Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 17
Once Upon A Dream.


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEEEEEEEY! EU VOLTEI

Na verdade essas notas aqui já estão escritas tem muito tempo? Nesse momento eu devo estar tomando meu bainho e ficando cheirosa enquanto Alex lê o capítulo, procura música e me aponta erros que deixei passar no capítulo. escravize as pessoas do jeito certo, ok?

Alex ganha meu amor em troca do trabalho duro. Te amo nenê ♥

Eu tô com soninho, minha cabeça não tá boa de tudo ainda e talvez o capítulo de amanhã saia no meio da madrugada ou antes do anoitecer, vai depender muito.

Não esqueça de tomar água, tá bom? É importante pros rins e evita muitas doenças. A propósito, sabia que o banho frio é muito saudável??? Sério mesmo, muito.

Enfim, mais nada a declarar.

Música para o capítulo: Lana Del Rey - Once Upon A Dream

~Boa leitura.



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Galateia Merok Pov.

Hoje na biblioteca eu praticamente entrei em pânico quando Vick quebrou a barra de chocolate, sendo que quando éramos crianças ela inventou o ritual para mim. Aquilo me pegou tão de surpresa que pela primeira vez cogitei a ideia de que tinha algo errado com ela e que não se lembrar de mim, talvez não fosse uma coisa que ela decidiu por livre e espontânea vontade. Não se lembrar de mim era estranho, agora não fazer ideia do próprio ritual que inventou em um dia que eu estava triste? Como esquecer isso? Ela me fez comer chocolate durante um mês inteiro. Eu fiquei tão perturbada com isso que nem me concentrei na aula direito e agora que cheguei na casa da minha mãe, não consigo me concentrar em nada.

— Tudo bem, você parece perdida demais. O que está acontecendo? – Liane perguntou deitada no outro extremo da minha cama enquanto comia uva e suspirei cobrindo os olhos com as duas mãos. Eu vou enlouquecer.

— Lembra da Vick? – Perguntei e ela ficou em silêncio por alguns segundos.

— A menina que você não me deixou surrar? Lembro. O que têm? – Questionou e tirei as mãos do rosto para focar no teto branco com detalhes de gesso.

— Está no meu grupo esse ano. – Contei.

— Não acredito! Quando isso aconteceu?

— Há uns quatro dias. – Sussurrei. – Eu... Acho que alguma coisa aconteceu e ela perdeu a memória. – Contei lhe olhando e ela arregalou os olhos.

— O quê? Sério?

— Sim! Eu... Nesses quatro dias ela parecia que queria falar comigo de algum jeito, mas era como se estivesse fazendo isso pela primeira vez? Eu não estava entendido nada, mas hoje... – Passei a mão sobre o rosto e soltei um gemido de frustração.

— O que aconteceu hoje?

— Eu ofereci chocolate pra ela.

— Seu chocolate? – Perguntou surpresa e assenti. – Ok... Pane no meu sistema aqui, mas continue. – Falou como se estivesse absorvendo a informação e suspirei. Eu nunca divido o meu chocolate, Liane sabe bem disso, porque quando ela me pedia, eu procurava por outro, nunca dava o meu, porque não queria que quebrasse.

— Ela quebrou. – Contei.

— E isso te surpreendeu? Você nunca me deixou pegar por isso.

— Liane! O meu ritual, foi ela quem inventou. – Revelei e seus olhos se abriram mais em surpresa.

— A Vick? Eu jurava que tinha sido seu pai.

— Não, foi ela e... Ela quebrou, e quando perguntei se conhecia a lenda... Ela pareceu tão confusa. Ela não se lembra! E achou que eu estava inventando. – Contei me sentando sobre o colchão. - E... Ela parece gostar de mim! Mas... Não sabe que eu sou eu? – Perguntei levando ambas as mãos na nuca e me encolhendo. – E se ela não se lembrar de nada? Eu quis tanto perguntar pra ela hoje, mas a expressão confusa que ela fez me impediu de fazer isso. Lily, e se ela realmente não tem memórias comigo? – Perguntei lhe olhando e ela largou as uvas que comia para limpar as mãos na regata que usava.

— Certo. Então vamos tirar essa sua dúvida. Lembra o nome da mãe dela? – Perguntou e afastei as mãos da cabeça para lhe olhar confusa.

— Lembro.

— Ok, eu vou pegar o meu notebook e você me diz. Vou achar o contato dela e você pergunta sobre a Vick. – Se ergueu saindo do quarto e me arrastei na cama para sentar na beirada, logo vendo Liane voltar e fechar a porta. – Beleza, qual o nome? Talvez ela tenha um Facebook. – Alertou sentando e juntei os dedos das mãos em nervosismo.

— Acho que não precisa. Ela é dona de uma grife de roupa. – Contei.

— No sério?

— Sim, D’Ewder. – Lembrei. - O nome da mãe dela é Valquíria D’Ewder Klow. – Contei e Liane abriu a aba do Google, pesquisando o nome da marca. Desde que Victória entrou na minha sala que constantemente estive me perguntando porque não vinha falar comigo e porque estava me ignorando. Eu tinha enviado uma carta com meu endereço, disse estar com saudade e na escola ela fingiu que não me conhecia. Para mim, se ela não veio me visitar era porque não queria ou tinha preferido me esquecer. No entanto, e se todo esse tempo algo tenha acontecido e ela não se lembre realmente de mim? E se algo aconteceu... Todo esse tempo que fiquei a julgando... Podia simplesmente ter seguido o conselho da Liane e ido falar com ela de novo.

— Nossa, mãe é vip dessa loja aqui, sabia? – Perguntou e assenti me encolhendo mais. Praticamente todas as minhas roupas que tenho na casa da minha mãe são da grife da mãe da Vick. – Certo, loja virtual e... Formas de contato. – Liane alertou o que estava fazendo, sendo rápida em procurar pelo número de contato. - 258 lojas físicas. Falar com ela vai ser mais difícil do que eu pensei que seria. – Murmurou e me olhou curiosa. - Vai ser demorado.

— Vale o esforço. – Sussurrei e ela sorriu.

— Tudo bem. Celular na mão? – Falou e peguei meu celular rapidamente. – Liga pra esse número aqui e improvisa. Se tem tantas lojas assim, não vão te passar o contato dela sem que eu tenha um bom motivo, até porque, ela deve ser muito ocupada e tem coisa melhor para fazer do que ouvir as dúvidas de uma adolescente. – Alertou.

— Então o que eu faço? – Perguntei preocupada. E se não der certo?

— Você quer comprar muitas roupas, muitas mesmas. – Falou e me encolhi. – Certo, liga e coloca no viva voz. Vou te ajudar. – Alertou e disquei o número, colocando o celular sobre o colchão em expectativa, me frustrando por ter que passar pelo sistema robótico, até me ser oferecida a opção de falar com um atendente.

D’Ewder, em que posso ajudar? — A voz da atendente soou depois que passei por todo um questionário robótico e suspirei por finalmente alguém me atender.

— Bom dia, meu nome é Liane Merok Maiden e eu estou querendo o contato da dona da marca. Estou para comprar uma grande quantidade de tecidos e roupas, mas queria tirar algumas dúvidas com a própria. – Liane começou e a menina ficou em silêncio alguns segundos.

Entendo... A senhora poderia me informar por alto a quantidade que deseja? É que ela tem que ultrapassar um limite para que possamos incomodar a senhorita Valquíria.— Alertou e suspirei cobrindo o olho esquerdo com a mão por ficar levemente incomodada. Eu nem preciso de roupas novas, não uso nem metade das que já tenho.

— Certamente! Eu irei querer uma quantidade para encher dois closets, fora que preciso de umas sobre medida também e tenho três instituições para crianças que pretendo doar durante um bom tempo. – Alertou e me encolhi com a mentira que ela contou.

— Um momento, irei lhe transferir. — Avisou e olhei para Liane em choque. Deu certo?

— Diretamente para ela? – Perguntou mantendo uma pose séria.

Sim senhora, apenas aguarde um momento. — Alertou Lily fez ergueu os dois polegares em minha direção com um sorriso. Mordi o lábio inferior esperando a ligação ser transferida, não deixando de rir por uma música da Enya ser usada como efeito sonoro.

— Doar para instituições? – Perguntei curiosa e ela sorriu.

— Sempre chama a atenção. Inclusive, você deveria fazer isso já que não usa o dinheiro que ganha da nossa mãe. – Alertou e assenti. Eu nunca havia pensado nisso antes. – Na Itália eu conheci uma menina chamada Nicole. – Começou e lhe olhei curiosa. – Ela é extremamente rica, muito. Só que parece com você quando o assunto é usar o dinheiro que tem, então ela faz doações, a maioria para orfanatos e ONGs que ajudam crianças e animais. – Contou e sorri.

— Mas ela nã-.

Valquíria D’Ewder na linha. Boa noite, em que posso ajudar? — A voz soou e engoli em seco, travando no lugar e esquecendo o que iria perguntar.

— Senhorita Valquíria, boa noite. Quem fala e Liane Merok Maiden. – Lily começou e respirei fundo.

— Prazer em falar com a senhorita. O que deseja?— Perguntou em curiosidade.

— Estou ligando porquê minha irmã mais nova precisa falar com a senhorita, não sei se lembra dela, Galateia Merok, talvez se lembre dela por Galateia Visentine. – Falou usando o sobrenome do meu pai e a linha ficou em silêncio por uns segundos

Galateia? A filha do Alexandre Visentine Dalle’Ravag? — Perguntou e abri um sorriso por ela se lembrar do meu pai.

— Sim senhora, eu mesma. – Falei e Lily sorriu por eu me pronunciar. - Eu liguei por dois motivos. Um deles é realmente o negócio e o outro, é sua filha. – Expliquei em um sussurro na última parte. – Ela desapareceu depois que eu fui embora e eu jurava que tinha decidido me esquecer, mas somos da mesma escola e esse ano somos do mesmo grupo na sala e ela parece estar se esforçando bastante para fazer amizade comigo, só que... Ela não faz ideia de quem sou, então... Tem um motivo pra isso? Por que não faz sentido. – Perguntei apertando as mãos em nervosismos e Liane passou o braço por meu ombro. – Me desculpe ligar assim e falar desse jeito, mas... Eu estou muito preocupada. – Confessei. – Ela... Pareceu confusa hoje. – Sussurrei.

— Oh querida, eu sinto muito. Eu deveria ter te avisado, mas nem cheguei a abrir a carta que você enviou. Na época eu estava tão transtornada com tudo que a guardei e nos anos seguintes, me esqueci que tinha a enviado. — Começou e arregalei os olhos. O quê?

— Avisar o quê?

A Vick, três meses depois que você precisou se mudar, ela sofreu um pequeno acidente na escola. — Começou e arregalei os olhos.

— Acidente? Como assim um acidente? Que tipo de acidente? – Perguntei preocupada.

— Ela se meteu em uma briga com umas meninas da turma dela, escorregou na beira da piscina, caiu e bateu a cabeça.— Contou e arregalei os olhos, olhando para Liane que estava tão surpresa quanto eu. – Ela ficou no hospital, em coma por quatro semanas e quando acordou não se lembrava de muita coisa.— Contou e arregalei os olhos. O quê? Esse tempo todo ela... – Foi uma luta pra ela se lembrar de coisas básicas como o próprio nome. Foram cinco meses muito difíceis e... Ela demorou muito para focar em coisas simples e depois que conseguiu focar no básico, mas depois que conseguiu identificar os familiares, por ser muito jovem, os médicos aconselharam não tentar forçar uma lembrança e só deixar ela continuar criando novas.— Contou e me encolhi sentindo meus olhos marejarem.

— Então...

— Ela não se lembra de verdade de você. Eu sei que isso é cruel, porque foi a melhor amiga dela e depois de você, ela não teve interesse em fazer outras amizades, e toda criança que tentava, ela afastava discretamente, mas depois do acidente e melhorar dele, toda criança que sequer se aproximava dela, era recebida com quatro pedras na mão. Ela ficou agressiva e constantemente brigava com todo mundo sem um motivo aparente. Então para melhorar as coisas para ela, eu fiz com que tivesse aulas particulares, pelo menos até pedir para ir morar com o pai. Depois do acidente ela passou a detestar o sítio, sendo que adorava tanto. Então quando me pediu, eu não pude negar, já que parecia tão infeliz aqui.— Contou e ergui as mãos para limpar as lágrimas em meu rosto. Todo esse tempo eu estava irritada e magoada com ela. Eu passei todo esse tempo evitando falar com ela por pensar que queria me evitar, que estava fazendo de propósito, quando na verdade... Ela não se lembra, não se lembra mesmo.

— Entendo. Senhorita, eu irei desligar, porque isso afetou minha irmã. – Liane falou pegando o celular para levá-lo ao ouvido e me deitei puxando o travesseiro para abraçar. – Retornaremos o contato quando ela melhorar. - Victória não tem nenhuma memória comigo, nada. Ela não sabe nada sobre mim. Então por que ela parece tão empenhada em ser legal comigo? Se não tinha interesse até hoje em fazer amigos e não faz ideia de quem eu seja... Por que eu? Por que se aproximar de mim? Mas que inferno. Todo esse tempo eu poderia simplesmente ter deixado ela se aproximar de mim, mas estava o tempo todo questionando o que se passava em sua cabeça, quando na verdade ela nem sequer tinha culpa. - Galateia... – Lily chamou e me encolhi mais.

— Ela não lembra, Liane! Esse tempo todo eu estava julgando-a por algo que não tem culpa.

— Galateia.

— Eu disse que você não me ouviu quando falei com você e que foi embora. – Falei puxando o travesseiro para cobrir a cabeça. - Mas fiz a mesma coisa quando me aconselhou a falar com ela. Eu perdi anos de uma amizade que poderia ter, porque... – Tirei o travesseiro da cabeça e olhei para o teto branco, soltando uma risada sem humor. – Por que eu era o leão covarde antes de embarcar na jornada com a Dorothy.

— O quê? – Pergunto confusa e suspirei cobrindo os olhos com ambas as mãos.

— A Vick... Ela disse que eu sou que nem o leão covarde. – Ri baixinho e suspirei. – Ela nem se lembra de mim e acertou em cheio.

XxX

Olhei as horas no meu relógio de pulso e suspirei segurando meu celular entre as mãos enquanto batia o pé no chão em nervosismo. Eu quero ligar pra ela, mas não tenho nenhum motivo para fazer isso, sem dizer que já está de noite e ela deve estar jantando ou dormindo e... Talvez ela nem está com vontade de falar comigo.

— O que foi? – Ouvi a voz de Lily e virei a cabeça para o lado a vendo se deitar na outra espreguiçadeira um pouco afastada de mim. Depois de ligar para senhorita Valquíria uma segunda vez e falar sobre realmente comprar as coisas que Liane mencionou, ela foi tomar banho e eu acabei vindo para o quintal para tentar me acalmar um pouco e comer meu chocolate.

— Nada. – Murmurei me deitando para trás e colocando o celular do lado do meu corpo.

— Você está há uns dez minutos com esse celular na mão. Nunca segura isso por mais de três. – Falou se deitando de lado e apoiando o cotovelo na espreguiçadeira para apoiar o rosto na mão.

— Como sabe que estou a esse tempo todo segurando-o? – Murmurei.

— Porque eu te vi da janela do meu quarto antes de sair dele e vir pra cá. – Alertou e bufei. Realmente, dos quartos até aqui, é basicamente dez minutos de caminhada. – Está querendo mandar mensagem pra ela e não sabe o que falar? – Perguntou e me mantive em silêncio. – Talvez você não precise de um motivo pra ligar.

— Uhum. – Resmunguei virando para o outro lado e me encolhendo. Com coisa que ligar do nada fosse super normal. Nós nem conversamos direito ainda e eu não quero deixar a cabeça dela confusa.

— Sister, é sério. Você é linda e imagino que a Vick seja um doce pra você estar interessada assim. – Falou e brinquei com o tecido da minha cadeira. – Eu tenho certeza que ela te acha extremamente interessante mesmo sem memória e que se você ligar vai deixá-la feliz. – Falou incentivando e suspirei.

— Você nem conhece ela, Liane. – Resmunguei.

— E preciso? Olha pra você! Até as garotas hétero admitem que você é linda.

— Beleza não significa tudo, sabia? – Perguntei olhando pra trás e ela sorriu arrumando os óculos no rosto.

— Mas é um bom cartão de visita. Você já tem o principal que faz alguém querer se aproximar, só basta mostrar a fofura que é por dentro que essa menina vai se sentir uma abelha que achou uma florada inteira para se extrair pólen. – Falou animada e revirei os olhos pegando meu celular outra vez.

— Não posso ligar do nada.

— Claro que pode! Esse é o melhor jeito de mostrar que tem interesse. – Falou confiante.

— Eu não quero parecer interessada. – Murmurei e ela ergueu uma sobrancelha confusa.

— Não? Por quê? Você está interessada.

— Ela não tem memórias de mim, mas eu tenho dela. Não é assim que as coisas funcionam. Não quero deixá-la confusa. – Sussurrei e ela se levantou de onde estava e veio se sentar no chão ao meu lado, olhando para frente em silêncio.

— Então se é tão importante para você. Se comporte como se não tivesse memórias com ela. – Falou e lhe olhei. – Você lembra da Vick criança, do seu tempo de criança. Ela mudou, você mudou. Tudo é novo para ela, seja novo pra você também. – Falou e me encolhi.

— Não sei o que falar. Mesmo se fosse algo novo, e é... Eu... Eu meio que já gosto dela desde sempre, e... Eu não sei o que fazer. – Confessei.

— Tá, faz o seguinte então. Tem algo seu que vocês duas sabem da existência? – Perguntou me olhando e franzi o cenho.

— Talvez... Eu emprestei meu caderno de anotações pra ela hoje.

— PERFEITO! – Gritou e dei um leve sobressalto por me assustar. – Você pode se esquecer que emprestou. – Falou e ergui uma sobrancelha. – Sabe Eu estava mexendo nas minhas coisas e não acho meu caderno de anotações. Sabe se eu esqueci na escola? - Falou com a voz um pouco mais grave para tentar me imitar e sorri negando com a cabeça.

— Eu vou parecer burra. – Reclamei. – Já usei essa técnica ontem, com minha bolsa.

— Aí o problema é seu. Quer ligar e ter um motivo? Parecer burra faz parte. – Riu e voltei a olhar para o celular. Não gosto de dar a entender que me falta faculdades mentais.

— Tá, já que não tenho escolha. – Murmurei me levantando e levando o celular ao ouvido.

— Boa sorte com seu amor. – Ergueu ambos os polegares e assenti entrando em casa para ir pro meu quarto, pronta para desligar e tentar de novo mais tarde, já que fui direcionada para a chamada de espera.

— Alô?— Atendeu e quase dei um salto em susto. Porra, não achei que ela fosse atender. Meu Deus, e agora? Vamos Galateia, pareça burra.

— Victória, oi! Er... Desculpa ligar, mas... Me diz que deixei o meu caderno de anotações com você. – Falei fechando os olhos pela frase burra que usei. Deus, não tem como ela cair nisso. Eu estou parecendo uma anta.

— Galateia?— Perguntou confusa e suspirei entrando no meu quarto.

— Sim, er... Não salvou meu número? – Perguntei receosa.

— Salvei! É que eu estava na linha com a minha mãe, daí não vi quem estava ligando.— Explicou e arregalei os olhos. Ela estava falando com a mãe dela?

— Ah... Entendi. Desculpa te atrapalhar com sua mãe.

— Que isso, a gente só estava falando sobre algo aleatório mesmo. Nem tem importância. Então, o que você estava falando? Seu caderno?— Perguntou e suspirei aliviada. Então a mãe dela não disse nada sobre eu ter ligado, aleluia.

— Sim! Er... Eu fui dar uma olhada nas minhas anotações agora a pouco e não achei meu caderno. Eu deixei com você? Diz que eu deixei, por favor. — Fingi desespero me jogando na cama de olhos fechados e ela ficou em silêncio por um momento. Ela não vai cair nessa, não é possível.

— Deixou sim! Na verdade, eu te pedi para tirar copias, lembra?— Perguntou e suspirei aliviada por ela não me achar uma completa retardada. Queria não parecer louca pra falar com ela, mas pelo menos ela tem a decência de fingir que não notou para eu parecer menos retardada.

— Por Deus... Estava entrando em desespero já. Agora me sinto melhor. — Falei e ela riu divertida, me fazendo sorrir. A risada dela é tão fofinha.

— É só um caderno.— Brincou e ri de volta. Realmente garota, e eu nem ligo pra ele.

— Não é só um caderno! É O caderno. Aí tem anotado todos os meus livros favoritos! Filmes, citações, frases, poemas. Eu ESTOU nesse caderno. — Alertei com a intenção de deixá-la curiosa para ler. Quem sabe é uma boa forma dela me conhecer de novo?

— TEM?— Gritou surpresa e engoli uma risada. Ela é muito espontânea. – Quer dizer... Ok! Então eu vou cuidar bem de você. — Brincou e ri. Meu Deus, como é bom saber que ela não se lembra de mim e que está sendo ela mesma na intenção de se aproximar.

— Certo! Obrigada. – Murmurei e me encolhi pensando no que dizer para não ter de desligar. - Se ele não estivesse com você eu iria parar na escola atrás dele. – Menti descaradamente e ela riu.

— Nossa!— Falou surpresa e ficou em silêncio uns segundos. – Se incomoda se eu ler tudo?— Perguntou e abri um grande sorriso. Isso é o que quero que você faça.

—  Ler tudo o quê? As frases? – Me fiz de sonsa de novo, batendo a mão na própria testa. Não acredito que estou me prestando a esse papel.

— Não! Er... Tudo de tudo! No geral.

— Ah... Pode, eu acho. – Fingi dúvida.

— Hehehe então eu vou ler tudo. Na Segunda te devolvo ele.

—  Segunda... Até chegar segunda... – Reclamei. Essa semana passou tão rápido porque ela está no meu grupo. Não acredito que os meus fins de semana agora serão mais longos que o comum. – Pra ter meu filho de volta. — Continuei a frase para não parecer estranho e ela riu divertida.

— Eu vou cuidar bem dele.— Garantiu e sorri por ela parecer preocupada. Ela é muito fofa.

— Espero que sim. Não é fácil manter filhos. — Brinquei.

— Nossa! Você é diferente.— Falou e arregalei os olhos engolindo em seco. Ela percebeu que resolvo jogar meu cérebro no lixo quando ligo pra ela.

— Diferente como? – Perguntei me encolhendo.

— Sei lá! Na escola é toda séria, mas em ligação você é divertida?— Falou receosa e meu rosto esquentou. Onde é que eu sou divertida? — Nunca vi fazerem drama por causa de um... Desculpa. O caderno.— Brincou e não consegui segurar a risada. Deus, ela me acha divertida, pelo amor. Estou muito feliz.

— Desculpa! Eu não devia ter feito drama pelo caderno. – Falei ainda rindo. Acho que acabei de vencer na vida.

— O caderno.— Corrigiu e voltei a rir.

— O caderno. — Repeti e fiquei em silêncio por uns instantes, me movendo na cama para chegar até a minha máquina de escrever para ver se o cilindro já havia voltado a funcionar.

— Se incomoda se eu copiar uma dessas frases?— Perguntou e sorri começando a apertar as teclas aleatoriamente para ver se o refil ia funcionar.

— Nem um pouco! Fique à vontade. — Alertei tentando voltar o cilindro que travou no lugar, saco.

Isso é uma máquina de escrever?— Perguntou empolgada do outro lado e afastei a mão do objeto, sorrindo pelo assunto novo.

— É sim.

—  Aaah! Ela é que cor?— Perguntou animada e me virei na cama. Achei que já teria de desligar, mas pelo jeito posso conversar com ela um pouco mais. Aleluia.

— É personalizada com folhas de jornais e revistas. – Expliquei.

Aaah! Sério? Ela deve ser linda.— Linda é você garota, essa máquina é no máximo ajeitadinha.

— Sério! Só que, ela decidiu que não quer retornar a folha pro início quando a escrita chega no fim. – Contei e sorri por me lembrar de outro assunto para manter ela mais tempo na linha comigo. – Ah, Vicent me ligou mais cedo e disse que na terça não poderá fazer o trabalho conosco. — Alertei e ela ficou em silêncio por um momento. Espera! Ele vai pra escola na segunda e pode ele mesmo dá essa informação pra ela. O que eu estou fazendo?

— Por que ele não me liga também? Não que eu esteja reclamando. Agradecendo aqui. — Falou e soltei outra risada por ela não ir muito com a cara do meu primo. “não se atreva ou leva um socão”, eu quase não consegui segurar o riso quando ela o ameaçou.

— Vicent não coloca crédito. As ligações que me faz são a cobrar. —Expliquei e ri. — Mas vai chegar o dia em que o alvo dele será você.

— Credo! Vira essa boca pra lá. Fica me jogando praga.— Brincou e voltei a rir. Realmente, Vicent é uma praga.

— Galateia. – Ouvi a voz de Liane e olhei para porta antes dela receber uma leve batida e ela abrir uma fresta nela. – Mãe e pai acabam de chegar. – Avisou e fiz uma careta em desgosto.

— Bom... Eu preciso ir agora. – Avisei para Vick e Liane fez uma expressão culpada, como se pedisse desculpa. - Por favor, cuide do meu filho. – Pedi sorrindo suavemente para Lily, pra ela não se sentir culpada. Ela não tem culpa dessa casa ser cronometrada.

— Hehehe! Não se preocupe Galateia. Eu sou uma mãe muito boa.

— Sei! – Brinquei a fazendo rir.

Duvida? Que coisa feia.

— Eu não disse isso. Só acho que não faz o estilo dona de casa, haha. — Brinquei. – Okay senhorita “eu sou uma ótima mãe”. Nos vemos na Segunda. — Me despedi de novo e ouvi um suspiro do outro lado.

— Nos vemos segunda.— Murmurou e foi minha vez de suspirar. Eu queria poder falar mais com ela.

— Boa noite. – Desejei me levantando da cama, já que Liane me esperava do lado de fora do quarto.

— Boa noite, Galateia. Tenha uma boa noite. – Falou e franzi o cenho. Boa noite e tenha uma boa noite?

— Obrigada hahaha. Boa noite e tenha uma boa noite também.

— Nãooo! Não era pra você ter notado isso, meu Deus. Que vergonha.—  Falou e comecei a rir. Fofa, apenas.

— Desculpa, da próxima eu finjo que não notei.

— Ok, obrigada.— Resmungou e fui até a porta ainda rindo.

— Tchau, tchau.

— Tchauzinho.— Falou rindo também e desliguei a chamada colocando meu celular no bolso para sair do quarto, encontrando Liane escorada na parede enquanto olhava para o chão.

 - Entãooo, a desculpa valeu? – Perguntou se afastando da parede e assenti sorrindo. – Isso é bom. Pronta pra jantar com o Satanás? – Fez uma reverencia e acabei rindo da sua comparação ao David.

— Claro, por que não? Pronta para uma nova tortura de questionários malignos? – Perguntei e juntas descemos as escadas que davam para a sala de jantar.

— Eu nasci pronta. E... tenho um plano pra irritá-lo. – Sussurrou a última parte por chegarmos na sala e David nos olhou em desgosto, enquanto que nossa mãe só negou com a cabeça em desaprovação pelo atraso ao ouvir nossos passos. Ambos estavam sentados nas pontas externas da mesa e nenhum deles ainda havia sido servido por estarem nos esperando.

— Está atrasada Liane e... – Mãe disse o óbvio e olhou para mim por um momento, parecendo surpresa por me ver realmente ali. – Galateia. – Sorriu miúdo e foquei minha atenção no chão. Por que ela sorriu?

— Eu estava em uma ligação. – Alertei me sentando em uma das cadeiras do meio e olhei para o lado por Lily puxar a cadeira ao meu lado, se sentando comigo. – O que está fazendo? — Perguntei em um sussurro e ela sorriu maldosa. Minha mãe segue as regras de etiqueta como se fosse um robô e nós como filhas temos de fazer o mesmo. Liane deveria estar sentada do outro lado da mesa nesse momento.

Intriga. — Piscou antes de se inclinar e puxar seu prato para meu lado da mesa.

— Querida, por que não senta no seu lugar? – David perguntou quando os empregados se aproximaram e mantive minha postura de olhar para minhas pernas. O que diabos ela tá fazendo?

— Porque eu não quero, querido pai. – Sorriu e olhou para nossa empregada que servia a comida do seu prato. – Boa noite, Jasmim. – Saudou carinhosa e ela sorriu de igual forma.

— Boa noite senhorita Liane, senhorita Galateia, quanto tempo. – Saudou e sorri de volta.

— Boa noite. – Respondi e olhei para David que nos observava com seriedade enquanto também era servido, se mantendo quieto até os funcionários se retirarem para cozinha.

— Liane, por gentileza, vá para seu lugar. – Pediu apontando a direção com a mão e ela ignorou seu pedido começando a comer. – Ok! Me recuso a perder a linha com você hoje, afinal, foi um excelente dia.

— Sério? Que bom. O que aconteceu? – Perguntou de boca cheia e olhei para baixo segurando o riso. Não acredito que ela está realmente fazendo isso.

— Sua má criação hoje está aflorada. – Resmungou voltando a comer e olhei para nossa mãe que comia em silêncio. – Galateia, como vai a escola? – Perguntou me olhando dei de ombros começando a mexer na minha comida. Acho que eu não devia ter comido chocolate. – Scarlet. – Chamou por minha mãe, que parou de comer, finalmente olhando para mesa e vendo ele fazer um gesto na direção de Liane e eu.

— Dar de ombros não é uma resposta, Galateia. – Alertou um pouco receosa e afastei meu prato um pouco por não estar sentindo fome.

— Talvez eu não queira dar uma. – Murmurei por Liane já ter começado a situação errônea da noite. Talvez assim podemos sair livres das perguntas idiotas.

— E talvez eu não esteja com fome hoje. – Lily completou afastando o próprio prato e lhe olhei em curiosidade. Tenho que admitir que ela está tentando, de todas as formas possíveis, conseguir uma reaproximação comigo.

— Eu não falei com você, Liane. – Mãe repreendeu e voltei a olhar para mesa. – Podem não querer jantar, mas se as bonitas acham que vão se ausentar dessa mesa antes do jantar terminar, estão muito equivocadas. Horário da refeição é sagrado. – Alertou e revirei os olhos não me movendo para sair, mesmo que essa fosse minha vontade e eu soubesse que Liane iria me acompanhar. Embora eu odeie essa situação, infelizmente ainda tenho respeito pela minha mãe, mesmo que ela não mereça. Inferno, esse jantar vai demorar uma eternidade.

XxX

Suspirei sentando em meu lugar e coloquei minha mochila no chão. Deitei a cabeça entre os braços para esperar o sinal bater, mas acabei espiando para o lado quando a cadeira ao meu lado foi arrastada, vendo que Victória havia chegado. Sorri continuando na mesma posição e um arrepio subiu por minha coluna ao sentir a mão dela tocar meu ombro em um gesto para me chamar.

— Com sono? – Perguntou baixo e divertida, me levando a erguer a cabeça com um sorriso.

— Não exatamente, só com preguiça.

— Sabe... Você é muito doidinha. – Falou pegando meu caderno dentro da sua mochila e me estendendo sem tirar o sorriso do rosto, o que acabou que mantendo o meu por mais tempo do que sou acostumada.

— Desculpa por te ligar daquele jeito! É que eu estava preocupada mesmo. –  Falei envergonhada por ter me prestado ao papel ridículo e folheei o caderno para tentar fingir foco. Eu só quero falar com ela, então tenho certeza que me prestarei a esse papel de novo.

— Olha... Eu fiz isso! – Pegou outro caderno dentro da bolsa e estendeu em minha direção, o que pude ver que era uma cópia. – Agora que te mostrei eu percebi que não pedi a sua permissão. – Arregalou os olhos e sorri pegando a cópia de sua mão, onde ela havia se dado ao trabalho de encadernar com capa dura.

— Você fez isso esse fim de semana? – Perguntei surpresa e seus ombros se encolheram.

— Eu devia ter pedido. Você pode ficar com ele se quiser. – Se encolheu ainda mais e entreabri a boca por ela está parecendo estar com medo.

— Não! Victória... Não tem problema ter feito uma cópia. Olha, tudo tem minha assinatura. – Apontei na cópia dos poemas e ela pareceu respirar aliviada.

— Certeza?

— Claro! Me espanta é você ter gostado a ponto de fazer uma cópia.

— O quê? Está me zoando? Cada poema é mais perfeito que o outro e você é tão suave na escrita deles, sabe? Eles transbordam de sentimentos. – Elogiou e foi minha vez de me encolher, sentindo meu rosto esquentar. Eu não sei reagir bem a elogios, principalmente quando eles partem da garota que eu gosto. – Eu estava lendo ontem e co-. – Parou de falar subitamente e arregalou os olhos. – Porra! Meu Deus. Galateia... – Chamou chorosa e arregalei os olhos assustada. - Desculpa, por favor me desculpa. Eu não tive a intenção, juro. Se quiser eu o refaço todinho. – Pediu juntando as mãos e fechando os olhos, o que por um momento achei que ela fosse começar a chorar.

— Hey, calma. Te desculpar pelo quê? – Perguntei suave e preocupada, já que ela literalmente estava prestes a chorar, os olhos já estavam marejados.

— Eu estava lendo uma das frases não autorais e... Eu acabei que viajando e... Merda. – Murmurou voltando a se encolher e guiei a mão para seu ombro, fazendo um suave carinho.

— Relaxa. O que aconteceu? – Perguntei e ela pegou meu caderno sobre a mesa, passando as folhas e o virando para eu ver, apontando para uma parte escrita onde havia vários corações em volta. Meu Deus! ELA DESENHOU CORAÇÕES NO MEU CADERNO, AAAAAAH! QUE COISA MAIS LINDA. Ontem eu desenhei corações na folha que ela me deu na biblioteca e ela nem notou. Eu fiz arcos para as fechas dela e por um momento achei que ela tinha notado o que eu queria dizer, mas acabei que inventando uma desculpa por ela se embolar toda. Agora no fim de semana ela enche uma das folhas do meu caderno de corações? O que eu devo pensar sobre isso?

— Eu estava em outro mundo e não percebi que riscava o seu caderno. Eu sinto muito, de verdade mesmo. Eu posso refazer ele pra você, juro. – Começou a falar e fiquei olhando para folha, relendo o que estava escrito ali. Eu não acredito nisso. – Galateia... – Chamou preocupada e lhe olhei, sorrindo por ela parecer estar amedrontada. - Quer me matar? – Perguntou chorosa e acabei rindo.

— Não! – Falei entre o riso.

— Arrancar meus rins e me deixar o resto da minha existência tendo uma vida limitada? –Perguntou e cobri a boca para não rir alto. Meu Deus! Por que ela é assim?

— Victória, não e não. Relaxa. – Falei ainda rindo e ela brincou com as unhas, encarando um ponto aleatório na mesa. Meu Deus, é um nenê. - Eu achei bonitinho. – Confessei e ela me olhou assustada, o rosto ganhando uma coloração vermelha pela vergonha.

— Bonitinho?

— Sim! “será” é uma palavra boa, ainda mais quando está em uma frase onde pode ser exatamente aproveitada. Será que a Victória rabiscará essa mensagem enquanto a lê? — Falei divertida e ela se encolheu de novo, mas não mais assustada.

— Talvez. – Respondeu envergonhada e sorri.

— Viu? Normal e eu achei lindo, então relaxa. Sabe que aula é próxima? – Perguntei para mudar o assunto, já que ela estava meio desconfortável por ter feito uma coisa que claramente não era a sua intenção.

— Eu estava pensando enquanto lia essas frases... – Recomeçou no assunto e ergui uma sobrancelha. - Será que a Galateia é tão ingênua assim para pensar no será ao invés de ter certeza? – Falou e todo o meu rosto esquentou feito brasa e meu coração disparou no peito em descontrole. Não é possível que ela tenha dito isso com segundas intenções, não é? Quer dizer... Não é possível ela ter algum sentimento por mim se nem sequer consegue se lembrar de mim! Ou é?

— Nã- não seja boba. – Murmurei e fechei o caderno me encolhendo. Maldita hora que fui ler o que estava escrito. – O divertido é ter o será. – Falei baixo e suspirei. Ela não gosta de mim, não é? Quer dizer, essa frase dela ficou muito subtendida. Ela não estava se referindo que respondeu “Eu”. Ou será que estava? – Então... – Comecei e me encolhi pensando no que falar. – Qual perfume você usa? – Perguntei.

— Oi? – Perguntou confusa e peguei sua mão que estava perto da minha para cheira seu pulso suavemente. Sexta eu estava dormindo e acabei que puxando o braço dela pra mim sem perceber, isso me rendeu a sentir o cheiro do seu perfume e me lembrei que sempre quis saber qual ela usava.

— O seu perfume, qual é?

— Er... La Nuit Trésor Eau de Parfum. – Falou e cheirei seu pulso outra vez. Eu poderia ficar sentindo o cheiro dela pelo resto do dia.

— É muito bom. Gosto dessa fragrância. – Falei, só então me tocando que segurava sua mão por mais tempo que o necessário, a soltando e me endireitando na cadeira.

— Particularmente só uso ele tem uns três anos, minha mãe me manda. – Falou e lhe olhei sorrindo. Eu sei disso! Você vivia esbarrando em mim. - E qual você usa? – Perguntou chegando um pouco mais perto de mim e sorri.

— Flor de cerejeira L’Occitane En Provence. – Contei.

— Sério? – Perguntou confusa e lhe olhei sem entender. O quê? - Deixa eu sentir. – Se inclinou pra cima de mim e arregalei os olhos por seu nariz vir direto para meu pescoço. PUTA QUE O PARIU, GAROTA???? – Também é muito bom. – Comentou se afastando e fiquei lhe olhando em choque. Deus, certeza que estou vermelha! O que foi isso? Você não cheira a pessoa que é afim de você desse jeito! A não ser que esteja querendo matá-la. – Na verdade o seu é muito mais cheiroso. – Murmurou e me encolhi por literalmente não conseguir pronunciar nada sensato. Meu Deus... Por que você me cheirou?

— E-eu não sei dizer. – Sussurrei ainda sem jeito.

— O que, Ninfa? – Vicent chegou à sala se sentando de frente para mim, me levando a suspirar aliviada. Aleluia, me tira o foco da Vick para que eu possa agir normalmente de novo.

— Estamos falando sobre perfume. – Vick falou e olhei para mesa em silêncio. ALGUÉM MUDA DE ASSUNTO, PELO AMOR DE DEUS.

— Ah, entendi. O seu é La Nuit e o da Galateia é flor de cerejeira. Ambos são muito cheirosos, na verdade, combina muito com a personalidade de vocês duas. – Falou tranquilamente e Vick me olhou confusa. Oh, é verdade.

— Vicent trabalha com perfume. O pai dele tem uma loja. – Contei e ela sorriu olhando para meu primo. Tio Jason trabalha com fragrâncias e ano passado o Vicent começou a trabalhar também.

— Nossa! Isso é novidade pra mim. Que legal, Vicent. Eu nunca descobriria só de ficar perto da pessoa. – Falou animada e ele ficou levemente vermelho.

— Hehe, normalmente as pessoas ficam surpresas. – Falou sem graça e suspirei por saber exatamente o motivo por isso.

— Os garotos o chamam de viadinho porque entende de perfume. Otários! Não trocaria você por nenhum deles. – Falei bagunçando seu cabelo e ele sorriu grande como é do seu feitio.

— Eu sei! Obrigada. Você me ama no fim das contas. – Esperado.

— Vê só? Eu te dou à mão e você quer o pé também. – Reclamei e ele piscou divertido.

— Hehehe! Que isso. Vick! – Chamou e abri meu caderno por saber que a aula ia começar em uns dois minutos. - Amanhã eu não poderei ir à biblioteca porque minha namorada vai lá pra casa. – Contou e sorri. Eu já avisei isso pra ela.

— Galateia me falou. – Alertou e lhe olhei sorrindo.

— Fofoqueira. – Acusou e fechei a cara na direção dele. Ele me chamou do quê? – Enfim. Eu sei que o trabalho é importante pra vocês duas então... – Olhou para mim divertido e depois para Vick. – O que acha de ir lá em casa? Assim posso estudar com vocês e ficar com a Sam ao mesmo tempo, seria o paraíso para mim e também seria mais fácil, sabe? Galateia mora comigo. – Falou e por um minuto cogitei a ideia de pular para o outro lado da mesa e o abraçar, mesmo que as vezes sinta repulsa dele. Meu Deus. MEU DEUS!

— Eu acho uma boa ideia. Você vai adorar a Sam, ela é fofa. – Falei rápido, me virando para ela, tentando conter minha afobação, vendo seu rosto ficar um pouco vermelho. Amanhã ela vai na minha casa?

— Sério? Não tem problema eu ir? – Garota? Problema você ficar perto de mim? Nunca.

— Bom... Na verdade a casa é minha! Eu que devia ter problemas com isso. – Vicent resmungou e lhe olhei feio, o que ele não notou.

— Desculpa, Vicent. – Pediu e se virou para ele. - Tem problema eu ir? – Perguntou lhe dando atenção e o mesmo gargalhou.

— Claro que não! Ninfa e eu adoramos visitas. – Quê? Eu adoro visita? De onde você está tirando isso? Vick é uma exceção porque sou completamente apaixonada. Não coloque outras pessoas no mesmo patamar que ela. - Na verdade, não temos muitas visitas, porque minha mãe é meio estranha. Só Sam e a irmã dela que vão lá. – Tá aí uma verdade absoluta. Antes Liane também ia, mas no momento, só Sam e Sara.

— Sua mãe é um amor. – Falei, discordando por ele dizer que ela parece estranha. – Ela é um doce e extremamente carinhosa.

— Com você. – Falou divertido. – Ela é apaixonada em meninas. – Continuou e sorri. Isso é algo que não posso discordar, já que a própria tia falou sobre isso.

— Mas amanhã ela não estará em casa, vai visitar a irmã. – Informei e olhei para Vick, sorrindo carinhosa. - Você vai gostar da casa, Victória. – Falei animada, passando o braço por seu ombro e a trazendo para perto de mim para alerta-la de algo quando Vicent se ocupou em falar com um dos meninos que entrou na sala. – Sam tem leucemia, e está no fim de um tratamento. Então se ela não conversar muito, é porque está cansada.— Alertei em um sussurro e ela olhou assustada para Vicent, que ria junto do garoto. Sam ultimamente tem ficado cansada muito fácil, então é melhor alertar a Vick caso ela fique um pouco calada quando estivermos todos juntos. Não quero que ela dê a impressão de que é uma pessoa má receptiva, quando só não está se sentindo muito bem.


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Notas finais do capítulo

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