Infectado por Sirius Black escrita por MariGuedes, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Esse é o meu presente para a Paula Trindade!
Adoro Wolfstar, mas nunca havia escrito sobre um casal de dois homens e foi um desafio. Espero sinceramente que você goste.
Espero que seu Natal esteja sendo iluminado mesmo em um período tão difícil!



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Era o nosso primeiro verão depois de Hogwarts. James finalmente havia se acertado com Lily e ela se tornara uma companhia frequente, o que era bom,  ela era muito divertida. Mas, com James e Lily cada vez mais apaixonados e envolvidos em seus programas de casal, Almofadinhas e eu estávamos cada vez mais próximos, passando mais tempo sozinhos. O que significava que eu precisava encarar de frente as coisas esquisitas que eu vinha sentindo há algum tempo em relação a nós dois.

— Por favor, Aluado, eu imploro, me faça companhia hoje. Não pode deixar seu amigo mais bonito em casa em uma sexta feira a noite. É uma maldade comigo e com o mundo!

Sirius estava sendo dramático, como sempre. Estávamos na mansão dos Potter, mas James tinha saído com Lily e Peter estava em casa com os pais. Eu não entendia a insistência para que eu fosse a tal festa. Até parece que Sirius Black precisava de companhia para ir a qualquer lugar que fosse.

— Sabe que eu faria qualquer coisa por você, Aluado, por favor, vamos!

Eu acabei cedendo, como sempre. Os olhos negros profundos, o olhar penetrante e descontraído de quem sabe o poder que tem, o sorriso ladino e os cabelos em cachos revoltos.... Não havia como resistir a Sirius. Me perguntava inclusive se um dia eu seria capaz de tal feito.

Escolhi uma bermuda e uma blusa leve, roupas aceitáveis para uma festa no verão trouxa. Era irônico que o herdeiro da família mais purista da Inglaterra gostasse tanto do mundo trouxa e se sentisse tão à vontade entre eles. A imagem de Órion Black espumando de ódio ao ver seu primogênito misturado com aqueles que ele mais desprezava me fez sorrir e me incentivou ainda mais a acompanhar Sirius.

— Você é absolutamente o melhor! – Ele beijou a minha bochecha, me fazendo enrubescer. Nossa dinâmica era confusa, era difícil saber o que Almofadinhas queria dizer com as suas ações. Sirius era livre e ficava com homens e mulheres, isso era notícia muito antiga entre os Marotos, então eu nunca sabia exatamente o que ele queria ou como ele me via.

Aparatamos em Broadstairs, pouco mais de duas horas de Londres, uma cidade praiana bem movimentada no verão. O ar tinha o cheiro forte de maresia e assim que chegamos a orla da praia vários jovens seguiam em direção do que eu supus ser o local da festa.

— Está na hora da diversão, meu amigo.

Mal eu cheguei e já estava arrependido. Aquele era o lugar de Sirius, não o meu. A bela casa parecia uma república de universitários abastados. A maioria deles estava próximo à uma grande piscina. A música era alta e muitas pessoas bebiam drinks coloridos e dançavam animadas. Me perguntei como Sirius ficara sabendo daquela festa. Conhecendo bem Almofadinhas, certamente através  do primo do amigo de algum conhecido. Ele logo se dirigiu ao bar, pegou um copo de algo que eu não reconheci e prontamente começou a conversar com quem estava mais próximo. Eu preferia estar em casa lendo algum livro, Lily me emprestou vários clássicos trouxas e O Morro dos Ventos Uivantes está esperando por mim, talvez indo ao cinema, O Expresso da Meia Noite estreou recentemente. Sirius me chamou para perto, mas preferi ficar no meu canto.

— Deslocado, hein? – Um homem se aproximou de mim. Ele era da minha altura, cabelo ruivo encaracolado, sardas pelo rosto e olhos azuis. Era de fato bonito.

— Meu amigo me arrastou. E você? – respondi, tentando ao máximo ser sociável.

— Minha amiga queria companhia para encontrar um cara – Ele apontou um casal que se beijava apaixonadamente em um canto. – Acontece que deu muito certo e eu sobrei. – Ele deu de ombros. – Você não parece ser da área.

— E não sou. Moro em Londres.

— Está aqui de férias? – Concordei. – Não quer beber alguma coisa?

— É, talvez seja uma boa ideia, está bem quente.  

Ele sorriu para mim. Pegamos cada um uma caneca de cerveja e nos sentamos em um canto mais afastados, em dois bancos diante de uma pequena mesa.

— Me diz, o que você faz? Parece bem novo, terminou a escola agora?

— Sim, terminei. Esse é o meu verão de liberdade, por assim dizer. E você?

— Estou no primeiro ano da faculdade de direito. Então, o que quer fazer agora com toda essa liberdade... Meu Deus, acabei de perceber que não sei seu nome – ele riu.

— Remus, e o seu?

— Marco. Marco Keenan. – Ele estendeu a mão e eu a apertei.

— Mas me diga, Remus, o que quer fazer agora?

— Ser professor – disse, pois era verdade, mas nunca havia dito em voz alta antes, nem mesmo para os Marotos. Eu sempre soubera que aquele sonho não se tornaria realidade. A maldição que eu carregava jamais permitiria. Que pais iriam deixar seus filhos com um monstro como eu? Pela primeira vez, percebi como era conversar com trouxas, podendo revelar apenas uma parte de mim.

— De que matéria?

— Ainda não sei.

A conversa flui. Marco era muito comunicativo e as canecas de cerveja que bebíamos me ajudaram a me soltar.  Em algum momento eu comecei a considerar que ele estava dando em cima de mim, pelo jeito que ele sorria e me tocava quando ria. Normalmente eu teria me afastado, mas o álcool me fez pensar “Por que não?”. Nós nos parecíamos  bastante, ambos introspectivos.  Descobri que ele gostava de livros, como eu. Mas quando Marco se inclinou para me beijar eu me afastei, foi mais forte que eu.

— Marco, desculpa, eu não posso.

— Você gosta do seu amigo. – Eu o encarei em dúvida. – Está escrito na sua cara, quando fala sobre ele.

— Acho que está na hora de ir, já são duas da manhã.

— Foi um prazer, Remus, até um dia.

Eu provavelmente jamais o veria de novo, mas tinha sido uma conversa agradável. Agora era hora de ir atrás de Sirius. Eu o deixara sem supervisão por tempo demais, esperei que ele não tivesse sido preso de novo. Da última vez, tinha dado bastante trabalho para convencer o policial a liberá-lo e eu não estava sóbrio o suficiente para isso, agora.

Demorei cerca de dez minutos até encontrá-lo sem camisa, dançando em cima de uma mesa de sinuca claramente muito bêbado. Eu o conhecia bem demais para saber que se ele não parasse agora, iria desmaiar em breve.

— Almofadinhas! Desce daí! – Ralhei com ele, que murmurou contrariado, mas obedeceu. – Vem, vamos pegar uma água pra você e... – Meus olhos se perderam por seu tórax desnudo – Uma camisa também.

Sirius me acompanhou, rindo. Ele poderia ser uma pessoa mais normal, menos intenso e com mais juízo, mas então não seria ele. Dentro da casa estava muito abafado e extremamente quente. Segurei sua mão para não perdê-lo na multidão e logo estávamos sentados do lado de fora, tomando um ar. Sentamos em um banco de frente para o mar, longe do calor e do barulho da festa.

— Não posso deixar você sem supervisão um segundo, Almofadinhas!

— Você estava ocupado demais com aquele ruivo. Trocaram telefones, são namorados? – ele brincou, empurrando levemente os meus ombros com o dele.

— Deixa de história, jamais verei aquele cara outra vez – disse eu, desviando do assunto.

— Mas se beijaram?

— E isso importa? - Desviei o olhar. Sirius, no meu lugar, teria dado uns bons amassos em Marco Keenan, mas somos diferentes em muitos aspectos, principalmente nesse.

— Importa pra mim! – ele insistiu. 

— Não, claro que não, por que ele.. – desisti do que ia dizer, quando percebi o que era. O álcool ainda estava muito presente no meu organismo, mas era da minha natureza ser o responsável, mesmo embriagado.

— Ele o quê? Fala, Aluado! – Sirius me olhava tão profundamente que eu tive certeza de que ele via minha alma naquele momento.

— Porque ele não era você. – As palavras escaparam pelos meus lábios, mas eu não pude culpar o álcool. Eu estava cansado de fingir que não estava sentindo o que sentia.

Eu nem tive tempo de pensar em nada. Sirius abriu aquele sorriso lindo que eu amava e me beijou. A sensação de euforia me invadiu. Eu me senti infectado por Sirius Black e naquele momento, na beira da praia em uma noite de verão, isso era o suficiente.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pela betagem, Ana, ela foi essencial para que essa história se tornasse o que eu imaginava.



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