Only Seventeen escrita por violet hood


Capítulo 1
U: ...but I know I miss you


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Estou aqui atrasada postando minha fanfic do amigo secreto do Pride.
Então vamos para o textinho brega...
Sarah, eu fiquei muito surpresa quanto te tirei, e também muito nervosa. Por mais que eu conversasse com você no grupo do Pride, naquela época eu havia acabado de te conhecer e não sabia muito sobre você, então me senti muito nervosa quando pensava nessa fanfic.
Felizmente, com o passar dos diversos meses a gente foi conversando e eu fiquei cada vez mais feliz em ter te tirado ♥ Ainda sinto que não sei tanto sobre você como gostaria, porque passei muito tempo pensando "será que ela vai gostar disso?" quando escrevi kkkk inclusive, fiz Scorpius e Rose serem fãs de livros de high fantasy e dark fantasy, tentei te stalkear no twitter para ver se achava um livro que pudesse citar e no fim tive não encontrei nada kkkkkk me esforcei muito para encaixar Luke/Roxy na fanfic, e foi difícil com o Scorpius ocupado demais com a vida dele para prestar atenção na dos outros kkkkkkk
Mas espero que você goste desse friends to lovers, eu fiz com muito carinho e me diverti muito escrevendo ♥
(eu revisei mas n confio na minha revisão, então torcendo para não ter muitos erros)



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Yeah, I showed up at your party

Will you have me? Will you love me?

Will you kiss me on the porch

In front of all your stupid friends?

If you kiss me, will it be just like I dreamed it?

Will it patch your broken wings?

I'm only seventeen, I don't know anything

But I know I miss you

 

Scorpius Malfoy e Rose Weasley sempre foram melhores amigos. Bem, não exatamente sempre.

Quando se conheceram com 5 anos no jardim de infância, Scorpius não resistiu aos deliciosos cookies que Rose tinha trazido de casa e resolveu pegar alguns emprestado. Rose não aceitou muito bem, mesmo com ele insistindo que havia pegado emprestado e não roubado.

A mãe de Scorpius, Astoria, ficou sabendo do que aconteceu pela professora. Scorpius recebeu uma bronca e no dia seguinte levou o dobro dos biscoitos para Rose, que não deu nenhunzinho para ele, mesmo Scorpius tendo provado que só havia pegado emprestado.

Por fim, aos 5 anos de idade, Scorpius Malfoy e Rose Weasley decidiram que eram inimigos mortais. Faziam questão de sempre ir na casa um do outro e sempre brigavam sobre do que iriam brincar primeiro, e nunca aceitavam dividir os brinquedos. Mas no fim sempre brincavam juntos.

Com 7 anos, suas mães diziam para todos que eles eram melhores amigos, o que eles odiavam. Scorpius e Rose eram inimigos mortais para sempre, ou pelo menos na cabeça deles.

Uma das únicas coisas que os dois tinham em comum era Albus Severus Potter. O primo, da mesma idade de Rose, havia se tornado um bom amigo para os dois. Então, Albus se tornou a única coisa que eles dividiam. E com 7 anos, Albus não acreditava na afirmação de que eles eram inimigos. Mas nunca falaria isso na frente dos dois, pois prezava pela própria vida.

Com 10 anos, Scorpius e Rose resolveram que não eram mais inimigos. Porém, para a infelicidade de todos, eles também não eram amigos. Porque aí já era demais. Scorpius e Rose eram conhecidos.

Dá para imaginar que que a fase “conhecidos” não durou muito. Pelo simples fato que para alguém ser seu inimigo mortal você precisa passar muito tempo com a pessoa — brigando com ela, é claro —, enquanto ser conhecido de alguém quer dizer que você mal vê ou fala com a pessoa. Palavras usadas por Scorpius e Rose para justificar para Albus o porquê de que com 10 anos eles foram de conhecidos para amigos. E com 11 já aceitavam o que todo mundo sabia: eles eram melhores amigos.

Então, pode-se dizer que Scorpius Malfoy e Rose Weasley sempre foram melhores amigos, pelo menos desde que tinham 5 anos. Mas isso nunca pode ser dito diretamente para eles, os dois levam a fase “inimigos mortais” extremamente a sério.

Contudo, foi aos 13 anos que tudo mudou. Scorpius finalmente era mais alto que Rose, enquanto ela aprendia a lidar com as espinhas no rosto e finalmente controlava seu ciclo menstrual monstruoso (que lidava desde os 11 anos de idade). E foi com 13 anos que os comentários começaram.

Todos se perguntavam se os dois namoravam, e insistiam que eles gostavam um do outro. “Meninos e meninas não são amigos assim”, eles diziam. Até a mãe de Scorpius e a de Rose constantemente conversavam de como queriam que os dois se casassem um dia.

Era claro que para Scorpius e Rose aquilo era um absurdo, meninos e meninas podiam muito bem ser só amigos. Eles eram a prova viva disso. Com 13 anos, o único homem possível para Rose Weasley era, obviamente, Harry Styles. Nenhum outro homem prestava para namorar ela.

Scorpius achava aquilo uma bobagem, assim como todo o One Direction, mas ele havia aprendido a sua lição depois de dizer aquelas palavras em voz alta para Rose uma vez.

E Albus como sempre estava no meio de tudo. Como primo de Rose, tinha que aguentar todas as tias querendo que ele contasse todos os bastidores do relacionamento dos amigos. E, francamente, não tinha muito o que contar. Para Albus eles eram apenas amigos.

Com 14 anos, Albus considerou que talvez sua família estivesse certa. Talvez Scorpius e Rose pudessem ser mais do que amigos.

Scorpius já havia beijado pela primeira vez com 13 anos, quando beijou Amélia Wood no pátio da escola no intervalo. Mas Rose nunca havia beijado ninguém, e ela odiava estar atrás de Scorpius em algo. Então, quando Lorcan Scamander começou a deixar bilhetes fofos no armário de Rose, ela viu aquilo como a oportunidade perfeita. Beijou Lorcan na festa de 15 anos de Dominique Weasley, a prima um ano mais velha dos dois. Rose descreveu para Albus a experiência como algo muito traumatizando, fazendo ele ter certeza de que nunca iria beijar na vida.

E Albus viu aquela experiência muito mais como a prima não querendo ficar atrás de Scorpius em algo, do que Rose realmente compartilhando os sentimentos de Lorcan. Mas para Scorpius foi diferente, ele ficou estranho depois da festa e do nada resolveu que odiava Lorcan Scamander. O que não fazia sentido, já que ele e Albus sempre iam na casa dos gêmeos Scamander jogar videogame, e sempre jogavam futebol juntos no intervalo.

Scorpius decidiu que não gostava de Lorcan e que ele seria um péssimo namorado para sua melhor amiga. Rose não ligava muito, ela nunca quis namorar Lorcan mesmo, só queria poder falar que já havia dado o seu primeiro beijo. Ela não viu nada demais na reação exagerada dele.

Porém, Albus notou pela primeira vez que talvez Scorpius gostasse mais da sua prima do que apenas como amiga. Mas Scorpius não pareceu notar, e Albus não precisava de mais uma dor de cabeça em sua vida. Então deixou aquele assunto morrer.

Alguns anos depois, Albus se perguntou se havia feito a escolha certa em não questionar Scorpius sobre os seus sentimentos. Talvez, se tivesse conversado com o amigo, ele teria se poupado do maior estresse que um adolescente poderia passar: ter dois melhores amigos apaixonados que se recusam a admitir o que sentem um pelo o outro.

E sendo que Albus era um adolescente gay no ensino médio. Seus melhores amigos eram mais estressantes do que lidar com a própria orientação sexual.

Com 15 anos o terror de Albus começou. Scorpius e Rose entraram em uma competição passivo agressiva de quem conseguia sair com mais pessoas. Albus se sentia mal pelas pessoas, era obvio que nenhum dos dois gostava de verdade de ninguém que saiam. Só queriam provar para si mesmo que eles não gostavam um do outro.

Pelo resto da vida, Scorpius Malfoy e Rose Weasley seriam apenas amigos. Ponto final.

Ou pelo menos até a primavera em que Rose completou 18 anos.

Hogwarts estava em clima de festa, o baile de primavera estava cada vez mais perto. Assim como as férias, e o fim do penúltimo ano de ensino médio.

Rose fazia parte do grêmio estudantil e, por isso, sempre ajudava no planejamento e na decoração dos bailes. Ela e Jia Chang estavam sentadas no chão, enchendo balões quando Scorpius Malfoy entrou no ginásio.

Ele caminhou em direção as meninas, atraindo olhares enquanto passava. Como sempre, Scorpius era completamente alheio a toda a atenção que recebia. Sabia que era considerado atraente, e recebia confissões de meninas e meninos uma vez ou outra. Mas algo que Rose sempre gostava de ressaltar, que a deixava muito irritada, era como Scorpius virava o centro das atenções em qualquer lugar que fosse. E aquilo era tão comum para ele, que nem ao menos notava.

— Rose — chamou, fazendo com que ela parecesse de encher um balão vermelho e olhasse para cima. Ele sabia que ela havia percebido quando entrou no ginásio. Mas Rose, gostava de fingir indiferença e esperar com que ele falasse primeiro. Albus chamava aquilo de infantilidade, Scorpius já estava acostumado. — Vai demorar muito?

Rose começou a amarrar o balão.

— Mais umas três horas — respondeu. — Por quê?

Scorpius suspirou, cansado.

— Isso tudo? — perguntou abismado. — A gente ia na Floreios e Borrões.

Rose arregalou os olhos, como se tivesse acabo de lembrar do compromisso dos dois.

— Desculpas, Scorpius — disse, e ele sabia que ela falava com sinceridade. Rose sempre levava sério seus compromissos. E sabia que ela não havia esquecido por mal. — Eu esqueci.

— Imaginei — comentou fazendo bico, mesmo que não estivesse muito chateado com ela.

— Você pode ir sozinho — falou. — Depois eu pego minha cópia.

Scorpius e Rose cresceram juntos, mas não tinham muitas coisas em comum. Enquanto ela ia bem em humanas, ele ia bem em exatas. Ela gostava de assistir filmes de terror, e ele morria de medo até dos filmes mais sem graças. Ele gostava de comidas picantes, e ela odiava. Eram opostos em muitas coisas, era até difícil imaginar que eles pudessem ter algo em comum. Mas os dois amavam ler, principalmente livros de fantasia. Então quando uma autora, até então desconhecida, R. F. Kuang lançou The Poppy Wars, Scorpius e Rose foram um dos primeiros a ler e fazer e escrever suas resenhas no Goodreads. Os dois haviam esperado ansiosamente para o lançamento do segundo volume, The Dragon Republic, tinham até reservado cópias autografadas na livraria que sempre frequentavam.

Scorpius não acreditava que algo tão trivial como o baile de inverno, havia feito Rose esquecer do livro mais aguardado do ano pelos dois. Como dito anteriormente, sabia que não tinha sido por mal, e se ela não tivesse esquecido provavelmente teria desmarcado. Mas, Scorpius tinha o direito de ficar pelo menos um pouquinho magoado.

— Mas eu queria pegar a cópia com você — protestou.

Rose riu. Claramente não levanto ele a sério.

— Acho que você está bem grandinho para poder ir sozinho até a livraria — debochou.

Jia Chang riu junto. E Scorpius lembrou que ela também estava ali.

— Vocês parecem mesmo um casal assim — comentou Jia. — Talvez os rumores não sejam mentira...

Rose deu um tapa de leve no ombro da amiga, que fingiu sentir dor.

— Não começa, Jia — advertiu. Logo em seguida, voltou a olhar para Scorpius. — E você vá pegar seu livro sozinho.

Scorpius torceu para que a sua cara de coitado fosse o bastante para convencer Rose a ir com ele. Costumava a funcionar até com Albus, mas raramente funcionava com Rose.

— Rose... — começou, mas logo foi interrompido por Jia. Scorpius se segurou para não olhar com raiva para a amiga da sua melhor amiga.

— Ei! — chamou fazendo Rose olhar para ela. — É verdade que vocês vão juntos para o baile?

— Sim — respondeu Rose, como se a resposta fosse obvia.

É verdade que os dois saiam com muitas pessoas, então teriam outras opções para o baile. Mas Hogwarts parecia levar o baile muito a sério, e nenhum deles queria levar alguém que achasse que o baile significasse mais do que só uma noite para dançar e se divertir. Muitos casais de Hogwarts se formam no baile de primavera. Scorpius e Rose não queriam mesmo namorar.

Então, era obvio que eles iriam preferir ir juntos e aproveitar a noite como amigos. Não conseguiam entender por que toda escola parecia achar que tinha algo a mais naquela história.

— Eu ouvi Inez conversando com o grupinho dela na aula de filosofia — contou Jia. — Ela dizia que vocês dois definitivamente vão ser um casal depois do baile.

Eles reviraram os olhos ao mesmo tempo. Inez Creevey era, provavelmente, a maior fofoqueira que já pisou em Hogwarts. E ela via Scorpius e Rose quase como celebridades, e amava espalhar fofoca da vida dos dois — assim como de muitos outros alunos da escola. Scorpius sabia que metade do que saia da boca de Inez era pura mentira, ou verdades distorcidas. E ele não entendia por que tanta gente prestava atenção.

— Você não deveria perder tempo ouvindo as fanfics que essa aí inventa na cabeça dela — retrucou Rose. — E o baile é amanhã, e você está fofocando ao invés de ajudar a encher esses balões!

— Mas foi Scorpius que começou, invadindo o ginásio — protestou, mas pegou um balão para encher.

 Scorpius decidiu que não era muito fã de Jia Chang.

Pelo menos, Rose havia, finalmente, voltado a olhar para ele.

— E quando você vai embora?

— Rose... — pediu. — Não posso buscar o livro sem você.

Ela suspirou, derrotada.

— Tudo bem, que tal a gente pegar amanhã de manhã?

Scorpius abriu um grande sorriso.

— Perfeito! — Concordou.

— Agora vai logo embora — ordenou Rose, e dessa vez ele saiu do ginásio sem precisar dizer mais nada.

***

Scorpius olhou mais uma vez para o horário do seu celular. 21:53 e Rose ainda estava dentro daquele maldito ginásio. Ele quase foi embora mais cedo, depois de conseguir o que queria. Porém, no último momento resolveu que poderia tentar estudar enquanto esperava por Rose. Seria melhor levá-la para casa, do que deixar Rose pegar ônibus de noite. Ainda mais que o ponto de ônibus perto da escola sempre ficava deserto a noite.

Só que ele não esperava que ela fosse demorar tanto. No tempo em que estava sentado no chão perto da entrada do ginásio, diversos alunos já tinham ido embora. Jia havia saído uma hora atrás junto com algumas pessoas do grêmio estudantil, ela não disse nada quando viu Scorpius do lado de fora, apenas o encarou com um sorriso no rosto. Não o tipo de sorriso bom, mas sim um sorriso quase que debochado, como se ela soubesse de algo que ele não sabia.

Scorpius realmente não gostava de Jia Chang.

Ele tinha certeza de que Rose deveria ser a única pessoa que ainda estava naquele lugar. Quando resolveu se levantar para entrar no ginásio, Rose saiu.

Ela tomou um susto quando o viu parado perto da porta.

— Você demorou — constatou Scorpius.

— Por que ainda está aqui? — perguntou confusa. — Não tem como a gente ir na livraria hoje.

Scorpius suspirou.

— Eu sei, só esperei para te dar carona — explicou. — Por que foi a última a sair?

— Você não precisava ter me esperado, posso pegar o ônibus — disse, sem responder à pergunta dele. Mas Scorpius conhecia muito bem Rose para saber que no final, ela preferia terminar as coisas sozinha. Já que os outros já estavam ajudando há horas, ela iria se sentir culpada em prende-los na escola por mais tempo. — Ei, se você ‘tava aqui há horas por que não entrou para me ajudar?

A pergunta fez Scorpius ficar sem reação. Realmente, não sabia por que não pensou que podia entrar para ajudar Rose. Ele se sentiu um péssimo amigo naquele momento.

Porém, Rose soltou uma risada. Não parecendo estar irritada, o que o deixou bem mais aliviado.

— Desculpa, Rose — disse por fim.

Ela revirou os olhos, mas com um sorriso no rosto.

— Vamos logo, estou morrendo de fome.

Começou a caminhar para longe do ginásio. Scorpius precisou de uns segundos para se recompor e ir atrás.

***

Floreios e Borrões não estava nem perto de ser uma das maiores livrarias de Londres, e parecia ter clientes o bastante apenas para sobreviver. Mas Scorpius e Rose amavam aquele lugar, desde que a mãe de Rose levou os dois ali quando tinham 10 anos.

Aquele havia se tornado o lugar deles, eles conheciam cada canto daquela livraria como ninguém, também conheciam o dono e os três funcionários.

Eles tinham reservado suas cópias de The Dragon Republic com antecedência, mas sabiam que mesmo se não reservassem o dono, sr. Harris, guardaria uma cópia para cada.

— Faz tempo que não vejo os dois — comentou sr. Harris enquanto eles pagavam pelo livro. — Já estava achando que tinham trocado a minha livraria por uma Foyles da vida.

Rose sorriu envergonhada.

— Nunca faríamos isso — prometeu. — Só ficamos ocupados com a escola.

— Bom saber. Não saberia o que fazer nesse lugar sem meus clientes favoritos... — disse dramático.

Scorpius riu.

— Vamos aparecer aqui mais vezes nas férias — assegurou. Scorpius e Rose costumavam a ficar horas ali, sentados ne seção de fantasia, sem nem ver a hora passar.

Eles se despediram do sr. Harris e voltaram a caminhar pelas ruas de Londres. A rua da Floreios e Borrões não era tão movimentada, mas ficava perto de ruas movimentadas, o que tornava impossível estacionar. Scorpius preferia usar o transporte público a ficar horas procurando um lugar caro para deixar o carro.

— Você quer tomar um café? — sugeriu, não querendo ir para casa ainda. Scorpius não tinha nada para fazer até a hora do baile.

— Achei que nunca fosse perguntar... — respondeu Rose. Ela colocou as mãos sob a barriga. — Ainda não comi nada hoje.

Scorpius suspirou, sabendo muito bem o que aquilo significava. Ele havia cometido o péssimo erro de oferecer para pagar as refeições dela algumas vezes. Rose ficou totalmente mal acostumada.

— Acha que sou sua carteira? — questionou fingindo estar bravo. Mas para falar a verdade não ligava muito. Nunca conseguia gastar nem metade do dinheiro que ganhava como mesada.

— Sim — respondeu Rose, confiante. Ela acelerou o passo — Tem um café aqui perto que quero experimentar!

Scorpius, como sempre, foi atrás.

O café que Rose queria ir era como qualquer outro café que abria em Londres, Scorpius não via muita diferença nos diversos cafés, mas Rose amava experimentar lugares novos.

Eles fizeram seus pedidos e se sentaram em uma pequena mesa que dava vista para a rua.

— Que horas devo te buscar? — perguntou Scorpius.

— Não venha me buscar! — exclamou Rose rapidamente. Ele a encarou confuso, e ela logo se explicou: — Minha mãe está muito animada que eu vou com você, vai querer tirar várias fotos.

Scorpius concordou com a cabeça. Entendia muito bem, a mãe dele provavelmente iria pedir para a mãe de Rose que enviasse as fotos. Astoria Malfoy falaria sobre elas pelo resto do ano, e Scorpius não queria isso.

— Como você vai?

— Com Albus e Jia — respondeu. — Eu te encontro na entrada.

Albus e Jia não estavam namorando, ou tinham algum interesse um no outro. Albus era gay, enquanto Jia era lésbica. Porém, eles não tinham ninguém para ir então, assim como Scorpius e Rose, resolveram ir juntos.

— Tudo bem — concordou com o plano da amiga. — Espero que sua mãe não fique irritada comigo, por não te buscar.

Rose deu os ombros.

— Ela nunca ficaria irritada com você.

Scorpius também teve que concordar com essa. O pai de Rose, ao contrário da mãe, só iria colocar mais aquilo na sua infinita lista de “Porque Scorpius Malfoy não é bom o suficiente para namorar minha filha”. Mas Hermione Granger sempre gostou muito de Scorpius, e sempre deixou isso claro. Para ela, ele era o namorado perfeito para filha.

— Mas eu vou te deixar em casa!

Rose riu do tom de voz preocupado dele.

— Ok, contanto que você vá embora assim que eu sair do carro. Ou minha mãe vai querer falar com você.

Ele sorriu.

— Fechado.

***

Scorpius esperou por Rose na frente do ginásio, como havia prometido.  Ele havia chegado um pouco mais cedo do que o combinado, porque não aguentava mais a mãe reclamando que Scorpius não ia buscar Rose na casa dela.

Mas mesmo chegando antes, já dava para ver diversos casais entrando no ginásio. Imaginou o quanto estaria cheio lá dentro, e Scorpius não era o maior fã de multidões. Se Rose não fizesse parte do grêmio estudantil, e tivesse passado tanto tempo preparando aquele baile, Scorpius com certeza teria sugerido para eles passarem aquela noite assistindo uma série e comendo pizza. Muito melhor do que ir para a escola no final de semana.

Felizmente não demorou muito para o carro de Albus estacionar, e os três aparecerem. O olhar de Scorpius foi logo para Rose, que usava um vestido azul bebê. A parte de cima era enfeitada com algumas pedrinhas brilhantes que iam até o começo da saia, e já a saia era bem simples e possuía uma abertura no lado direito, deixando um pedaço da perna de Rose a mostra.

Scorpius notou que estava ficando nervoso. Por que ele estaria nervoso? Aquela era Rose sua melhor amiga, a mesma pessoa que colocava as pernas em cima das dele enquanto se jogava no sofá da Floreios e Borrões para ler livros de fantasia, era a mesma Rose que o batia com bonecas da Barbie quando eram crianças. E aquela não era a primeira vez que ele a via de vestido. Com certeza, a energia tóxica do baile havia entrado em sua cabeça.

Não reparou em Albus, com sua roupa social, e Jia, com seu vestido vermelho, até os três estarem na frente dele.

— Olha aí como você olha para minha prima, Malfoy — repreendeu Albus com um tom exagerado, de um jeito que só o irmão mais velho dele, James Sirius, falaria. — Estou vendo você olhando para as pernas dela.

Scorpius corou, sem saber por quê. Sabia que Albus estava só brincando.

Antes que pudesse falar algo, Rose o salvou daquela situação constrangedora:

— Não começa, Al. — Ela entrelaçou o braço no dele com facilidade, e o pegando de surpresa. — Vamos entrar.

Scorpius não teve tempo de dizer nada, porque Rose logo o puxou para subir as escadas. Ela se aproximou dele, e Scorpius conseguia sentir seus cabelos ruivos enconstando em seu ombro coberto.

Rose levantou a cabeça e a inclinou para ficar da altura do ombro dele.

— Gostou do meu vestido? — perguntou sussurrando.

Scorpius pigarreou e sentiu suas bochechas coraram mais uma vez. O que estava acontecendo com ele hoje?

Rose o cutucou de leve, esperando uma resposta. Ele torcia para que ela não tivesse notado a reação dele, não saberia explicar se ela o perguntasse.

— Você está linda, Rose — disse por fim.

Scorpius a olhou com o canto do olho e a viu sorrindo vitoriosa enquanto entravam pelas portas do ginásio. Não parecia ter notado nada de errado com o amigo.

— Você também não está nada mal — comentou.

Scorpius bufou.

— Esse é o seu melhor elogio?

Rose apenas riu como resposta.

***

Scorpius sentia que já estava preso há dez mil anos naquela festa. Não aguentava mais ficar naquele local barulhento e cheio de adolescentes que com certeza estavam bêbados. Não sabia mais onde estava Rose ou Jia, ele havia sentado em uma mesa desde que chegou e preferiu não levantar mais. Agora Albus e Ronan Thomas-Finnigan conversavam sobre algo na mesa que dividam com Scorpius.

Não fazia ideia sobre o que os dois estavam falando, mas eles também não pareciam interessados em incluir Scorpius na conversa. Não que ele se importasse, estava com muito mal humor para se importar.

Avisou Albus que iria ficar um pouco do lado de fora, e como esperado, Albus não pareceu prestar atenção.

 Quando pisou do lado de fora do ginásio, Scorpius sentiu que poderia respirar de novo. Estava mil vezes mais fresco ali, e poucos alunos conversavam ou se pegavam na entrada.

Não queria ficar no mesmo lugar que aquelas pessoas, precisava ficar sozinho. Caminhou até uma das laterais do ginásio, feliz por encontrar o lugar escuro e vazio.

Scorpius suspirou cansado quando suas costas encostaram na parede, ainda conseguia ouvir de leve o som de música e conversas do outro lado.

Ele fechou os olhos e a primeira coisa que veio na sua cabeça foi Rose.

Ele sabia que ela era bonita, Scorpius sempre achou Rose bonita. Mas não sabia por que justo hoje o seu coração bateu mais rápido ao vê-la.

Também estava irritado com ela, tinha aceitado ir ao baile por ela ter pedido. Mas nem cinco minutos depois, Rose já havia desaparecido no meio de multidão para falar com todo mundo ali. Scorpius só pensava que ela poderia muito bem ter ido sozinha para o baile, se ela não iria nem mesmo olhar para a cara dele depois que eles entrassem.

— Aceita? — perguntou uma voz próxima de Scorpius.

Ele tomou um susto ao abrir os olhos e ver uma garota parada do seu lado. Ela tinha longos cabelos escuros e olhos azuis — não como os olhos azuis de Rose, que o lembravam a noite, mas sim olhos azuis tão claros que poderiam ser brancos —, usava um vestido preto e estendia um maço de cigarros para ele.

Scorpius precisou de uns segundos para assimilar toda aquela situação.

— Não, obrigado — respondeu educadamente. Ele não fumava, Rose odiava cheiro de cigarros e ele nunca teve vontade de experimentar.

A garota deu os ombros e tirou um cigarro para si, depois guardou o resto dentro da bolsa. Ela pegou um isqueiro e acendeu o cigarro na sua boca.

Scorpius provavelmente deveria sair dali. Ele tinha ido até aquele lugar para ficar sozinho, tinham muitas outras laterais do ginásio que aquela menina poderia fumar. Inclusive, ela não precisava ficar colado com ele para isso.

Estava preparado para dar um “tchau” e ir embora, quando a garota perguntou:

— Você não é muito fã de bailes, não é mesmo?

Ele se sentiu incomodado com aquela garota que ele nem conhecia fazendo suposições certas sobre si.

— Só estou cansado. — Sentiu a necessidade de inventar uma desculpa.

A garota riu enquanto fumava o cigarro.

— Sua expressão quando eu cheguei parecia mais estar implorando para alguém te tirar desse lugar — comentou. — Não deu sorte no seu par para o baile?

— Não é isso! — Scorpius respondeu rápido, ficando na defensiva. A garota se assustou um pouco com a reação dele, ou paresia estar impressionada. Ele não conseguia decifrá-la bem. Scorpius logo relaxou os ombros e tentou se explicar: — Eu não gosto muito de multidões, não tem nada a ver com o meu par. Vim com uma amiga.

Não sabia por que precisou defender Rose, não era como se a garota tivesse tentado ofendê-la, ela nem sabia quem era o par dele. Mas aquilo deixou Scorpius confuso, não era como se toda Hogwarts soubesse quem ele e Rose eram, mas as pessoas daquele baile sabiam, ainda mais com Inez Creevey espalhando para a escola toda que os dois iam juntos.

Scorpius encarou a desconhecida com atenção. Nada nela parecia familiar, será que era de outra escola? Não era como se fosse contra as regras algum aluno convidar alguém de fora para ser o seu par.

— Você não estuda aqui — concluiu Scorpius, não planejava ter tido aquilo em voz alta. Mas se manteve sério quando as palavras saíram de sua boca.

Ela sorriu.

— Não estudo — concordou.

— Então seu namorado estuda aqui?

Scorpius a observou soltar uma risada e depois fumar o cigarro antes de responder:

— Credo, não — disse ainda sorrindo. — É meio humilhante dizer isso, mas... vim com o meu primo. Minha tia me pagou, para ele não aparecer sem par.

Scorpius não conseguiu segurar uma risada depois daquela informação.

— Humilhante para você ou para ele?

A garota fez uma careta, como se estivesse pensando na resposta.

— Para os dois — concluiu. Ela olhou para Scorpius nos olhos: — Sou a Tina.

— Tina? — questionou Scorpius. — Você não tem cara de Tina.

Ela o encarou surpresa e depois voltou a sorrir.

— É meu apelido — explicou. — Tenho mais cara de Tina do que do meu nome real.

Scorpius não queria ficar curioso com a desconhecida, seu plano inicial era sair dali o mais rápido possível. Mas, infelizmente, ele sempre foi muito curioso.

— Qual é o seu nome?

— Você não quer saber — respondeu, mas Scorpius a encarou esperando uma resposta. A garota suspirou derrotada e fechou os olhos para falar: — É Augustine.

Scorpius a encarou chocado por uns segundos, mas não demorou muito para começar a rir até sentir os olhos se enchendo de lágrimas.

— É por isso que eu não queria dizer — reclamou Augustine, ou melhor, Tina, enquanto Scorpius finalmente conseguia controlar as risadas.

— Desculpa — disse. — Não esperava por essa.

— Ninguém nunca espera que uma pessoa vá se apresentar como Augustine — comentou fazendo com que Scorpius risse de novo, mas ela voltou a sorrir despois dessa. — E qual o seu nome?

— Scorpius — respondeu sem hesitar.

— Scorpius? — Tina pareceu não acreditar. — Você está tentando me zoar?

— Não! — exclamou, não imaginou que ela fosse achar que era uma brincadeira. Scorpius estudou a vida toda na mesma escola, as pessoas estavam tão acostumadas com ele que ninguém achava seu nome estranho desde que ele era criança. — Scorpius é realmente o meu nome. Scorpius Hyperion Malfoy.

— Hyperion? — questionou chocada. Scorpius concordou com a cabeça. — Seu nome é Scorpius Hyperion e você estava zoando do meu nome?

Scorpius ficou boquiaberto. Ela realmente tinha um ponto.

Tina riu da reação dele, e parecia que ela ia dizer algo quando Scorpius ouviu um som vindo do outro lado da parede. Ele levantou a mão para pedir por silêncio, fazendo Tina arquear uma das sobrancelhas confusa.

Era o começo da música “Can’t Help Falling In Love” do Elvis. Rose amava aquela música. Enquanto uma das músicas favoritas da amiga tocava, ele estava ocupado conversando com outra mulher. Sentiu-se culpado, como se estivesse traindo Rose, mesmo que eles não estivessem namorando.

— Eu tenho que ir — anunciou, mas não esperou pela resposta de Tina antes de voltar para dentro do ginásio.

Procurou por Rose no meio de multidão. Não tinham muitos ruivos em Hogwarts e a maioria dos ruivos eram parentes de Rose e Albus, então nunca era difícil avistá-la. Scorpius imaginou que era por isso que seu olhar sempre pousava sobre Rose em qualquer lugar que estivessem.

E quando ele olhou para a pista de dança logo a avistou dançando com Luke Zabini, seu amigo de infância estava dançando com sua melhor amiga da vida toda. Ele não entendia por que Rose não o esperou para dançar. Ela deveria saber que ele iria procurá-la caso uma de suas músicas favoritas começasse a tocar.

Agora Rose Weasley dançava “Can’t Help Falling In Love” abraçada com Luke Zabini e não com ele.

Uma mão tocou em seu ombro, fazendo com que ele virasse para ver Albus Potter do seu lado.

— Ei cara, você sumiu.

— Estava do lado de fora — explicou. Seu olhar voltou para Rose e Luke dançando, sentia um gosto amargo na boca ao ver aquela cena, mas não conseguia explicar o motivo. Apenas sabia que queria ir embora daquele lugar o mais rápido possível. — Albus, pode dar carona para Rose?

— Já vai embora? — perguntou o amigo e Scorpius virou para encará-lo.

— Não me sinto bem. — Ele não estava mentindo.

— Tranquilo, mas não avisar Rose antes?

Scorpius resistiu à vontade de olhar mais uma vez para pista de dança.

— Não quero atrapalhar — respondeu e saiu deixando um Albus bem confuso para trás.

Mas Scorpius também estava confuso. Por que ver Rose com Luke o deixou tão incomodado? Era por que Luke era amigo de Scorpius? Ou por que era para Scorpius ter dançado aquela música com Rose? E desde quando ele levava bailes tão a sério?

Não conseguia responder nenhuma de suas perguntas enquanto caminhava com os punhos cerrados até o seu carro.

***

Na segunda Rose agiu como se nada tivesse acontecido. E talvez o que deixava Scorpius mais irritado era a indiferença de Rose.

Sabia que estava sendo infantil, mas ele só tinha dezessete anos e tinha todo o direito de ficar irritado por causa de um baile, muitos alunos de Hogwarts faziam drama por muito menos. Mas mesmo passando o dia inteiro com a cara fechada, Rose não parecia notar que ele estava bravo.

Claro que era final de ano letivo, e todo mundo tinha preocupações maiores que quem dançou com quem no baile. Porém, Scorpius só queria que ela notasse que tinha algo de errado.

E o pior de tudo era que se ela perguntasse, ele nem ao menos saberia o que responder.

Mas Rose nunca perguntou, e o penúltimo ano de ensino médio deles havia chegado ao fim.

Com as férias, Scorpius ficou extremamente envergonhado de sua reação infantil e agradeceu aos céus Rose não ter notado.

Eles passaram o mês de junho juntos como sempre ficavam nas férias. Passaram as tardes explorando a seção de fantasia da Floreios e Borrões, foram nos cafés que Rose queria conhecer e assistiram vários filmes na casa um do outro — poucas vezes com Albus, que sempre estava ocupado demais por algum motivo que não queria contar para os melhores amigos.

Em julho, Scorpius precisou passar metade do mês em Paris, porque sua mãe queria visitar Daphne Greengrass, tia de Scorpius, e a prima dele, Rhiannon. Ele sentia falta de Rose, mas gostava da companhia da prima. Ela também o levou para alguns cafés, que ele anotou o nome para que caso um dia visitasse Paris com Rose pudesse levá-la.

Já era começo de agosto quando voltou para Londres, mas ainda não tinha se encontrado com Rose ou Albus, porque eles tinham ido para o interior do país visitar a avó. O trio ainda trocava mensagens, mas os dias eram extremamente monótonos sem os amigos. Nem mesmo livros pareciam conseguir preencher bem o seu tempo.

Então, por isso, começou a fazer qualquer tarefa que seus pais pedissem, até mesmo ir fazer compras no mercado, ou pegar alguma encomenda que os pais tinham feito. No sábado, sua mãe pediu para que ele fosse comparar algumas tintas para ela. Astoria passava grande parte dos seus dias presa no estúdio pintando, o que resultava em um Draco Malfoy muito carente querendo a atenção da esposa. Scorpius foi com prazer até a loja de matérias de arte, não aguentava mais ter que ouvir seu pai resmungando pela casa.

Pegava algumas tintas nas prateleiras de acordo com a lista que sua mãe tinha escrito — torcia muito para estar pegando as tintas certas —, quando uma voz o chamou:

— Scorpius?

A garota do baile, Tina, estava parada do lado dele. Ela, obviamente, estava muito mais desarrumada do que no dia do baile. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo bagunçado, e ela usava uma jardineira que tinha manchas de tinta em algumas partes.

— Tina! — exclamou surpreso ao vê-la.

Ela sorriu e apontou para a cesta de compras dele.

— Você pinta?

Scorpius rapidamente negou.

— Não, é para minha mãe — explicou. — Na verdade, nem sei se estou comprando certo.

Tina riu de leve.

— Posso te ajudar — sugeriu.

Scorpius entregou o papel para ela na mesma hora, sem pensar duas vezes. Não queria admitir, mas estava completamente perdido.

Tina analisou a lista de compras e depois o que tinha na cesta dele.

— Você definitivamente precisa de ajuda — concluiu sorrindo.

***

Graças à Tina, Scorpius tinha conseguido rapidamente comprar tudo que precisava. Depois que saíram da loja, ela sugeriu que eles almoçassem juntos e Scorpius concordou na hora, tudo para demorar um pouco mais para voltar para casa.

Tina o levou para um restaurante tailandês, e ele descobriu que os dois tinha em comum o amor por comida picante. Scorpius raramente tinha a chance de ir em um restaurante como aquele, porque Rose não aguentava nem a comida com a menor quantidade de pimenta possível, e os dois quase sempre comiam juntos.

Não que isso fosse um problema, Scorpius já estava acostumado e ele ainda podia pedir a opção picante no cardápio dos restaurantes, ou colocar pimenta em seu prato. E ele, também, não sabia por que não conseguia parar de pensar em Rose quando estava com outra garota.

Tina era legal e divertida, e ele estava feliz em encontrá-la. Eles trocaram os números, e prometeram que iria se encontrar de novo no verão.

Scorpius já havia saído com várias garotas, mas por algum motivo, Tina o fazia pensar em Rose. Pensar se Rose iria sentir como ele se sentiu vendo ela dançar com Luke se soubesse que ele estava saindo com Tina.

***

Rose e Albus finalmente estavam de volta no final de semana seguinte. Scorpius havia se encontrado com Tina duas vezes naquele meio tempo. E ele gostava de ficar com ela, mas era bom poder ver sua melhor amiga de novo.

Nem esperou Rose o ligar, foi direto para a casa dela. E para a sua sorte, Hermione Granger, abriu a porta. Ela deixou Scorpius entrar sem nem avisar Rose, e ele subiu as escadas correndo, indo em direção ao quarto dela.

Bateu na porta e esperou Rose gritar um “Pode entrar!” do outro lado.

Ela revirou os olhos quando ele entrou.

— Você não podia nem esperar até eu te ligar — comentou com a voz séria, mas a expressão em seu rosto era relaxada, o que mostrava que não estava irritada.

Rose estava sentada na poltrona do lado de sua janela, lendo um livro que parecia ter mil páginas.

— O que está lendo? — perguntou Scorpius se aproximando.

— Brandon Sanderson — respondeu, levantando a capa para que ele pudesse ver The Way of Kings. O livro realmente tinha mais de mil páginas e Rose estava quase na metade.

— Você finalmente está lendo! — exclamou Scorpius, animado. — Recomendei tantas vezes esse para você.

Rose revirou os olhos.

— Eu sei, mas tem mil e sete páginas e eu sou preguiçosa — argumentou. — Agora que já estou na metade não consigo mais parar de ler, por isso não te liguei.

— Tudo bem, já que você está finalmente lendo The Way of Kings eu não vou te atrapalhar — disse indo para o outro lado do quarto de Rose, onde ficava a cama dela e a parede com uma grande estante. Scorpius olhou cada uma das prateleiras até encontrar um livro que o chamasse atenção.

From Blood and Ash — leu o título em voz alta. — Acho que nunca li esse.

— Você não vai gostar — falou Rose, rápido demais para que Scorpius achasse suspeito.

Ele olhou na direção dela, e se surpreendeu ao ver que Rose lia o seu livro como se não tivesse acabado de falar com ele.

— Vou ler esse — concluiu Scorpius para provocá-la.

Rose bufou, mas não disse mais nada. Então ele se jogou na cama dela e começou a ler.

Scorpius entendeu logo nos primeiros capítulos o porquê de Rose ter se exaltado para dizer que ele não iria gostar. O livro era a história de uma mulher que era tratada praticamente como um ser sagrado para o reino, e por isso vivia presa em uma mansão sem poder fazer muita coisa, até que ela resolve fugir e conhece um guarda muito atraente. E então eles têm uma conversa muito interessante... na cama.

Scorpius riu em voz alta.

— Rose, eu não... — começou, mas sua voz logo morreu quando encarou a amiga e viu que o sol estava batendo forte na janela, e no rosto dela. — O sol não está de incomodando?

Rose negou.

— Não tá tão ruim.

— Tem bastante espaço aqui na sua cama... — disse com malicia para irritá-la. Mas logo lembrou da cena que estava lendo e sentiu suas bochechas corarem.

Pigarreou, torcendo para Rose não olhar para ele. Felizmente, ela continuou com os olhos presos no livro.

— Estou bem aqui.

Scorpius suspirou. Ele não podia acreditar que Rose estava confortável com o sol batendo tão forte em sua cara. Deveria estar com preguiça de se mexer, por estar muito entretida com o livro. E ele podia ver como ela cerrava os olhos para conseguir ler melhor.

Scorpius se levantou da cama e foi até onde Rose estava pegou o livro que estava lendo e o segurou na frente da janela, bloqueando o sol.

Pela primeira vez, Rose parou de ler para olhar para Scorpius. Ela levantou o rosto o vendo bem em cima dela.

— Você vai ficar aí até eu terminar de ler?

— Vou — respondeu confiante.

Rose revirou os olhos e voltou a ler o livro. Porém, não demorou nem um minuto para ela o encarar novamente.

— Você não pode ficar confortável parado com o braço estendido assim — disse nervosa.

— E você não pode estar confortável com o sol tão forte batendo no seu rosto — retrucou.

Rose respirou fundo e se levantou da poltrona. logo em segui se jogou na própria cama. Scorpius sorriu vitorioso e se jogou do lado dela, recebendo reclamações da amiga.

Ele não ligou e voltou a ler o livro questionável.

— Rose — chamou depois de uns minutos. Ela não o encarou, mas sabia que estava prestando atenção nele. — Não gostei do livro.

Rose o chutou com a perna, pegando-o de surpresa e por muito pouco, Scorpius não caiu da cama.

— Então não leia! — respondeu fingindo estar mal humorada, mas no fim não conseguiu controlar o riso.

Ela ainda olhava para o livro, e Scorpius quis que ela o encarasse mais uma vez. Provavelmente, conseguia sentir o olhar dele sobre ela.

— Senti sua falta — falou em um sussurro.

Rose sorriu, e virou a cabeça para encará-lo.

— Eu sei.

Scorpius sabia que não iria receber um “também senti a sua falta” de volta, mas ele também sabia que ela havia sentido. O olhar dela dizia isso, e aquilo era o suficiente.

***

Scorpius passou seus dias com Rose e Tina. Ele falava de Rose para Tina, afinal ela era grande parte da sua vida. Mas nunca conseguia falar de Tina para Rose. Não sabia por que, não era a primeira vez que ele saía com uma garota e nunca escondeu as garotas que saía de Rose. Era, inclusive, a primeira pessoa que ele contava.

Talvez fosse porque ele não soubesse definir o relacionamento dele com Tina. Não sabia se eram apenas amigos ou algo a mais, nunca haviam se beijado, mas sempre flertavam um com o outro. E ele não era burro para não notar que ela estava interessada nele.

Mas não sabia dizer se ele sentia o mesmo. Nunca havia pensando tanto sobre uma possível ficada, será que ele gostava mesmo de Tina?

E foi no meio de agosto que eles se beijaram pela primeira vez.

Tina o havia chamado para ir na casa dela, os pais estavam viajando para Portugal e ela tinha a casa só para ela. É claro que Scorpius suspeitava do que iria acontecer, mas ainda assim se pegou sentindo-se surpreso quando os lábios de Tina encontram os seus.

Eles beijaram por o que pareceu serem horas naquele dia, e se beijaram muitas outras vezes depois.

Scorpius havia falado sobre Tina para Albus, que ficou bem surpreso em ver o amigo em um possível relacionamento. Porém, não conseguiu encontrar o momento certo para contar para Rose.

E no fim não precisou contar.

Estava deitado em sua cama lendo quando sentiu seu celular vibrar com uma mensagem.

rose :

você está saindo com alguém? (20:45)

 

Não conseguiu deixar de ficar surpreso e nervoso depois de ler a mensagem.

 

Scorpius:

albus te contou? (20:46)

 

Ela respondeu mais rápido que ele imaginava:

rose :

então é verdade (20:46)

inez anda falando que viu você beijando uma menina de cabelo preto na rua (20:47)

 

Ele xingou em voz alta. Nem nas férias conseguia se livrar da fofoqueira. Não era assim que ele queria que Rose descobrisse sobre o seu relacionamento. Começou a digitar uma desculpa, quando outra mensagem chegou:

rose :

por que não me contou? (20:48)

você contou para albus (20:48)

 

Não deveria mesmo ter enviado aquela mensagem. Agora seria difícil se explicar.

 

Scorpius:

desculpa (20:49)

eu ia te contar (20:50)

 

rose :

tudo bem (20:50)

não é da minha conta mesmo (20:50)

 

Scorpius não gostou daquela mensagem. Não parecia que estava mesmo “tudo bem”, e ele não queria brigar com Rose.

 

Scorpius:

você está brava? (20:51)

 

Encarou o telefone esperando por uma resposta que nunca veio.

***

Rose estava brava com ele.

Ela apenas respondia suas mensagens com “sim” e “não”, e vivia inventando desculpas para não sair com ele ou deixar ele visitá-la.

Scorpius pediu para Albus conversar com Rose sobre a situação, mas não deu certo. Ela desviada do assunto com o primo e ficava mal humorada.  Scorpius entendia que vacilou em não contar para ela, mas o drama que ela estava fazendo por conta disso era completamente sem sentido. Não era como se ele houvesse escondido que estava noivo. Nem ao menos sabia se o que ele e Tina tinham podia ser considerado um namoro, os dois nunca quiseram discutir o assunto.

Decidiu, então, que não iria insistir mais. Se Rose queria ser a infantil da história, ele deixaria que ela fosse.

Scorpius havia acabado de sair da Floreios e Borrões com um livro novo, quando recebeu uma mensagem de Tina perguntando onde estava. Ele disse que ia pegar o ônibus e ela disse que o buscaria no ponto de ônibus.

Assim que Scorpius enviou um “ok” seu celular começou a tocar, mostrando que estava recebendo uma ligação de Albus.

— Scorpius — chamou, antes que Scorpius pudesse dizer algo. — Você viu a Rose?

Parou, confuso, no meio da calçada.

— Não, ela não fala comigo há dias — respondeu. — Aconteceu alguma coisa?

Ouviu Albus suspirar do outro lado da linha. Ele parecia estar cansado.

— Ela teve uma briga feia com Roxy — explicou. Roxanne era uma das milhares primas dos dois. — Não sei direito que aconteceu, mas acho que foi algo envolvendo o Luke.

— Luke? — perguntou confuso. Scorpius tinha ficado irritado com Rose escolhendo dançar com Luke e não com ele no baile, mas no fim aquele assunto havia sido encerrado e ele tinha certeza de que Rose não tinha mais se encontrado com Luke depois disso, pelo menos ela não tinha contado nada sobre isso. Mas ele também não estava na posição de esperar que ela fosse contar sobre sua vida amorosa.

— Eles saíram e se beijaram, e a Roxy viu — contou. — A Roxy gosta do Luke e a Rose sabia, enfim, foi um desastre.

Scorpius estava bem confuso, aquilo não parecia ser algo que Rose faria. Ela era muito próxima dos primos e não os magoaria de propósito.

— E você não consegue falar com ela?

— Não, ela não me atende.

Scorpius não sabia se Rose o atenderia, eles não estavam se falando. Mas ele não conseguia deixar de ficar preocupado com ela.

— Ok, vou tentar ligar para ela. Qualquer coisa te aviso.

Desligou e voltou a caminhar até o ponto de ônibus. Já estava parcialmente escuro, e a rua quase vazia.

Procurou pelo número de Rose na lista de contatos e, assim que ligou ouviu um celular tocar perto de onde ele estava. Olhou para frente e viu uma garota sentada no ponto de ônibus. Era Rose, ele a reconheceria em qualquer lugar.

Como esperado, ela não atendeu a ligação, nem mesmo pegou o celular para ver quem estava ligando. Scorpius apertou desligar e colocou o aparelho de volta no bolso. Aproximou-se de Rose e notou que ela estava chorando.

— Rose? — chamou sentando-se do lado dela no banco.

Rose o encarou com os olhos arregalados, tomando um susto em vê-lo ali. Ela tentou em vão secar as lágrimas, mas os olhos vermelhos eram impossíveis de disfarçar.

— Scorpius — disse, surpresa. — O que faz aqui?

Ele levantou a sacola que segurava em uma das mãos.

— Vim comprar um livro — respondeu. — E você?

— Também — disse com a voz fraca. Tentou sorrir, mas não foi um sorriso muito convincente. — Mas não conseguia parar de chorar.

Scorpius respirou fundo, ele temia que ela fosse embora por não querer conversar com ele. E ele não podia deixar sua melhor amiga naquele estado.

— Albus me contou o que aconteceu.

Rose soltou uma risada sarcástica, sem olhar para ele.

— Claro que contou...

— Por que você fez isso? — perguntou indo direto ao ponto.

Rose chorou um pouco mais antes de responder.

— E-eu não sei — disse, e Scorpius segurou a vontade que sentia de secar as lágrimas dela. Não queria que ela se assustasse com ele. — Ciúmes?

— Da Roxy? — questionou confuso. Não fazia sentido a Rose sentir inveja da prima, a não ser que ela realmente gostasse de Luke Zabini. Scorpius não queria pensar naquela possibilidade.

— Não — respondeu rápido e ele se repreendeu por quase suspirar de alívio. — Eu não sei. Sou a pior pessoa do mundo.

Scorpius se aproximou dela.

— Você não é a pior pessoa do mundo, existem muitas pessoas piores — assegurou, e depois soltou um sorriso fraco. — Eu me sinto a pior pessoa do mundo por não saber o que está acontecendo com minha melhor amiga.

Rose levantou a cabeça para encará-lo, e os dois tomaram um susto com a aproximação de seus rostos. Ele pigarreou e se afastou um pouco.

— Não é sua culpa, Scorpius — disse ela. — Por favor, não diga isso.

Scorpius perdeu para o seu autocontrole e aproximou a mão do rosto dela para sacar as lágrimas. Era difícil não fazer nada quando ela o olhava nos olhos. Porém, antes que seus dedos pudessem tocar no rosto dela, um barulho alto de buzina fez com que os dois se afastassem.

Scorpius olhou para o carro parado na frente do ponto, reconheceu na hora o carro de Tina.

— É a sua namorada? — perguntou Rose em voz baixa.

— Ele não é... — começou Scorpius, sem saber por que queria tanto se explicar.

— Você deveria ir. — Ela o interrompeu.

— Rose... — Scorpius não podia deixar sua amiga assim. Tina iria entender.

— Por favor vá — pediu Rose de uma maneira que o deixava sem opção.

Scorpius respirou fundo.

— Responda minhas mensagens.

Rose não disse nada, mas concordou com a cabeça.

Scorpius conseguia sentir o olhar dela em suas costas, enquanto entrava no carro.

— Aquela era a Rose? — perguntou Tina assim que ele fechou a porta. — Ela parece bem triste.

— Sim, mas não precisa se preocupar — respondeu Scorpius. Ele queria sair dali o mais rápido possível ou acabaria abrindo a porta do carro e indo até a melhor amiga.

— Ok — concordou Tina. Ele notou que as mãos de Tina aprestaram o volante com uma força exagerada. — Posso ser egoísta às vezes.

Scorpius não entendeu o que ela quis dizer com aquilo, mas Tina parecia estar falando mais consigo mesma do que com ele.

Eles foram para a casa de Tina, passavam muitas noites lá já que os pais dela nunca estavam em casa. Mas Scorpius estava mais distraído do que o normal. Enquanto a beijava, não conseguia parar de pensar em Rose chorando sozinha naquele ponto de ônibus. Sua consciência dizia que ele não deveria ter a deixado lá, mesmo que ela tivesse pedido.

Tina interrompeu o beijo.

— Vamos terminar — disse, tirando Scorpius dos seus pensamentos.

— O quê?

— Nem ao menos sei exatamente o que estamos terminando — continuou nervosa. — Mas acho melhor eu parar de te ver.

— Tina... — começou Scorpius completamente confuso, mas ela o interrompeu.

— Você gosta da Rose.

Ele a encarou como se ela tivesse falado o maior absurdo do mundo. É claro que ele não gostava da Rose. Ou melhor, gostava dela, mas apenas como uma amiga.

— O quê? — indagou perplexo. — Eu não gosto da Rose.

Tina fechou os olhos. Ela parecia tão frágil naquele momento. Mas, quando os abriu, estava muito mais determinada.

— Eu sei que você gosta dela desde a primeira vez que me falou sobre ela — contou. Scorpius abriu a boca para protestar, mas Tina não o deixou falar. — Nunca conheci Rose, mas vejo como o seu rosto ilumina toda vez que fala dela. Foi erro meu, sair com você sabendo que você gosta de outra.

Scorpius estava sem reação. Ele não conseguia processar tudo que ela havia dito, mas sentiu a necessidade de dizer algo.

— Tina, me desculpa.

Tina parecia estar se segurando muito para não chorar.

— Vai embora — pediu, sua voz saiu trémula tentando controlar as lágrimas.

Scorpius não sabia o que fazer, nem o que pensar. Por fim, decidiu que a melhor escolha a se fazer era obedecer o pedido e ir embora.

***

Scorpius achou que o término do relacionamento dele e de Tina seria mais doloroso. Contudo, chegava a ser vergonhoso o quão rápido ele a havia esquecido. Porque Rose ainda o tratava estranho, mesmo respondendo com mais palavras as suas mensagens. E ele sentia falta dela como nunca havia sentido antes.

E também não conseguia parar de pensar nas palavras de Tina, sobre ele gostar da Rose.

Scorpius nunca foi muito bom em explicar os próprios sentimentos, mas no momento que ele pensou na possibilidade de gostar da Rose pareceu tão fácil explicar por que gostava dela. Afinal, por que ele não gostaria?

Era vergonhoso pensar a quantidade de anos que demorou para que ele notasse.

Será que Rose sentia o mesmo? Ele nem ao menos sabia se ela ainda o via como amigo.

O último ano de ensino médio havia começado, e tudo parecia diferente. Rose não tinha uma aula sequer com ele, e Scorpius sentia que era de propósito.  

Ele pensou que talvez a relação dos dois fosse melhorar depois que as aulas começassem, mas se sentia mais afastado ainda de Rose. Não fazia ideia como iria contar para ela o que sentia, contudo queria que eles pudessem ser amigos de novo. Tudo bem se ela não correspondesse aos seus sentimentos, mas viver longe de Rose era muito mais doloroso do que ser rejeitado.

Albus o contou que Jia Chang havia tido a ideia de dar uma festa na casa de Rose para levantar o astral. Já que os pais de Rose estariam visitando a avó dela no final de semana. Algumas pessoas haviam sido convidadas e, de acordo com Albus, Jia havia feito questão de dizer para Albus que Scorpius não estava convidado.

Mais um motivo para Scorpius não gostar de Jia.

Pensou em realmente não ir, mas aquela seria a oportunidade perfeita de conversar com Rose. Ela não podia fugir dentro da própria festa.

Scorpius estava tão nervoso enquanto parava na frente da casa de Rose. Será que ela ficaria feliz em vê-lo? Ou realmente não queria que ele fosse para festa?

O pior que poderia acontecer era Jia jogar alguma bebida na cabeça dele e o chutar para fora da casa.

Respirou fundo e entrou pela porta da frente, que estava abeta. Percorreu os corredores lotados de pessoas a procura de Rose. Ele realmente odiava a aglomeração o empurrando para os lados, mas tudo valeria apena quando a encontrasse.

Rose estava na cozinha conversando com Roxanne — Albus tinha dito que elas tinham feito as pazes —, e felizmente não tinha sinal algum de Jia estar por perto.

Mesmo sem que ele dissesse nada, o olhar de Rose encontrou o dele na porta da cozinha. Ela não parecia triste em vê-lo, mas também não parecia feliz.

Pensou se deveria ir até ela, mas seus pés não pareciam se mover. Felizmente, Rose se despediu de Roxy e se aproximou dele.

— O que faz aqui? — perguntou confusa. Scorpius sentiu o coração acelerar, não sabia se era de nervosismo ou se era por ouvir a voz dela pela primeira vez depois de tanto tempo.

— Eu queria conversar com você — explicou. — Você não queria me ver aqui?

Rose sorriu de leve, deixando-o um pouco mais relaxado.

— Jia não queria — disse. Scorpius fez uma careta, que fez com que Rose soltasse uma pequena risada. Ele não conseguiu segurar o sorriso, por tê-la feito rir.

Rose pediu que ele a seguisse o levando até a varanda, onde poderiam ficar a sós.

Ela foi a primeira a falar:

— Desculpa, eu andei sendo uma péssima amiga — começou. Scorpius observou ela encarar o chão, como se estivesse tomando coragem para encará-lo. — Estou confusa com algumas coisas e descontei em você.

— Rose — chamou para que ela o olhasse. — Eu e a Tina...

— Você não precisa falar. — Rose o interrompeu. — Fico feliz que você tenha encontrado alguém.

— A gente terminou — explicou, recebendo um olhar de espanto dela. — No final de agosto, na verdade. No dia que te encontrei chorando no ponto de ônibus.

A expressão de Rose ficou confusa, e ele preferiu não esperar ela falar, antes de soltar tudo que estava guardando dentro de si.

— A razão que eu não te contei sobre Tina quando começamos a sair, é porque... — Respirou fundo, pensando que não teria outra chance de conversa com ela tão cedo. Não sabia quando Jia ou outra amiga de Rose poderia aparecer e interromper os dois. Era agora ou nunca. — É porque eu gosto de você, Rose. Eu não sabia na época, mas não queria contar para a garota que eu gostava que estava saindo com outra.

Ele riu das suas próprias palavras.

— Me sinto muito idiota agora.

— Por quê? — Rose perguntou, e ele a olhou confuso ao não entender a pergunta. Ela notou a confusão no seu olhar e completou: — Por que você gosta de mim?

A expressão confusa de Scorpius sumiu e um grande sorriso se formou em seu rosto.

— Rose, você é a pessoa que eu conheço melhor nesse mundo, e eu gosto de tudo sobre você — explicou, deixando-a sem palavras. — Eu não preciso de uma razão para gostar de você, eu gostei de você a minha vida toda. Não deveria ter demorado tanto tempo para notar isso.

No segundo seguinte Rose estava nos braços, a cabeça apoiada em seu ombro. Scorpius quase tropeçou por conta do susto, mas não demorou para recompor o equilíbrio e para envolver o corpo dela em seus braços.

Rose respirou fundo, e ele sentiu a respiração dela fazendo cocegas no seu pescoço.

— Eu também demorei — disse ela. — Não sabia o quanto gostava de você até ter que te dividir com outra pessoa.

Scorpius a abraçou com mais força, e ela relaxou em seus braços.

— Me desculpa Rose, por demorar tanto — pediu. — Eu senti muito a sua falta.

Rose se afastou um pouco, o bastante para poder olhá-lo nos olhos.

— Eu também — disse sorrindo. — Senti muito a sua falta.

E quando Rose o beijou, Scorpius não pensou em mais nada que não fosse a garota em seus braços.  

Ele ainda tinha apenas 17 anos, mas tinha certeza de que nunca sentiria por ninguém o que sentia por Rose Weasley.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado (principalmente você Black), e que tenha aquecido o coração de todo mundo.
Fiquei triste pela minha august girl me apaguei a ela kkkk
Obrigada para quem leu até o final, comentários são bem vindos ♥

Beijos, Violet