Em Sonhos de Uma Noite de Verão, Shakespeare  disse:  “As vezes a simplicidade e o silêncio dizem mais que a eloquência planejada”. Não era minha peça favorita do autor, mas parecia perfeita naquele momento. Palavras eram desnecessárias para externar o que sentíamos, pelo contrário, talvez qualquer som além dos sopros de nossas respirações descompassadas fosse capaz de romper a bolha que criamos involuntariamente.

As discussões; as angústias; as responsabilidades; os medos; a saudade... Tudo aquilo estava esquecido em nossas mentes contempladas por apenas um sentimento: amor. O mais puro e sincero. Não saberia dizer se aquilo era o simples efeito do imprinting, porém não me importava, pois  bastava o olhar de pura veneração de Jake sobre mim para consumir minha mente e corpo.

O toque suave das mãos quentes e ásperas, que desciam com as pontas dos dedos, vagarosamente, até se acomodarem em minha cintura, fazia cada pelo em meu corpo se eriçar. Como imãs, a cada mudança de toque de Jacob, eu sentia necessidade de me aproximar mais e mais, de modo que não havia mais espaço existente entre nós.

Meus olhos, que até então estavam compenetrados nas mais profundas íris escuras, desviarem a atenção para os lábios cheios semiabertos, que pareciam chamar por mim. Involuntariamente, umedeci os meus, ansiando por algo que sabia que logo teria.  Como se seu limite já tivesse indo para os ares, assim como o meu, ele finalmente juntou nossas bocas. Com um suspiro, que até então não fazia ideia de que estava preso, eu o apertei ainda mais a mim, tentando maximizar aquele momento.

Era tudo claro para mim agora, como se um fino véu, que antes eu enxergava, mas não via a premência de tirar, tivesse caído. A compreensão em fim me atingiu. Eu pertencia a Jacob Black.