The Chosen Ones — Chapter One. escrita por Beatriz


Capítulo 33
Gaara: recebo o título de Kazekage.




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Depois que Sasuke e Sayuri saem da minha casa, Akemi diz que vai ficar. Ela vai dormir comigo para que eu consiga ter uma boa noite de sono, segundo ela mesma. Preciso estar descansado para amanhã. Nós seguimos para o meu quarto e ela tira suas roupas, pegando uma blusa minha emprestado. É ao mesmo tempo estranho e excitante ter uma menina tão bonita quanto Akemi usando apenas sutiã, calcinha e uma blusa minha dentro do meu quarto. Ela se deita primeiro na cama e eu vou depois.

Uma vez em cima do colchão, nada acontece. Apenas deitamos, ela com a cabeça em meu peito e eu com o braço ao redor dela. Nós ficamos em silêncio e, apesar de não conseguir ver o rosto dela, sei que Akemi não está dormindo.

Ela deve estar pensando a mesma coisa que eu: tudo o que Sayuri nos disse. Foi difícil digerir tudo aquilo e para Akemi deve ter sido mais difícil ainda. Ela saberia lidar com o perigo se fosse direcionado apenas a ela, mas à mim e a outras duas pessoas que ela considera amigos? As coisas em sua mente devem ter ficado um milhão de vezes mais complicadas.

Eu a aperto mais contra mim e nós acabamos dormindo mais por cansaço que por vontade própria. Mais uma vez, Shukaku não dá sinal de vida dentro da minha mente. Me sinto mais que agradecido a Akemi por isso.

Na manhã seguinte, eu acordo naturalmente e não com um susto como costumava acontecer quando cochilava sozinho. Enquanto abro os olhos, penso no quanto é estranho para mim viver como uma pessoa normal. Viver a vida que meu pai impediu que eu tivesse. Pensar que ele está morto agora me causa um certo alívio.

Senti na cama e olho para o lado, vendo que Akemi não está mais deitado comigo. Por um momento, fico confuso, me perguntando se ela saiu sem se despedir de mim, mas então escuto barulhos vindos da cozinha e a voz dela, mais precisamente sua risada, sendo seguida pela voz de Kankuro e a de Temari. Franzo o cenho diante disso, Akemi está rindo junto de Temari? Esfrego os olhos para afastar o sono e para saber se não estou sonhando. Não estou.

Levanto da cama e tomo um banho, saindo rapidamente para ver o que está acontecendo do lado de fora do meu quarto. Ando silenciosamente pelo corredor dos quartos e quando chego próximo da cozinha, observo a cena que se desenrola ali. Akemi e Kankuro estão preparando o café da manhã enquanto Temari está sentada à mesa, lendo alguns papéis. Meu irmão e Akemi conversam sobre algo que não entendo e riem algumas vezes e Temari faz alguns comentários, mas não ri e nem participa realmente da conversa. Normal, se ela estivesse rindo junto com eles aí sim eu acharia estranho.

Kankuro é o primeiro a me ver parado ali no corredor, os observando. Ele sorri para mim, mas eu não retribuo. A vida normal que estou começando a ter ainda não é suficiente para me dizer como agir com minha própria família. 

— Bom dia, irmãozinho — ele diz, vindo até mim e colocando meu prato de café da manhã em minhas mãos.

Temari e Akemi se viram para me olhar e meu olhar para em Akemi. Ela trocou de roupa, está com sua roupa ninja. Não gosto do fato dela ter tirado minha blusa, mas é claro que ela não ia ficar na cozinha da minha casa com meus irmãos usando apenas sutiã e calcinha.

Ela sorri para mim e eu sinto meu coração se aquecer em meu peito. Queria poder beijá-la, mas com meus irmãos aqui fica um pouco difícil, então me sento silenciosamente ao lado de Temari. Segundos depois, Kakuro aparece ao meu lado e coloca em cima da mesa a roupa de Kazekage que pertencera ao meu pai.

— É para você usar hoje — ele diz.

Eu fico encarando a roupa e sinto vontade de jogá-la fora. Não quero usar a roupa do homem que acabou com a minha vida antes mesmo do meu nascimento. Não quero ter nada haver com ele, nenhuma ligação, nem mesmo uma simples roupa como essa. Já basta o sangue que sou obrigado a dividir com ele.

Eu cerro os punhos e Kankuro coloca uma mão em meu ombro, parecendo totalmente alheio a minha agitação. Eu ergo a cabeça e nos encaramos.

— Você vai ser um Kazekage melhor que ele, Gaara — meu irmão diz.

Eu olho para Temari, ela não demonstra nenhuma emoção, mas vejo a concordância em seus olhos. Do outro lado da cozinha, Akemi está apoiada no balcão e sorri para mim de novo, também concordando com as palavras de Kankuro. Em seus olhos castanhos vejo uma alegria genuína, ela está feliz por mim mesmo com tudo o que está acontecendo. Gostaria de poder mandar meus irmãos saírem para ficar a sós com ela.

Sem falar mais nada, Kankuro senta e começa a comer. Temari e eu o acompanhamos e Akemi, dizendo que já havia comido, não se junta a nós três. Ela apenas continua conversando, dessa vez apenas com Kankuro. Os dois falam sobre coisas banais como o tempo, as atividades do dia, o almoço. Shukaku ainda continua silencioso, Akemi está em carne e osso na minha cozinha e tudo parece tão comum e normal que belisco minha perna por baixo da mesa para ter certeza mais uma vez de que não é um sonho. O beliscão dói. Não estou sonhando.

A casa parece muito grande e silenciosa agora, sem a presença de Rasa, porém parece mais com um lar sem o olhar vigilante de meu pai e a expressão de desconfiança que ele lançava em minha coração. Percebo que realmente não sinto nada em relação a morte dele além de alívio. É como se um peso houvesse sido retirado de meus ombros.

Quando terminamos de comer, Temari e Kankuro saem apresados para se encontrarem com Baki e terminarem de organizar os últimos preparativos para a cerimônia improvisada de última hora. Eu vou trocar de roupa e quando saio de novo do quarto, já usando a túnica de Kazekage, Akemi está terminando de enxugar e guardar a louça do café da manhã.

Ela sente a minha presença e vira de frente para mim, parando o que está fazendo para me observar. A boca dela forma um pequeno “o” de surpresa que logo se transforma em um sorriso sem mostrar os dentes. Ela coloca uma mão na cintura e passa o peso do corpo apenas para um pé.

— Nunca pensei que eu fosse dizer isso — ela começa. —, mas estou começando a gostar bastante dessa roupa de Kazekage em você.

— Como assim? — pergunto, me aproximando dela. — Você achava que não ia gostar?

Ela ri, fechando um punho em frente aos lábios.

— Foi um elogio, seu bobo — ela  explica. — Diminuí a roupa querendo dizer que eu a achava feia em todos os outros Kages, mas em você ela conseguiu ficar perfeita.

— Se na sua opinião ela ficava feia nos outros Kazekages por que ficaria bonita em mim? — pergunto, realmente confuso.

Ela ri de novo, se aproxima e coloca os braços em meus ombros, deixando o rosto bem próximo do meu.

— Deixa para lá — diz. — O fato é que essa roupa parece ter sido feita para você.

Ela encosta os lábios no meu, deslizando os braços em meus ombros até suas mãos segurarem minha nuca. Eu tento aprofundar o beijo, mas ela afasta os lábios doa meus antes que eu consiga. Com uma expressão confusa, eu encaro os olhos de Akemi.

As ações de Akemi ainda são muito intrigantes para mim. Em 99,9% do tempo tenho que fazer um esforço muito grande para tentar descobrir o que ela quis dizer ou o que certa expressão em seu rosto significa. Minha experiência com outros seres humanos é zero, principalmente quando se trata de relacionamento românticos e relações íntimas.  

Na minha frente, ela sorri para mim. Suas mãos demoram um pouco em meus ombros antes que ela se afaste alguns centímetros. Não gosto da distância. 

— Você não pode se atrasar — ela diz.

— Não sei se quero ir. Posso dizer que não quero ser Kazekage. Eu ainda tenho escolha, afinal de contas.

Ela segura meu rosto com uma mão, acariciando minha bochecha com o polegar.

— Você vai ser o melhor Kazekage da história — diz, cada palavra soando como uma profecia. — E eu vou estar ao seu lado para dizer “eu avisei”.

Antes que eu tenha tempo de falar qualquer coisa, Akemi da um passo para trás, ficando apenas alguns centímetros de distância, e se agacha em um joelho, apoiando o braço na outra perna.

É uma reverência que todo caçador Anbu faz ao seu Kage quando chega em sua presença, só voltando ao normal quando o mesmo diz que ele pode. É uma posição de respeito e eu não esperava receber isso de ninguém, principalmente de Akemi, mas aqui está ela, ajoelhada na minha frente.

— Eu, Akemi Senju, filha da Folha, nascida na Areia, kunoichi nível jounin, líder dos Caçadores Anbu da Folha, ou pelo menos era até vim para cá — ela ri do próprio comentário e levanta a cabeça para me olhar. —, estou às suas ordens, Kazekage — ela fica de pé novamente na minha frente, sem tirar os olhos dos meus. — Pronta para escoltá-lo até a sua cerimônia de nomeação.

Um nó se forma na minha garganta e eu poderia chorar agora, mas não é tão fácil assim para mim derramar lágrimas. O único pensamento que se forma em minha mente agora é que nunca amei tanto Akemi quanto amo agora, neste exato momento. Ela sabe que não tenho escolha, que só estou enganando a mim mesmo quando digo que tenho, que sou a melhor opção de Sunagakure para o cargo de Kazekage, e sabe também que não há nada mais que eu queira além da aprovação dela. Aprovação essa que ela acabou de me dar.

Eu me aproximo dela, acabando com a distância entre nós, e a beijo, a segurando pela cintura contra mim. Ela não resiste, se entrega à mim do mesmo jeito que fez em meu quarto um momento atrás.

Ela segura o tecido da minha roupa entre os dedos com força e eu dou alguns passos para frente, encostando-a no balcão da cozinha. Seus dedos sobem para minha nuca e eu os sinto em meu cabelo mais uma vez. Nunca fiz qualquer plano para o futuro, passei meus dias vivendo apenas um dia de cada vez, sem esperança, sem qualquer coisa que mostrasse minha vontade de ter um futuro. Até agora. Até Akemi voltar. Ela era a força que eu precisava para começar a ver essa luz no fim do túnel. Se eu não tinha certeza antes, agora tenho, a quero ao meu lado não só por enquanto, mas em todos os momentos da minha vida.

— Você é a minha pessoa favorita no mundo — eu digo quando nossos lábios se afastam e encosto minha testa na dela. Akemi sorri.

— Você é a minha pessoa favorita no mundo — ela repete.

E mesmo se eu estivesse sonhando e acordasse agora, não ficaria de todo triste. Reviveria esse momento em minha mente por anos e anos, até o dia em que eu desse o meu último suspiro. Akemi se ajoelhando, o juramento Anbu, o beijo, o que ela me faz sentir… Tudo isso seria o suficiente para que eu fosse feliz pelo resto dos meus dias. Ainda que Akemi me adiasse, ainda que ela não existe e fosse só um fruto da minha mente destruída por Shukaku. 

 Depois de alguns segundos, ela se afasta e, me segurando pela mão, caminha até a porta. Eu hesito um instante e Akemi se vira para mim, olhando em meus olhos.

— Vai dar tudo certo — ela diz, mas não me sinto confiante. — Se você não confiar em mim, não podemos ficar juntos — ela repete, sorrindo, o que havia me dito na primeira vez em que dormimos juntos. — Vai ficar tudo bem. Vou estar lá com você.

Mais uma vez, ela me puxa gentilmente pela mão e eu me deixo ser conduzido porta afora, sentindo meu coração palpitando em meu peito.

—x—

Do lado de fora do apartamento, Akemi e eu andamos lado a lado. Sinto vontade de segurar a mão dela, mas não o faço. Contudo, a presença dela ao meu lado já é suficiente para me deixar mais tranquilo.

Nós subimos alguns lances de escada até chegarmos ao terraço onde vai acontecer a cerimônia. Lá em cima, posso ver Baki, Kankuro, Temari e alguns anciãos. Todos param o que estão fazendo e olham para nós dois, provavelmente se perguntando porque havíamos chegado juntos. Nós dois trocamos um olhar e entendo que, a partir daqui, terei que seguir sozinho até eles e ela vai ter que descer e ficar junto com todos os que estão lá embaixo.

 

Antes de sair, ela me lança um último olhar e me dá as costas, descendo as escadas e se afastando de mim mais uma vez.

Hesitante, caminho até o centro do terraço, entre Baki e meus irmãos, e olho lá para baixo. Uma multidão já está reunida, mas só procuro uma pessoa com os olhos. E quando a encontro, consigo respirar mais aliviado.

Akemi sai do prédio do Kazekage e abre caminho entre a multidão para conseguir ter uma visão boa do terraço. Quando ela consegue, para ao lado de Sayuri e Sasuke e me olha lá de baixo, acenando para mim com um sorriso no rosto.

— Com a morte do quarto Kazekage — Baki começa a falar, chamando a minha atenção e a de todas as outras pessoas que estão presentes. —, fez-se necessário a nomeação de um novo Kage. Em uma reunião, o Conselho tomou a decisão que seria a melhor para a vila e para todos nós. Por isso, no dia de hoje, nomeamos o filho mais novo do Quarto Kazekage, Gaara, portador do mesmo jutsu que seu pai tinha, o controle da areia, como o Quinto Kazekage da Vila Oculta da Areia — ele coloca o chapéu verde de Kazekage nas minhas mãos. — Que seu governo seja longo e próspero, Gaara. Vida longa ao Quinto Kazekage.

Eu encaro o chapéu de Kazekage em minhas mãos por alguns segundos, hesitando em colocá-lo na cabeça. Olho para a multidão de novo, alguns rostos demonstram  que muitos estão contrariados com o fato de que eu serei o novo Kazekage, outros estão com medo, outros apreensivos, mas quando olho para o rosto de Akemi, vejo que ela está ainda continua sorrindo com sinceridade, que ela, mais que ninguém, acredita em mim. É esse olhar no rosto dela que me incentiva a colocar o chapéu na cabeça e aceitar o título que pertencia ao homem que mais odiei em vida.

Depois que coloco o chapéu, algumas pessoas começam a bater palmas e logo todo mundo está batendo também. Pela primeira vez percebo a presença da senhora Chiyo na platéia, ela está com um sorriso no rosto. Parece orgulhosa de mim e meu coração acelera um pouco. Mal posso acreditar em todas essas pessoas me aplaudindo, parece que estou sonhando um sonho muito, mas muito real.

Kankuro coloca uma mão no meu ombro, parando ao meu lado direito, e Temari aparece ao meu lado esquerdo. Para ser bem sincero, de todas as coisas que aconteceram até agora, compartilhar esse momento com meus irmãos foi uma das últimas que eu imaginava. Por causa de Rasa, nunca fomos próximos, mas agora sinto tudo isso mudando. Com Akemi, eu sinto um mundo de possibilidades se abrirem diante dos meus olhos.

Assim que as pessoas vão se dispersando, eu tiro o chapéu que é mais simbólico que parte do uniforme, e mal vejo a hora de tirar a roupa de Kazekage também, mas isso vai ter que esperar mais um pouco. Temari, Kankuro e eu caminhamos até o escritório do Kazekage e, uma vez lá dentro, hesito antes de sentar na cadeira. Já estive milhares de vezes aqui dentro, mas nunca desse lado da mesa. Olhando com olhos de Kazekage agora, tudo parece mudar de perspectiva para mim, pela primeira vez sinto o peso do meu título.

— Muito bem — Kankuro quebra o silêncio. — Quais são as suas primeiras ordens, Kazekage?

Sem pensar muito, digo as primeiras coisas que me vêm a mente enquanto olho para o meu irmão.

— Continuem supervisionando a segurança da vila. Aqueles dez ninjas entraram muito fácil aqui, não podemos abaixar a guarda de novo.

— E quanto a entrada da vila? O irmão de Akemi deixou um bom estrago ali — Temari diz.

— Ajudarei na reconstrução. Sei que o trabalho de Kazekage é muito burocrático, mas não pretendo passar o dia todo dentro desse escritório.

À minha frente, Kankuro ri, seguido por um sorriso de Temari, não entendo qual é a graça até meu irmão falar novamente.

— Você realmente nasceu para isso, Gaara. É tão natural que parece que já está no cargo há anos — ele diz e faz uma reverencia. — Bom, seu pedido é uma ordem. Vamos, Temari.

— Se precisar, é só chamar — Temari diz.

Os dois saem e o silêncio recai pela sala. Eu sento na cadeira que antes pertencera ao meu pai e me sinto um pouco solitário. Eu levanto da cadeira e caminho até uma das janelas em forma de círculo que tem pela sala. Através dela, posso ver alguns ninjas na entrada da vila, começando a reconstrução. Entre eles, posso ver Akemi ajudando. Ela está usando seu jutsu estilo madeira para segurar as pedras até que elas estejam firmes o suficiente para ficarem sozinhas. Olhando-a daqui, me pergunto como a vila a receberia como esposa de um Kage. Não que eu me importe realmente com o que eles pensariam, mas sei que para ela faria uma diferença enorme se fosse bem aceita.

Sei que ela seria perfeita: é empática o suficiente para se preocupar com os cidadãos e para interagir com eles no dia a dia, ajudando-os no que puder e escutando-os em seus problemas; tem conhecimento suficiente como ninja para ser o braço direito de um Kazekage no que diz respeito ao seu governo; e tem todas aquelas características físicas e de personalidade que eu gostaria de ver em meus filhos, caso eu os tenha algum dia.

Um arrepio de felicidade percorre meu corpo enquanto faço todos esses planos, mas não posso deixar de pensar se isso seria algo que ela gostaria também. Talvez Akemi não queira casar ou ter filhos ou ficar aqui para sempre. Talvez eu nem seja Kazekage por muito tempo. Mas gosto de pensar nessas possibilidades, em um futuro meu com ela.

Uma batida na porta me tira de meus pensamentos. Um jounin entra e me entrega um bilhete de Sayuri. Aparentemente, ela e Sasuke já haviam ido embora e essa era a forma dela de se despedir. Eu desdobro o papel e leio.

“Gaara, nem sei por onde começar a te parabenizar, mas PARABÉNS!!! Sasuke e eu queríamos ter ido até o seu escritório dividir uma garrafa de saquê (ps: Sasuke está ao meu lado, dizendo que era só eu quem queria me embriagar com você, mas você sabe como ele é modesto, né?), mas não podíamos perder tempo. Não que ficar com você, o Kazekage, fosse perda de tempo, mas você entendeu, certo? Precisamos contar tudo o que aconteceu ao Kakashi o mais rápido possível e acredito que vamos acabar voltando em algum momento para te parabenizar de uma forma melhor. Até lá, se cuida aí, não deixa aquelas múmias do conselho entrarem na sua cabeça com os pensamentos de velhos deles e cuida bem da Akemi. Sasuke e eu te desejamos sucesso. Até mais!”

Eu sorrio ao fim do bilhete, dobro novamente e guardo na gaveta da mesa, onde há vários papéis espalhados, provavelmente do meu pai. Não tenho cabeça para pensar em mexer nas coisas de Rasa para saber o que ele fazia ou deixava de fazer como Kazekage. Sei que não vou encontrar nada muito escandaloso, pois tudo o que Rasa fazia era para o bem da vila ainda que fosse da maneira mais deturpada possível.

Eu aproveito que estou sozinho e tiro a roupa de Kazekage, ficando apenas com a minha roupa ninja com a qual me sinto mais confortável. Saio do escritório antes que algum ninja chegue com milhões de papéis para eu assinar ou problemas para eu resolver.

Quando saio do prédio do Kazekage, pela primeira vez em 18 anos me sinto como um estrangeiro em minha própria vila. Antes, eu andava como uma pessoa invisível, não chamava atenção de ninguém além daquelas pessoas que tinham medo de mim e agora todos os olhares, de todo mundo, se voltam em minha duração como se eu fosse uma atração. As pessoas param para falar comigo, me cumprimentam, me reverenciando e dizendo “Kazekage-sama”. Sem saber como retribuir o cumprimento, eu apenas balanço a cabeça, mostrando que ouvi o que a pessoa me disse e os observo se afastarem constrangido com toda aquela atenção.

Assim chego na entrada da vila, eu paro ao lado de Akemi, que está tão concentrada em ajudar com as pedras que nem repara na minha presença — e quando repara se sobressalta. Eu sorrio da expressão de susto que toma conta de seu rosto e ela me acompanha.

— Você chegou tão silenciosamente que eu nem percebi — ela diz, olhando para mim. — Cadê a sua roupa?

— Preferi tirar — dou de ombros. — Quero ajudar aqui.

— Fique à vontade, Kazekage — ela abre espaço para mim e eu fico ao seu lado.

Usando meu jutsu, eu começo a trazer várias pedras, empilhando-as uma cima da outra mais rápido do que estava sendo feito antes que eu chegasse. Os jounins que estavam trabalhando ali se surpreendem quando percebem minha presença, talvez porque Rasa não participava dessas situações, ele era bom para dar ordens, mas não para se envolver com os trabalhos de seus subordinados.

Os jounins vão descendo de onde estão, ficam ao meu lado e de Akemi, observando enquanto faço as coisas sozinho. Tudo demora apenas alguns minutos. No fim, a parede está firme novamente e o trabalho terminado. Os jounins comemoram, me agradecem e se dispersam para outros trabalhos. Quando viro para Akemi, ela está me olhando com um sorriso no rosto. Gosto do fato dela estar sorrindo bastante ultimamente e que o motivo seja eu.

— O que você achou? — eu pergunto a ela.

— Foi um trabalho digno de um Kazekage — ela se aproxima o suficiente para ficar apenas alguns centímetros entre o meu rosto e o dela. — Posso beijá-lo?

— Na frente de todo mundo? — pergunto, surpreso, afinal era ela quem evitava contato físico ao ar livre.

— Sim, estou meio que... — ela leva o indicador ao rosto, fingindo pensar. — Marcando território.

— Marcando território? — ergo uma sobrancelha.

— Agora que você é Kazekage vão ter muitas meninas em cima de você. Não gosto de dividir.

Eu sorrio e ela aproveita para se aproximar mais de mim. Quando estamos quase nos beijando, escutamos alguém limpando a garganta ao nosso lado. Akemi e eu damos um passo para trás, olhando para a pessoa que chegou. É Maki Hoki, uma jounin e namorada-barra-ficante de Kankuro. Ela está segurando uma carta.

— Desculpe atrapalhar, Kazekage-sama — ela diz. — Mas um gavião chegou da Folha, trazendo uma carta para você, Akemi.

— Obrigada — Akemi diz.

Ela pega a carta e Maki se afasta. Akemi abre o papel na minha frente, lendo o conteúdo bem ali mesmo. Sua expressão passa de confusão para felicidade em segundos. Imagino que seja uma notícia boa.

— Reiji e Ai estão vindo para cá! — ela diz, com um sorriso de orelha a orelha.

Demoro um momento para me lembrar quem ssão esses dois: os amigos de Akemi da Vila da Folha. Uma sensação ruim toma conta de mim ao pensar que eles podem vim aqui e convencer Akemi a voltar com eles para a Folha.

Eu olho para ela, observando a expressão em seu rosto: seu sorriso e seus olhos brilhando enquanto leem cada palavra. Ela fica alguns segundos lendo, mais animada do que eu gostaria que estivesse. Quando ela levanta os olhos para mim, eu sorrio para ela, não querendo estragar sua felicidade, mas co tenho sentindo um frio na barriga. E não é aquele frio que senti quando eu estava com ela, sem roupa, na minha cama. É um tipo de frio que me faz pensar que quem não gosta de dividir não é Akemi, sou eu.


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