Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 14
The Other Side


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyy!!! Bem cá estou eu com mais um capítulo NO MEIO DA SEMANA UAUUU! Gostaro ou amaro? Enfim, esse capítulo enquanto eu escrevia estava escutando a soundtrack de "Shadowhunters", e então achei a música perfeita que é tudo o que eu escrevi "The Other Side", da rainha Ruelle. Se vocês quiserem que seja ainda mais triste, é só escutarem essa música na primeira parte do cap. Boa leituraa!!!



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Eu não quero saber
Quem somos sem ter um ao outro
É tão difícil
Eu não quero sair daqui sem você

Eu não quero perder parte de mim
Vou me recuperar?
Aquele pedaço quebrado
Deixe ir e liberte todos os sentimentos

Já vimos isso acontecer?
Será que vamos deixá-lo ir?

Estamos enterrados em sonhos quebrados
Estamos atolados sem um fundamento
Eu não quero saber
Como é viver sem você
Não quero conhecer
O outro lado do mundo sem você - The Other Side, Ruelle

 

Abro a porta da caminhonete, jogando-me no banco de trás. Tremendo, eu me deito no banco, puxando as pernas para perto do meu peito. Molhada e de coração partido, eu fico ali por um tempo chorando de raiva, mas principalmente fragilizada lembrando de toda aquela noite, de novo e de novo. Lembrando da raiva de Jacob. Lembrando do meu avô, do modo estúpido que meus pais foram. Lembrando o motivo de eu ir atrás de Jacob, inevitavelmente pensando que a culpa é toda do correspondente secreto de me trazer à tona tudo de novo.

Se ele não fizesse todo esse mistério, eu não precisaria conversar com Jacob. Se ele se mostrasse, nós estaríamos juntos e ele me ajudaria a sair dessa. Se ele parasse de ser um covarde, nada disso teria acontecido!

Você que está atrás dele. Minha mente me lembra. Se você não estivesse atrás dele, como ele pediu, nada disso teria acontecido.

 Por que Jacob tem que ser tão mal? Por que ele não para e escuta? Por que ele não deixa eu me aproximar e explicar tudo com calma?! Por que eu não consigo seguir em frente? Por que o CS não confia em mim? Por que ele não vem até mim e deixa de ser um idiota?

A chuva cai fortemente fora da caminhonete, como se o mundo fosse acabar, o que eu queria que fosse o caso. Vejo pela janela, as luzes da escola ligarem. Meu telefone toca umas duas vezes, mas eu não o pego, querendo continuar em meu canto, sentindo como se eu estivesse afogando enquanto o resto todo está respirando. Mesmo que eu lutasse contra as ondas, eu queria desistir. Queria me deixar ser afogada e parar com tudo isso.

É como se toda a caminhada que eu percorri, todos os obstáculos que passei, não tivessem me levado a nada. Eu voltei ao começo. Todo o progresso feito foi por água abaixo. Primeiro, não bastava chorar todas as noites, antes de dormir até a noite dele. Depois, cada aproximação masculina, eu tremia toda até que um dia parou. Um dia, eu parei de chorar antes de dormir. Eu parei de tentar tirar a sujeira da minha pele. Eu parei de sentir calafrios ao escutar seu nome. Eu aceitei o que aconteceu e, o pior de tudo, me culpei. 

Eu devo ter usado alguma roupa provocativa. Ou ter feito algo que chamou a atenção dele, certo? Errado! Tão errado! Meses, anos depois, foi que eu me conscientizei que nada daquela noite foi minha culpa! 

Mesmo que eu tivesse me jogado para cima dele, não era direito dele fazer algo assim! Certo? Não é minha culpa. Não é minha culpa!

Em algum momento, eu não sinto mais os dedos dos pés, nem os das mãos. Meu dentes batem tão forte uns com os outros que quando percebo, fico assustada. Respiro fundo, arranjando coragem para sair do pequeno ninho que eu criei. 

Levanto-me bem devagar no banco, sentindo meus músculos reclamarem. Pelo espelho da caminhonete, consigo enxergar meu cabelos em um grande ninho molhado. Meus olhos inchados, como se eu tivesse levado um soco ou coisa assim. Meu nariz vermelho, onde mal passava ar para os meus pulmões, por estarem entupidos. 

Como se eu estivesse parada por séculos, passo para o banco da frente, tudo com um cuidado exagerado. Sentando no banco, eu retiro as chaves de dentro do bolso da minha calça para ligar a caminhonete. Ligo os parabrisas e o ar condicionado, para esquentar meus músculos. Aos poucos, meu corpo volta a ficar quentinho, o que me traz um certo alívio.

Aos poucos, tudo com uma grande lentidão, eu tento secar o cabelo molhado com o ar. Não que dê muito certo. Coloco minhas meias em cima do ar e espero até elas ficarem quentinhas para enfiá-las em meus pés congelados.

 Eu prendo meu cabelo em um rabo de cavalo baixo e coloco meu casaco azul reserva que fica no porta-malas. Aqueço as mãos, criando atrito entre elas. Minha respiração está quebrada e acredito ser que é por culpa do choro. Eu tento o máximo que posso, focando em todos os movimentos, em tudo o que estou fazendo para não ser inundada novamente, porque eu não consigo controlar os meus pensamentos. Na verdade, eles que me controlam. E isso fode!

Por que tudo tem que ser tão difícil? Respirando fundo, eu pego meu telefone no chão do banco de trás. Não ligo para as chamadas perdidas de Seth ou de Sue. Clico no botão de ligar e espero até ele atender. Enquanto isso, encaro-me pelo espelho. Fazendo uma careta, ao me ver tão quebrada, viro-me para o para-brisa. As gotas desciam rapidamente, como se fosse uma competição. Com o dedo, eu sigo uma delas. Finalmente, escuto uma respiração pela linha do telefone. Minha respiração fraqueja.

— Eu não aguento mais. - digo. - Por favor. Por favor. Eu preciso de você. Eu preciso de você, agora mesmo. Me abraçando. Me confortando. E não, não por mensagens enquanto eu faço um monólogo de três horas. - murmuro, colocando a cabeça no volante. - Se você realmente me ama, me diga quem você é. Eu não vou te julgar. Eu prometo. Depois, se você quiser eu desapareço, apago você da minha vida…. Mas agora eu preciso disso, okay?! 

A linha continua quieta. Lágrimas começam a descer dos meus olhos.

— Eu acabei de ter a pior experiência de todas, por sua culpa. - rio, nervosa. - Eu estou atrás de você há semanas! Já falei e intimei quase 100 garotos diferentes dessa escola, sempre errando. Acho que toda a comunidade masculina de Forks acredita que eu seja uma verdadeira maluca. - brinco, tentando aliviar a tensão. - Essa última, deu mais que errado. Muito errado. - mordo os lábios, nervosa, tentando engolir toda a mágoa para dentro. - Agora, parece que a minha própria cabeça está me traindo, gritando tantas coisas ruins que eu mal consigo absorver. Lembrando de coisas horríveis que aconteceram. Por isso, eu peço, eu imploro se você quiser, mas me dê algo a mais para pensar. Um nome. Uma cor de cabelo. Uma voz. Qualquer coisa. Qualquer coisa. 

Eu soluço, tentando parar com isso, tapo a minha boca. A linha continua sem nenhum som, além de uma respiração ofegante. Balançando a cabeça, eu volto a falar:

—  Sabe por que eu estou tão desesperada atrás de você? Bem, eu estive tentando negar há muito tempo a razão. Me enganei dizendo que era para te perguntar o porquê caralhos você gosta de mim. Também para descobrir o motivo das cartas, afinal, estamos no século 21, não é?! - eu coço a nuca. - Você me faz bem. Muito bem. Uma pessoa que aproveita o agora, que não se importa com o passado e que não está preocupada pelo futuro.  Uma pessoa que aproveita as pequenas coisas, como conversar com Seth às oito da manhã sobre quem é o melhor homem aranha. Que dorme tranquilamente a noite.

Limpo o meu nariz com a palma da mão. Eu escuto o barulho do para-brisas, percebendo o que estou prestes a dizer.

— Eu estou completamente apaixonada por você. - digo, por fim. - Por isso, preciso de você. Você me entende e há muito tempo eu não encontro alguém que o faça. Eu preciso de você, porque estou apaixonada por você e só você irá conseguir me reconfortar, agora. E-eu não me importa quem você seja. Seu físico, ou seja qual for sua insegurança! Eu me apaixonei por você, porra. Só você. Me apaixonei pelo seu humor meio ácido, por me dar boa noite todas as noites e me ligar antes de dormir para me acalmar, pelo seu gosto por livros e mal gosto de filmes. Por você inteiro.

Calo a boca, esperando escutar qualquer coisa. Um “o que?”, ou “eu estou indo”, ou “eu amo você”. 

— T-talvez, para você seja totalmente egoísta o que eu esteja fazendo, mas… - eu digo com a voz quebrada. - Um amigo disse que eu devia pensar em me colocar em primeiro lugar. Não é algo que eu geralmente faça e você deve ter percebido. Isso é o que eu estou fazendo, me pondo em primeior lugar. Eu não quero ficar mais machucada, ou quebrada. Eu não quero ficar dependendo de mensagens de texto ou cartas para nós falarmos! Se você não quiser isso… Se revelar, termos uma relação normal... Então, acho que nós nunca vamos ficar juntos.

Escuto um  choro do outro lado. Meu coração se quebra um pouco. Agarro o volante, tentando me apoiar, para não cair. Ficamos na linha, em silêncio. Escuto um choro, talvez o dele, talvez o meu próprio. Eu não conseguiria identificar. Ficamos os dois envoltos de sua própria dor, tentando de algum jeito para-la.

— Acho que já sei a sua resposta. - digo, com a voz clara. Eu rio, sem acreditar. - É uma porra mesmo. Sabe, eu esperava uma resposta diferente. Lá no fundo, afinal, a esperança é a última que morre, certo?! É uma pena, Correspondente. 

Eu olho para o teto da caminhonete, sentindo minhas lágrimas escorrerem pelas têmporas. Mordo os lábios, tendo minhas últimas esperanças esmagadas com uma força enorme. Engolindo o seco, eu retiro o telefone da orelha, encaro o visor, mostrando o tempo da chamada, cinco minutos. Em cinco minutos, o meu mudo que estava caindo, desabara de vez. Volto a por na orelha e digo uma palavra, que quebra-me em mil pedacinhos:

— Acho que isso é um adeus. - escuto um resmungo e até um suspiro, como se fosse falar algo. 

Arranjando coragem, mas principalmente, tentando agradar um pequeno pedaço da minha dignidade, desligo a chamada, o que me causa uma enorme dor. Eu espero dois minutos. Talvez, ele ligue arrependido, dizendo para nos encontrarmos. Que passam a ser cinco. Quem sabe ele esteja se recompondo para ter as palavras certas. Que se tornam 10. Talvez, talvez, ele esteja desacreditando pelo o que aconteceu. Que se encerram por 20. Ele não irá ligar.

Ele não ligou. Não mandou mensagens. E ao perceber que isso significava o fim de algo que realmente tivemos, despedaçou o resto do meu coração. Vem a tona, a sensação sufocante, me envolve em uma nuvem de pensamentos ruins. Eu soco o volante do carro. Como se isso parasse tudo. Soco tanto que quando paro, as articulações dos meus dedos sangram. Olho para o telefone jogado no banco do carona. Eu o pego, segurando fortemente, querendo culpa esse pedaço de metal por toda a dor que eu sinto. Cada mensagem está aqui. Cada registro de chamada também. Num ato de impulso, abro a porta da caminhonete, a chuva entrando no meu carro para jogar meu telefone para fora. Eu arremesso para longe, se espatifando em vários pedaços ao bater no chão de cimento. Eu volto a fechar a porta, percebendo que a dor não passou, o que me deixa mais arrasada.

Agarrada de volta no volante, grito com todo o meu ser. Grito para tirar a dor que arde como o inferno, se alastrando por todo o meu peito. Eu balanço para frente e para trás, querendo que a dor acabasse. Querendo que tudo parasse! Minha garganta implora por um copo de água quando extravaso tudo para fora. Eu olho para fora, tentando ver qualquer coisa que não seja chuva. Uma luz, qualquer coisa.

Olho para o rádio da caminhonete, vendo que já passam das seis horas da tarde, o que provavelmente está quase matando Sue de preocupação. Eu controlo a tremedeira do meu corpo com a imagem de Sue e Seth me esperando em casa. Eles precisavam de mim. Eu também preciso deles. Eu abaixo o freio de mão para poder mover a caminhonete.

Durante todo o caminho, presto atenção em cada movimento na estrada. Dirijo em velocidade baixa. Ao virar a esquina de casa, os faróis de Pulga iluminam toda a rua praticamente. Eu entro no pátio de trás. 

Olho para o painel do carro e a casa com todas as luzes ligadas. O que eu diria? Que estive trancada dentro da escola com Jacob! Então, por que as lágrimas? Não são lágrimas. É só a chuva. Eu puxo o freio de mão, decidindo não incomodá-los. Respirando fundo, eu guardo cada dorzinha dentro de uma caixa, onde eu lidaria com elas mais tarde.

 Desço correndo do carro, com minha mochila na cabeça. Ao chegar na porta, eu retiro meus tênis cheios de lamas, colocando-os perto da parede para limpá-los no dia seguinte. Engulindo em seco, eu passo a tela de mosquito e a porta, entrando na cozinha, encontrando Sue com o telefone na orelha discutindo com alguém e Seth com a cabeça entre os joelhos. Ao me verem, Sue larga o telefone em cima da mesa e corre para me abraçar.

— Puta que pariu, Bella! - ela quase grita em meu ouvido. - Onde você esteve nas duas últimas horas?! Com quem? Eu estava tão preocupada. - ela se separa de mim, agarrando meus braços. - Nunca mais faça isso, está bem?! Eu estive ligando para você, para seus amigos! Não suma desse jeito novamente! Quer me matar do coração?

Todo o choro que eu tinha contido até então, desaba. Eu volto a chorar com a mesma força de antes, soluçando. Sue arregala os olhos, trocando olhares com Seth. Eu sinto um misto de emoções: raiva, chateação, dor.

— Me des-desculpa, Sue. - eu soluço. - Eu não queria te preocupar. Eu só… 

Os braços de Sue envolvem minha cintura, puxando-me para sentar no sofá com ela. Sinto Seth sentando do meu outro lado, fazendo círculos nas minhas costas.

— Está tudo bem, Bella. Tudo bem!

Em algum momento, entre minhas palavras desconexas e o choro descontrolado, acabo por ficar quieta, olhando para a TV da sala. Minha respiração continua descompassa, assim como meu coração não consegue parar. Sue faz carinho em meus cabelos.

— Acho que temos que falar sobre o que aconteceu. - ela murmura em meu ouvido. - Não é normal alguém chorar desse jeito, Bella. - O que está acontecendo?

Engolindo o seco, eu murmuro.

— Perdi meu telefone. 

Ela ri, parecendo estar desacreditada.

— E você está chorando assim pelo seu telefone perdido?

Eu assinto com a cabeça. Ela ri, passando seus dedos pelo meu rosto.

— Você sabe que tudo bem receber ajuda, certo?! 

Eu murmuro algo como sim.

— Quando você estiver pronta, eu estarei aqui para te ajudar, Bella. Mas primeiro você tem que perceber que precisa de ajuda. E está tudo bem! 

— Eu faço terapia, Bella. - Seth diz, chamando minha atenção. Ele tem os olhos baixos. - Toda quinta, no terceiro período. É bom, sabe?! E se quer saber, não te torna alguém fraco. Na verdade, te deixa mais forte.

Eu nunca pensei em fazer terapia. Até então, achava que conseguia aguentar tudo sozinha. Claramente eu estou errada, afinal nem conseguir ficar calma sobre alguém estar apaixonado por mim.

— Eu também faço. - Sue diz. - Eu faço toda segunda e sexta. É maravilhoso! Talvez, você também devesse fazer.

Eu suspiro, balançando a cabeça, concordando.

— Vou pensar sobre. - murmuro.

— Que tal você ir tomar um banho enquanto preparo um chocolate para você? Está gelada!

Eu concordo, me levantando devagar do sofá e colo de Sue. Eu subo as escadas me arrastando até o banheiro, onde aciono a estufa para esquentar o cubículo que chamamos de banheiro. Retiro todas as minhas roupas congeladas rapidamente. Ligo o chuveiro no quente, jogando-me para dentro, gemendo de felicidade ao sentir a água quente escorrendo pelo meu corpo.

A água relaxa os meus músculos que estavam tensionados pelo frio. Eu lavo meu corpo, tentando retirar todas as coisas ruins. Com a esponja, esfrego contra minha pele com tanta força que chega a ficar ardido. Escuto batidas da porta e Seth me avisando que o chocolate está pronto. Eu saio do banho e me enrolo com a toalha.

No meu quarto, coloco meu pijama e seco o cabelo molhado. Eu sento na minha cama, encarando o Kindle em cima da minha escrivaninha. Sentindo uma mistura de emoções, eu pego o pequeno tablet, escolho um livro e leio-o, ocupando minha mente com o problema dos outros.

Uma batida na porta toma a minha atenção, minutos depois, fazendo com que eu parasse de ficar preocupada com o que Hermione, Harry e Rony fariam para salvar Sirius de Voldemort. Sue trazendo uma grande caneca de chocolate fumegante, senta-se ao meu lado. Eu largo o Kindle de lado e começo a beber o café.

— Eu não tenho ideia do que pode ter acontecido entre Jacob e você essa tarde. - ela diz, me fazendo arregalar os olhos. - Você pode contar comigo, Bella. Contar tudo o que está acontecendo. Estarei sempre pronta para te ouvir.

Sue levanta-se da cama, indo em direção a saída.

— Sue. - eu a chamo. Ela vira seu torso.

— Sim?

— Posso faltar aula amanhã?

Ela parece pensar por alguns segundos antes de balançar a cabeça positivamente e sair do meu quarto, fechando a porta. 

Depois de eu terminar o chocolate quente, desligo o abajur ao lado da cama, viro para o lado e com toda a minha determinação, eu durmo.

 

Quando eu volto abrir meus olhos, eu estou sentada em uma cadeira, amarrada por grossas cordas. Pelo meu desespero, tento enxergar qualquer coisa na sala escura que estou. O que aconteceu? Como vim parar aqui? 

Uma luz forte acende, me iluminando. Eu tento me debater na cadeira, puxando as mãos e mexendo o corpo inteiro. Até que ao olhar para a frente, vejo a silhueta de alguém. Parece ser uma mulher.

— O que está acontecendo? Onde estou? Quem é você? POr que estou aqui? - lanço bombas de perguntas. 

A mulher gargalha caminhando ao redor de mim.

— Ai, doce Bella. - eu franzo a testa ao escutar uma voz que eu definitivamente conhecia. Mas de onde? - Você é mesmo uma fracassada!

— O que?

— Tantas inseguranças, tantos medos. - a mulher suspira alto. - Eu tenho pena de você. 

— O que você quer de mim? Me deixe sair! - imploro, tentando me libertar das cordas que queimam meus pulsos.

A mulher dá um passo a frente, entrando na claridade. Meu queixo cai, tornando-se um perfeito “O”. Eu gaguejo, tentando dizer qualquer coisa. Uma réplica, exatamente igual a mim, está na minha frente, usando regata e shorts. A mesma cicatriz no joelho esquerdo. As mesmas marcas de espinha. 

— Você está se prendendo, Bella. - ela diz, pousando as mãos em meus pulsos. - Você está me fazendo fazer isso com você. Sua mente, aterrorizada pelo medo. Sabe, eu até gosto de você quando você não está se lamentando pela sua vida. Como você está quebrada. Tudo sua culpa, obviamente.

— O que? - sussurro. - Eu-eu não fiz nada!

— Não? - ela indaga, arqueando a sobrancelha. - E quanto ao seu avô? O que aconteceu com Jake? O seu correspondetizinho?

— Não é minha culpa o que aconteceu. E-eu.

Minha cópia chega até mim, puxando meus cabelos para trás.

— É sua culpa! Tudo! O seu Correspondente não querer se revelar? Sua culpa! Você só sabe julgar os outros. Você estar desse jeito, quebrada, nojenta? Sua culpa! Seus pais não te quererem? Sua culpa. SUA CULPA!

— CALA A BOCA! - eu grito, chutando as cobertas para longe. 

Puxando os meus cabelos, como se eu fosse arrancá-los fora, eu grito. Não, não, não é minha culpa! Escuto um estrondo, mas não dou bola, tentando ignorar as vozes da minha cabeça.

— Bella! - eu abro os olhos, gritando ainda mais ao ver aquele que eu mais temia, meu avô, na minha frente.

— ME SOLTA! VOCÊ ESTÁ MORTO! ME SOLTA! 

— Bella! - o velho põe a mão em minha bochecha. - Está tudo bem, Bella. Sou eu.

— Não me machuca, não me machuca. - murmuro, sentindo um corpo quente ao meu. - Por favor, por favor. - eu peço, puxando minhas pernas para o meu peito.

— Nunca, meu amor. - a voz é torcida, um misto entre grave e agudo. - Olhe para mim, Bella. Sou eu, Sue. - eu balanço a cabeça de um lado para o outro, tentando enxergar.

Aos poucos o que um dia foi meu avô, torna-se uma Sue com lágrimas pelo rosto inteiro, abraçando-me contra seu corpo. Eu arregalo os olhos, vendo Seth na porta do quarto, encarando-me com olhos cheios de água. Engolindo o seco, eu me enlaço a Sue mais ao perceber que estou tremendo.

— Me desculpa. - eu peço, com um fio de voz. - E-eu.

— Shiuu. - ela sussurra, me abraçando com mais força. - Eu vou estar aqui, Bella. A partir de agora, vou estar sempre aqui para você.

 

「• • •」

 

Quando eu acordo novamente, sem sonhos ou pesadelos, já são nove horas da manhã. Nem Sue, muito menos Seth estão à minha vista. Eu não sei quanto tempo eu fico deitada de barriga para cima na cama, olhando para o teto, com um interesse repentino. Desde quando ele era um tom de cinza?

No meu bidê, há um bilhete. Eu o abro, encontrando a caligrafia garrancho de Seth. Nós podíamos não ser primos de sangue, mas nós claramente tínhamos a letra horrível em comum.

Hey Bella,

Sue pediu para eu escrever isso aqui rapidinho já que vc está sem o seu celular. Eu vou para a escola - eu me ofereci para ficar com você, mas Sue não deixou de jeito nenhum. - e Sue para o trabalho. Ela vai me levar de carro, voltamos lá por uma cinco horas. Se ela não me esquecer, né?! 

Presidente Miau já está devidamente alimentado. Só bota um pouco de ração para ele lá pelo almoço - não importa se ele ficar gordo, gatos gordos são os melhores, mesmo que Sue não concorde. 

Tem café para você na cafeteira e panquecas na geladeira. AH! Eu fiz mais chocolate quente se quiser. Só esquentar no microondas se tiver frio. Acho que é isso. Te vejo mais tarde, Bella.

O mais lindo de todos,

Seth

 

Eu dobro a folha, colocando ao lado de mim. Levanto da cama quando arranhões na porta chamam, prendo meus cabelos em um coque mal feito e abro a porta. Presidente Miau passa entre minhas pernas dizendo “Bom dia”. Eu faço um carinho em sua cabeça e aproveitando que estou de pé, desço para comer alguma coisa.

Pego na geladeira as panquecas, esquento-as no microondas enquanto eu encho uma xícara com café. Sento na mesa pequena com meu café da manhã a frente e aos poucos vou comendo, com a companhia de Presidente Miau que brinca com seu novelo de lã.

Eu olho pela janela, vendo um dia tranquilo, sem chuva. O sol entrava pela janela e os poucos pássaros que tinham cantavam por aí. O verão estava prestes a chegar, o que quer dizer que de sete dias por semana de chuva se tornariam 3. Melhor do que nada. 

Depois de estar satisfeita, lavo a louça e caminho em direção a sala, onde me jogo no sofá, querendo me fundir a ele. Ligo a televisão, pondo num canal onde está dando Tom e Jerry. Eu sempre torci para o rato fugir daquele gato maluco.

Pelos primeiros minutos, eu prestei atenção. É um daqueles episódios em que o cachorro Spark e seu filho aparecem. Cada vez mais minha mente viaja cada vez mais longe. 

Será que depois de quebrar meu telefone, ele teria ligado? Se não, ele teria se arrependido? Como que depois de tudo o que eu disse, ele ainda sim não mostra as caras? Eu sou tão horrível assim?

Não, não sou! Respondo para mim mesma, lembrando do pesadelo da noite anterior. Eu não me defino pelas coisas que passei!

Uma batida na porta da frente, chama a minha atenção e me tira do meu mar de pensamentos. Eu arqueio a sobrancelha. Pegando uma camiseta xadrez pendurada no sofá, visto-a rapidamente. Pelo olho mágico, vejo o carteiro? Ele não devia ter entregado as coisas pela manhã? Eu abro a porta, encontrando um homem gordinho e baixinho, com um crachá escrito “Gabe” com um pacote em sua mão.

— Bom dia! - murmuro.

— Bom dia! - ele responde animado! - Você é Isabella Swan? 

Eu assinto com a cabeça.

— Ah, ótimo! Eu estive atrás de você faz alguns dias. - ele diz, entregando-me o pacote. - Pode assinar aqui? - ele aponta para uma linha de uma folha na sua prancheta. Pego sua caneta, assinando meu nome. - Tenha uma ótimo resto de semana, senhorita Swan.

— Para você também, Gabe! - digo. Ele entra em sua vã azul e sai rua afora.

Franzo a testa. Quem poderia me mandar um pacote? Fecho a porta da casa, indo atrás de uma faca na cozinha. Largo o pacote na bancada e quando estou com a faca, eu rasgo-o todo. Coço a nuca ao ver um bilhete em cima de cinco cartas e um caderno com cadeado, eu subo para meu quarto para pegar meus óculos de leitura, quando volto, me ponho a ler.

“Querida Isabella,

estas cartas chegaram a sua casa e eu achei que deveria te enviar, já que seus pais não estão em casa. Estou torcendo sempre o melhor para você. Um grande beijo, Monike. 

PS: fui eu que comprei esse presente para você, espero que aproveite e escreva todas suas aventuras na próxima etapa que está a vir, assim quando nos vermos, não irá esquecer de nada!!”

 

Sorrindo torto, eu abro o caderno com a pequena chave, encontrando folhas pautadas. Obviamente era um diário. Eu passo a mão pela lombar. Ele é azul marinho com detalhes dourados. Sentindo-me agradecida e amada, faço uma nota mental de ligar para a minha casa e atualizar Monike de tudo!

Volto a prestar atenção para as seis cartas e tranco minha respiração ao ver um envelope de Yale. Próxima etapa da vida, ela quis dizer faculdade! Eu dou uma olhada nas outras cartas. Stanford, Dartmouth, UCLA, Brown e UW. Eu começo a abrir essas outras, preparando-me psicologicamente para a última.

E se eu não entrasse? Iria para qual? Tantas opções. Talvez, a UCLA que é longe de meus pais, mas perto de Sue Seth. Ou Stanford!

Tremendo, pego a carta de Yale. Com muito cuidado, abro o envelope, puxando a carta para fora. Eu volto a largar na mesa, caminhando de um lado para o outro com os olhos de Presidente Miau me acompanhando.

O que fazer? O que fazer? Eu ficaria a apenas duas horas de distância dos meus pais, eles iriam lá o tempo inteiro! Mas eu estive sonhando com ela desde sempre!

Eu pego a carta, colocando a mão na boca enquanto leio. Meu coração bate rápido demais. Minhas pernas parecem não suportar o meu peso.

 

Querida Isabella Marie Swan,

Parabéns!

O Comitê de Admissão se junta a mim na parte mais gratificante do meu trabalho - oferecer a você admissão na Universidade de Yale e convidá-lo a ingressar na classe de 2020…..

 

Meus olhos enchem-se de água e eu grito de felicidade. Eu consegui! Eu consegui! Eu consegui! Não acredito! Pego Presidente Miau no colo e danço por toda a casa com o gato no meu colo. Quando o largo no chão, ele não consegue caminhar em linha reta.

Penso em ligar para Alice para contar a novidade, mas meu sorriso diminui ao lembrar que meu celular está no estacionamento da escola em mil pedaços. Bem, eu podia falar com ela quando Seth chegasse!

Corro para o telefone residencial, apertando para ligar ao trabalho de Sue. Converso brevemente com a secretária dela, Brianna, para em seguida uma Sue afobada estar no telefone.

— EU ENTREI, SUE! - grito pelo telefone. - EU ENTREI EM YALE.

— VOCÊ ENTROU? MEU DEUS, VOCÊ ENTROU!

— SIM!

— MEU DEUS, BELLA! PARABÉNS! - escuto Sue se mexer pela sala. - MINHA BELLA ENTROU EM YALE! - ela fala mais alguma coisa que eu não consigo capitar. - Bella, e preciso ir, estou no meio de uma sessão com um paciente, mas quando chegarmos em casa, vamos comemorar!

— Está bem, está bem. - digo, feliz. - Vou preparar um bolo ou coisa assim.

— Isso! Faça isso. Até mais tarde, qualquer coisa, me ligue.

— Tchau, Sue!

Eu desligo o telefone com um sorriso no rosto. Eu simplesmente não podia acreditar. Em Yale, eu entrei! É insano! Subo para o meu quarto, pegando meu computador e mando mensagem para Alice, ela não veria agora, mas quem se importa?! Faço o mesmo com Seth e Emmett. 

ISSO PORRA!

Seth responde.

EU SEMPRE SOUBE
VAMOS COMER PARA COMEMORAR

Vou fazer bolo para a gente 

ISSO!

 

Olho para a conversa minha e do correspondente. Meus dedos coçando para mandar uma mensagem, meu coração se aperta. Eu não o faço. Sentimentos ruins começam a voltar, mas eu balanço-os para longe. Nada poderia abalar por enquanto. Passei o resto da manhã procurando por pequenos apartamentos em um raio de no máximo 10 quilômetros longe da faculdade. Eu não podia estar mais feliz! 

Depois que a minha euforia vai baixando e vou me acalmando, eu volto a pensar demais. Não será muito caro? Meus pais pagariam, apesar da nossa última briga? Ou eu teria que pedir o auxilio estudantil? 

Eu almoço assistindo o programa dos Simpsons, sentindo como se algo estivesse faltando no meu peito. Eu tinha sido aceita na faculdade, tinha amigos incríveis e Seth e Sue. O que me faltava? Eu tinha a resposta guardada lá no fundo. Assisto uns três episódios até arranjar coragem para me levantar e fazer o bolo de chocolate que prometi para Seth. Quebro ovos, ponho farinha, faço a massa e enfio no forno para ele criar forma. 

Durante esse tempo, eu vou para meu quarto, escolhendo uma roupa para trocar de roupa. Tomo um banho, ponho a calça de moletom cinza, regata branca e meias nos pés. Faço uma trança no cabelo, deixando alguns fios soltos e pego um livro e volto para o primeiro andar.

Na cozinha, coloco os óculos na cara e me prendo na leitura de Stephen King, esperando até a hora em que o bolo está pronto. O alarme toca, me trazendo o mundo real. Eu retiro a forma do forno, colocando no fogão para esperar esfriar. 

Pego os ingredientes para fazer a cauda. Colocando tudo na panela, ligo o fogão, começando a mexer. Eu cantarolo uma música de Harry Styles, tentando manter a mente focada. Não querendo lembrar de Jacob, ou Correspondente, ou qualquer outra coisa ruim.

A campainha toca novamente. Olho para o relógio da cozinha. Não pode ser Seth, já que são três horas da tarde. A campainha toca novamente.

— Já vou! - exclamo, largando tudo.

Eu nem penso em olhar pelo olho mágico, apenas abro a porta e a fecho novamente. ao levar um susto Não, não, não! O que ele quer, porra?

— Bella. - escuto ele me chamar pelo outro lado da porta.

— Vai embora, Jacob!

Ele resmunga algo para si. Que merda ele está fazendo aqui? Achei que a minha saída no meio da discussão queria dizer que eu já estava cheia!

— Olha, eu não preciso entrar, okay?! Só me deixe explicar. Eu não estou aqui para brigar. - eu engulo em seco. - Eu só quero esclarecer tudo de uma vez por todas.

Olho para cima, tentando controlar as lágrimas que ameaçam sair. 

— Ontem eu tentei e você não quis saber. O que eu vou ganhar? Você gritando comigo? Dizendo como arruinei a sua vida e-

— Eu estava errado, Bella! - Jacob me interrompe. - Por favor.

Ele irá gritar e dizer coisas horríveis, como ontem! Meu cérebro me lembra. Você quer sofrer num dos melhores dias de sua vida?!

Encarando a sala eu percebo o que realmente quero. Eu quero que tudo isso acabe. Não quero correr mais dele! Nem das lembranças, nem das dores. 

Decidida, abro a porta de casa, encontrando um Jacob cabisbaixo.

— Você tem cinco minutos, Jacob. 

Deixo a porta aberta, entrando em casa. Escuto os passos de Jacob me seguindo e sinto um calafrio passar pela minha espinha. Eu volto a me concentrar no fogão, tentando controlar minha respiração e coração. Escuto uma "mexeção" atrás de mim. Eu me viro e pego Jacob olhando as minhas cartas. Arqueio a sobrancelha. Ele coloca as mãos no bolso da jaqueta.

— Você foi aceita em Yale? - ele pergunta. Balanço a cabeça concordando. - Wow. Parabéns.

— Obrigada. - murmuro, colocando a cauda no bolo. 

Jacob continua em silêncio até eu terminar minhas ações. Eu encaro o moreno que tem os braços cruzados na altura do peito e uma expressão de tristeza em seu rosto.

— Eu pensei muito no que, bem, gritamos um com o outro ontem, depois de você me deixar arrumar toda a biblioteca. Velazquez não me deixou sair de lá até ter tudo terminado. Obrigado por aquilo!

— Você mereceu. 

— Eu sei, eu sei. - ele suspira. - Eu estava esperando você na escola para termos essa conversa. Qualquer coisa, eu pediria para alguém te prender em um galpão comigo. - ele brinca, tentando tirar a tensão no ar. Eu ergo um pouco o lábio. - Bella, todas as coisas que me aconteceram, eu inconscientemente, culpei você, sendo que nada foi realmente sua culpa! Eu fui um tapado!

— Babaca.

— Isso também.

— Cego.

— Isso.

— Escroto!

— Com toda a certeza.

— Nojento, idiota, egoísta!

— Toda a lista de ofensas que você tiver, eu aceito. Eu quero pedir desculpas. Por tudo.

Eu viro a cabeça para o lado, vendo o arrependimento em seus olhos. Ele parece ver que não estou muito convencida. O que ele quer? Eu eu aceite suas desculpas e possamos ser melhores amigos de novo? Meu querido, dê uma melhorada nisso! Ele suspira alto, me trazendo para o presente. 

— Me perdoe, Bella. De verdade! Não tem nenhuma desculpa plausível que justifique o que eu te fiz passar ontem. Que eu te culpei por muito tempo. Eu pensava que por você ter ido embora, por eu não te proteger, alguma força misteriosa decidiu me castigar. Jogado numa escola militar, minha mãe com câncer. Por isso, quando você voltou, parecendo intacta, como se nada tivesse acontecido e você estivesse bem. Eu te odiei! Como você podia estar bem após tudo o que passou?! Como você ousou voltar sem conversar comigo por três anos?!

Eu sento-me na mesa, dirigindo tudo o que ele falava, engolindo cada palavra com dor. Mesmo entendendo seu lado, eu estava com o coração partido. 

— Eu nunca te dei motivos para isso, Jacob. Nunca te dei motivos para você achar essas coisas idiotas!

— Eu sei! Eu sei! Mas antes eu não pensava nisso. - Jacob se ajoelha segurando a minha mão. - Eu estava irritado e sendo toda a sua lista de ofensas. Eu vou entender se você não me perdoar. Eu só... Queria tirar essa dor e percebi tarde demais que seria pedindo desculpas.

Suas palavras mexem com o meu estômago. Vejo no fundo dos seus olhos o arrependimento, a tristeza. Eu respiro fundo, balançando a cabeça e enxugando algumas lágrimas do meu rosto.

— Eu te perdoo, Jacob. - digo, sincera. - Mas não quer dizer que eu vá esquecer de imediato. Você me machucou muito ontem. Me lembrando de coisas que até então eu tinha conseguido esquecer.

— Será que um dia vamos poder ser que nem antes? - eu nego com a cabeça.

— Acho que não. - murmuro, pegando na barrinha da minha blusa, não querendo encarar os olhos do garoto a minha frente. - Mas quem sabe?

Jacob e eu continuamos cada um em silêncio. Ele levanta-se, indo em direção da porta, eu o acompanho. Jacob coça a nuca, secando as lágrimas de seu rosto enquanto sorri de lado.

— Parece que o mundo saiu das minhas costas. - ele comenta, rindo em meio as lágrimas. Eu concordo. - Tchau, Bella. Obrigado por me escutar, apesar de tudo.

— Tchau, Jacob!

Ele passa pela porta e eu fecho-a em seguida. Encosto a cabeça na porta, respirando fundo. Sim, era como se o mundo tivesse saído das minhas costas. Uma parte dele. Eu não esqueceria das palavras de Jacob e seu modo egoísta, mas talvez nós possamos seguir em frente disso tudo.

 

「• • •」

 

— Está muito gostoso, Bella! - Seth diz de boca aberta.

— Para de falar com boca aberta, garoto! - Sue repreende, dando um tapa no ombro do garoto. - Mas sim, está perfeito, Bella!

— Obrigada. - eu agradeço, comendo mais um pedaço de bolo.

Seth arrota levando um tapa na cabeça de Sue. Eu rio da careta do garoto. Presidente Miau está ao meu lado, pois eu aconchego sua barriga que está ficando enorme.

Seth recolhe os pratos e Sue o manda lavar a louça, o que nos dá dor nos ouvidos com seus resmungos altos de como a vida era triste e que ele por ser homem era oprimido. Sue e eu nos retorcermos rindo de sua dramatização. Nós duas respiramos fundo. 

— Então, Yale, huh? - ela diz, me abraçando. 

— Pois é. 

Ela me encara, como se estivesse lendo minha alma. Eu abaixo o olhar.

— Então, por que estes olhos tristes?

Eu coço a nuca, sem saber o que fazer.

— Tenho essa amiga que anda recebendo cartas anônimas de um garoto. - digo, mordendo os lábios. - Ela estava tentando descobrir quem ele é há muito tempo, mas ele não quer que ela descubra quem ele é! - exclamo, ficando irritada. - Um dia, aconteceu uma coisa com ela. Ela estava abalada e praticamente implorou para ele se revelar e disse que se não o fizesse, não íamos mais conversar! Sabe o que aconteceu, Sue? Ele não se revelou! - bato nas minhas coxas, indignada. - Agora, eles não estão mais se falando e nunca mais vão, porque ele não quer perder o medo!

— Eu espero que essa sua amiga.. - ela diz, encarando-me de cima a abaixo. - Saiba que não é um pedófilo.

— Ela sabe que não é. - murmuro.

— Bem, sabe por que esse garoto, é garoto, certo? - eu aceno com a cabeça, concordando. - Não quer se revelar?

— Ele disse para ela que é um limite dele. Que é um jeito dele se proteger do que eu.. essa amiga pensaria sobre quem ele é, mesmo que ela conhece como ele é, não sabe a aparência dele. 

— Hmm.. - ela murmura. - Ele é inseguro sobre os sentimentos dele para ela?

— Acho que não. Ele é uma pessoa muito insegura.

— E eles terminaram abruptamente, sem conseguir se explicar?

Eu respiro fundo, lembrando da noite anterior. 

— Ela deu um momento para ele se explicar.

— Isso foi antes ou depois de ela pressionar ele a se explicar?

— Eu te disse, depois daquilo, eles não conversaram.

— Então, ela o obrigou a falar e como ele não o fez, por ser uma pessoa insegura e algumas coisas mais, acabaram? Ela explicou para ele o que está acontecendo?

Eu abro a boca para retrucar que eu tinha dado a chance de ele falar! Quer dizer, todo esse tempo em que estou atrás dele, que estamos conversando, não conta?

— Vocês se conversam por onde

— Ele me manda cartas, mas conversamos por mensagem também. - murmuro, afundando-me no sofá. 

— Você ainda está irritada com ele?

— Quer dizer, por que eu não estaria? Nós estamos a meses assim. Eu me declarei para ele, Sue. Ele não saiu da sombra, ou forte, ou o que quer que seja o que ele tenha. 

— Você se lembra que quando chegou aqui, você tinha milhares de muralhas e mal conversava comigo e com Seth?

Eu reviro os olhos ao me lembrar.

— Sim.

— Ele tem as próprias muralhas, Bella. O jeito dele de “sair” foi por essas cartas. O seu foi com a caminhonete. Talvez, se você não quiser que as coisas terminam desse jeito, você brigando com ele e ele não te respondendo, você deva achar uma maneira de entrar nas muralhas dele. 

— E com isso você quer dizer?

Sue revira os olhos me dando um tapa na testa. Eu arregalo os olhos.

— Mande uma cara para ele!

Como se fosse mágica, tudo fez sentido. Agora eu que seria a admirador não-secreta.


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Notas finais do capítulo

TA DA DA! EU sei, eu sei... Depois de toda aquela brigalhada intensa, Jacob e Bella se resolveram. E ELA PARANDO DE FALAR COM O CORRESPONDENTE AI MEU DEUS! E ELA ENTROU PARA YALE! E agora? O que irá acontecer?
Não se esqueçam de comentarrrr, além de me incentivar, eu vejo como vocês estão se sentindo com a fic, o que é demais!
Então, teoricamente o próximo capítulo é no domingo, vou dar o meu melhor para conseguir escrever tudo até lá!
Um grande beijo! FALEM COMIGO NOS COMENTÁRIOS, HEIN?!



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