Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 13
Somebody That I Used To Know.


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEE! Tudo belezinha? Volteeeei com o terceiro capítulo e amanhã tem mais um e nele, darei outras informações necessárias.

Okaaaay Pov da Galateia 9/9

Pra você que vai ler aqui, se liga em um detalhe da linha do tempo da história.

Esse capítulo se passa logo depois do capítulo 4. E pra quem é desligada...
Isso mesmo, tô falando com você mesma! Nem adianta perguntar "eu?"

Esses capítulos do 5 ao 12 foram o passado da Galateia, tem uma diferença de... se for contar desde o capítulo 5, tem uma diferença de 9 ANOS. Porém, se for seguir do capítulo anterior. Tem uma diferença de 2 ANOS. Se tu quer seguir como se estivesse em 9 anos em branco, recomento ler esse depois do 4 e seguir viagem.

Dito isso... Gente, minha coluna tá doendo, parece que fui espancada com um taco de beisebol por dormir de mal jeito e me sentar de jeito pior ainda. EU QUERO UMA MASSAGEM! Isso existe mesmo ou é coisa de filme? Onde a pessoa vai naquela salinha chique e saí renovada. Se for, preciso achar papel para um filme em que eu seja uma mulher rica.

Enfim, Comentários que me deixaram, responderei todos depois de amanhã com muita fé em Deus.

Música para esse capítulo: Gotye - Somebody That I Used To Know


~Boa leitura.



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Tempo atual – 07h:23min – Galateia Pov.

Girei meu corpo acertando o golpe com contato e minha parceira de treino deu quatro passos para trás pelo impacto, negando com a cabeça e voltando pro lugar com um leve sorriso. Normalmente eu costumo usar o mínimo de força possível para não ter nenhuma consequência, mas dessa vez tudo o que eu sinto é raiva e vontade de bater em alguma coisa com força. Não faz sentido! Vick entrar no meu grupo e não falar comigo direito, fingir que não se lembra ou realmente não se lembrar... Que porra aconteceu com ela?

— Você está intensa no treino hoje. – Jude falou segurando melhor o aparador e mudei minha posição para executar o próximo golpe. – Aconteceu alguma coisa? – Perguntou e minha resposta foi mover meu corpo para frente e acertar o objeto com um soco. – Tão comunicativa como sempre. – Falou divertida e soltou o aparador, erguendo a mão direita no alto, a qual acertei um high-five por ser a hora de inverter nossas posições. – Você realmente costuma falar pouco, mas sua energia normalmente é calma, mas hoje parece que tá pronta pra assassinar qualquer um. – Comentou ficando na posição de ataque e me abaixei pegando o objeto no chão, o firmando frente ao meu corpo e esperando seu golpe. – Eu vou falar sozinha hoje? – Perguntou abrindo suavemente os braços antes de voltar para posição.

— Estou irritada. – Murmurei e ela sorriu acertando seu golpe, o qual recebi sem me mover do lugar. Jude é uma boa pessoa, e embora eu não converse muito, ela é uma boa companhia nas aulas.

— Quando você não está? – Perguntou divertida e revirei os olhos recebendo seu outro golpe. – Você está sempre irritada com algo relacionado a família. – Alertou e mudei de lugar por causa da sua nova posição, o que a fez erguer uma sobrancelha em curiosidade. – A não ser que dessa vez não seja a sua família. – Falou como se tivesse descoberto um segredo e me acertou com outro golpe. – Ou talvez seja. – Desfez a posição de ataque olhando para trás de mim e franzi o cenho me virando, vendo minha irmã mais velha parada do outro lado do salão, me observando em silêncio. O que ela está fazendo aqui? QUANDO ELA CHEGOU? – Acho que ela quer falar com você. Eu vou lá beber uma água, porquê né? Meu braço ainda sente rancor. – Jude falou saindo para o outro extremo do salão e soltei o aparador, arrumando meu quimono antes de me aproximar de Liane, que parecia receosa e preocupada.

— Quando chegou? – Perguntei em curiosidade. Já faz muito tempo desde que ela esteve na cidade e que me mandou uma mensagem.

— Faz uma hora. – Alertou e lhe olhei confusa. Ela chegou tem uma hora, apenas?

— E o que faz aqui?

— Onde eu deveria estar ao voltar? – Perguntou e suspirei.

— Talvez tomando um banho ou comendo alguma coisa. – Murmurei e me virei para ver que Jude conversava com uma colega. – Eu tenho treino. – Alertei e ela negou com a cabeça em descrença.

— E eu vim da Itália. Cheguei tem uma hora e estou aqui. Não vai me abraçar?

— Não foi eu quem te mandou ir e muito menos quem chamou de volta. – Falei calmamente. Ir ao psicólogo tem me ajudado a entender que não vale a pena me desgastar com nada. - Então se me der licença, eu tenho treino. – Me virei para voltar ao tatame e fui até Jude, que me olhou curiosa. – Vamos voltar ao treino. – Pedi e ela assentiu indo pegar nosso aparador.

— Está tudo bem? – Perguntou preocupada e fiquei na posição de ataque.

— Tudo ótimo. – Chutei o objeto e ela andou para trás, me olhando com pesar logo em seguida. Franzi o cenho para seu olhar, mas rapidamente o entendi quando Liane passou por mim e praticamente tomou o aparador dela.

— Se me dá licença. Eu preciso conversar com a minha irmã caçula e se ela não quer parar o treino por isso, eu treinarei com ela. – Falou e Jude simplesmente saiu, sem questionar ou reclamar. Ela não tem um histórico muito bom com Liane, se visto que da última vez saiu com um braço deslocado. – Acho que tenho sorte do professor me adorar e me deixar segurar isso aqui. – Falou divertida quando estávamos sozinhas e segurou o aparador frente ao corpo. – Vai lá. Um golpe e uma pergunta. – Falou e revirei os olhos antes de girar o corpo e lhe acertar um chute, mas diferente de Jude, ela não deu nenhum passo para trás, se manteve firme no lugar. – Esse foi bom. Tem treinado mais vezes? – Perguntou e me preparei de novo. Ela ainda está aqui, então nada mais justo do que lhe responder.

— Não, mesmo ritmo. – Respondi acertando um soco no objeto e seus olhos azuis se focaram em mim.

— Você foi para casa alguma vez? – Perguntou e mudei minha posição, focando minha atenção no objeto preto.

— Não. – Soquei o aparador pela segunda vez e ela suspirou.

— Mãe disse que você parou de falar totalmente com ela na semana seguinte que eu fui embora. Que não respondeu as mensagens, nem nada e que... Não tem mais aceitado o dinheiro dela. – Contou e mudei minha posição, me preparando para acertar o golpe. – Por quê? – Perguntou e soquei o aparador, focando meus olhos no tecido escuro.

— Entre ficar sozinha e ficar sozinha, eu prefiro ficar sozinha. – Murmurei movendo meu pé para ficar em uma nova posição e ergui os punhos.

— Você sentiu minha falta? – Perguntou e abaixei os punhos saindo da posição que estava por notar seus olhos marejados. – Sentiu? – Perguntou de novo e suspirei cansativa.

— Em porcentagem. – Murmurei.

— Quanto?

— Isso é irrelevante, Liane. – Murmurei indo para o banco onde havia deixado minha bolsa e ela me seguiu.

— Pra mim é relevante. Quanto? – Insistiu e me encolhi apertando a alça da minha bolsa.

— Você me deixou. – Acusei focando minha atenção no chão. – Mesmo eu dizendo que não ligava e que não me afetava... Você foi embora e me deixou.

— Galateia... Me desculpa. – Pediu tentando se aproximar e me afastei rapidamente. – Eu não... Não achei que fosse ficar tão triste.

— Você foi embora por três anos e só me mandou mensagem no primeiro ano. – Acusei. – Achou que isso ia me deixar feliz? Antes eu estava com você todos os dias, mudou para todo fim de semana, depois você passou a me visitar uma vez por semana e por último, foi embora! Eu deveria ficar feliz? – Perguntei calmamente e ela entreabriu a boca se encolhendo.

— Galateia...

— Eu senti a sua falta todo dia, mas sentir saudade sua não significava que você ia voltar, tanto que você não voltou. Então eu aprendi a conviver com a sua ausência. Desculpa se não estou tão feliz assim por ter voltado quando me acostumei a viver sem você. - Falei calma, pegando minha água na bolsa e arregalei os olhos ao sentir seus braços me circularem pelas costas em um abraço. – Liane... O que você está fazendo? – Perguntei séria e fui apertada em seus braços.

— Eu pensei que poderia te abraçar.

— Por que pensou isso? – Perguntei e seus braços me soltaram, o que me permitiu virar em sua direção e ela olhou para o chão.

— Porque sentiu minha falta. Eu não queria te machucar, por isso eu fui embora. – Contou e ergui ambas as sobrancelhas. Ela está dizendo que foi embora por minha causa?

— Você me magoou quando foi embora. – Confessei e tentei me esquivar quando ela se aproximou mais de mim, mas não consegui a tempo e fui abraçada de novo. – Liane... – Reclamei e fui apertada mais forte por ela.

— Eu senti a sua falta, muito. – Confessou e suspirei.

— Tá bom, agora pode me soltar?

— Não. – Murmurou e deitou a cabeça em meu ombro. – Me perdoa por ir embora. Eu achei que seria melhor pra você ficar longe do que te deixava mal, ou seja, eu. Eu te amo mais do que qualquer coisa para permitir que um problema meu estrague nossa relação. – Falou e neguei com a cabeça, me afastando dos seus braços

— Você foi embora, Liane! – Acusei. – E nem foi isso que estragou nossa relação, não foi o que aconteceu ou os problemas. – Alertei. – Você não me escutou! Fez as coisas por si mesma e me deixou. Eu só queria a minha irmã! Não me importava o resto. Mas você não responder as minhas mensagens, me matou. Eu só queria saber como você estava e você não me respondia.

— Galateia, não é assim. Escuta o que está dizendo. – Falou e pegou meu braço. – Tudo bem para você que eu te magoasse, desde que ficasse ao seu lado?

— Sim! Estava tudo bem, porque nós prometemos nos cuidar juntas. Eu não ligava se você precisava se cuidar, desde que me deixasse participar disso. – Reclamei e seus olhos marejaram. – Mas você foi embora. E tudo que eu queria era que ficasse comigo para que eu pudesse cuidar de você. – Sussurrei e fechei os olhos por ela voltar a me abraçar.

— Me perdoa, eu não imaginava que fosse ficar assim. Achei que estava fazendo o melhor pra você, me perdoa. – Pediu e me encolhi.

— O melhor pra mim era ficar junto de você. – Murmurei sentindo meus olhos marejarem. – Eu senti muito a sua falta.

— Eu também senti a sua falta, o tempo todo. – Sussurrou beijando o topo da minha cabeça me afastei dos seus braços.

— É ótimo ter voltado, mas eu não sou mais dependente de você. – Alertei e olhei para o outro lado por sua expressão surpresa. – Aprendi a me virar sozinha sem depender de alguém para me ajudar, então de certa forma, obrigada. – Agradeci lhe olhando e voltei a desviar os olhos por ver que ela chorava.

— O que isso significa? Você não gosta mais de mim?

— Eu gosto de você, Liane. – Garanti e ela limpou as lágrimas. – Eu te amo mais do que qualquer coisa. Mas não espere que eu demonstre isso. Não é porque não quero, mas me acostumei a não precisar e agora, não acho que saiba como fazer isso. – Alertei e ela sorriu.

— Tudo bem, eu posso lidar com isso. Não vou mais embora. – Garantiu e neguei com a cabeça.

— Você disse isso antes. – Sussurrei e seus olhos marejaram outra vez.

— Eu juro que dessa vez não vou decepcionar você.

— Tudo bem, Liane. A maioria das coisas não me afetam mais. Não pense em como não me decepcionar, tente não decepcionar você mesma. – Pedi e ela suspirou.

— Se eu fizer isso... Você fala um pouquinho mais comigo antes de ir embora? – Perguntou encolhendo os ombros e foi minha vez de suspirar.

— Eu tenho coisas para fazer. – Murmurei.

— Eu prometo que serei a melhor irmã do mundo. Você está tão linda. – Falou olhando em volta antes de sorrir para mim. – Tá da minha altura, meu Deus! – Disse animada e levou a mão a minha cabeça nos medindo.

— Tenho 17 anos. – Alertei. – O tempo passou para mim também. – Alertei e ela suspirou antes de voltar a sorrir.

— Tem aula hoje? - Perguntou curiosa e lhe olhei confusa.

— Não, por quê?

— Quer que eu te leve pra casa da tia? Estou com a Laila. – Se referiu a sua moto e neguei com a cabeça.

— Não precisa. Robert está me esperando e não seria nada bacana você chegar na casa da tia assim. Ela está muito chateada com você. - Alertei e ela fez uma careta. – E tenho certeza que não trouxe outro capacete.

— Eu trouxe. Vim te ver, claro que eu traria. – Falou como se fosse óbvio e suspirei. – Achei que ia querer sair comigo, por pena. – Sussurrou se encolhendo e olhei para o relógio na parede, conferindo as horas. Eu ainda tenho tempo antes de ir para biblioteca fazer meu trabalho.

— Tá, talvez eu queira um suco antes de ir pra casa da tia. – Falei indo na direção do banheiro e ela deu um pulinho me seguindo. – E não estou com pena. – Resmunguei e ouvi sua risada.

XxX

Suspirei conferindo as horas no meu relógio de pulso e bebi um pouco mais do meu suco, focando minha atenção na estrada quase vazia frente ao café que estávamos. Esse ano tem sido completamente estranho de tantas maneiras. Quando Vanessa me abordou no corredor dizendo que tinha me colocado no mesmo grupo que sua enteada e o seu irmão, eu quase tive um surto.

Depois que a Liane foi embora, eu me afastei um pouco da Sara, Sam e Vicent. A Sara porque ela estava muito magoada por Liane ter ido embora depois de brigar com ela. De Sam e Vicent... Porque eu não estava sabendo lidar com o bom humor deles quando tudo que queria era chorar. Fora que, se até minha própria irmã me deixou, o que os impedia de fazer o mesmo? Meu psicólogo vive dizendo que não devo refletir as atitudes de uma pessoa na outra, com medo dela fazer o mesmo. Mas essa é uma lição que não consegui seguir até hoje, assim como várias outras.

Esses últimos três dias foram muito estranhos também. Vick depois que entrou no meu grupo tem falado pelos cotovelos, fora que se aproximou de mim no ginásio e me acompanhou para o vestiário. Não consegui entender exatamente o que ela queria com isso. Como pode algo assim? É como se para ela fosse a primeira vez que nos falamos o que é muito estranho. Eu não entendo! No caminho da sala ela disse algumas coisas sobre mim que foi um pouco... Confuso? Como ela sabe dessas coisas e age como se nunca tivesse me visto na vida? Ela não se lembra de mim? E se não se lembra... Por que parece interessada a se aproximar? Não faz sentido, não entendo o que está acontecendo. Sexta-feira preciso falar sobre isso com meu psicólogo.

Ontem Sara ficou me rodeando na papelaria, dizendo coisas como a menina que eu gosto ser uma tremenda gostosa e alertando que tiraria cartas para ela que se remetessem a nós duas, porque sentia que Vick tinha interesse em mim. Juro que quis correr atrás dela quando saiu toda saltitante para atender a Vick, porém se fizesse isso, ia parecer uma louca. Então esperei um pouco e consegui chegar bem na hora que Sara revelaria o significado das cartas. Por um momento, ouvir o que elas revelavam me deixou ansiosa, já que da primeira vez que Sara leu as cartas para mim, até o momento tudo havia acontecido e saber que a Vick tirou praticamente as mesmas cartas que as minhas (as quais não quis saber no dia) despertou ainda mais a minha curiosidade. Aquilo era real?

Eu não faço ideia de como vai ser na biblioteca hoje, mas espero que ela converse um pouco mais comigo. Não sabia que sentia tanta falta de falar com ela até falar. Também não fazia ideia que sentiria tanta vontade de ouvir mais e mais sobre qualquer coisa que ela decida comentar. No vestiário, a pedi para me explicar sobre o trabalho, sendo que já tinha feito anotações sobre tudo e sabia perfeitamente o que deveríamos fazer, mas ouvi-la explicando toda animada, foi o meu momento favorito no dia, fora que a noite, me oferecer para acompanha-la na papelaria saiu totalmente sem controle de mim. Eu pareci uma desesperada para ficar ao seu lado, mas foi tão espontâneo que depois que ofereci e ela não recusou... Ela consegue ser ainda mais adorável do que na nossa infância, como é possível? Hoje mesmo, sei que não deveria, mas eu estou ansiosa para ver ela de novo.

— Seus golpes melhoraram bastante, estavam com muito mais potência. Eu achei que estivesse treinando mais. – Liane falou bebendo o seu cappuccino e beberiquei o meu suco, olhando ao redor. Vick não pareceu estar fingindo quando nos falamos na aula ontem, pelo contrário, realmente parecia não me conhecer e... Como isso é possível? – Galateia? – Liane chamou e sacudi a cabeça lhe olhando.

— Desculpa, estava distraída.

— Entendo...

— Eu estava com um pouco de raiva na hora, ainda estou. – Confessei e sua expressão murchou.

— Desculpe.

— Não! Não de você. – Alertei. Eu posso estar indiferente com ela agora, mas não posso deixá-la achar que tenho raiva dela porque expliquei algo errado. Minha mágoa já foi, não tem porque continuar punindo-a. – Estou com raiva de uma pessoa ou das atitudes dela... Na verdade eu nem sei se é raiva. – Murmurei para mim mesma e ela me olhou curiosa.

— Uma pessoa sem ser nossa mãe ou meu pai está tirando sua paz? Isso é surpreendente. – Falou confusa e dei de ombros.

— O que você fez em todo esse tempo que ficou na Itália?

— Você quer mesmo saber? Digo... Já que tá chateada comigo e tal. – Se encolheu e sorri.

— Bom, você disse que vai ficar, não é? Então vamos lá, me conte.

— Certo... Meu pai cancelou todos os meus cartões, como você já deve ter presumido. – Começou e assenti concordando, não deixando de notar que ela usava o colar que fiz para ela quando tinha 14 anos. – Então eu fiquei trabalhando em todo lugar que me dava alguma grana, aluguei um apartamentinho barato e fiquei zanzando pelas faculdades na área musical, até consegui um bico pra ajudar a cuidar de uns instrumentos. Fiz muitas amizades novas, conheci uma garota ou outra. – Riu divertida e sorri terminando de beber meu suco. – Parei de beber. – Alertou. – Literalmente, não bebo mais nada alcoólico e... Consigo controlar meu temperamento depois que comecei umas aulas de meditação. – Revelou e ergui uma sobrancelha. Nunca imaginei na minha vida que a Liane conseguiria ficar quieta por tempo o suficiente para meditar. – Voltei a fazer aulas de karatê lá.

— Oh! Isso é maravilhoso. Por isso nem se moveu quando estava me ajudando. Achei que era por causa do passado, mas você realmente tem treinado. – Falei divertida e ela assentiu várias vezes.

— Eu sei que magoei você por todo esse tempo que fiquei longe sem dar notícias. – Abaixou a cabeça e lhe observei atentamente. – Mas todo esse tempo me ajudou muito, Galateia. Eu acho que me afastar para um lugar onde ninguém me conhecia e não esperava absolutamente nada de mim, serviu para que eu esperasse tudo de mim. Em toda minha vida eu nunca fiz isso, foquei em mim e no que queria. Agora que voltei, percebo como antes as coisas estavam tão erradas. Quando cheguei na casa da nossa mãe hoje, a Liane que me veio a mente junto com as lembranças antes de ir embora, não era eu, e agora... – Levou a mão ao peito e sorriu. – Sinto que tudo está no lugar, entende? Toda uma vida psicologicamente traumática e fodida pra porra não me afeta. Consegue entender? – Perguntou e assenti podendo compreender do que ela falava.

— Você está bem e feliz. Isso é a coisa mais importante do mundo. – Sorri e seus olhos ficaram nos meus.

— E você? Está feliz? – Perguntou e olhei para mesa por um momento.

— Não sei. Eu parei de me preocupar em tentar ser feliz e para ser sincera, não me importo mais. Já cheguei em uma fase da vida onde pior não ficava, então qualquer coisa melhor que o pior, é bom. – Confessei. – Diria que estou em um estado neutro já tem um tempo.

— Você parece diferente. – Comentou e ergui uma sobrancelha. – Mesmo quando estava dizendo que eu te magoei e outras coisas... Sua expressão continuou a mesma e sua voz não vacilou ou mudou de tom em nenhum momento. – Falou curiosa e dei de ombros.

— Talvez sim. Algumas coisas mudaram e esse foi o meu jeito de lidar com elas. – Confessei e seu olhar continuou focado em mim por um tempo.

— Você está livre para sairmos e fazermos alguma coisa? Quero compensar o tempo perdido e você disse que não tem aula hoje. – Falou ficando animada e suspirei.

— Não, não tenho aula porque vou faltar para fazer um trabalho na biblioteca.

— Oh... Quer que eu vá junto e te ajude? Eu não tenho nada pra fazer e seria bom passar um tempo com você. – Propôs e neguei com a cabeça.

— Você não vai gostar, é trabalho de história.

— Eu gosto de história. Está falando com a melhor aluna da sala no tempo de escola. – Se gabou e sorri. – Eu sou um gênio da pesquisa.

— Vicent é do meu grupo. – Alertei e sua empolgação se tornou uma careta de nojo.

— Pensando bem, você pode fazer isso sem mim. – Falou e acabei rindo. Eu sabia que ela ia desistir assim que soubesse do Vicent, mesmo que eu de fato não a queira lá. Sou meio estranha quando estou perto da Vick. Não quero que ela tente socar a Victória quando perceber que ela fala comigo como se nunca tivesse me visto na vida.

— Bom, eu preciso ir agora. Tenho que tomar banho e trocar de roupa. – Alertei e ela suspirou cansativa.

— Eu queria acompanhar você, mas ainda não quero que ninguém saiba que voltei. – Murmurou e ergui uma sobrancelha.

— Por quê?

— Ainda tenho muitas coisas para resolver antes de fazer isso. Preciso visitar a Kate também e sei lá, dormir. – Alertou e assenti me erguendo da cadeira.

— Tudo bem, falo com você qualquer dia que estiver disponível. – Avisei pegando o celular para chamar meu motorista.

— Eu estarei disponível para você a qualquer dia. – Alertou e lhe olhei erguendo uma sobrancelha.

— Estava falando de mim. – Expliquei e sua expressão murchou. – Desculpe. – Pedi arrependida.

— Não, está tudo bem. Eu não posso chegar e esperar que você me receba como tivesse saído para comprar sorvete. Eu entendo e vou respeitar o seu espaço, foram três anos longe de tudo. Se você quisesse nunca mais olhar na minha cara eu teria de aceitar, então... Está tudo bem. Eu continuarei aqui pra você. – Garantiu e assenti arrumando minha bolsa no ombro, vendo meu motorista estacionar ao lado da calçada. – Me liga se precisar de alguma coisa. – Falou carinhosa e suspirei.

— Eu te ligo.

— Tá bom. Vou esperar. – Sorriu carinhosa e acenei indo em direção ao carro. Preciso tomar banho, trocar de roupa e ir para a biblioteca, fora que acho que hoje irá chover, porque o tempo está bem fechado. – Galateia! – Chamou e olhei para trás em curiosidade. – Pode ir para casa esse fim de semana? – Pediu e suspirei cansativa.

— Pra quê? Eu não preciso fazer isso.

— Eu não quero sair para outro lugar por enquanto, por favor. Prometo que não vai se arrepender. – Garantiu e olhei para o chão por um momento.

— Vou pensar. Se for, eu te mando uma mensagem. – Alertei entrando no carro e fechando a porta. Até parece que irei na casa da minha mãe. Não faço isso tem três anos, por que começaria agora?

XxX

Arrumei minha bolsa com algumas coisas para fazer anotações e olhei para porta do quarto quando tia Cass surgiu ali, como se estivesse se escondendo no cantinho. Neguei com a cabeça e sorri me virando em sua direção.

— O que foi, tia?

— Você disse que sua colega de grupo é enteada da minha Vane e ontem falou que a Vane tem uma filha. – Falou baixo e sorri. Quando Vanessa me disse da primeira vez que a Vick só gostava da irmã, eu não sabia que ela era filha da tia. Mas ter Vick me jogando essa informação de novo quando me mandou mensagem, não pude deixar de contar para tia Cass que ela tem uma neta.

— Sim.

— Você consegue uma foto dela pra mim? Ou... Consegue descobrir como ela é? – Pediu e assenti carinhosa. Vanessa não contou para os pais que tinha uma filha, mas agora que sabem disso, só faltam soltar foguete.

— Conseguir uma foto eu não tenho certeza se consigo, mas descubro como ela é. – Arrumei a segunda alça do vestido que caía em babado em meus braços e ajeitei minha franja.

— Por favor. Vane ainda não me contou sobre ela e eu não quero perder contato com ela falando de um assunto que talvez não quer que eu saiba.

— Tio Jason poderia tentar falar com ela. – Sugeri, já que desde que a filha perdida foi encontrada, ele faz mil perguntas sobre ela, mas não se designa a ir vê-la.

— Seu tio é orgulhoso demais, mas um dia ele fala, tenho certeza. – Garantiu e sorri, ajeitando minha gargantilha preta, virando o pingente de sol do lado correto. - Tá tão bonita. – Falou sugestiva e senti meu rosto esquentar. – Está querendo impressionar alguém?

— O quê? Não! Eu só vou na biblioteca fazer um trabalho.

— Com a crush? – Perguntou e me encolhi envergonhada. – Olha esse vestidinho pra lá de lindo, tão delicado que diz “sou uma mocinha linda, vê só?”. – Brincou e neguei com a cabeça.

— Para com isso, tia.

— Hahahahahaha desculpe, meu amor. Eu nunca te vi se arrumar toda assim para participar de trabalhos com outros grupos além de que, você fica muito fofinha quando sente vergonha.

— Ninfa tá com vergonha do quê? – Vicent perguntou chegando na porta e tia deu um tapa em sua cabeça.

— Não te interessa. Vai jogar o lixo fora. Eu te pedi para fazer isso desde ontem e tá lá embaixo da pia. – Reclamou e ele revirou os olhos se retirando. – Galateia. Não esquece o guarda-chuva quando sair. – Avisou e assenti arrumando o vestido na cintura e me virando completamente em sua direção.

— Tá bonito mesmo? – Perguntei receosa e ela sorriu.

— Você está muito linda.

— Então acho que irei agora. Quero pegar um livro pra ler, então vou mais cedo um pouco. – Peguei a bolsa que havia separado e a coloquei no ombro. – Não deixa o Vicent se atrasar, por favor. – Pedi.

— Não deixarei. Qualquer coisa puxo a orelha dele. – Garantiu e me inclinei lhe dando um beijo no rosto.

— Volto quando der quatro da tarde.

— Tudo bem. Não esquece o guarda-chuva. – Alertou de novo e assenti indo para jardim da frente, pegando o guarda-chuva que ficava no espaço designado para eles. O enfiei dentro da minha bolsa e fui andando para biblioteca, já que não fica muito longe e sem dizer que adoro andar pelo bairro por ser calmo.

Não demorei muito para chegar, entrando no local e já indo para meu lugar favorito, deixando minha bolsa ao lado da cadeira e voltando para ir até as estantes de livro em busca de algum para ler. Procurei atentamente entre eles e puxei um livro na estante em curiosidade. Abri para conferir a sinopse, mas meus olhos correram para capa, onde tinha o cartão com o nome de quem já havia lido. Sorri de canto em ver o nome da Victória ali e só então foquei na sinopse. Sobrenatural... Por que não me surpreende ela gostar desse tema? Fechei o livro em minha mão fui até o balcão, o mostrando para bibliotecária idosa e lhe entregando meu cartão da biblioteca.

— Como tem passado hoje? – Perguntou e peguei uma caneta das milhares que ela tinha para escrever meu nome na lista que estava encaixada na capa do livro, sorrindo por perceber que estava logo do lado do da Victória. É estranho fazer isso sabendo que ela vai passar o ano todo do meu lado.

— Muito bem. E a senhora?

— Muito bem também. – Sorriu carinhosa e desviei a atenção para os livros expostos sobre a mesa.

— Precisam de mais doações? – Questionei pegando um dos vários livros.

— Um pouco. Deixei a placa ali na porta depois que você doou aqueles, mas pouca gente se dispõe a ajudar. – Lamentou e olhei para o livro em minhas mãos. Sobrenatural, não é?

— Eu conheço uma pessoa que tem milhares de livros e... Tenho certeza que ela vai doar todos eles. – Alertei e ela arregalou os olhos.

— Sério?

— Sim, eu só preciso entrar em contato com ela. – Devolvi o livro para o lugar e sorri. - Farei isso ainda essa semana. – Alertei e fui em direção ao meu lugar favorito para leitura.

Se Liane voltou porque se sente bem para encarar as coisas, acho que está na hora de começar a fazer o mesmo e encarar uma das etapas da minha terapia “Dialogar com seus familiares, mesmo que na sua visão eles não mereçam”. Eu ignorei essa etapa acho que desde sempre. Até mesmo quando tinha 8 anos e minha visão da mãe era de uma pessoa quase inalcançável, porém incrível. Eu nunca conversei com ela por mais de dois minutos a minha vida toda e agora acho que preciso mudar isso, porque querendo ou não, minha lista se resume a ela e apenas ela. Está na hora de finalmente impor um diálogo entre nós.  


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Notas finais do capítulo

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