Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 15
Say You Like Me.


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo PELA SEGUNDA VEZ! Por que sou tão sortuda que minha energia disse "ué, vai clicar em publicar, vai? Seria uma pena se eu caísse e voltasse, não seria? Hihihihihi"

E cá estou eu de novo nessa caralha! Velho, que raiva aaaaaaaaaaaaah. Nem lembro mais o que escrevi da primeira vez, que inferno.

Tá, perdi meu humor, não vai ter eu sendo retarda aqui hoje. (︶^︶)

O triste é que eu tinha escrito algo até importante, saco.

Enfim, semana boiolinha me esgota, tô cansada de escrever, porém não vou parar. Me ame mais por isso ou eu posso morrer a qualquer momento.

Sem paciência pra falar qualquer outra coisa.

Música para esse capítulo: We The Kings - Say You Like Me

~Boa leitura



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Victória Pov...

Caí na cama e levei a mão ao peito sentindo meu coração disparado. Hoje foi um dia muito divertido para mim, o melhor dia de toda a minha vida. Ainda não consigo acreditar que a abracei. As borboletas até agora estão passeando em meu estômago, ainda posso sentir minhas mãos trêmulas de leve. Eu sou a pessoa mais feliz de todo o mundo. Esse sentimento é bom de mais! Nunca cheguei a me apaixonar, nem a sentir metade do que eu sinto por Galateia. Ver ela na chuva me fez ter um sentimento tão bom, que não consegui parar de pensar nela desde que entrei naquele carro. Depois de hoje eu consigo entender cada palavra que leio em livros, porque estou sentindo tudo. Há uns anos atrás eu achava que “gostar” de outra pessoa não era algo que eu seria capaz de fazer, mas daí a Galateia aparece e eu cadelo pra ela. Grande dia.

— Acho que irei desmaiar. - Sussurrei levando a mão em meu peito de novo, o sentindo bater acelerado mais uma vez, tudo isso porque meu pensamento está na garota de olhos azuis. Ela bem que podia ter me abraçado apertado, mas tudo bem, eu a abracei muito rápido e acho que desmaiaria de vez se ela me apertasse em seu corpo. Eu podia ter beijado o rosto dela também! É normal meninas se despedirem de meninas com um abraço e um beijo e, eu podia ter me aproveitado desse fato, mas acho que seria estranho fazer isso tão cedo. Pessoas que se conhecem em um dia já se despedem com abraços e beijos, mas Galateia nunca foi muito sociável, então se eu fizesse ela poderia se afastar de mim e perguntar que porra me deu, no entanto... – Sou muito burra. – Resmunguei enfiando a cara no travesseiro e soquei a cama com força.

Ouvi meu celular notificar alguma coisa e tirei a cara do travesseiro, o pegando sobre a cama para o desbloquear, vendo que era um aviso do iFood me alertando dos meus cupons. Corri meu dedo pelo ecrã e acessei minha galeria a procura da foto que tirei dela hoje, sorrindo pro quão concentrada ela estava enquanto lia. Neguei com a cabeça e foquei na sua pele extremamente branca.

— Tão lindinha, meu Deus. – Levantei-me indo até o computador e conectei meu celular no cabo USB que nunca saía dali. - Você será minha favorita agora, sabia? – Perguntei como se a foto fosse me responder e mexi nas configurações do meu computador, colocando a mesma para ser impressa. Demorou um pouco para a imagem ser liberada, mas saiu perfeita e maravilhosa por eu fazer questão de ter papel fotográfico em casa devido as outras tantas fotos que gosto de imprimir. Não sei! Acho que tudo fica mais lindo em um mural no meu quarto do que na galeria do meu celular. Sorri de canto pegando com toda delicadeza do mundo “meu precioso” e a beijei. - Aaah! Por que eu não tenho poderes para te tornar real? Não um real normal, já que você já existe, mas um real só para mim, sabe? Um real que só eu tenha conhecimento. – Falei e suspirei logo em seguida, levando a foto até o mural da minha parede e a colocando junto com as tantas outras fotos minhas. - Eu poderia pelo menos sonhar com você, mas nem isso eu consigo, né? Por que você é tão difícil de sonhar? - Perguntei e arregalei os olhos por ouvir a porta do meu quarto se abrir e rapidamente cobri a foto com meu corpo.

— Ok! Isso é muito suspeito. – Jhu falou e coloquei a mão no peito suspirando em alívio. – Que foi menina? Por que tá escondendo as fotos do seu mural?

 - Achei que fosse o papai. – Confessei e ela franziu o cenho.

— E o que tem se fosse ele? Tirou foto pelada? – Perguntou e fiz uma careta de nojo.

— Credo, não.

— Então?

— Eu acabei de colocar uma foto da Galateia aqui.

— Tá de zoa? Cadê? – Ergueu uma sobrancelha e me virei para tirar a foto do mural.

— Pode só olhar. – Estendi a foto para ela e a mesma revirou os olhos.

— Eu o que mais eu poderia fazer? Comer? Eu nã... UAU! – Gritou admirada e sorri grande. Isso, ache a garota que eu gosto perfeita. - Você tem bom gosto, Vick. Ela é ainda mais bonita que você. – Acho que eu deveria ficar ofendida, mas a ouvir elogiar Galateia me faz feliz.

— Né? Ela é a coisa mais linda do mundo, não é? – Perguntei sentindo uma euforia tomar conta de mim. Nem acredito que consegui tirar essa foto, eu estava no lugar certo, na hora certa.

— Bom... Ela é linda.

— Diz de novo? – Pedi animada por mais alguém além de mim a achar linda e Jhu ergueu uma sobrancelha.

— Tá surda é? Você é muito estranha, cara. Mamãe tá te chamando pra jantar. Para de babar nessa foto e vem comer logo. – Resmungou se virando e fui até o mural.

— Eu já vou. – Coloquei a foto de volta e sorri por ela ficar linda ali. Andei até Jhu e coloquei a mão em seu ombro para sairmos juntas do quarto.

— Ok, vamos fazer um trato. – Começou e ergui uma sobrancelha.

— Como assim? Do que você tá falando? – Perguntei sem entender e ela parou de andar, me levando a fazer o mesmo.

— Você come os meus tomates e eu não conto pra mamãe que você estava beijando a foto da Galateia. – Ameaçou e arregalei os olhos.

— É o quê? Como você sabe que eu fiz isso?

— Eu não sabia, mas você é muito trouxa e se entregou. Pegar ou largar.

— Eu não ligo se a Vick beija ou não fotos, Jhulhy. Você vai comer os seus tomates, nem que eu tenha que enfiar um por um na sua boca. – Vane falou surgindo no corredor e ri bagunçando o cabelo de Jhu.

— Mais sorte na próxima. – Debochei indo na frente, fazendo questão de saltitar. – E eu comeria os seus tomates até sem você pedir, eu gosto de tomate. – Avisei e fui para sala de jantar, me sentando a mesa já posta. Eu amo a comida da Vanessa.

— Você pode comer um ou dois. – Falou baixo ao chegar na sua cadeira e fiz sinal de silêncio, dando uma piscadinha logo em seguida.

— Meu Deus, Vanessa! Você fez bolo de carne. Eu te amo, sua gostosa. – Falei animada e ela se sentou em seu lugar com o queixo erguido.

— Eu sei que você é escrava da minha comida.

— Uhum, certeza que joga algum feitiço. – Falei começando a colocar meu prato.

— E eu sou algum tipo de bruxa? – Reclamou.

— Uma fada, mamãe. – Jhu falou e ela estreitou os olhos em sua direção.

— Ainda vai comer seus tomates.

— Urgh, é uma bruxa mesmo. Nojenta e feia. – Reclamou cruzando os braços e ri começando a comer.

— Você quer comer só tomate hoje? – Perguntou séria e engoli o riso junto com a comida que mastigava.

— Vamos fazer um acordo. – Tentou e estiquei minha mão para pegar suco, atenta ao que ela iria propor. Eu amo essa pirralha e as artimanhas dela. – Eu como só um tomate e em troca não faço xixi na cama hoje à noite.

— Que tal você comer o tanto de tomate que eu mandar e em troca não vai dormir com a bunda ardendo? – Perguntou séria e Jhu se encolheu na cadeira.

— Não é justo, você não obriga a Vick.

— A Vick gosta de tomate.

— Muito e muito. – Falei comendo um atrás do outro e ela fez uma careta de nojo.

— Claro, você parece uma cabra, comeria até a Kiss se a mamãe cozinhasse e colocasse em um prato. – Reclamou se referindo a nossa cachorrinha e revirei os olhos.

— Eu sei que você só tá chateada porque o papai vai ficar na academia até mais tarde hoje e não pode te livrar dos tomates. – Comecei e coloquei a mão sobre o peito. – Mas eu juro que comeria todos eles se a Vanessa não me desse medo. – Confessei ouvindo Vane rir do seu lugar.

— Covarde. – Murmurou e pegou um dos tomates no garfo, fazendo uma careta antes de mastigar e engolir. Meu Deus, eu amo essa garotinha.

XxX

Me deitei na cama depois de ter escovado os dentes e suspirei virando para o lado, pescando meu celular sobre o colchão. Abri a caixa de mensagem e fui na janela da minha conversa com Galateia. Quero enviar algo para ela faz umas três horas, mas não faço ideia do que escrever.

— Você poderia me enviar uma mensagem. – Resmunguei olhando fixamente a tela do meu celular como se isso fosse fazer ela me enviar algo e quase o deixei cair quando o mesmo vibrou e a mensagem subiu um pouco indicando uma nova. Senti todo meu rosto ficar vermelho e coloquei a mão no peito enquanto sentia o coração disparar. - Eu... Eu tenho uma boca abençoada. Por Deus! Eu tenho poderes. – Sussurrei descendo a mensagem enquanto meus dedos tremiam levemente. 

Eu esqueci minhas coisas na biblioteca. O trabalho todinho, minha bolsa. Socorro :(

Sorri largamente pelo assunto aleatório e digitei minha resposta rapidamente. Ela usa emoji de gente velha, que fofa.

Sério que esqueceu? Não tem problema não, relaxa. Eu pego amanhã. Ninguém vai roubar trabalho de aluno.

Enviei e fiquei olhando para tela em expectativa, já que pelo visto Galateia é bem rápida em digitar e ela me mandou uma mensagem! Por que fez isso? Eu já posso morrer?

Não precisa. Está tudo bem, eu mesma pego já que moro perto e está tudo dentro da minha bolsa. Tem razão, ninguém vai roubar um trabalho, não existe motivo para pânico. Eu surtei à toa.

Sorri de canto e neguei com a cabeça. A bolsa dela não estava com o Vicent no metrô? Ou foi delírio da minha cabeça?

 Mas mesmo assim, se quiser eu pego e te entrego na escola. Seria algo fácil para mim, já que passarei lá para procurar uns livros novos.

Contei tentando puxar assunto e esperei uns segundos, mas sua resposta não veio. Será que ela vai parar de me responder?

— Calma! Ela pode ter ido fazer xixi. – Sussurrei mudando de posição na cama e arregalei os olhos por sua mensagem chegar cinco minutos depois.

Sério? Nossa, então eu te agradeço.

Li sua resposta e me preparei para lhe responder, porém os pontinhos alertando que ela ainda digitava, me fez ficar atenta.

Acabei de lembrar que também irei olhar uns livros amanhã.

Hem? O que isso significa? Se ela mesma vai lá... Por que me mandou mensagem? Ela queria conversar comigo? Aaah! Calma! Não é isso Vick, ela só avisou por avisar.

Então acho que nos encontraremos? Eu vou para lá só às nove horas.

Alertei na esperança dela estar lá por volta desse horário. Seria pedir muito? Quer dizer, ela pode simplesmente dizer não e cagar pra mim.

Então eu irei por esse horário também, quem sabe assim você possa me indicar uns livros?

Abri a boca por uns segundos e levei a mão ao meu peito, sentindo meu coração disparar. Ela vai mais tarde por que eu falei o horário que eu ia?

Claro! Eu posso sim, será um prazer te indicar livros. Drama, né?

Sim! São os meus favoritos. Obrigada. Então eu te vejo lá.

Enviou e sorri toda besta. Espera um pouco! É impressão minha ou a gente acabou de marcar um encontro? PELO AMOR DE DEUS! ELA ME MANDOU UMA MENSAGEM SEM SENTIDO ALGUM E AGORA A GENTE VAI SE ENCONTRAR NA BIBLIOTECA?

Ok, está marcado então. Te vejo lá.

Respondi e soltei o celular sobre a cama para cobrir a boca com ambas as mãos. EU TENHO UM ENCONTRO! Tá, livros e biblioteca, mas não deixa de ser um encontro. Caralho! Isso é muito bom, pelo amor de Deus, é bom demais. Que porra acabou de acontecer aqui? Ela não só me enviou uma mensagem de um jeito totalmente aleatório como agora vamos nos ver! Eu deveria começar a ter fé e orar pela divindade que está me observando nesse momento?

Galateia Merok Pov.

Fechei os olhos soltando um suspiro depois que li a mensagem e olhei para meu ventilador de teto, que girava rápido. Que merda eu acabei de fazer? Caramba! Eu enviei uma mensagem totalmente mentirosa pra Vick e ainda não acredito que ela não percebeu que o Vicent trouxe a minha bolsa quando fomos com ela até o metrô. Pelo amor de Deus, eu só queria conversar com ela um pouco mais e acabou que marcamos um encontro? A gente não se falou por tanto tempo e agora foi fácil assim?

Eu não sei o que me deu para lhe enviar uma mensagem, mas... As coisas que ela disse na biblioteca. Por que ela disse aquilo? Eu não fazia ideia que tinha ouvido meu comentário quando estávamos na papelaria e do nada ela solta todo aquele discurso? Além de que, eu dei todos os indícios de que a pessoa em questão era ela e nada? Como? Até escolhi palavras oportunas e tudo que ela fez foi jogar na minha cara que eu tenho medo? Tá, eu sempre tive medo de me aproximar dela depois do que houve quando tinha 11 anos, mas daí ela tem essa reação hoje?

O que tudo deveria significar? Eu não acredito que ela me comparou com o leão do mágico de Oz. Se fosse qualquer outra pessoa fazendo isso eu teria ficado muito irritada e possivelmente xingaria, mas olhar nos olhos verdes dela me desarmou completamente. Eu ainda não acredito que ela me incentivou a não desistir dela mesma! Como que isso foi acontecer? Até então estava lhe achando meio doida, mas depois de hoje ela parece... Esquecida? Tudo o que disse e a forma que disse, sobre não sermos próximas e ter coragem de me falar as coisas estando no meu grupo a três dias...Ela realmente não faz ideia de quem sou?

— O que inferno está acontecendo? – Sussurrei cobrindo os olhos com ambas as mãos e bufei virando para o lado da cama, focando minha atenção no porta retrato que estava ao lado do abajur, onde estava Liane e eu, juntas dos cachorros da casa da nossa mãe. Fiz uma careta em desgosto e peguei o celular ao meu lado o desbloqueando, iniciando a chamada enquanto o guiava ao ouvido. Se é para ter mudanças, que aconteçam todas de uma vez, porque não tenho condições de lidar com elas separadamente.

Alô? — A voz soou e suspirei.

— Mãe. – Chamei e o telefone ficou em silêncio por alguns instantes.

Galateia... Oi! Faz um tempo que não ouço sua voz. Está tudo bem? Necessita de alguma coisa? Quer que eu lhe envie algum dinheiro? – Perguntou e revirei os olhos inspirando fundo. Tente Galateia, tente.

— Não, eu não preciso de dinheiro. – Alertei incomodada com a pergunta. Por que ela supõe que preciso de dinheiro? – Tem uma biblioteca aqui no bairro que precisa de umas doações para livros e... Eu achei que a senhora poderia ter alguns para doar. – Falei me encolhendo um pouco. Acho que está tudo bem se eu começar com um assunto neutro como esse. Livros é algo que ela gosta e eu também.

Livros? Que categoria de livros? Em que quantidade? – Perguntou interessada e me virei de barriga para cima, voltando a focar no ventilador.

— A categoria não importa, a quantidade também não. Eu doei os que eu tinha e vou comprá-los de novo. Achei que a senhora teria alguns.

Claramente! Eu possuo uma grande quantidade. Posso separar todos hoje e encaminhar pessoalmente amanhã. Você só precisa me apontar para qual biblioteca seria. — Avisou e arregalei os olhos em surpresa, me sentando no susto. Ela vai trazer?

— A senhora trará? Amanhã?

Sim. Esse fim de semana estarei atarefada e na semana que vem precisarei realizar uma viagem. Sua irmã regressou, está ciente? – Perguntou e suspirei.

— Sim, ela foi me ver na academia. Amanhã eu... Acho que irei visitar ela. – Contei e ela ficou em silêncio por um momento.

Oh... Isso é animador, faz bastante tempo desde a última vez que veio.

— É... – Murmurei focando minha atenção na parede verde do meu quarto.

Que horas a da sua preferência para que eu encaminhe os livros? Umas nove horas seria apropriado? — Perguntou e fiz uma careta pelo horário. Amanhã eu vou me encontrar com Vick nesse horário, e nem sei como consegui que isso fosse possível. Eu não quero me encontrar com ela se minha mãe estiver junto.

— Hã... Teria como ser oito? Eu tenho um trabalho para fazer antes de ir para escola, então seria bom ter uma hora a mais para isso, não uma a menos. – Murmurei me erguendo para pegar meu diário sobre a cômoda, passando as folhas até a última que havia escrito. Eu devo ter por volta de sete pastas, todas cheias com folhas antigas que retirei para preencher com novas.

Claramente, é de minha preferência que seja mais cedo. Tudo em ordem, irei separar alguns livros e lhe enviarei uma mensagem informando a quantidade, de acordo?— Perguntou e suspirei. É um pouco estranho falar com minha mãe depois de tanto tempo.

— De acordo. Eu lhe esperarei aqui em casa.

— Ok. Irei no meu carro próprio.— Alertou e peguei uma caneta voltando para cama com o diário.

— Tudo bem, boa noite. – Desejei.

— Igualmente. Precisa de mais alguma coisa?— Questionou e adicionei a data do dia no meu diário.

— Sim... Teria como me fazer uma lista com os melhores livros da categoria de sobrenatural que conhece? – Pedi ela se manteve em silêncio por um tempo.

Começou a se interessar por esse tema?

Não senhora, é para uma colega que gosta. – Murmurei. Vick não me pediu, mas acho que ela ficará feliz se eu lhe entregar uma lista.

Tudo bem, elaborarei uma lista. Algo mais?

Não, apenas isso.

— Ok. Lhe vejo amanhã pela manhã.— Informou e concordei com um sim antes de desligar e jogar o celular para o lado, me curvando para começar a escrever em meu diário. Ainda não consigo acreditar que o dia de hoje realmente aconteceu e não foi um delírio da minha cabeça.

XxX

Coloquei minha bolsa com o uniforme reserva da escola em cima do sofá pequeno, junto com minha máquina de escrever e tia Cass me olhou curiosa enquanto tomava seu chá, sentada no outro sofá.

— Pra que isso? – Perguntou e suspirei ajeitando meu vestido.

— Irei para casa da minha mãe esse fim de semana. Meu motorista vai passar aqui no meu horário de saída da escola. A senhora poderia entregar isso pra ele? – Pedi e ela sorriu.

— Acho bom que esteja dando uma chance para ela depois do que aconteceu. Talvez assim pare de me mandar mensagem para perguntar como você está. – Alertou e lhe olhei confusa. Oi? Como assim ela pergunta como eu estou? Isso não faz o menor sentido.

— Ela pergunta?

— Todo mês. Você tem casacos para frio lá? Se não tiver, coloque um na sua bolsa. – Falou colocando a xícara sobre a mesa de centro e sorri por sua preocupação.

— Eu tenho todo um closet na casa da minha mãe, tia. – Alertei dando uma risadinha por ela fazer um bico e cruzar os braços para olhar pro outro lado. – A senhora está com ciúmes? – Perguntei em curiosidade e ela se manteve emburrada.

— Eu não. – Murmurou. – Só acho engraçado que do nada decidiu ir pra casa dela e me avisou de última hora. – Resmungou e neguei com a cabeça indo em sua direção, me sentando ao seu lado antes de lhe abraçar como podia.

— Eu só irei passar o fim de semana, tia. Não precisa ficar com ciúmes, porque eu te amo e te guardo em um espaçozinho do meu coração onde ninguém vai ser capaz de tirar. - Falei e ela me abraçou de volta, beijando minha testa com carinho. – E eu não decidi do nada. – Confessei. - Tem uma coisa que preciso contar. – Murmurei e ela me soltou em curiosidade.

— Que você tem feito terapia? – Perguntou e arregalei os olhos.

— Como sabe?

— Meu anjo, eu já fiz muita terapia na minha vida, principalmente depois que a Vanessa foi embora. – Contou. – E eu tenho notado que você vem seguindo alguns passos que nos pedem para fazer, desde que sua irmã foi embora. Aulas extras de karatê? Logo você que odeia se sentir suada? Usar o mesmo uniforme de treino duas vezes no mesmo dia? Acho que não. – Falou divertida e acabei rindo baixinho.

— A senhora devia ter me dito que sabia. – Reclamei.

— Você não queria contar, então não me vi no direito de dizer que já sabia, da mesma forma que tenho uma neta linda, mas não falarei nada a respeito, porque Vanessa não quer me contar sobre isso. Ela tem seus motivos e eu jamais irei invadir um espaço do qual não deveria ter conhecimento. – Alertou e beijei seu rosto com carinho.

— Por isso que eu te amo tanto, tia. – Falei carinhosa e virei a cabeça por ouvir a campainha tocar. – Acho que é minha mãe. – Contei.

— Scarlet? Aqui em casa? Ah, mas essa eu quero ver. – Se levantou quase correndo e peguei minha mochila da escola, lhe seguindo até o portão da rua e negando com a cabeça, vendo minha mãe parada na frente dele quando o abri. – E olha se o diabo não sai do inferno as vezes. A pirralha veio tomar um sol? Não é quente o suficiente lá no seu lar? – Tia falou passando na frente e cruzando os braços em desgosto.

— Ultimamente o movimento anda retardatário, então precisei me ausentar para recrutar uma alma nova. – Falou no mesmo tom amargo e tia sorriu antes de dar uns passos e a abraçar.

— Não vem com esse vocabulário estranho pra cima de mim não. Fala que nem gente normal. – Reclamou. - Achei que fosse morrer sem vir aqui, mas olha só como são as coisas. Basta uma filha sua te ignorar por quatro anos e outra chegar nesse mesmo caminho que você parece virar gente. – Falou se afastando e mãe revirou os olhos antes de olhar para mim, me observando por alguns segundos. Tia Cass por outro lado, veio para trás de mim e colocou ambas as mãos em meus ombros. – Você nunca vai roubar ela de mim. – Falou séria e olhei para trás não conseguindo evitar de sorrir.

— Eu não irei disputar com você, Cassandra. – Reclamou e voltei a lhe olhar, vendo que sua atenção ainda estava em mim. – Vamos? Trouxe todos os livros que tinha disponível. – Alertou e assenti indo em direção ao carro, abrindo a porta e olhando para tia Cass.

— Não esquece de entregar as coisas pro Robert, tudo bem. – Pedi ela sorriu.

— Não vou esquecer, princesa. Tenha um bom dia. – Desejou e deixei a porta do carro aberta para voltar até ela e lhe abraçar.

— A senhora também, pode me ligar se quiser. – Alertei e voltei para o carro para entrar nele, mas parando ao ver as pilhas de livros ocupando todo o espaço, além de ter alguns no chão.

— Eu avisei por mensagem que tinha uma grande quantidade. – Mãe falou e dei um sobressalto por sua mão tocar meu ombro. – Terá de ir na frente.

— Ou no porta-malas. – Sussurrei dando a volta no veículo para me sentar no banco do passageiro, passando o cinto por meu corpo, colocando minha mochila no colo e focando a atenção do meu lado da estrada quando a porta do motorista se abriu.

— Disse porta-malas ou eu ouvi errado? – Mãe perguntou dando partida no carro e me encolhi. Não era pra ela ter ouvido isso.

— Não disse nada. – Menti e ouvi seu suspiro. – A biblioteca é em duas quadras, na rua principal. – Contei e ela assentiu.

— Certo. – Falou e continuei olhando para estrada até chegarmos na biblioteca, o que não demorou, já que era realmente perto. Desci do carro assim que ela estacionou do lado da calçada e abri a porta de trás para pegar alguns livros, me assustando por me virar e ela estar logo atrás de mim. – Deixa que eu levo isso, você vigia o carro. – Alertou pegando os livros da minha mão e pisquei algumas vezes a vendo seguir para dentro da biblioteca. Que sensação esquisita é essa? Ela parece estar sendo legal?

— Estranho. – Sussurrei me escorando no carro e prestando atenção em todas as viagens que ela estava fazendo para levar os livros, até que veio e se inclinou para dentro, voltando com apenas três.

— E acabou. Você pode vir me ajudar a separá-los agora? – Pediu e assenti várias vezes. – Certo, tranque o carro que estou te esperando. – Me entregou as chaves indo na frente e fechei a porta que deixou aberta, abrindo a do passageiro para pegar minha mochila e logo ativando o alarme, indo em direção a porta da biblioteca.

— Bom dia! – Ouvi a voz animada de Vick e dei um pulo me virando para trás praticamente em pânico. Caralho! O que ela já faz aqui agora? Não disse nove horas?

Victória Pov.

Essa manhã me levantei com a intenção de sair de casa o mais rápido possível. Tomei meu café e corri para colocar meu uniforme, já que irei da biblioteca para escola. Terminei de abotoar os botões da blusa social branca e arrumei uma das pontas dela por dentro da saia vermelha e meio xadrez. Arrumei os cadarços do meu all-star e peguei o casaco preto de uniforme, que mais parecia um mine terno, o amarrando na cintura, já que não gosto muito de ficar com ele por sentir calor, porém infelizmente é norma de escola. Ajeitei minha franja pela milésima vez vendo que estava razoável e sorri piscando para mim mesma, pegando minha mochila em cima da cama e saindo do meu quarto logo em seguida.

— Nossa! Posso sentir seu perfume daqui. – Ouvi Jhu falar da cozinha e logo em seguida ela apareceu na porta da mesma. - Mana... Você tá linda. Você é linda. – Elogiou e sorri de canto. Jhu às vezes é um anjinho, principalmente quando extrapola como ontem à noite.

— Obrigada. Estou indo. – Avisei saindo do apartamento e Jhu correu atrás.

— Me compra alcaçuz? – Pediu da porta e sorri, fazendo um leve aceno de cabeça.

— HOJE VÁ NA DIRETORIA NO FIM DAS AULAS. – Vane gritou lá de dentro e suspirei.

— PRA QUÊ? – Gritei mais alto e ela apareceu na porta.

— Não grite! Temos vizinhos.

— Você quem começou. – Acusei e ela suspirou pesadamente.

— Tenho algo para te falar, então vá.

— Não sei por que não pode falar aqui, mas tudo bem. – Fiz um leve aceno com a mão me despedindo e arregalei os olhos voltando correndo para dentro, me lembrando que precisava levar o lixo.

— Olha só... Não é que eu saí ganhando mesmo. – Comentou ao me ver pegando os dois saquinhos pretos e revirei os olhos.

— Eu disse que ia tirar o lixo todo dia. Agora estou indo, beijo. – Joguei beijo pro alto e saí rapidamente, jogando o lixo no lugar e indo para estação.

Depois que peguei o metrô, cheguei rápido à biblioteca e quando estava indo para calçada vi Galateia fechando a porta de um carro para travar o alarme. – Abri um sorriso e atravessei a rua correndo até a calçada para lhe alcançar antes que entrasse na biblioteca. 

— Bom dia! – Saudei animada e ela soltou a maçaneta dando um pulinho de susto, me olhando assustada.

— Victória! Bo-bom dia. Você me assustou. – Sorri de canto e a admirei um pouco, a mesma usava um vestido acima dos joelhos em um tom roxo escuro e um pouco rodado da cintura para baixo, mas não o suficiente para levantar caso um vento passasse. Na cintura havia um cinto branco com detalhes pretos que a realçava, deixando seu corpo modelado. Respirei fundo e me amaldiçoei por meu celular estar dentro da bolsa. Eu queria uma foto.

— Não foi a intenção. – Falei em um tom brincalhão e ela continuou travada no lugar, como se estivesse tensa. Eu não devia ter aparecido assim? - Algum problema? – Perguntei em ver que ela olhava para o chão há tempo demais.

— Não! É que você disse que viria as nove. – Franzi o cenho e ela segurou ambos os lados do vestido, como se estivesse envergonhada. MEU DEUS! ELA É MUITO FOFA. - E são apenas 08h:10min. – Droga! Queria tanto vê-la que...

— Bom... Eu iria aproveitar e pesquisar mais. Ia fazer outra coisa agora? – Perguntei e ela ficou vermelha, olhando para baixo outra vez e meu coração bateu mais rápido. Ela é muito linda.

— Galateia? Estou te esperando. – Uma mulher ruiva apareceu na porta da biblioteca e suspirou. Usava um vestido vermelho do mesmo modelo do da Galateia, a única diferença era a cor e o cinto, que era branco. Seu cabelo era grande e de cachos soltos, os olhos azuis escuros e a pele branca chamativa. Eu achava que Galateia era branca, mas essa mulher supera. Que linda.

— Já es-estou indo, desculpe. – Galateia respondeu e olhei de uma para a outra. Quem é essa mulher?

— Por favor. Eu não tenho muito tempo e vim porque você me pediu. – Falou com a voz mansa e meus olhos brilharam por Galateia corar feito um tomatinho. Linda, linda e linda.

— Sinto muito, me distraí. Desculpe o incômodo Victória. – Pediu, fazendo uma leve reverência para mim e fiquei lhe olhando com cara de tapada. Ela acabou de se reverenciar? - Ah! Essa é minha mãe. Mãe, Victória. Estamos no mesmo grupo. – Apresentou e senti meu corpo inteiro ficar gelado, como se minha alma saísse dele. Essa pessoa linda a minha frente é a Scarlet? Alguém me dê um soco na cara, um tiro, ou uma chicotada. Eu estou sonhando, só pode ser um sonho. NÃO É POSSÍVEL QUE ESSA SEJA A SCARLET. CARALHO! PELO AMOR DE DEUS, ESSA MULHER É MUITO LINDA.

— Sua... Sua mãe? – Perguntei ficando sem voz logo em seguida. Eu estou em frente à Scarlet, minha primeira e única ídolo.

— Prazer em conhece-la, Victória. – Estendeu à mão me cumprimentando. Devo ter ficado uns 10 segundos segurando a mão dela com um sorriso idiota no rosto. A razão de eu passar a amar Galateia está bem a minha frente, sorrindo de canto igual a ela, um sorriso delicado capaz de tirar completamente meu fôlego. Galateia é um anjo filha de outro anjo. Deus! Eu estou diante de dois anjos. Eu morri e elas vão me guiar até os portões divinos? - Então... Vamos? – Perguntou a Galateia e ela assentiu.

— Claro, me desculpe por isso. – Pediu e ela negou com a cabeça dizendo não ter problema enquanto voltava à biblioteca. Morra de inveja mundo! Eu conheci Scarlet Maiden. MEU DEUS DO CÉU! TEM RAZÃO DA GALATEIA SER ESSA PRINCESA PERFEITA, OLHA SÓ PRA MÃE DELA, PARECE UMA DEUSA. Genética é uma coisa perfeita de mais.

— Er... Mãe veio doar alguns livros aqui. Vou ajudá-la um pouco e... Pode me esperar? – Perguntou enquanto entravamos e assenti ainda em choque.

— Posso sim.

— Certo. Não vou demorar muito. – Se dirigiu até a mãe, que estava olhando cada livro no balcão junto da bibliotecária e sorri em ver uma do lado da outra. Minhas duas paixões platônicas lado a lado. Em que momento da vida eu poderia imaginar isso acontecendo?

XxX

Fechei o livro que olhava ao ver Galateia vindo em minha direção e sorri carinhosa. Depois que me pediu licença elas praticamente sumiram biblioteca a dentro. Eu pensei em ficar seguindo-as, mas se me vissem seria muito constrangedor e eu não queria pagar mico na frente das duas. Agora, depois de meia hora ela voltou.

— Bom... Desculpe lhe fazer esperar. – Pediu de forma baixa e olhei para trás em curiosidade em procura da Scarlet.

— E sua mãe? – Perguntei curiosa e ela sorriu.

— Ela já foi embora. - Alertou puxando uma cadeira se sentando e sorri de volta. Scarlet é ainda mais linda do que eu imaginava. Aqueles idiotas que falaram que ela seria uma gorda sem vida social vão tomar no meio do cu. Ela é perfeita. Uma borboleta.

— Entendo, então... Encontrou sua bolsa? – Perguntei tentando guardar o assunto Scarlet para quando eu estiver em casa. Vou gritar para Jhu que eu a conheci, ela que me aguarde.

— Que bolsa? – Perguntou e pisquei algumas vezes em perceber a expressão confusa dela. Não tem bolsa! Eu só queria te ver. Sussurrei em minha cabeça, zoando meu próprio pensamento. Só nos meus sonhos, quer dizer, nem neles.

— Sua bolsa! Com o cartaz. – Lembrei e ela assentiu como se tivesse se lembrado.

— Está no carro. – Falou rápido.

— Ah! Que bom... Quer dizer... – Fiquei calada e ela virou a cabeça um pouco para o lado, me olhando curiosa. Deus! Não me olha assim. - Hum... Eu fiz uma lista. – Mudei de assunto e ela franziu o cenho de forma curiosa.

— Sobre?

— Os livros! – Lembrei a pegando na minha mochila e a mesma assentiu se recordando. - Fiz em ordem do meu gosto por cada um. Não sei se irá gostar. – Avisei e ela pegou a folha da minha mão a analisando. Engoli em seco focando no seu semblante tranquilo enquanto lia e a vi pegar uma caneta na própria mochila e começar a riscar a folha, a virando para mim, me permitindo ver que fez um coraçãozinho na frente de dois títulos. Coraçõezinhos! Galateia desenhou dois coraçõezinhos na minha folha. Que fofa.

— São os únicos que ainda não li. – Avisou e meus olhos brilharam ao ouvir isso. Ela já leu todos os meus livros favoritos? Isso é realmente possível?

— Mas e o Mergulhando na areia movediça dos pensamentos? – Perguntei apontando para o primeiro nome da lista e ela sorriu.

— Depois que você o recomendou eu peguei para ler ontem. – Ó! Então ela de fato não tinha lido o livro da mãe dela?

— Tenho certeza que vai adorar. – Brinquei e ela sorriu.

— Assim espero. Aqui. – Estendeu-me outra lista e a analisei, vendo ser livros de sobrenatural. - Eu não gosto muito, mas conheço uma pessoa que me indicou esses. – Falou me olhando enquanto eu analisava a lista, vendo que eram livros perfeitos, e que a maioria eu havia lido.

Se é o que estou pensando... A própria Scarlet escreveu essa lista, muito modesta em não citar os próprios. Sorri de canto e peguei a caneta dela sobre a mesa, desenhando de propósito uma flecha nos que eu não havia lido. Se você me desenhou corações, Galateia... Vou lhe desenhar flechas, porque assim direi de uma maneira discreta que a quero pra mim, não que você vá entender minha cantada particular.

— Os únicos que não li. – Mostrei os três da lista e ela analisou meu desenho. Ok! Uma flecha não é nada bonitinha.

— Como vai a tirá-las sem o arco? – Pisquei várias vezes após ouvir o que ela disse. Eu entendi direito? Ela disse o que eu penso que disse?

— Co-como? – Perguntei vermelha e ela pegou a caneta da minha mão riscando a folha, quando a analisei vi que desenhava pequenos arcos ao lado das flechas.

— Uma chance maior de que o arremesso será certeiro. – Abri a boca para falar e a fechei logo em seguida, repetindo isso várias vezes. Isso só pode ser coisa da minha cabeça doentia. Galateia não entendeu minha cantada particular. Não! Ela não está dizendo que será fácil eu roubar seu coração! Não pode ser isso. Ela só desenhou uns arcos e disse que assim o arremesso seria certeiro. Não se iluda, Vick! Não se iluda.

— A-arremesso? – Perguntei gaguejando e me amaldiçoei por fazer isso. Que merda! Não gagueja, caralho.

— Sim? Assim os livros irão conquistar um espaço em seu coração.

— Ah! – Falei suspirando aliviada logo em seguida. Ela estava falando dos livros, por um segundo cheguei a pensar que estava falando de mim e de seu coração, cara... Eu tenho que parar de imaginar essas coisas! Isso não faz bem para minha cabeça não. - Sendo sobrenatural não tem erro. – Brinquei e ela sorriu de canto. Eu vou morrer se toda vez que ela sorrir assim meu coração querer brincar de ataque cardíaco. - Sua mãe é muito linda e você é igualzinha a ela. – Elogiei e ela corou. Meu Deus! Que fofa.

— O-obrigada. – Sorri e olhei para a mesa ao nosso lado, a qual mantinha os livros de ontem.

— Você quer estudar mais um pouco? – Perguntei e ela assentiu concordando comigo. - Ok! Vou pegar. – Levantei-me indo até os livros, e quando voltei me sentei do lado dela, puxando uma cadeira para bem perto de seu corpo. Eu que não sou idiota de ir pro outro lado da mesa e a deixar desse lado, sozinha e sem atenção. - Você pode ficar com esse. – Alertei a entregando o livro e abrindo o outro. Eu queria ficar só conversando com ela, mas infelizmente preciso me dedicar ao trabalho.

— Tem países de nomes tão estranhos. - Comentou para si mesma depois de um tempo que passamos estudando e ergui o olhar a analisando. Seus olhos estavam fixos no livro e ela mordia o lábio inferior levemente. Sempre achei essa mania dela a coisa mais gostosa de olhar, seus lábios ficam em um tom vermelho provocante demais, na verdade... Às vezes posso jurar que ela faz de propósito, mas é impossível, ela nem sabe que a observo. Talvez ela pudesse saber disso antes, quando eu ainda não era uma stalker perfeita, quando eu ainda não sabia disfarçar, mas agora... Agora ela não teria como saber, porque eu sei disfarçar muito bem.

— Como se pronuncia esse nome? – Perguntei apontando para o nome Wojciech Szczesny e ela parou de ler, se inclinando sobre o livro. Isso! Chegue mais perto Galateia, muito, muito mais perto.

— Uoitchek Chesni? – Perguntou me analisando com os olhos azuis e sorri grande. Não acredito que ela conseguiu ler isso. Que fofa. – Por que quer saber o nome de um jogador? – Perguntou e olhei para o nome por alguns segundos.

— Wochieck Siziesnix. – Pronunciei e ela estreitou os olhos. Eu não sei nem se isso deveria ser um nome ou se é só um monte de letra junta com a pronúncia ridícula.

— Tão fofinha. – Falou com um sorriso e senti meu rosto esquentar. Meu Deus, isso não foi fofo, por que diabos ela achou fofo?

— Nada de fofo. – Falei envergonhada e ela olhou a página que eu lia.

— Hum... Isso aqui não é a página dos países.

— Ah... E-eu só estava um pouco entediada. – Confessei e ela olhou para o livro e depois para mim.

— Podemos não estudar hoje! Já que marcaremos um dia da semana que vem para isso. Você não iria ver uns livros? – Perguntou me fazendo assentir.

— Você... Você vai à escola? – Perguntei e ela franziu as sobrancelhas.

— Vou! Por quê? – Fiquei em silêncio e ela olhou para as próprias roupas. - Ah! Eu vou me trocar antes. Quando for quase hora de ir, o uniforme está aqui na minha mochila. – Assenti compreendendo e ela voltou para sua posição de antes, fazendo as batidas do meu coração se normalizarem. Droga! Quero ficar perto dela, mas acabo parecendo uma retardada. Nem para arrumar um assunto eu presto, sobre o que ela gostaria de conversar? O que eu posso dizer que chamaria sua atenção para mim? - Aceita? – Perguntou e corri meus olhos para ela, que comia uma barra de chocolate. De onde ela tirou isso?

— Hun... Não sei! Eu meio que evito doces. – Murmurei e ela ergueu uma sobrancelha.

— Você é magra e atlética, na verdade seu corpo é muito bonito. - Avisou e corei. Ok! Ela reparar no meu corpo é novidade. 

— Não é isso. E eu nem sou tão atlética assim. – Murmurei e sua mão se esticou até meu braço, onde seus dedos apertaram suavemente sobre. AMADA?

— Você tem até uns músculos. – Falou e lhe olhei em silêncio por alguns segundos. Tudo bem, a partir de hoje eu darei quantas voltas a Débora me pedir se isso significa Galateia testando a consistência dos meus músculos. EU VOU FICAR MAROMBADA NESSA PORRA.

— Vantagem de fazer natação, fortona. – Forcei o braço um pouco e prendi a respiração por seus dedos voltarem a se apertar sobre o local. Porra, eu vou me matar treinando.

— Realmente, então por que não quer chocolate? Caries? – Perguntou tirando a mão do meu braço e sorri. Linda.

— Não! – Respondi dando uma risadinha.

— Diabete?

— Também não.

— Lombrigas? – Abri a boca e ela começou a rir. - Desculpa! Desconsidere a última pergunta. – Falou ainda rindo e eu lhe dei um leve empurrão no ombro, começando a rir também. Ela faz brincadeirinhas, que fofa.

— Você é palhaça. – Falei em tom brincalhão e ela sorriu.

— A culpa é sua. Não tem um motivo plausível para rejeitar minha barrinha de chocolate. Toma. – Ofereceu de novo e quebrei um pedaço, vendo-a fazer uma expressão horrorizada. - Você quebrou!? Não pode. – Falou chocada e me assustei.

— Desculpa! – Tentei colocar o pedaço de volta e ela o pegou da minha mão jogando no lixo e a olhei em pânico. Ela tem um tipo de ritual pra comer chocolate e eu devo ter estragado tudo. Maravilha. – Galateia? – Chamei preocupada por ela manter sua atenção na lata de lixo por tempo demais.

— Você não conhece a lenda? – Perguntou e franzi o cenho.

— Que lenda? – Questionei e ela olhou para o chocolate em sua mão antes de suspirar.

— Reza a lenda que se você quebrar o chocolate, o seu coração será quebrado. – Falou enquanto me olhava e eu a analisei. Que lenda? Chocolate não é tão antigo assim para ter lenda, ou é? - Então você precisa comê-lo seguidamente sem quebrá-lo. – Estreitei os olhos e ela o estendeu de novo para mim, me olhando ansiosa.

— Isso é estranho. – Falei mordendo a pequena barra e ela sorriu.

— Agora seu ritual foi iniciado. – Ergui uma sobrancelha e ela me entregou o resto da barra de chocolate. - Tem de comer tudo se quiser que seu desejo se realize.

— Hã? Que desejo? – Perguntei curiosa, a vendo sorrir de leve.

— Você disse que não aceita o que recebe da vida, então... O chocolate deixa tudo mais doce, se o comer da maneira certa. – Meus olhos brilharam ao ouvir suas palavras. Esse chocolate vai deixar tudo mais doce? Se não fosse a Galateia falando isso, eu diria ser mentira.

— O que ficaria mais doce exatamente? – Perguntei voltando a morder o chocolate e ela sorriu.

— O que você quiser que fique. Não é que ficará doce, é que sairá um pouco mais como você quer. – Hum! Eu quero te beijar! Se eu desejar, será realizado?

— Qual o tempo de espera? – Perguntei e ela sorriu.

— Dois meses! O prazo máximo. – Alertou e corei. Isso significa que em dois meses ela vai me beijar? Ata! Acredito.

— Probabilidade de acerto?

— 99%.

— Acho que isso não vai funcionar não. – Murmurei e ela sorriu de canto

— Claro! Você não disse as palavras mágicas. – Estreitei os olhos a vendo sorrir de novo.

— E quais são as palavras mágicas? Por favor? – Perguntei vendo-a negar com a cabeça. – Então? – Questionei e ela mordeu o lábio inferior como se estivesse pensando.

— Que a luz de duas estrelas brilhe somente para mim.

— Você está inventando isso, não está? – Perguntei e ela fez uma expressão de ofendida. É impressão minha ou estamos nos dando muito bem? Ou é impressão minha que Galateia seja divertida?

— Como pode pensar isso de mim? – Perguntou e sorri.

— Desculpa é que... É muito suspeito.

— Não é nada! E você ainda não disse. – Insistiu e suspirei.

— Que a luz de duas estrelas brilhe somente para mim. — Recitei e ela sorriu levemente.

— Agora sim! Seu conselho para mim foi ouvido e o meu para você também.

— Que conselho? – Perguntei e ela sorriu de novo. Eu a aconselhei sobre o quê?

— Sobre eu arriscar. Obrigada! Eu acabei de decidir que vou ser o leão covarde. - Falou e entreabri a boca.

— Ah. – Falei de forma baixa e ela me olhou com a cabeça de lado, me analisando em curiosidade.

— Algum problema? Eu não devo mais fazer isso? – Garota? Por que a minha opinião importa para você? E se eu disser não? Você vai desistir por acaso? Porra eu sou tão idiota, devia ter fechado minha boca ao invés de lhe aconselhar a insistir em uma pessoa que eu nem sei quem é. E se essa pessoa for uma completa sem noção?

— Não! – Falei e me encolhi logo em seguida por ela erguer uma sobrancelha. – Quer dizer, sim? Eu... Não sei. – Murmurei. – É que tipo, eu te aconselhei a tentar, mas eu não sei direito das circunstâncias. E se essa pessoa não merece que você tente? – Perguntei e ela assentiu algumas vezes. – Então você iria se machucar em vão. – Tentei e fui analisada em curiosidade.

— Entendi, então eu devo analisar a situação?

— Isso! Faz o teste de fertilidade antes de plantar as sementes. – Falei e ela sorriu negando com a cabeça.

— Tudo bem, se estiver tudo em ordem eu posso plantar? – Perguntou e foquei nos olhos azuis. Porra, é linda demais.

— Não. – Falei e arregalei os olhos logo em seguida. – Sim! Pode, claro. Desculpe por isso. Acho que comi muito chocolate. – Menti em um tom brincalhão e ela sorriu. Puta que pariu. Eu deveria me chutar agora por ter a incentivado a amar outra pessoa? Ou deveria me chutar por ela ter atendido o meu pedido? Onde eu estava com a porra da cabeça ao falar pra pessoa que eu gosto que ela tem que gostar de outra? CARALHO EU SOU MUITO BURRA.

 


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Notas finais do capítulo

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