The Color of the Stars escrita por Bruna Rogers


Capítulo 2
Capítulo 1




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A chuva fria a fazia tremer, suas roupas molhadas e coladas contra sua pele não estavam melhorando sua situação. A adolescente caminhava pelas ruas na direção de sua casa, irritada por ter sido pega pela chuva e mais ainda pelo trabalho escolar que deveria ter sido concluído naquela tarde, porém graças a seu colega relapso e egocêntrico não pode ser finalizado. Se pudesse esganar aquele cara, ele já estaria enterrado a muito tempo.

Os pensamentos assassinos de Mary são interrompidos por um vulto que passa sobre sua cabeça, como se algo pulasse de um prédio pro outro. Não era uma boa ideia estar ali, ela sabia melhor que ninguém que a área era perigosa, mas também era o caminho mais curto para o apartamento onde vivia.

Mary pegou o canivete que carregava no bolso da calça, mantendo-se alerta a tudo ao seu redor, foi então que ela ouviu.

O estampido de um tiro atravessou seus ouvidos como um trovão em noite de tempestade. Gritos e correria, ela pode ouvir não muito longe de onde estava assim que algo caiu no chão. Pelo som era algo grande, e caiu de uma boa distância sobre uma poça de água.

Deveria agradecer sua mãe por sua super audição, isso claro, se um dia voltasse a vê-la. E culpar ao seu pai pela curiosidade intrincada em seu DNA, caso um dia venha o conhecer, claro que precisava continuar viva até lá.

Contra qualquer instinto básico de sobrevivência humana que carrega em seu corpo, ela caminha em direção ao som.

"Só porque você não é completamente humana que eles não possam te ferir" a voz de Guida se repete em seu cérebro a cada passo que dá. Desde que se conhece como gente, Mary sabia que ela não era igual aos que estavam ao seu redor, tanto enquanto estava em Tamaran com sua mãe quanto de volta à Terra com suas tias.

Ao chegar em um beco próximo a onde ela estava antes, pode ver um corpo caído entre as latas de lixo, mal podia vê-lo de tão escuro que o local estava. Ela se aproximou ao perceber que a pessoa estava inconsciente, ela reparou na capa negra amassada sobre o corpo inerte, o cheiro de sangue no ar se diluía em meio a água da chuva que caia a cada minuto mais intensa.

Mary tocou no corpo, empurrando-o para o lado para virá-lo de barriga para cima. Ele era tão jovem.

Qualquer um reconheceria o famoso Robin, o parceiro do Batman, que lutava contra o crime. Mas ele não deveria estar ali, não estavam em Gotham.

Mary encarou o rosto dele por mais alguns segundos, tudo o que ouvira sobre ele lhe fez ter uma imagem que agora estava sendo desmentida. O cabelo negro se gruda ao rosto pálido do garoto que não parecia ser mais velho que ela, o sangue escorria por um ferimento de sua cabeça e talvez tivesse outro por seu tronco, mas ela não podia ter certeza com a falta de luz e as vestes vermelhas que ele usava.

Ela deveria estar em casa, talvez ficasse doente por ter ficado na chuva por tanto tempo, mesmo assim não conseguia se obrigar a simplesmente ir embora e deixá-lo ali, inconsciente e quase morto. Mary tocou de leve o rosto dele, a pele gélida sob seu dedos provocou-lhe um tremor. Pode sentir o couro próximo aos olhos reconhecendo-o como a máscara que eles geralmente usavam.

Ela nunca viu um deles pessoalmente, nenhum desses super heróis que vagam pelo planeta salvando pessoas, mesmo que já tenha ouvido muito sobre eles nos noticiários ela nunca se importou muito com eles. Agora lá estava ela com um deles literalmente caído aos seus pés.

— O que eu faço? — ela questionou a si mesma passando mão pelo cabelo.

Eles estavam há vinte minutos de caminhada da casa dela. Oh como ela queria assassinar Damian Wayne agora, se o garoto mimado não tivesse lhe dado um bolo para evitar fazer o trabalho escolar, ela não estaria agora no meio da tempestade com um cara quase morto aos seus pés sem saber como e se deveria ajudá-lo.

Mary olhou ao redor, o beco não tinha praticamente nada, além das latas de lixo. Ela deu a volta no corpo dele, agarrando-o e puxando. Mais uma coisa para agradecer a sua mãe e a genética dela: a força.

Ela conseguiu puxá-lo até a entrada do beco, onde pode ver um carro parado do outro lado da rua vazia. Mary largou o corpo gélido e pesado ali e foi até o carro, este estava destrancado. E a sorte começa a brilhar sobre o céu negro ela sorriu enquanto procurava a chave do mesmo, infelizmente o dono não o deixou ali.

Ela puxou os fios abaixo do painel fazendo ligação direta, suas tias ficariam orgulhosas do quanto ela aprendeu, isso claro se não ficarem furiosas com o que ela estava prestes a fazer.

Mary desceu do carro e foi atrás do Robin inconsciente, o sangue ainda escorria de sua cabeça numa quantidade preocupante para um humano. Ela o colocou nos bancos traseiros do veículo da melhor forma possível.

Dando a volta no carro ela abriu a outra porta traseira, onde a cabeça dele tendia do banco de couro. Mary retirou o cachecol cinza de seu pescoço, o torceu para tirar parte da água dele, e o enrola na cabeça dele sobre o ferimento, então o deita novamente no banco fechando a porta. Mary vai até o banco do motorista e dirige até o apartamento onde mora.

Ela o arrasta por dois andares até o seu apartamento, assim que entra, ela o joga sobre o velho e pequeno sofá da sala. Acendendo todas as luzes a sua volta, ela percebe que suas tias ainda não retornaram do bar onde trabalham. Entre a felicidade de ter adiado a briga e o sermão que ouvira e o desespero por não ter ninguém para ajudá-la.

Mary retornou ao sofá debruçando sobre ele para checar seu pulso. O seu cachecol antes apenas molhado agora estava molhado e cheio de sangue. Ela tentou examiná-lo mas não conseguiu achar qualquer fecho na fantasia vermelha e amarela que ele usava, tudo o que conseguiu descobrir é que ele estava sangrando pois suas mãos ficaram sujas.

— Que merda é essa?

Mary saltou para longe do jovem inconsciente assim que ouviu a voz de sua tia. Se virando para a porta ela viu as duas mulheres paradas perto da soleira, ambas a encarando, com um péssimo humor estampado no rosto da mais velha e a curiosidade na outra.

— Vamos mocinha me diga o que está acontecendo aqui — Guida exigiu se aproximando dela.

A mulher de cabelos roxos se virou rapidamente para a outra ao ouvir um som engasgado de riso.

— Você está falando como uma terráquea velha — Triny gesticulou.

Guida a ignorou retornando sua atenção a sua protegida. Voltando a andar na direção de Mary, mas parou ao notar o sofá.

— Explicações — ela exigiu — agora.

Mary respirou fundo antes de responder. Em um único fôlego ela explicou tudo. Desde a reunião para o trabalho escolar que não aconteceu, a chuva repentina e o encontro inesperado do corpo do Robin.

— Robin? — Guida repetiu encarando o corpo inerte no sofá.

Ele parecia muito novo comparado ao como ela tinha o imaginado, Guida ouviu falar dele várias vezes, e levando em conta que ele teve um caso com sua rainha, não que a princesinha Mary soubesse desse fato, ele deveria ser no mínimo alguns anos mais velho.

Triny tocou o ombro da amiga em busca por atenção. Como nunca falava esse era o único modo de chamar a atenção das outras duas. Guida se virou para encarar as mãos de Triny, com as quais ela falou de forma disfarçada.

— Não é o mesmo Robin.

Guida encarou os olhos da amiga por um segundo, isso fazia mais sentido. Se algo aconteceu com o Robin com quem a princesa Koriand'r, talvez outro tenha pegado o nome para si.

— Não podemos deixá-lo morrer — Mary disse com as mãos na cintura.

— Por que não? — Guida disse.

Triny caminhou até ficar do lado da mais nova para assim responder a outra de frente.

— Porque ajudá-lo é o certo a se fazer — Triny gesticulou — Talvez, só talvez ele possa ter alguma ligação com você-sabe-quem.

— Não gosto de resolver o problema dos outros — Guida reclamou cruzando os braços.

Guida viu a amiga encarar a menina com o canto dos olhos e depois retornar a atenção para ela com uma sobrancelha arqueada.

— Que seja — a mais velha grunhiu — Vão pegar a caixa de primeiro socorros —Mary correu para o banheiro para obedecer a ordem de Guida — O que você está fazendo? — ao notar Triny se aproximando do corpo.

— Vou tirar a máscara dele, e ver o ferimento na cabeça — ela respondeu.

Triny jogou a máscara verde longe e tirou o cachecol manchado da cabeça. O ferimento não penetrou o bastante para matar, mas foi fundo o bastante para precisar de pontos. Virando a cabeça dele mais um pouco, ela encontrou outro corte na parte de trás da nuca.

As duas Tamarianas tiraram as roupas dele a procura de outro ferimentos. Eles encontraram vários ferimentos recentes de faca abertos, e diversas cicatrizes no tronco e braços do jovem Robin.

— Damian Wayne? — as duas se viraram para Mary que estava parada com a caixa branca na mão e encarando o garoto boquiaberta.

— Wayne? — Guida repetiu.

É meio impossível não conhecer o bilionário de Gotham, o príncipe da cidade mais violenta dos Estados Unidos teve quatro filhos, e o caçula e atualmente inconsciente no sofá a frente delas é o único filho biológico dele.

— Acho que descobrimos quem é o Batman — Guida disse enquanto fazias os ponto no ferimento da cabeça do menino prodígio.

 


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