Fix You escrita por Atlanta Claremont


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Como nem tudo são flores nesse dezembro ronmione resolvi abordar um tema que por muito tempo só ignorei a JK ter falando e me fiz de louca, mas chegou agora.
Não me matem, sejam fofos nos comentários.



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'' When you try your best but you don't succeed

When you get what you want but not what you need

When you feel so tired but you can't sleep

Stuck in reverse''

  Hermione girou as chaves devagar, pois não queria fazer barulho, já era tarde e provavelmente os filhos já estavam dormindo. Torcia para que o marido também estivesse, pois assim, evitaria mais uma briga. Se bem, que as brigas entre o casal haviam diminuído, e isso não era um sinal de que as coisas estavam melhorando,  Rony encontraria alguma outra forma de puni-la no dia seguinte, provavelmente a ignorando durante o café da manhã ou levando os filhos para atividades que ela reprovava, mas ainda assim era melhor que mais uma discussão. 

  Era a terceira vez essa semana que chegava depois das onze, não era sua culpa, as coisas estavam realmente muito difíceis no trabalho agora que o chefe do departamento estava doente e ela teria que assumir o seu lugar no ministério, chegar cedo não era uma opção. Então, apenas encostou a porta com cuidado retirando rapidamente os sapatos,  queria evitar o barulho dos saltos no piso de madeira,  pendurou as chaves e a bolsa no lugar de sempre, esbarrando na lixeira que ficava na entrada do corredor.

— Droga- praguejou chutando alguma coisa dura pelo caminho. Acendeu as luzes a contragosto percebendo fitas rosas picotadas de uma sapatilha recém destruída. - Ah não, era hoje- suspirou a mulher incrédula por esquecer o recital de ballet da filha. Seria sua primeira vez nas sapatilhas de ponta, a menina ensaiou durante todo ano para isso, e ela havia prometido que iria. Infelizmente essa não era primeira vez que quebrava promessas aos filhos- isso era bom para que eles aprendessem a lidar com as frustrações, não?-  questionava uma voz no interior da sua mente. Provavelmente não, respondeu a si mesma, questionando-se em qual momento havia se transformado nesse tipo de mãe. Pensou em tomar uma bebida, o que foi uma péssima ideia, pois encontrou o marido sentado no balcão da cozinha encarando um copo de uísque de fogo. Ele havia percebido sua presença, mas a ignorou pegando a garrafa já meio vazia e despejando um pouco mais no copo.

— Um brinde a mãe do ano- ironizou por fim levantando o copo no ar em sua direção, sua voz era repleta de amargura e o olhar de decepção.

— Você não tem o direito de falar assim comigo Ronald, não tem o direito de me julgar- respondeu numa voz baixa porém ríspida- Eu tive um contratempo no trabalho e....

— Trabalho, sempre o trabalho- interrompeu ele entediado. 

— É sabe, por mais que você tenha dificuldades para aceitar eu tenho um trabalho muito importante.

— Não me venha novamente com essa história de que eu tenho ciúmes do seu trabalho e que não quero te ver crescer, Hermione-  exclamou ele alterado- Confesso que sim,  posso já ter sentido em algum momento, afinal quem não quer ter sempre seu nome nas capas de jornal? Seu rosto estampado como uma das três personalidades bruxas mais influentes por cinco anos seguidos? Mas esse sentimento já passou há muito tempo porque nós temos uma família agora, esse é o trabalho mais importante que tenho, deveria ser o seu também.

Hermione queria responder alguma coisa, mas apenas passou as mãos pelo rosto, resignada. Ela havia estragado tudo, sabia disso. O marido não jogava na sua cara, mas havia abandonado o trabalho de auror, profissão que amava, para passar mais tempo em casa com a família após o nascimento de Hugo, o segundo filho do casal.  E daí? Questionou novamente a voz na sua cabeça, Ginny também trocou de emprego quando os filhos nasceram para ficar mais em casa e duvido que Harry se sinta culpado por isso, porque ela deveria sentir culpa? Era  porque ela era mulher, pensou. 

— Não pode dizer que sou uma mãe ruim por me dedicar a defender os marginalizados, por querer dar voz aos oprimidos.  Vou ser  um exemplo de luta para esses  crianças- Justificou a si  mesma.

—  Como seus filhos vão se espelhar em uma pessoa que eles nem conhecem? Você já salvou o mundo uma vez Hermione, já não foi o suficiente?  Olha, eu nunca pedi pra você se demitir, era só para estar lá por ela. Por nós.

Um silêncio ensurdecedor tomou conta da cozinha, Hermione não gostava do silêncio, não mais. Não quando ele gritava sobre todos os seus problemas, evidenciando todos os conflitos que ela ignorava por tanto tempo, eles estavam quebrados. Reparou na mala jogada no chão ao lado do banco em que Rony sentava, terminando de beber seu copo de whisky.

— O que significa isso? Apontou para mala questionando o marido com uma voz falha.

— Isso significa eu dando um fim nas nossas brigas, protegendo nossos filhos e  tomando uma atitude. 

Aquelas palavras ricochetearam como uma bala, Ronald não era o tipo de pessoa que faz ameaças, muito menos o tipo que toma decisões importantes. Esse era o papel dela na relação, sempre foi, mas as coisas mudaram de tal forma nos últimos anos que os papeis foram invertidos. Ela sabia que ele estava falando sério, e essa certeza a estava deixando sem folego.

— E pra onde você vai?- quis saber ainda confusa.

— Vamos para casa que a tia Muriel deixou para mim- Aquilo era uma surpresa! O marido sempre detestou a tia, e mais ainda a casa que ela havia lhe deixado como herança. Mas aparentemente sua repulsa pelo lugar não excedia a que ele sentia por ela no momento. 

— Vamos? Como assim vamos? Você não está pensando em ir embora e levar os meus filhos, está?-  o desespero de Hermione estava cada vez mais aparente. 

— Você não acha mesmo que eu vou sair de casa  e deixar eles aqui, acha? Como espera cuidar deles chegando em casa onze horas da noite todos os dias?- Droga,  pensou. Como poderia argumentar contra isso? 

— Você não pode fazer isso comigo Rony, não pode tirar meus filhos de mim.

— Eu não estou te tirando nada Hermione. Pode ir vê-los sempre que quiser, mas vou embora e vou levar as crianças. É o melhor para elas, eu sei disso e você também. E sabe que eles jamais ficariam.

E por essas palavras Hermione o odiou, odiou como nunca o odiara antes. O odiou mais do que quando o viu beijar lilá Brow no sexto ano, ou quando ele a deixou sozinha na floresta no meio de uma guerra com Harry.  O odiou porque sabia que o marido estava coberto de razão, os filhos jamais ficariam deliberadamente com ela. Hugo talvez, por que ainda era muito pequeno, mas Rose.... a menina estava cada dia mais difícil e rebelde, entretanto ainda era a filhinha do papai. Totalmente dedicada a Rony, jamais o deixaria.   

Hermione pegou a garrafa com o que sobrara da  bebida e subiu as escadas, já não tão preocupada com o barulho que fazia. O sentimento de fracasso a deixava impotente e incapaz de argumentar qualquer coisa no momento, nunca imaginou que chegaria o dia que não teria mais forças para brigar com o marido. 

  Passou pela porta do quarto em que a filha dormia, estava entreaberta, aproveitou para entrar. 

Rose

Observou a menina que dormia um sono agitado, mexia-se constantemente. Ela sempre foi assim, lembrou Hermione, não parava quieta desde de dentro da sua barriga. Um bebê exigente de muita atenção e com muita energia para gastar.  Rose sua pequena travessa. E era teimosa também, exatamente como  a mãe, e o pai. Hermione percebeu o tutu picotado pelo chão do quarto, deu um suspiro de frustração, será que a filha a perdoaria por essa e por todas as outras vezes em que ela a decepcionara? 

Olhou em volta, a parede do seu quarto era coberta de desenhos. A maioria não era dela, e sim de Hugo, o irmão a idolatrava. 

Hermione encostou a porta do quarto da filha com cuidado, caminhando lentamente para o seguinte. Lá encontrou um menino com um sono calmo e tranquilo. Hugo seu menino tão desejado!  Enquanto Rose havia sido uma tremenda surpresa, Hugo fora cuidadosamente planejado. ''Quero que as crianças tenham idades próximas, não quero ter que fazer tudo de novo depois que Rose já estiver grande. Se tivermos que ter outro filho Rony,  tem que ser logo''.  E foi exatamente assim que fizeram, meses depois ela estava grávida pela segunda vez, dessa vez um menino. E foi a partir desse momento que começaram todos problemas da sua vida, até então feliz e perfeita. 

  Ela evitava olhar para o filho por muito tempo. Sentia culpa e vergonha por tudo que passou. Depressão pós parto, disseram. Por quase um ano ela mal conseguia segura-lo, demorou um tempo até que os remédios fazerem efeitos. Foi nessa época que Rony trocou de emprego, resolveu ajudar nos negócios do irmão, eu já estava pensando em fazer isso há muito tempo mesmo, o trabalho de auror é muito cansativo, argumentara. Mas ela sabia que era mentira, ser auror sempre foi o maior sonho do marido, e não ter impedido que ele abandonasse a profissão era um dos seus maiores arrependimentos. Só que na época... bem, na época ela não teve forças suficientes para tal. 

   A mudança de emprego de Rony foi o que salvara sua vida, não sabia o que teria sido dela e dos filhos sem isso.  Muitas coisas da loja ele resolvia de casa, e o que não podia, levava as crianças junto. Rose era tão nova, não se lembrava muito bem, mas já nessa época começou a se afastar, ou melhor, a ser afastada. Tão pequena já submetida a uma forçada independência. Vestia-se sozinha, comia sem ajuda... Hermione lembrava-se de ver uma miniaturinha perambulando pela casa sozinha e despenteada, cuidando da própria vida a sua maneira enquanto o pai direcionava suas atenções para o bebê recém nascido e a mãe vivia perdida no vazio.

   Na época os avós  quiseram levar a menina para passar um tempo com eles, ''só até Hermione se recuperar'', mas Rony não permitiu. Ele jamais permitiria outras que outras pessoas cuidassem da sua filhinha, e assumiu todas as responsabilidades como achava que deveria. Aprendeu a  preparar seus lanches, a domar seus cachos ruivos e rebeldes, a colocar laços em seus cabelos e ler seus contos favoritos antes de dormir. Ele foi muito mais do que qualquer um esperava, e sim, ela sempre pensa nisso num tom de surpresa, porque foi realmente surpreendente como ele conseguiu fazer o que até então parecia impossível . E foi aí que Hermione desistiu, não por completo, não de tudo. Foi difícil, mas ela se recuperou da depressão, voltou as suas atividades, recuperou sua vontade de viver, conseguia respirar sem sentir que fosse explodir em lágrimas a qualquer momento. Mas o trauma de ter falhado no momento mais importante da sua vida ainda estava lá. Ela não era boa em ser mãe, disse a si mesma, não como Rony era bom em ser pai. 

  Não queria admitir mais isso criou um ressentimento, tinha inveja do marido. Inveja porque ele era muito melhor com os filhos do que ela. Ele sempre sabia o que fazer, sempre era o abraço que eles buscavam quando choravam, o colo que eles queriam quando se machucavam, era tudo que ela não conseguia ser. Então,  decidiu que não se deixaria abalar com esse fracasso e focaria no que era boa. Ela era boa em muitas outras coisas, como no trabalho, por exemplo.  Não só boa, era muito mais que isso, lá ela era excelente; era brilhante, reconhecida e o melhor, não fracassava. Hermione não sabia lidar com o fracasso, com o erros, e a  maternidade envolvia muitos erros.  Ela sabia que as vezes poderia parecer que não amava os filhos,  mas era o contrário, amava tanto que imaginava que não atrapalhar era melhor no que errar, não conseguia suportar a ideia de ser ruim para as pessoas que  mais amava. Havia permitido que o medo do fracasso dominasse sua vida e ofuscasse o seu amor, agora teria que lidar com as consequências.

Olhou novamente o menino que dormia sorrindo, ela adorava observar Hugo dormir, o ar angelical que permeava o ambiente lhe dava a sensação de paz que não encontrava em nenhum outro momento do dia. Consertou seu cobertor desajeitado e lhe deu um beijo de boa noite. Fechou a porta com cuidado e chorou, sentindo estar perdendo a coisa mais importante da sua vida e que era totalmente sua culpa.

A noite não conseguiu dormir, sonhou que o mar a engolia e acordou com falta de ar. Olhou para lado da cama, vazia, um frio atravessou sua espinha. Ficaria sozinha, sentiu em seu coração, ela odiava essa sensação. Sabia que Ronald tinha dormindo no quarto de hóspedes, ou estaria apenas sentado no sofá assistindo à tv. Lembrou da época quando ela só desceria as escadas e acariciaria seus cabelos ruivos, pedindo pra ele por favor voltar para cama. Eles fariam sexo de reconciliação e tudo voltaria ao normal. ERa tudo tão mais fácil, eram jovens, apaixonados e ardiam como uma chama que ascendia mais e mais sempre que se jogava lenha. Agora todo esse fogo não existia mais, estavam perdendo a luz e amor estava morrendo. E quanto mais o tempo passava, mais a luz se apagava e a escuridão crescia. 

No manhã seguinte não tinha forças para trabalhar ou levantar da cama. Passou a madrugada inteira acordada pensando em tudo que havia acontecido, em tudo que estava acontecendo... Sua vida estava ruindo e ela não sabia o que fazer, como ela havia deixado tudo tão fora de controle? Nunca fora uma pessoa religiosa, mas implorou uma intervenção divina, poderia tudo  não ter passado de um pesadelo, não é mesmo? 

 Ouviu passos pela casa e a voz dos filhos no corredor, isso a despertou da auto piedade que se encontrava e a fez levantar da cama. 

—Mamãe! - Hugo foi correndo em sua direção assim que a viu sair do quarto

 - Bom dia, meu amor, exclamou pegando o filho no colo. O menino era tão leve que o levantou sem a menor dificuldade, era pequeno e frágil demais para idade, parecia ter quatro anos mesmo já tendo seis. Deve ter sido a falta do leite materno, pensou quando trazia o rosto para seu ombro. 

Inconscientemente  a culpa estava ali, sempre estaria, por mais que  soubesse  que depressão pós parto era uma disfunção hormonal, saber era diferente de aceitar e isso era o que ninguém entendia. 

— Papai disse que vamos mudar para outra casa, mas que você não vai com agente por causa do seu trabalho- falou o menino como se anunciasse um novo desenho lançado na tv. Sua ausência já havia sido banalizada, suspirou Hermione conformada.

  Ela simplesmente não sabia o que dizer. Eles não deveriam estar tomando essa decisão assim, sem uma conversa antes. Já havia pensado em divórcio, na verdade, previa que esse momento chegaria logo, mas tinha filhos pequenos que deveriam ser preparados para separação, se bem que ela não tinha ideia de como se fazia isso.  Como contar a crianças pequenas que a família estava sendo despedaçada? 

— É, mais vai ser por pouco tempo- disse olhando nos olhos do filho, coisa que ela não costumava fazer,  era difícil encara-lo nos olhos sem se sentir decepcionada, mas não se importava mais com seus próprios sentimentos no momento - Eu amo você sabia?- declarou com uma urgência necessária.

— Eu também te amo mamãe, mas quando vou dormir e você não está em casa eu fico triste. Papai disse que vamos ser felizes na nossa casa nova, mas eu não sei, porque você não vai estar lá com a gente e vou sentir sua falta.

Hermione abraçou o filho tão forte quanto podia, sentia que não merecia todo aquele amor. Como a criança ainda poderia ama-la depois de tudo, sendo que nem ela mais sabia se poderia? 

— Eu vou estar sempre com você Hugo.  Sabia que tem uma foto sua na minha mesa do escritório e que eu olho para ela sempre que estou triste?  Aí eu penso em você e isso me deixa feliz, mesmo você estando longe fico feliz só por saber que você existe.

— Será que posse levar uma foto sua para eu olhar quando estiver triste?

— Claro que pode meu amor, pode levar todas que você quiser, respondeu emocionada. 

— Hugo, papai está te chamando- chamou Rose quando subia as escadas atrás do irmão. Ela olhou para mãe, seus olhos estavam vermelhos devido ao choro da noite anterior, mas diferente do irmão estava magoada demais para sorrisos e palavras doces.

— Rose, chamou Hermione- mas a menina virou o rosto e fingindo que ela não existia, essa era a sua forma favorita de puni-la, aprendeu com o pai, provavelmente. E  puxando o irmão pelas mãos  o arrastou escada a baixo.

Rony subiu para pegar as malas no quarto de Hugo, ele olhou para Hermione ainda parada no meio do corredor, também não estava com uma aparência  muito boa, mas tentou parecer forte.

— Bom dia-  falou como se fosse um dia como qualquer outro. 

— Você não pode fazer isso Rony.

— Não vamos ter essa discursarão agora Hermione, não com as crianças aqui. Estamos indo embora, achei que tivesse sido claro quanto a isso- respondeu enquanto usava a varinha para terminar de limpar o que restou do quarto do filho.

— Você prometeu- disse Hermione se jogando na frente dele-  quando estávamos caçando as horcrux e você foi embora, lembra? Quando voltou, disse que jamais me abandonaria.

Hermione apelou para o momento que por muito tempo achou ter sido um dos mais difíceis da vida deles, nada poderia ser pior que uma guerra, pensava na época, tão jovem e ingênua. 

— Olhe pelo lado bom, pelo menos você não é a única aqui que não cumpriu com todas as promessas- Respondeu o homem ressentido.

— Rony- exclamou a mulher com lágrimas nos olhos.

— Olha Hermione, eu estou tentando fazer o melhor pra nossa família no momento. Já faz tempo que eu não te peço nada, não assim, exclusivamente pra mim. Mas agora estou te pedindo, na verdade, estou te implorando, me deixe ir.  Estou te dizendo adeus e preciso que  me permita ir, eu preciso que me libere.

— Eu te amo Rony- Aquelas palavras eram reais, ela ainda o amava, sempre o amou e provavelmente esse sentimento nunca iria embora. O amor que ela sentia nunca morreria, mas quando se ama alguém e não é capaz de demostrar, esse sentimento não significa nada. Seu  amor tinha perdido as foças, havia se corrompido por palavras tóxicas  e brigas destrutivas. Ela o havia afastado, magoado e decepcionado... Lembrou de ter  lido uma  certa vez que todo homem mata aquilo que ama. Nunca imaginou que aquelas palavras poderiam ser verdadeiras até aquele momento em que ele implorava para ser libertado do seu amor.

— Eu estou cansado Hermione. Por favor, perdoe a minha fraqueza, mas não posso mais. 

Ele a olhou como se implorasse seu perdão, as palavras apenas entalaram em sua garganta, ela preferia uma briga. Ela sabia perfeitamente como reagir se ele a tivesse  culpado por tudo, gritado e se enfurecido. Ela havia aprendido a brigar, eles haviam feito isso a vida toda. Brigar era muito mais fácil do que desistir, e  ela não sabia como desistir.

— Tchau! mamãe, disse Hugo correndo em sua direção. Hermione havia esquecido a presença dos filhos por um momento, mas o abraço do menino fez com que seu coração voltasse a bater, fraco, mas vivo. Hugo não parecia muito afetado, para ele era tudo um grande evento, mas sussurrou em seu ouvido - vou olhar para sua foto quando estiver triste-  Apesar da pouca idade não estava completamente alheio aos acontecimentos.

— Rose vá se despedir da sua mãe- pediu Rony fungando o nariz, seus olhos estavam vermelhos, mas ele não iria chorar.

— Pai, não quero, respondeu a menina contrariada.

— Rose, por favor, só faz o que estou te pedindo.

Rose foi em direção a Hermione com a cabeça abaixada, não tinha coragem de encara-la nos olhos.

— Rose minha flor, me desculpa. Eu não queria ter esquecido, sei que não tem desculpas para isso, mas a mamãe acabou se enrolando no trabalho- Hermione abraçava a filha com toda força possível.

— Tudo bem mãe, você não precisa mais se preocupar comigo agora. O papai vai cuidar da gente- respondeu a menina com um sorriso melancólico. Ele sempre cuida, era o que ela queria dizer.

— É, eu sei que vai-  Hermione respondeu sorrindo. Porém era um sorriso mortalmente infeliz. Um sorriso distante, como alguém que ri, apesar de saber que deveria chorar. Mas ela já gastara todas as lagrimas durante a madrugada e agora se sentia apenas seca, seca e vazia.

— Você sabe onde estamos, quando quiser ver as crianças, apareça. É só avisar com antecedência -  Rony disse segurando Hugo no colo pronto para partir - Hermione, chamou mais uma vez antes de ir embora.

— O que?

— Não se atrase para o trabalho,  falou usando aquele maldito sorriso-  eu fiz café. E dizendo isso  partiu, e  tudo que ela queria no momento era se jogar de um precipício.

 

And the tears come streaming down your face

When you lose something you can't replace

When you love someone but it goes to waste

could it be worse?


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