Brick by brick escrita por WinnieCooper


Capítulo 3
A pessoa mais inteligente de seu tempo, criou territórios invisíveis dentro de sua própria casa


Notas iniciais do capítulo

Meus leitores são tão maravilhosos que dá vontade de postar a fic toda de uma vez. Obrigada para quem está lendo e comentando ❤️



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― Há a necessidade de tudo isso?

Ron estava com um capacete, como ele definiu o aparato transparente que Hermione havia feito com magia envolta de seu rosto.

― É para prevenção. E além disso liguei na farmácia e eles virão colher nosso sangue pra ver se estamos mesmo com a doença.

Ela colocava luvas em sua mão e tinha a mesma proteção na face que ele.

― Nós estamos com a doença, NÓS? Eu também?

O homem parecia tenso diante da inédita informação passada a ele naquela manhã interminável.

― Nós moramos na mesma casa, essa semana tivemos relações sexuais e...

― Fazer amor virou relações sexuais? – Ele fez uma careta descrente a ela.

― Ron, estou tentando raciocinar, se estou com a doença não adquiri ela ontem, o vírus provavelmente já estava em mim. Precisamos saber se você está com a doença ou não.

― Mas, eu não tenho nenhum sintoma.

― Algumas pessoas tem a doença de forma assintomática.

― Ou seja?

― O vírus está dentro de você, mas ele não te causa sintoma nenhum. Como se não estivesse com a doença. Então pedi para virem colher nossos sangues.

― Colher sangue? A moda trouxa? Como é isso?

Hermione deu dê ombros, como se a informação que daria ao marido a seguir fosse corriqueira.

― Basicamente eles enfiam uma agulha dentro de seu braço e tiram seu sangue.

― Agulha? Por que os trouxas enfiam agulha nos braços das pessoas? – engoliu em seco.

― Sim, não lembra quando estava grávida e quis fazer pré-natal da Rose com um médico e um medibruxo? Vivia fazendo exames de sangue. – Reparou na expressão desesperada no rosto dele – Por que? Além de aranhas tem medo de agulha? 

― Medo? Eu? Lutei numa guerra! – virou as costas para a esposa para que ela não visse seu rosto.

Hermione confirmou com a cabeça o que ele disse querendo rir.

― Então não preciso usar isso daqui. – ele apontou o seu capacete transparente mágico. – Se eu estiver doente.

― Se estiver, ainda não sabemos se está. Então por hora vai usar para se proteger.

― Proteger... – virou-se novamente para ela apontando seu dedo. – Estou achando essa história de proteger muito estranha, algo me diz que não é só proteção. Quer se ver bem longe de mim.

Ela estreitou os olhos e lembrou-se de algo.

― Longe de você me fez lembrar de outra proteção...

Hermione começou a andar pela casa, lançando feitiços em todos os cômodos separando-os pela metade com uma barreira invisível.

― O que significa isso Hermione? – Ron perguntou seguindo-a e reparando que ela estava dividindo literalmente o sofá pela metade.

― Você terá o seu lado da casa e eu o meu. – falou simplesmente.

― Pra quê? – ele pegou sua varinha pronto para desfazer o feitiço dela.

―Já cansei de te explicar que precisamos ficar SE-PA-RA-DOS para você não pegar o vírus.

Ron desfez o feitiço dela fazendo Hermione olhar brava para ele.

― Se não notou já estamos SE-PA-RA-DOS! Queria sair dessa casa e te deixar sozinha isso sim.

― Seria ótimo se tivéssemos uma casa a mais para você ir enquanto esse isolamento não acaba, mas não temos, então continuarei dividindo a casa ao meio.

Refez seu feitiço colocando um escudo invisível entre os dois.

Antes que Ron retrucasse com ela, a campainha tocou. Hermione ergueu a varinha e tirou a máscara invisível de seu rosto e do rosto do marido.

― Não fale nenhuma besteira, deve ser a pessoa da farmácia que veio tirar nosso sangue. Ela é trouxa, então finja que não é um bruxo.

Ron limitou-se a revirar seus olhos e seguiu a esposa que estava recebendo a funcionária da farmácia. Ela usava uma roupa branca e estava de máscara.

Perguntou a Hermione tudo o que ela estava sentindo, depois de algumas conversas pegou a agulha para tirar sangue de ambos.

Logo depois disso Ron não se lembrou de mais nada. Sentia algo quente em sua boca e bem gosmento, lhe fazia cócegas. Sem perceber que estava com os olhos fechados os abriu e se deparou com Bichento lhe lambendo o rosto.

― Agh! O que está acontecendo?

Levantou-se num salto do chão que estava deitado. Hermione estava sentada numa cadeira com uma xícara em mãos dando gargalhadas e tossindo ao mesmo tempo.

― Você desmaiou só de ver a agulha.

Olhou pra ela emburrado, começou a limpar seu rosto babado com a manga de sua blusa.

― Pelo menos ela colheu meu sangue? – estava receoso já imaginando outra visita desses trouxas esquisitos que furavam a pele de pessoas sadias.

― Colheu, com você estirado no chão e eu pedindo desculpas pela vergonha que passei. – ela terminou de beber o que estava bebendo e guardou no balcão.

― Deve ser superdivertido, até preparou um chá para assistir meu desmaio.

― Não era chá. Água quente com limão e mel, ajuda na prevenção da doença. Ela que me falou para tomar todos os dias. Estou seguindo as prescrições médicas.

― Mas você já está com a doença!

Ele tinha razão, Hermione sabia disso. Quer dizer, era provável que ela estivesse com a doença. Limitou-se a dar de ombros ao invés de responder ele.

― Resolveu se prevenir contra uma doença que já tem e assistiu de camarote o Bichento me acordar. – ele negou com a cabeça indignado.

― Estava cuidando de você, como estive fazendo desde que acordei essa manhã. Pedi ao Bichento para que o acordasse e ele me obedeceu.

Hermione bufou nervosa e resolveu caminhar para o seu escritório.

― Espera aí! – Ron correu em seu encalço. – Está com a doença mesmo, e eu? Qual o resultado?

Hermione negou com a cabeça cansada sentando numa poltrona.

― Demora alguns dias para ficar pronto, não é assim.

― Alguns dias? Esses trouxas estão mesmo para trás. – ele bufou com mais raiva ainda. – Então estou preso nessa casa mesmo alguns dias com você?

― Achei que me amava, já que no dia do casamento prometeu me amar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

― Isso não tem nada a ver com votos de casamento. Tem a ver com você nunca assumindo seus erros, sendo essa pessoa fria que sempre foi comigo. Não está se sentindo nem um pouco culpada?

Hermione negou com a cabeça não acreditando que ele estava voltando ao assunto da noite anterior novamente.

― Eu já te pedi desculpas! O que quer que eu faça mais?! E não me sinto culpada. Me sinto exausta, com dor de cabeça, dor no corpo, dor de garganta.

Ele começou a andar de um lado pelo outro no cômodo, ainda incomodado.

― Vou refrescar sua memória. Lembra quando estava cuidando de nossos filhos? NOSSOS filhos! E me atrasei para ir no evento que ia te homenagear no Ministério? Atrasei, sei lá. Meia hora...

― Uma hora, e eu estava quase subindo ao palco sem meu marido...

Ron fingiu que não a escutou e prosseguiu.

― ...e você ficou me culpando durante uma semana inteira, me deixou de castigo sem sexo, de castigo! Porque me atrasei.

― Hum... – Hermione balançou afirmativamente a cabeça. – Agora fazer amor virou sexo para você. – ela não deixou de alfineta-lo lembrando da frase que ele lhe disse anteriormente.

― A questão é que ontem era importante para mim e você não se importou comigo.

― EU JÁ TE PEDI DESCULPAS! – ela começou a chorar.

Ron se preocupou com ela. Tentou se aproximar, mas Hermione levantou sua mão o impedindo de se aproximar.

― Me deixa. Eu sei me cuidar sozinha. Quero ficar nesse escritório sozinha.

― Quero cuidar de você, Hermione.

Ele conseguiu relar nos ombros dela. Hermione levantou da poltrona e foi para o outro lado do cômodo o repelindo.

― E eu estou cuidando de você. Mesmo que não entenda isso. Me deixa sozinha vai. – Ron não se mexeu. – Não me faça trancar a porta para te tirar daqui!

Ele suspirou cansado e negou com a cabeça.  

― Me deixa vai, Ron... Você nem gosta desse escritório, me deixe ficar aqui, vai pra outro lugar vai.

― Fique com esse escritório todo pra você!

Saiu finalmente do cômodo deixando ela sozinha e bateu a porta com toda força que conseguiu reunir.

― Grosso!

Ouviu ela gritar. Deu dê ombros e se encaminhou para a cozinha, começou a preparar seu almoço, pensou se faria a mais para ela. Resolveu que não. Hermione tinha terminado de lançar feitiços que dividia cada parte da cozinha, metade do fogão, da geladeira, das panelas. Da mesa.

O dia passou sem que ela saísse do escritório. Já a noite ele resolveu bater na porta para ver se ela estava bem.

― Não vai comer? – perguntou tentando parecer calmo.

Hermione abriu a porta dando de cara com o marido. Ela estava péssima. Olheiras, cabelo mais bagunçado que o normal. Suas bochechas vermelhas e olhos cansados.

― Não estou com fome. Vou dormir.

Ela se encaminhou para o quarto deles e Ron tentou segui-la.

― Durma no sofá, por favor.

― Mas você pode colocar o escudo invisível entre nós... – ele ponderou um pedido.

― Melhor não. Durma no sofá.

Ele cruzou os braços chateado e deixou que ela fosse. Aqueles dias seriam intermináveis já que ela não dava o braço a torcer e nem ele queria deixar sua teimosia de lado.

Teimosos como Ron e Hermione sempre eram só que agora em meio a uma pandemia.


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