, sai.

— E se eu não quiser sair? Vai fazer o que comigo? – Suspirei pesadamente e olhei para Vicent, que resmungou alguma coisa irritado.

— Olha... Eu não estou com paciência. Vamos apresentar trabalho agora e ainda temos que nos organizar. Então sai do meu lugar. – Falei irritada. Cara... Eu não tenho paciência com esse tipo de coisa não. O que deu nessas duas tão de repente? Nunca implicaram comigo antes, se bem que eu acho que o problema delas é com a Galateia e não comigo, mas quer saber? Se o problema delas é com a Galateia, então também é comigo. Ninguém mexe com o que é meu não, não é assim que funciona.

— Sai logo garota. – Vicent resmungou sentado em seu lugar e ambas começaram a rir. Qual a graça nisso?

— Não é nada com vocês, queridos. Só queremos capturar a Ninfa e levá-la para nosso lado.

— Ela não é um Pokémon. – Falei irritada e ambas se olharam sem entender.

— Um o quê? – Perguntaram e Vicent começou a rir da minha piada, mas acho que estava rindo mais por elas não saberem o que é um Pokémon. Quem não sabe o que é um Pokémon?

— Esquece. Saiam logo, por favor. – Pedi irritada e revirei os olhos quando elas começaram a rir.

— Seu “por favor” foi tão forçado, Victória.

— Que tal eu te meter um soco e você vê que o forçado vai ser a minha mão enfiando na sua goela? – Rosnei furiosa, mas em seguida relaxei os músculos ao sentir um cheiro inconfundível de cereja se aproximar. Pela primeira vez eu preferiria se Galateia tivesse ficado andando por mais tempo.

— Fala aí, Ninfa! Pensamos em te dá outra chance de entrar no nosso grupo. – Tiffany falou antes mesmo deu me virar para ver Galateia. Sabia que era ela. - O que você acha? – Perguntou enquanto Galateia se aproximava dela e colocava sua mochila sobre a mesa, sorri de canto quando antes de falar qualquer coisa ela a pegou pelo braço, tirando de seu lugar e se sentando.

— Não estou interessada. Caso não percebeu, eu já tenho um grupo.

— Arg! Eu acho o meu mais divertido.

— Não ligo pro que você acha. O que importa é a minha opinião sobre onde fico ou não. Eu estou com muito mau humor hoje para manter uma conversa civilizada com pessoas irritantes como vocês. Então saiam de perto de mim. – Falou com a voz um pouco mais grave e lhe olhei surpresa. Meu Deus? Que voz foi essa agora? Caralho.

— Vocês não vão gostar dela de mau humor. – Vicent alertou e Amanda se levantou emburrada do meu lugar, suspirei pesadamente e me sentei.

— Você ainda vai vir pro nosso lado. – Resmungou.

— Venha para o lado negro da força. – Resmunguei e tanto Galateia quanto Vicent começaram a rir.

— Sem mentira, gatinha! Eu amo suas brincadeiras. – Vicent falou em meio aos risos e Tiffany nos olhou como se fossemos doidos por estarmos rindo.

— Vocês não são normais. – Murmurou dando uma piscadinha para Galateia e saindo. Olhei para Vicent, vendo que o mesmo estava com os olhos estreitos.

— Acho que você encontrou uma pedra, gatinha. – Resmungou e apertei o punho irritada, olhando para Tiffany que estava se sentando no meio dos retardados da sala.

— Não tem disso! Quando a maré sobe, nenhuma pedra fica no caminho da água.

— Filosofou agora. – Galateia falou divertida e sorri em sua direção.

— Você acha?

— Sim, eu achei muito chique. – Piscou e lhe abracei de lado. Chique é você, garota. – Porém, não se preocupe com elas. Aposto que daqui a uns dias elas se esquecem da nossa existência.

— Espero que esqueçam mesmo, ou vou precisar chutar a cara dela. - Resmunguei emburrada.

— Só toma cuidado quando for fazer isso. – Brincou e o professor adentrou a sala sorridente.

— Bom dia, jovens sem futuro. Alguém aí quer um futuro cheio de alegria e felicidade para ter feito o meu trabalho? Porque convenhamos. História é a matéria mais importante do mundo. Se você discorda, é porque é burro como grande parte da população mundial. – Vicent levantou a mão a balançando de um lado pro outro e o professor focou a atenção nele.

— Eu quero! Me escolhe.

— Pudim! Depois de ficar reprovado na minha matéria no ano passado, decidiu estudar?

— Claro! Esse ano armarão pra mim, professor! Olha só o que fizeram. – Apontou para mim e para Galateia, que nos entreolhamos sem entender nada. Não pude evitar de sorrir ao notar que seu olhar tinha algo em comum com meu pensamento “Vicent é doido”. - Além de me pescarem lá do fundão, me colocaram no mesmo grupo que a minha prima e a Victória.

— Wow! Galateia é sua prima? – O professor perguntou surpreso.

— Claro! Aé. Como eu pude me esquecer disso? Caros coleguinhas que mal conheço e já considero pakas. – Chamou a atenção de todo mundo e subiu em cima da cadeira. - Eu sou primo da Galateia. Eeeeh foda-se! – Fez uma dancinha escrota e todos começaram a rir. Galateia por outro lado, negou com a cabeça e escorou as costas em sua cadeira. - Aproveitar que todos estão prestando atenção em minha ilustre pessoa fabulosa e brilhante. A pessoa que brilha mais que um diamante e sai divando por toda essa escola. O astro do vôlei e passador de cola... Eu! Vicent Pudim, porque pudim é gostoso e atraente, estou aqui para lhes apresentar o nosso espetacular, homem aranha. – Terminou sua frase fazendo todos rirem, menos Galateia, que estava com uma cara emburrada. Cutuquei o braço dela com o cotovelo e ela suspirou dando um leve sorriso e desfazendo a carinha emburrada.

—  Ele é idiota. – Se defendeu e ri divertida. Meu Deus, ela é muito fofa.

— Nossa! Perdão, coleguinhas. Acabei que dizendo o discurso errado, mas continuando... O nosso espetacular trabalho sobre línguas estrangeiras. Eeeeh agora sim eu acertei. Garanto que o que presenciarão aqui hoje, jamais foi visto por olhos humanos. Estrelando: EU. - Apontou para si mesmo, desceu de sua cadeira e estendeu as duas mãos, para que eu e Galateia as pegássemos. Suspirei e peguei sua mão, olhando divertida para Galateia, que suspirou dando um risinho e aceitando pegar a mão de seu primo louco. - E minhas lindas garotas mitológicas. Elas não são apenas garotas comuns. Não! Elas falam línguas estranhas, elas são uma dupla de deusas. Claro que a divindade delas não chega perto da minha, mas elas tentam. – Revirei os olhos e Galateia fez o mesmo.

XxX

— Cara... Jamais imaginei que receberíamos cinco pontos a mais. Obrigada Deus!

— Obrigada é no feminino. – Galateia corrigiu.

—  OBRIGADO. – Gritou abrindo os braços em frente a todos na saída da escola, o que fez Galateia fazer uma careta.

—Você precisa sorrir um pouquinho mais. – Falei divertida, segurando ambos os lados de seu rosto e esticando suas bochechas de leve, a fazendo balançar a cabeça enquanto começava a rir. - Isso! É assim que tem que fazer. Olha só que coisa boa que nos aconteceu. Ganhamos cinco pontos a mais.

— Certo! Eu vou sorrir e rir mais, ok? Só que Vicent está falando sobre isso desde a primeira aula. – Reclamou.

— Hm... Só acreditarei em você se sorrir agora. Seu sorriso é a coisa mais linda. – Cruzei os braços a olhando séria e ela corou envergonhada, sorrindo antes de abaixar a cabeça. - Agora sim eu acredito em você. Deixa o Vicent ser feliz, coitado. Pelo que eu sei, é a primeira nota boa dele com esse professor.

— Se você diz. – Murmurou ajeitando a mochila no ombro como podia, já que suas mãos estavam ocupadas com várias coisas do trabalho. Sorri de canto e a empurrei de leve para o lado.

— Para de murmurar. – Brinquei e ela riu divertida.

— Ok! Eu não vou mais resmungar ou murmurar perto de você, senhorita “Minha alegria precisa te contagiar”.

— Né não? Vick pensa que o mundo precisa ser feliz. – Vicent se meteu em nossa conversa e o olhei feio.

— Não precisa ser o mundo. Trazendo a Galateia pro meu lado já é de bom tamanho. – Falei baixinho e o carro que sempre busca Galateia parou frente à escola.

— Finalmente. – Vicent comemorou, pegou as coisas do trabalho que estavam em um banco e as levou para dentro do carro, deixando apenas Galateia e eu.

—  Eu nem desfiz a trança... – Lembrei e ela olhou de canto de olho, tentando ver a trança antes de voltar a me olhar, sorrindo carinhosa. Eu tinha prometido que iria tirar, foi assim que ela me deixou fazer no fim das contas.

—  Tudo bem, eu gostei dela e só pretendo desfazer antes de dormir.

—  Sério? – Perguntei animada. Ela gostou mesmo?

—  Seríssimo. Enfim, acho que é um tchau e até amanhã. – Disse fazendo um aceno com a cabeça e me aproveitei que suas mãos estavam ocupadas para abraçá-la com carinho.

— Até amanhã. - Falei e beijei seu rosto antes de lhe soltar e ela olhou para as coisas em suas mãos, se virando para colocá-la no meio do chão e voltando a atenção para mim.

—  Venha aqui. – Chamou abrindo um pouco os braços e nem pensei antes de caminhar em sua direção e lhe abraçar de novo, fechando os olhos por ela me retribuir com carinho. – Obrigada pela trança e por falar tão bem na nossa apresentação. – Elogiou e senti meu rosto queimar de vergonha.

—  Não precisa agradecer por isso. - Murmurei me afastando e Vicent saiu do carro para vir pegar as coisas que Galateia deixou no chão.

— Vick, por que você não se muda pra nossa casa? – Perguntou levando as coisas para o carro e sorri divertida.

— Não posso me mudar para sua casa, Vicent. Tenho uma família.

— E daí? Galateia também tem, mas prefere morar com o primo gostoso dela. – Olhei para Galateia e ela sorriu.

— Não dê atenção as coisas que ele diz. – Murmurou e cruzei os braços a olhando séria. - Ah... Ok! Me desculpe por ser o Lula Molusco.

— Desculpada. – Sorri e ela colocou ambas as mãos atrás das costas.

— Até amanhã, Victória Frieck D’Ewder Klow. – Estreitei os olhos e a ouvi rir.

— Isso não tem graça. – Murmurei evitando rir. Acho uma gracinha ela zoar meu nome.

— Eu acho engraçado. Tchau! – Acenou rapidamente e foi até o carro, abrindo a porta e o adentrando, para em seguida a janela se abrir e sua cabeça ser posta para fora dela. – Acabei de perceber uma coisa. Por que você iria andando para estação se posso te levar até lá? – Falou como se fosse um assunto sério e sorri.

—  Nada disso, eu posso ir andando. Nem tem espaço, por causa do trabalho. – Lembrei depois do episódio de mais cedo e ela pensou um pouco.

—  Não me importa o trabalho agora, Vicent pode ir andando também. – Falou e ouvi o grito de surpresa dele soar lá de dentro quando a porta de Galateia foi aberta e ela saiu do carro, mantendo-a aberta. – Por favor, entre. – Pediu e lhe olhei surpresa.

—  A estação é em duas quadras. – Lembrei e ela sorriu.

—  Minha casa em três, por favor. – Pediu de novo e neguei com a cabeça indo para o carro, revirando os olhos pela expressão maliciosa de Vicent.

—  Te levo de carruagem, meu amor. – Sussurrou e acertei um soco em seu ombro, pegando os cartazes para deixar em meu colo. Sorrindo por Galateia tocar o ombro no meu ao fechar a porta. Se isso virasse rotina, seria os momentos mais felizes da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Gostasse?
Foi isso, até quinta s2



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