A Crush Tale escrita por CrushHP


Capítulo 1
Relacionamento, Desafios e Previsibilidade.


Notas iniciais do capítulo

Querida amiga secreta, espero que goste. Foi escrito com carinho! ♥



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Rose sempre sonhou em se apaixonar desde muito jovem, assim como seus pais. 

Pode ser um pensamento bobo que apenas uma criança teria, mas ela não estava realmente se importando com o que isso implicaria. No futuro, ela poderia culpar seus pais por decepções amorosas, afinal eram eles que tinham um relacionamento muito difícil de igualar.

 Sua mãe contou muitas histórias sobre como se apaixonou pelo pai de Rose, mas todas elas, ela sabia, foram consequências dos anos de escola que eles compartilharam como melhores amigos. 

Hermione Weasley disse que seu crush por Ron iniciou-se desde o momento em que ele a salvou de um trasgo com um feitiço que ela o corrigiu durante a aula. Era um absurdo romântico, mas a pequena Weasley também era romântica demais para seu próprio bem.

É claro, Rose não queria precisar de um salvador, afinal ela se considerava perfeitamente capaz de se salvar sozinha. Contudo, até mesmo a Rose de nove anos sabia ser improvável que um ser como um trasgo sequer aproximar-se de um banheiro nos corredores de Hogwarts, então ela não tinha muito com que se preocupar.

Rose definitivamente não precisava e não queria um salvador. Ela queria alguém como seu pai que apoiava todas as decisões de sua mãe em relação ao seu trabalho, que discutia aos gritos com sua mãe por ser teimosa quando achavam que ela e Hugo não estavam próximos (Os dois irmãos sempre os pegavam beijando na cozinha quando faziam as pazes.) Ela queria alguém que a abraçasse em frente à lareira nas noites frias e dissesse "Eu te amo" apenas porque sim, como seu pai fazia. 

A pequena Rose de nove anos podia ser completamente ingênua aos desafios do mundo bruxo a fora, mas disso ela tinha certeza. Ela ansiava por um relacionamento bem sucedido em sua vida adulta e queria fazer amigos, se apaixonar ao longo do caminho e ter um final feliz digno de um bom filme trouxa. 

Mas nem sempre as coisas ocorrem como o planejado.

Ela não suspeitava que demoraria tanto pra fazer amigos quando finalmente fosse para Hogwarts, sofreria Bullying por causa de seus cabelos estupidamente bagunçados e teria um inimigo que a perturbaria durante seus futuros anos de estudos.

Vamos apenas dizer que não foi um bom começo. 




○•○•○•○



Rose foi, obviamente, escolhida para a Grifinória onde seus pais estavam. James era seu primo mais jovem estando apenas no segundo ano e ela esperava que ele a acolhesse já que Al havia sido escolhido para a Sonserina e ela não conhecia ninguém lá além de sua família.

(Quem, em nome de Merlin, previu isso acontecendo? Al, um sonserino!)

Mas se Rose estava triste por não ter seu melhor amigo na mesma casa que ela, James estava enraivecido por seu irmão estar na casa verde. Na noite anterior, depois de passar o banquete inteiro emburrado, Fred tentou brincar com ele sobre o assunto. 

Algo sobre os olhos Potter ficarem mais vivos nas masmorras. James conseguia parecer ainda mais vermelho em seu lugar da mesa.

James gritou e todas as mesas foram capazes de ouvir seu uivo infantil:

"UM POTTER SONSERINO, UMA VERGONHA."

A mais nova membro da casa vermelho quase derramou seu pudim com o barulho de seu primo. Ela quase se esqueceu de observar a reação de Al.

Ela viu Albus se encolher em seu canto, se ela estivesse próxima a ele, ela sabia que veria seus olhos verdes brilhando em lágrimas não derramadas. Rose queria estar ao seu lado para confortá-lo. Dizer que seu irmão estava apenas sendo o pé-no-saco de sempre, mas ela não podia levantar no meio do banquete. 

Rose acreditava que o idiota do James merecia um belo sermão de tia Ginny por ser um esnobe, mas ela também sabia que ele estava meio chocado.

James era um idiota, mas ela esperava que ele estivesse menos indisposto pela manhã e voltasse a agir como um ser humano digno.

Ele não voltou. Quando Rose tentou se aproximar dele para perguntar onde seria sua sala de aula de feitiços, James deu-lhe um olhar sujo, como se ela fosse culpada de todos os seus problemas e respondeu:

"Pergunte a alguém do seu ano, meu querido leão ruivo." 

Seus amigos explodiram em gargalhadas e o rosto de Rose esquentou. Extremamente zangada e com cara de poucos amigos, a ruiva passou pelo retrato e correu corredor abaixo. Honestamente, nem foi uma boa piada. Ela nem tinha cabelos muito ruivos, eles eram quase castanhos. Eles eram bagunçados, isso ela não podia negar, mas ela se orgulhava por ser uma das poucas coisas no qual sua aparência relacionava-se com sua mãe.

Isso não impediu que os amigos idiotas do seu primo, agora não tão querido, entoassem o apelido pelos próximos dias. Ela já os odiava.

Seu primeiro dia só piorou a partir dali.  Ela foi para o café da manhã (depois de se perder no caminho mais de uma vez) e sentou-se sozinha. Seus outros primos já haviam descido e ela era a última de sua família na mesa da Grifinória. , Lysander um terceiro ano da Corvinal e filho da tia Luna a cumprimentou, enfiou seus pães de canela na boca e correu para a aula. 

Ela nem teve tempo para comer direito antes de correr escadas acima para a aula de feitiços. Por sorte, ela encontrou uma lufa-lufa de seu ano que sabia para onde estava indo. Os corredores eram um mar de caminhos parecidos e escadas que mudavam constantemente, Rose demorou semanas para não se perder facilmente.

Sua primeira aula foi enfadonha por já ter lido todos os livros no verão e praticado escondida, então Rose ficou divagando em sua mente até o final. A ruiva tinha problemas de concentração desde jovem e sua mente não conseguia ficar parada e assistindo ao conteúdo ao qual ela praticamente decorou no verão.

Ela poderia se perder em sua cabeça até o final da aula.

Não antes de ser envergonhada em público quando a professora chamou seu nome diversas vezes antes da garota da sua mesa a cutucar forte no estômago. 

Na frente da sala e com a atenção de todos, a professora Patil pareceu extremamente desapontada quando fez sua pergunta e Rose, muito aérea pra lembrar de qual assunto a mesma se referia, não soube responder. 

"Nada como sua mãe, eu vejo." Seu murmúrio foi baixo, mas no silêncio da sala sua frase reverberou e todos olharam para ela com pena em suas expressões. Seus rosto parecia muito com o vermelho do brasão de sua casa e a Weasley sentiu-se ainda pior. 

O restante do dia correu tão ruim quanto. Rose sentou-se no fim da sala de transfiguração e recusou-se a levantar a cabeça. Nenhuma pergunta foi dirigida para ela e isso ao menos a fez ficar menos na defensiva.

Corvinais e Grifinórios saíram correndo no final da aula para o almoço, mas Rose apenas comeu uma maçã do café da manhã  e procurou a sala de defesa contra as artes das trevas. Ela foi a primeira a sentar e esperou impaciente enquanto os alunos entravam, nem mesmo reconhecendo sua presença. 

Al sentou-se ao lado dela quando entrou e a cutucou levemente. 

"Hey, Rosie. Como foi seu primeiro dia?"

Ela nem mesmo levantou a cabeça da mesa ao gemer:  

"Horrível. O seu?"

Ela esperava uma resposta parecida, afinal, ele era o que devia estar se sentindo deslocado. O único Potter na Sonserina após muitas gerações. O que ele disse, no entanto, a surpreendeu:

"Bom, eu acho. Fiz um amigo."

Ela definitivamente levantou a cabeça para olhá-lo dessa vez.

Ao lado de seu primo estava um garoto de cabelos loiros e pele pálida da qual ela lembra vagamente da seleção das casas.

Ela estava um pouco adormecida, mas não demorou a associar a imagem a pessoa. Aquele garoto era…

"O Malfoy? Você é amigo de um Malfoy?" 

Rose, é claro, pediria desculpas no futuro próximo pelo modo como o nome Malfoy deixou seus lábios naquela tarde. Ela não notou que olhava para o loiro com ressentimento e uma espécie de nojo e que isso refletiu em sua voz. 

Pelo amor de Merlin, ela queria se desculpar no momento em que as palavras saíram de sua boca.

O garoto Malfoy estufou o peito em indignação e estava pronto para respondê-la com o mesmo tom indigno que ela usou com ele quando o professor entrou e exigiu silêncio.

Malfoy sentou-se do outro lado de Albus, mas Rose conseguiu distinguir perfeitamente o xingamento que saiu de seus lábios:

"Garota burra."

Rose continuou em silêncio durante a aula inteira, apenas acenando aos comentários de Al e ignorando o loiro ao lado de seu primo.

Antes de sair da sala, porém, Rose respirou fundo e disse ao novo amigo de Albus:

 "Malfoy, eu devia ter sido mais legal. Al gosta da sua companhia. Eu não tive um bom primeiro dia e agi mal com você. Sinto muito."

Ela estava estendendo a mão para cumprimentá-lo, mas ele se virou e foi para a porta sem olhar para trás.

Ele apenas deu de ombros rapidamente em reconhecimento a suas palavras e seguiu seu caminho com aquela postura que faria o mais aristocrático dos homens invejar. Ele nem dignou-se a olhá-la.

O sorriso verdadeiro de Al fez valer a pena, no entanto. 

"Obrigado, Rose."

Já em seu dormitório, depois de um jantar calmo e bem longe dos membros de sua família que pareciam muito bem sem ter sua presença entre eles, (Roxanne, Fred, James e Molly riam juntos durante todo o jantar) Rose deixou suas lágrimas correrem pelo seu rosto silenciosamente. 

Em um dia ela conseguiu ser chamada de burra por vários motivos e de formas diferentes. 

James a fez parecer incapaz de encontrar um caminho para a aula, A professora conseguiu insinuar que ela não era tão inteligente quanto sua mãe e Malfoy a chamou de burra bem na sua frente. 

De tudo, as duas palavras de Scorpius foram as que mais machucaram porque eram as únicas verdadeiras. 

Ela era perfeitamente capaz de encontrar o caminho para as aulas, buscar por James era um jeito de não ficar sozinha em seu primeiro dia. A professora Patil agiu injustamente, Rose decorou o livro inteiro e provavelmente sabia mais do que qualquer primeiro ano, ela não precisava de ninguém duvidando de sua perfeita capacidade de guardar informações.

Mas ela havia sido preconceituosa com Malfoy e isso a estava consumindo. 

Sua mãe não contava apenas histórias de amor para Rose, Hermione sempre foi direta quando se tratava de educar seus filhos. No mundo bruxo ser nascido-trouxa com sua mãe era, foi perigoso anos antes. Centenas de bruxos foram perseguidos durante as guerras por preconceito, ódio e rancor.

Presos, torturados e mortos apenas por serem diferentes.

A guerra terminou menos de duas décadas atrás e Rose sabia que o mundo não estava livre de preconceitos, sua mãe deixou isso claro de tantas formas diferentes que ela se sentiu como uma fraude ao lembrar da forma como tratou Malfoy naquela tarde. 

Ela escreveu uma carta para sua mãe naquela madrugada contando como estava se sentindo e o que aconteceu. Rose sentiu-se mais leve após expurgar seus pensamentos e finalmente pegou no sono. 

Aoife, sua companheira de dormitório com um sotaque irlandês forte a acordou na manhã seguinte com um estrondoso: "Acorde, Weasley, vai perder o café de novo."

Dessa vez ela desceu junto com a garota estranhamente alerta para aquela hora do dia. 

Era um novo dia, ela podia recomeçar. 

Rose respirou fundo e adentrou o salão com um sorriso e disse a si mesma que seu  primeiro ano começaria daquele momento.





○•○•○•○



Quase três anos de convivência com o garoto loiro  ensinaram Rose muitas coisas, mas a mais importante delas foi que ela  odiava Scorpius Malfoy com todas as forças do seu ser. 

Aquele estúpido energúmeno tirava sua paz desde o dia em que o conheceu.

Ele a provocava, tirava sarro de seus cabelos (o que não fazia o menor sentido visto que ela os achava lindos) e não perdia a oportunidade de se mostrar mais inteligente do que ela.

Aquele dia foi outro dia da qual a oportunidade não escapou. Era o último jogo da temporada e a decisão estava entre Corvinal e Lufa-lufa. Sonserina e Grifinória perderam a chance da vitória nos últimos jogos, não era mistério algum. As casas azul e amarela tinham ótimos times desde o ano passado e enquanto a Lufa-Lufa buscava um bicampeonato, Corvinal precisa da vitória depois de cinco anos sem a taça. 

 

Rose com toda a sua inteligência e pensamento estratégico era uma assídua torcedora da Lufa-lufa que obteve ótimos resultados contra a Sonserina e tinha o apanhador mais rápido (além de seu abismo pelo batedor do quarto ano que ela pode ter tido seu primeiro beijo num jogo de verdade ou desafio em Hogsmeade. Ela não estava realmente assumindo isso).

Scorpius, ao contrário de Rose, definitivamente não torcia para qualquer casa que não fosse a sua. No entanto, depois da prima maluca de seu melhor amigo afirmar repetidas vezes que a casa amarela venceria o jogo e toda a mesa da Sonserina concordar com ela pela terceira vez naquela manhã de sábado que precedia a partida, Scorpius tomou uma decisão. 

"Aposto 2 galões e 5 Sicles que a Corvinal ganha o jogo." Já que era todo o dinheiro que ele tinha em seus bolsos no momento.

O olhar de ultraje no rosto de Rose valeu a pena.

Ok, nesse momento Scorpius tinha que assumir algo para seu próprio bem. Ele tinha uma queda por Rose Weasley. 

E ele não estava falando isso como um garoto bobo e apaixonado ( O que ele totalmente não era) que vivia suspirando pelos cantos por uma garota. Scorpius estava assumindo um fato puro e simples. Ele tinha uma queda por tudo relacionada à garota ruiva em sua frente.

Tudo começou mais de um ano antes quando ele descobriu. Ao longo do seu segundo ano ele viu que tinha uma queda por diversas garotas, todas elas mais velhas e fora do seu alcance, apenas Rose (que estava fora do seu alcance de uma forma completamente diferente) permaneceu em seus pensamentos. No começo ele acreditou ser a convivência, afinal, eles não se suportavam e apenas passavam tempo juntos por causa de Albus. 

Ela dificilmente era atraente quando ele se viu pensando demais nela, sem os atributos pelo qual a maioria dos caras era atraído. Pelo amor de Merlin, eles eram ambos pré-adolescentes na época. 

Mas seus olhos queimando quando ele a insultava de forma inteligente durante suas refeições juntos (Albus Potter era um amigo muito persuasivo que não mediu esforços para juntar seus dois melhores amigos para o almoço durante todo santo dia.) deixaram uma marca permanente em seu cérebro. 

Suas risadas aos fins de semana quando ela brincava nos terrenos do castelo com seu Pigmeu o faziam sorrir involuntariamente. 

E é claro, suas discussões épicas o arrepiam até os ossos como essa que estava prestes a começar.

Scorpius notou o silêncio na conversa da mesa da Sonserina, seus colegas de casa estavam sempre à espera de uma discussão entre ambos.

Rose o olhava com uma carranca enquanto perguntava:

"O que?"

"Aposto que a Corvinal ganha." Ele deu de ombros. O rosto de Rose ficou vermelho quanto ele sorriu presunçoso.

"Você está apostando apenas para discordar de mim." 

Ele deu de ombros novamente. Ela não estava mentindo.

"Ou você não tem tanta fé no seu namoradinho como diz ter."

E aí estava. Ele não podia deixar de se deliciar quando o rosto de Rose esquentou mais e ela o olhou com um desejo de morte. 

Ele era meio sádico, ele sabia. 

"Ele não é meu namorado e isso não tem nada a ver com ele. Lufa-lufa é mais forte."

"Corvinal tem jogadores mais rápidos."

"Lufa-lufa tem o apanhador mais rápido."

"Os batedores da Corvinal acertaram duas vezes mais do que qualquer outro durante esse temporada."

"Tia Ginny diz que Lucy é tão boa quanto ela."

Albus acenou em concordância nessa sentença. A menção de Ginny Potter fez muitas cabeças acabarem também. Scorpius não tinha o que refutar, Lucy Weasley atirava Goles como ninguém. 

"Mas o goleiro da Corvinal é o mais habilidoso desde que Oliver Wood saiu de Hogwarts. Palavras do seu pai, Weasley." Scorpius piscou para ela enquanto levava o suco aos lábios. Ela não podia contestar isso. O comentário do pai dela foi assunto por semanas. Peter, o sexto ano que jogava na posição pela Corvinal, quase desmaiou quando Rose disse a ele como recado de seu pai. 

Rose parecia sem palavras. Seu rosto contraído em descrença. Ela lentamente afundou de volta no banco. Seu cabelo caindo em seus olhos.

Outra coisa sobre Rose: ela era completamente a garota de seu pai. Então era óbvio que ela concordava com ele sobre o goleiro. 

"Eu não tenho dinheiro, Malfoy. Meus últimos centavos foram o presente desse idiota aqui."

Albus protestou quando ela apontou para ele: "ei!"

Ela não estava mentindo, aquelas luvas de pele de dragão que ela presenteou o Potter há menos de uma semana possivelmente foram absurdas de caras. 

Scorpius finalmente terminou de tomar seu suco e sorriu para Rose com aquele olhar que ela conhecia muito bem.

"Tudo bem, eu penso em algo para você fazer quando eu ganhar." 

Os olhos da cacheada se estreitaram e ele sabia que ela ia aceitar antes mesmo dela estender a mão e eles selaram o acordo.

Ah, como ele ia adorar isso. Ela podia ser insuportável e ranzinza, mas amava um bom desafio.

Na noite seguinte, uma Rose Weasley com os cabelos tingidos de verde e suas vestes transfiguradas em prata entrava no salão para o jantar com uma nuvem acima de sua cabeça que cantava desafinada: 

"Sonserina, casa suprema, sua sabedoria me envenena."

Seu olhar de nojo puro se transformou em ódio quando a casa verde aplaudiu e Scorpius curvou-se com elegância e piscou para Rose.

Corvinal ganhou por 220-130 em uma virada espetacular que ninguém previu. Nem sempre o apanhador da Lufa-lufa era o mais rápido.

Scorpius sorriu durante todo o jantar.





○•○•○•○

 

"Aquele albino arrogante atrevido de meia tigela!" A voz de Rose cortou o ar quando ela abriu a correspondência e leu o conteúdo.

Hermione sorriu ao levantar a cabeça de seus documentos, que estavam espalhados pela mesa da cozinha e encontrar uma Rose muito descabelada — como sempre — bradando sobre como Scorpius Malfoy era um idiota — como sempre —. 

O garoto loiro era uma constante tão grande na vida de sua filha que Hermione nem se dava ao trabalho de parecer compreensiva aos insultos que ela lançava. 

Ela aprendeu, nos últimos cinco anos, que Rose tendia ao exagero quando falava do amigo de seu primo. 

Ron, que fritava as batatas para o almoço ao estilo trouxa, olhou para sua filha em indagação. 

"Aquele estúpido energúmeno me mandou ingressos do jogo entre Falcons e Puddlemere."

Os olhos de Ron se alargaram e ele desligou o fogão com um aceno de sua varinha. Sua boca abriu algumas vezes antes de algo sair.

"Estou procurando ingressos desse jogo há semanas, Oliver vai se aposentar e todo mundo quer estar lá. Onde diabos esse garoto conseguiu ingressos?" 

Rose, muito ocupada com sua raiva, largou os dois ingressos sobre a mesa e arrulhou:

"Eu não sei. Esse idiota me ouviu dizer que gostaria de ver o jogo e resolveu encontrar os ingressos e ainda escrever na sua maldita carta." A voz de Rose veio logo depois com uma péssima imitação do jovem Malfoy "Espero que goste do jogo, tenha um péssimo Natal já que é óbvio que o Puddlemere vai perder. E ainda escreveu meu nome errado." Sua filha andava de um lado para o outro enquanto Ron ainda encarava os ingressos com admiração. 

"E eu não posso devolver os malditos ingressos, ele sabe disso. Eu preciso assistir o jogo!"

Hermione quase conseguia ver as lágrimas de frustração de sua filha.

"Oh querida, pense pelo lado bom. Você poderá se gabar quando Wood guardar todas as balizas e eles vencerem o jogo." Afirmou Hermione carinhosamente. 

Ela achou que mencionar que os ingressos eram mais parecidos com presentes de Natal, porque Scorpius sabia de sua fascinação pelo Puddlemere United era um pouco demais para sua filha em crise.

Mais tarde, quando Rose finalmente acalmou-se o suficiente para terminar o jantar e subir, Hermione pegou-se rindo. 

"Ron?" 

Eles estavam colocando os pratos na pia para finalmente terminarem o dia em sua sala. Hugo estava xingando baixinho do cômodo próximo enquanto tentava matar zumbis em seu video-game. Ron respondeu cantarolando.

"Sim, querida?" 

"Scorpius é um pouco apaixonado por Rose." 

Ron fez uma careta, mas não negou. As últimas férias de verão onde Scorpius não tirava os olhos de sua filha sempre que estava perto eram uma explicação em si. O que ele não esperava era a próxima frase dela.

"E acho que a Rose pode estar se apaixonando também." 

Ron abriu a boca para negar, mas contevesse. O jogo de gato e rato que os dois adolescentes jogavam era famoso em sua família e sua esposa não foi a única a notar para onde toda aquela animosidade estava indo. 

Hermione  sorriu ainda mais quando seu marido não rebateu, apenas bufou. 

"Que ele melhore seu Xadrez medíocre, então."








○•○•○•○



Foi em meados de julho que Rose assumiu que se sentia atraída pelo idiota loiro. 

 

Ela não sabia exatamente quando foi que começou a notar Scorpius de uma forma diferente do que o idiota-que-eu-aturo-por-amor-ao-Albus-mas-que-detesto-com-toda-minha-alma, só que aconteceu. 

 

No começo ela surtou quando descobriu e isso foi durante uma de suas discussões. 

 

Quando ela o abordou na biblioteca, ele estava sorrindo aquele sorriso estupidamente arrogante que ela tanto odiava enquanto sua nova namorada (também conhecida como antiga, já que eles viviam indo e voltando desde o final do quarto ano) massageava seus ombros levemente. Sim, era exatamente isso que Aisha fazia, francamente.

 

"...Polissuco é incrivelmente complicada, Weasley. Esse é um péssimo projeto que você envolveu Albus e eu. Como diabos você espera que estudemos para os OWLs e façamos uma poção extraordinariamente demorada?" 

 

Ela revirou os olhos para o seu drama descarado.

 

"Ela não é tão complicada, seu hiperbólico. Só leva tempo."

 

"UM MÊS, Weasley." 

 

"Pelo amor de Dumbledore, minha mãe fez isso quando estava no segundo, não pode ser tão difícil. Além do mais, quando o instrutor do OWL de poções perguntar sobre seus trabalhos extras, você não quer passar pelo menos a impressão de que é esforçado, Malfoy?"

 

Ela soube o exato momento que Scorpius cedeu. 

Ele estava pronto para retrucar qualquer estupidez quando Aisha falou com naturalidade "Ela tem um ponto". Ele se recostou de volta na mesa e baixou os ombros em derrota. Aisha piscou para ela e Rose sorriu para a garota. Ela conseguiu.

"Bem, Weasley. Você venceu. Convencer Al é o seu desafio agora." 

Mais tarde ela só lembrava do quanto a opinião de Aisha era importante para ele, que mesmo com todos os seus bons argumentos, foi ela que o fez mudar de ideia. Scorpius nem mesmo hesitou antes de levantar, passar os braços ao redor de seus ombros e sair da biblioteca como se estivessem tão a vontade um com o outro. Eles provavelmente estavam.  

Ela sentiu inveja de Aisha, queria estar no seu lugar. 

Quando notou isso, Rose gritou no travesseiro até ficar rouca e jurou que até o dia seguinte ela esqueceria esses pensamentos absurdos.

Não aconteceu.

E Rose não era idiota. Ela estava muito ciente (talvez até demais) da aparência de Scorpius. As garotas e garotos o achavam atraente. Figura esguia com cabelos loiros e olhos claros. Sorriso gentil. Aquele sorriso estúpido que Rose não conseguia tirar da cabeça.

 

As coisas não melhoraram depois que Malfoy e Aisha terminaram em definitivo no final de março.

Merlin, como Rose estava se corroendo para saber o motivo da separação deles. Ela continuou dizendo para si que era uma forma de ter uma vida amorosa pelas experiências dos outros, não importava que fosse seu inimigo jurado, ela ainda estava meio carente já que nunca teve um namorado decente.

Foi Albus que sanou suas tendências a fofoqueira quando bebeu demais no seu jantar de dezesseis anos. James, que era o maior de idade e um pouco menos arrogante do que quando tinha treze anos, ficou como responsável quando seus pais subiram e não negou a Al suas doses de álcool. 

 

Ele estava rindo como um bobo durante os jogos de tabuleiro e até Rose podia (ou não, ela não estava admitindo) ter tomado um gole daquela substância asqueroso que era whisky de fogo.

Quando um jogo de impostores foi colocado na mesa e Scorpius venceu enganando todo mundo, Al, indignado com a traição de seu parceiro, soltou a bomba em forma de soluço:

"Ele aprendeu com Aisha a como trair, ela é tipo a maior sabedoria do assunto já que colocou um belo par de chifres na cabeça do nosso Scor aqui." 

Lily Luna, a única sóbria de todos e com certeza a mais linguaruda não deixou passar. 

Até Lorcan e Louis, que estavam definitivamente trocando beijos no sofá prestaram atenção.

Scorpius deu um tapa na cabeça de Al e Rose escutou um 'idiota' zangado sair de sua boca. Todo mundo sabia o quanto Malfoy era reservado.

"Um homem sem chifres é um bicho indefeso, Scor" falou Roxanne com uma piscadela de seu lugar a mesa. 

Ele suspirou irritado: "Ela não me traiu, seus intrometidos." Ele não deu mais explicações e parecia esperar que todos acreditassem nele e deixassem o assunto de lado.

Não aconteceu.

Ele devia saber melhor do que isso, tendo convivido com Weasley durante toda a sua adolescência.

"Não é o que Albus falou, Malfoy." Dominique cantarolou de sua lugar no colo de James. Um sorriso astuto nos lábios.

Al, depois de recuperado de seu tapa e ainda choramingando, fungou:

"Eu estava brincando, Aisha é legal demais para isso."

Ele não conseguiu se conter e soltou:

"Ela se apaixonou por um trouxa nas férias de inverno e não quis continuar "enganando" Scor."

 

O loiro não negou a fala do melhor amigo e eles continuaram jogando.

 

Ela nem conseguia sentir qualquer sentimento rancoroso contra a garota. Ela era simpática, bonita, inteligente e muito legal com Rose desde o primeiro dia de aula quando ajudou a Weasley a encontrar sua sala de feitiços.

Aisha era doce e gentil. Metade do cérebro de Rose não conseguia identificar o motivo da Lufa-lufa sequer pensar em namorar Scorpius em primeiro lugar. A outra metade de seu cérebro, a parte mais burra dele, sentia-se em êxtase com a possibilidade de ter uma "chance" já que eles não tinham nada agora. Era um término permanente. 

 

Ela estava ainda mais encrencada porque sabia que Malfoy sabia disso. Ele estava sempre olhando para ela e sorrindo aquele sorriso estúpido que somente ele tinha. 

Ela sorriu de volta pela primeira vez.

(Ninguém se importou em contar a Rose que Scorpius sempre olhou para ela daquele jeito.)







○•○•○•○

 

Foi no natal que Scorpius sentiu seu relacionamento com Rose ficar meio nebuloso. Não só porque eles continuaram a discutir sobre os tópicos mais absurdos e a apostarem sobre as coisas mais bobas da face da terra, mas também por ele pegar Rose o encarando demais em alguns momentos e sorrindo de volta para ele, coisa que ela nunca tinha feito antes.

 

Mas também havia o fato de que Rose o estava beijando nesse momento com muita vontade e ele estava beijando-a de volta. 

Scorpius não estava reclamando.

Rose o odiava, ele tinha pleno saber das circunstâncias de seu relacionamento. Ela o suportava porque o restante de sua família o amava e ele dizia isso com nenhuma pretensão de arrogância. Era verdade. 

Então ele estava um pouco confuso nos últimos meses quando notou as mudanças sutis. 

A Matriarca da família até deu para ele um famoso suéter Weasley em cores prata e cinza para o Natal (Ele não via a hora de contemplar o choque nas feições de seu pai quando ele visse o presente), mas isso não vinha ao caso. Rose o detestava.

Para situar a todos de como a Granger-Weasley acabou atacando a boca do jovem Malfoy com tanta veemência (Scorpius com certeza não estava reclamando disso também) é de extrema importância saber que eles foram um dos poucos alunos que ficaram em Hogwarts para o Natal. 

Hermione, como ministra da Magia, foi a uma conferência importante na América do Sul poucos dias antes do Natal. Decidindo aproveitar e ter um tempo de férias merecido, ela e o pai de Rose planejaram seu descanso em alguma bela praia do continente pelos dias do feriado.

Hugo e Rose concordaram que passar o Natal em Hogwarts era uma ótima forma de evitar a bagunça desordenada da Toca e ainda presenciar um belo banquete. 

Por outro lado Scorpius, recebeu uma carta simples de seu pai que o alertava sobre ficar em Hogwarts ou passar as férias natalinas em algum amigo, já que seus avós decidiram que ficariam na mansão durante o mesmo período. Scorpius odiava Lucius Malfoy desde que se lembrava e seu pai desistiu de tentar aproximá-los há anos, então ficou em Hogwarts pois não estava a vontade de ir para a Toca durante um feriado tão pessoal.

Foi apenas natural que durante o banquete ele e os únicos dois Weasley sentassem juntos, afinal Hugo também o adorava. 

Contudo, algo não natural foi que depois de terminarem o banquete e Hugo correr para a torre da Grifinória, eles ainda permaneceram até todos os alunos mais jovens seguirem seus caminhos. os dois adolescentes  continuaram a trocarem farpas como sempre, até que o diretor Flitwick anunciou o final do jantar e eles tiveram que ir embora. 

Scorpius se levantou para acompanhar Rose até a torre da Grifinória e ela não pareceu se importar, muito envolvida em sua discussão sobre a importância de trato das criaturas mágicas (Scorpius discordava).

Eles estavam no quarto andar quando sua argumentação saudável ficou um pouco mais desordenada.

O que era totalmente culpa do Malfoy que sempre amou ver Rose e seus cabelos descontrolados o olharem com tanta paixão ao gritarem com ele. 

Não, ele não era um sádico. Era apenas Rose que ele gostava nesse estado. Nunca tinha o mesmo resultado em outras garotas.

"...Você é totalmente ridículo! Eu espero que um tronquilho te ataque e tente arrancar seus olhos e você não saiba o que fazer!"

"Agora Weasley, não sejamos tão maldosos em nossos desejos, eu sou muito capaz de domar um tronquilho."

"Por causa das aulas de criaturas mágicas, seu estúpido."

"Não, porque eles são tão inofensivos quanto você, Weasley."

De todas coisas que Scorpius disse, essa pareceu ofendê-la profundamente. Seu rosto caiu em instantes e ela pareceu esquecer completamente da discussão.

"Eu não sou inofensiva."

Malfoy apenas parou no meio do corredor e arqueou uma sobrancelha para ela em descrença, adorando cada minuto secretamente. Foi nesse momento que as coisas seguiram um rumo novo em sua dinâmica.

"Previsível você dizer isso." Scorpius sorriu em desafio. 

Rose estava a um segundo de partir para agressão física, ele podia dizer. 

"Eu não sou previsível, seu-"

"Idiota arrogante?" Ele interrompeu com os lábios subindo em realização quando eles falaram juntos. 

 

Rose parecia que ia explodir. Ele se compadece de seu estado de espírito e tentou aliviar o clima tenso do corredor. Ela também nunca o agrediu, coisa pelo que ele era grato, mas em discussões acaloradas como aquelas ele sabia que Rose o deixaria falando sozinho e ele não queria isso. Ele apreciava sua presença de forma quase não saudável.

"Olhe, Rose, você não machucaria um mosquito se pudesse evitar, não se sinta ofend-"

Ele foi silenciado quando os lábios de Rose grudaram nos seus. Foi realmente muito curto para ele até conseguir processar o que acabara de acontecer. 

Rose se afastou com o rosto mais quente do que antes, mas seu semblante demonstrava uma satisfação convencida. Seus lábios formando um sorriso presunçoso que Scorpius só via quando ela vencia uma de suas muitas discussões.

"Fui previsível o suficiente, Malfoy?"

E o que veio a seguir foi nada menos que uma bela sessão de amassos na sala de aula mais próxima que eles poderam encontrar. 

 

Scorpius não sabia o que pensar depois, mas no momento em que Rose e ele se beijaram, sua mente ficou em branco. Mais tarde ele se perguntaria por que motivo eles demoraram tanto para se agarrarem daquela forma, porque eles pareciam muito bons nisso. Quando os braços de Rose rodearam seus ombros e ele instintivamente agarrou sua cintura para nivelar suas alturas, o jovem loiro só era capaz de sentir e mais nada. 

 

Ele não sabe quanto tempo os dois permaneceram se beijando, mas supôs que foi um longo tempo. Scorpius não foi capaz de discernir exatamente quando fez Rose sentar em uma mesa e ficou entre suas pernas, ou quando as mãos dela entraram por suas vestes e arranharam suas costas, mas ele sabia exatamente o momento em que parou. 

 

"Estamos um pouco rápidos, Rose." Ele sussurrou quando um beijo dele em um ponto no pescoço de Rose a fez suspirar alto. 

Eles respiravam com dificuldade então Rose acenou com a cabeça. Sua voz rouca chegou ao seus ouvidos:

 

"Sim, estamos." 

 

Ele beijou aquele ponto em específico novamente e Rose apertou suas pernas ao lado dele: "Devemos parar, certo?" 

 

Ela apenas acenou com a cabeça dessa vez. Scorpius se afastou levemente. Um tanto confuso para entender tudo.

 

Exatos cinco minutos depois eles estavam na entrada da sala comunal, ambos muito quietos e tensos. 

 

Ao longo do percurso Scorpius viu Rose abrir a boca inúmeras vezes, mas ela sempre desistia antes de sair algum som. E por mais que o loiro não soubesse o que estava acontecendo, ele não queria que eles fingissem que nada aconteceu. 

 

"Nós estamos bem, Weasley?"

 

"Rose."

 

A voz dela saiu mais alta do que ele esperava e Scorpius continuou a encará-la sem entender.

"Você me chamou de Rose, prefiro que você continue assim."

Ele estava atordoado demais para fazer algo além de acenar "ok."

Rose soltou um longo suspiro e o encarou:

 

"Podemos falar amanhã, Scorpius? Eu  realmente estou muito nervosa e a sua presença não tá ajudando."

Ele jurou que saiu sem querer, mas saiu: "Bom saber que te deixo nervosa, Rose." 

E antes que ela pudesse ameaçá-lo com sua varinha por ser um atrevido, ele inclinou-se e plantou um beijo rápido em seu lábios. 

"Só no caso de você decidir nunca mais me agarrar, eu quero guardar esse momento. Boa noite, Rose."

Ele deu dois passos pelo corredor e Rose não se importou que eles já tinham passado do horário de recolher, ela gritou para ele:

"Seu idiota arrogante!" 

 

Apesar de suas palavras, um sorriso enfeitava seu rosto. Scorpius apenas seguiu seu caminho, talvez ela não o odiasse tanto afinal.








 


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