Fire Soul escrita por BrunaNagorski


Capítulo 3
Capítulo 3 - Chegou a hora, Jean!




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Scott? Scott? Eu chamava por seu nome, como se isso faria eu o ver no Instituto, lendo algum livro, dando sua aula, ou até mesmo implicando com Logan. Mas não. Nem mesmo algum som sai de minha boca. Se é que eu tinha uma boca naquele momento. Havia se passado 5 meses no tempo da Terra, desde... Aquele dia, no Lago Alkali. As minhas últimas lembranças da Terra foram essas - e eu já havia pensado comigo mesmo que deveria ser o motivo de tanto silêncio na mansão. Mas o que me preocupava era a ausência de Charles e de Scott. Eu não os achava. E como não podia usar meus poderes por lá, eu os procurava em outros lugares, como nos museus, shoppings, cinemas. Talvez eu tivesse os procurado em toda a cidade de New York, mas eu não havia achado um rastro qualquer dos dois. Mesmo assim, eu repetia a mim mesma que Scott e Charles pudessem estar em uma missão, uma missão longa.

E começava a época de inverno em New York. Todos se carregavam de agasalhos, cachecóis e luvas. As crianças aguardavam pacientemente a neve cair, para fazer guerrinha, montar bonecos gigantes e fazer anjos na neve.

O sol já estava se pondo.

Mentalmente, fui até o instituto. Era como se eu vagasse por lá, como uma alma. O que eu era, definitivamente – ninguém podia me ouvir, ver ou tocar, e eu não podia fazer o mesmo com eles. Ororo já cozinhava o jantar, juntamente com vampira, que estava tão sorridente e brilhante, o que com certeza era sobre a perda de seus poderes. Xavier certamente reprovaria sua animação, já que a mutação, para ele, era como um dom. Bob estava sentado em uma mesa, observando as duas. Pelo que parecia, Ororo cozinhava e pedia para Vampira dar algumas coisas pra ela. Bob gargalhou quando Vampira se distraiu e derrubou alguns alhos no chão. Derrepente o ar pesou. Às vezes acontecia isso quando me conectava ao planeta Terra. Mas ao invés de voltar, resolvi ficar. Vampira abriu a mão em direção de Bob. Eu quase pude a ouvir ameaçando-o de sugar seus poderes – isso se ela ainda os tivesse. Bob balançou o corpo afeminadamente, atiçando-a. Vampira avançou em Bob, enquanto Ororo ajuntava alguns alhos do chão mesmo. Uma alegria inundou-me. Eu estava rindo, um riso sem som. Automaticamente, eu fui em direção dos dois, separá-los, e só fui lembrar que eu era uma alma quando “toquei” os dois. Então a alegria começou a desaparecer dos dois. Eles se olharam brevemente, e então Vampira retirou-se, continuando a ajudar Ororo. E eles começaram a conversar, mas não estavam tão animados quanto antes. Ororo parou e pôs uma mão em seu coração enquanto olhava para Bob. Ele falava, cabisbaixo, como se estivessem lembrado de algo triste. Olhavam com olhares vagos, cegos. Ororo então continuou a preparar a janta, com o mesmo olhar. E naquele momento Wolverine adentrou pela porta. Eu olhei para trás juntamente com os outros. Ororo estava com os olhos inchados, e Logan viu isso. Viu a tristeza nos olhos sóbrios de todos, e isto o fez parar inconscientemente. Ele soltou alguma frase para eles com ódio, e abriu a geladeira bruscamente. Vampira disse algo, enquanto ele procurava algo para comer. Então parou novamente. Virando para trás com um rosto de dúvida, falou algo. Okay, okay, posso dizer: Logan sempre foi bonito. Sim, ele era. Era, pois agora ele se encontrava diferente. Mais magro. Havia olheiras profundas em seus olhos, de noites mal dormidas e de tanto chorar. Seus olhos também estavam vermelhos. Sua barba estava para ser feita há muito tempo. Ele usava uma roupa suja, que devia feder. Então não, não estava mais bonito como antes. Ao invés de sarcástico, estava raivoso. Ao invés de Logan, agora ele era Wolverine.

Vampira novamente o respondeu, e olhou para Ororo, desconfiada. E Wolverine simplesmente explodiu. Começou a falar – okay, ele parecia gritar coisas para Vampira. Seus nervos em seu pescoço começavam a saltitar para fora. Seu rosto começava a brilhar vermelho de raiva. Ele foi para cima de Vampira, e mostrou suas garras. Não. O ar pesou novamente – o gozado é que eu sou uma alma, e não preciso respirar. Mesmo assim, eu senti que não deveria estar ali. Me concentrei, e o ar voltou. Quando Ororo Foi para cima, Wolverine apontou outras três garras de adiamantium para ela. Os olhos de Vampira começavam a se encher de lágrimas. Eu corri até ele e pus minha mão sobre o ombro dele. Imediatamente ele deu um passo para trás, e se virou. Era como se ele olhasse para mim, mas eu sabia que ele nada enxergava. E ele falou algo que eu consegui decifrar: Jean. Após me chamar, ele estendeu sua mão, que estava trêmula, recolhendo as garras. Eu estendi minha mão, alcançando a mão dele, e levemente pude sentir seu toque, mas mesmo assim, minha mão atravessou a dele. E ele chamou meu nome novamente. Seu olhar estava triste e esperançoso. E eu gritei: - Logan! –, mas dessa vez eu quase pude jurar que ouvi minha voz. O ar pesou toneladas, e eu não agüentei. Minha conexão com a Terra teve de ser cortada.

Voltando à Sala Incandescente, olhei ao meu derredor. Olhei para as grandes colunas douradas, que reluziam como ouro. Meu olhar foi acompanhando a grande estatura, até chegar ao teto, que estava a muitos metros de mim. Um pouco abaixo dele, havia uma aura roxeada que flutuava macabramente. No teto prateado havia algumas coisas gravadas, como imagens, que eu não conseguia enxergar. Descendo meu olhar, visualizei o desenho real da ave de fogo no centro do chão. Ela não parecia perigosa pra mim, como podia ser para os outros. Era como se fosse uma outra parte de mim, a parte poderosa, revigorante.

Jean... Wolverine voltou à minha mente novamente. E eu lembrei da primeira vez em que o vi, o dia em que o recrutamos...

Flashback on.

- Charles, dizia algo? – Eu pisquei meus olhos acordando do transe. Estava tão concentrada em Scott que não escutei absolutamente nada do que Charles dizia.

- Por favor, Jean, professor, e não Charlie. Por favor. – Ele simplesmente insistia em que todos o chamassem de professor. Eu revirei os olhos.

- Entendi. O que dizia? – Bufei.

- Eu quero que vocês, principalmente você, Jean, tome cuidado na hora de se aproximar desse mutante. – Charles advertiu.

- Yeah, seu nível mutante é equivalente a 3, isso não é pra qualquer um não. – Fera completou.

- Ótimo. Vamos? – Eu falei. Estavam na equipe: eu, Scott, e Ororo. Nossa missão era trazer um certo mutante que estava ameaçando muitas pessoas e a si próprio também. Charles falou que ele foi uma experiência mutante de um tal de Striker. A experiência foi um sucesso, mas o mutante ficou uma fera. Uma fera incontrolável, e que tinha nome: chamava-se Logan. Ou melhor: Wolverine.

--

- Jean, pelo amor de Deus, tome cuidado. – Scott segurava meus ombros, e seu rosto estava a poucos metros do meu.

- Okay, oka-

- Jean, você sabe o que tem que fazer? Qual quer coisa é só gritar. – Ororo pôs uma mão em minhas costas.

- Sei, e-

- As escutas estão funcionando? E seus poderes? Ainda conse-

- Chega! – Eu gritei como uma louca. – Eu sei muito bem o que tenho que fazer, okay, Ororo?! E, Scott, eu não sou mais aquela garotinha de antes, e se meus poderes estão funcionando? Você pode ser o primeiro a saber, uh?!

Os dois me encaravam. Scott abriu a boca pra dizer algo, mas nada saiu, então resolveu dar um selinho em mim. – Desculpe. – Ele disse. Eu mexi meu cabelo, e sai da van.

Ela está naqueles dias, Ororo pensou e eu soltei um gritinho de raiva.

Resolvi esfriar mina cabeça, revisando o que eu teria que fazer. Está certo, porque eu? Porque eu deveria fazer essa missão, hein? Havia tantas pessoas para estar em meu lugar, e escolheram justamente quem? Jean Grey. Ótimo.

Ao virar a esquina, logo avistei o bar estilo aqueles de faroeste. Até a porta era do tipo. Uh, barzinho legal. Curti.

Havia alguns motoqueiros no lado de fora do bar, discutindo alguma coisa sobre mulheres. Imediatamente eu entrei na cabeça do segurança que estava ao lado de fora. Ele deveria me deixar entrar. Charles me advertiu que eu não deveria ficar entrando na cabeça de todo mundo, se não ficariam desconfiados, e também porque eu poderia falhar em alguma coisa na hora em que tivesse em suas mentes, e descobririam que eu sou uma mutante, além do fato desse tal Logan ser bem esperto. Bom, eu já comecei mal. Eu respirei. Os caras começaram a assobiar. Imediatamente eu entrei no bar. Dando uma olhada geral, vi muitos, muitos caras bebendo, jogando cartas, sinuca, dando em cima de prostitutas, enfim, e eu estava quase me arrependendo de estar lá, até que eu vi um cara grande sentado no balcão de bebidas. Estava de costas pra mim, fumando um charuto. Sim, o do cabelo quadrado. Era ele.

Ao lado esquerdo havia um banco vazio. No outro, havia bêbados. Andei até o banco vazio.

Gata... Gostosa... Foi o que eu ouvi enquanto atravessava o bar, e sabia que era pra mim, mas ignorei. E tudo no que eu pensava era em minha missão e em Logan.

Quando sentei, um senhor de bigode veio até mim. – O que a mocinha quer, uh?

- Scott... SCOTT! O que eu falo agora? Mandei uma mensagem telepática para ele.

Eu não... eu não... – Scott gaguejou. É claro, desde quando Scott sabia sobre bebidas? Ah, desde nunca.

Pede... Uma Everclear. Pronto. – Ororo disse pra mim pela escuta.

- Moça? – O balconista insistiu.

- Uh, Everclear. – Falei.

O homem em minha frente esbugalhou os olhos, e senti alguns olhares em mim, incluindo o de Logan. - Uh, é, a senhorita tem certeza? – O homem barbudo falou.

- Sim, qual o problema? – Eu falei, aumentando um pouco o volume de minha voz, tentando parecer um irritada.

- Oh, sim, me desculpe, Everclear, é pra já... – Ele falou meio receoso, e partiu.

Alguns continuavam a me olhar, então olhei pra baixo, e respirei fundo. Meu cabelo estava solto, tapou meu rosto. Era óbvio que eu não vestia o uniforme. Apenas uma regata preta, uma calça jeans, tênis largado... Isso. Tempestade, o que é Everclear, hein? – Perguntei mentalmente à Ororo.

Oh, é, me desculpe, uh, é... – Ela gaguejou.

Esse tal Everclear é, tipo, a bebida mais forte do mundo. É o que o Google tá dizendo aqui. – Scott falou, parecendo bravo com Ororo.

Tempestade! Eu mal bebo champanhe, muito menos vou beber a bebida mais forte do mundo. Arg, Ororo, Ororo. – Reclamei.

Tudo bem, tudo bem, me desculpe, você não precisa tomar isso, apenas... – Eu parei de ouvi-la quando um cheiro de fumaça chegou em minhas narinas. Meu nariz começou a coçar, coçar, coçar, e eu pus minha mão em frente de minha boca. Espirrei. Sem tirar a mão de frente de minha boca, olhei para Logan, e meu coração pulou uma batida quando percebi que ele me olhava, com desdém. Ele realmente dava medo, mas era atraente. Seus olhos eram claros, cor de frieza. Tinha um cavanhaque. Ele era incrivelmente forte, usava uma regata também. Eu voltei meu olhar para o rosto dele, e eu me xinguei internamente, pois ele continuava me encarando. Ele ergueu uma sobrancelha, e virou-se para a TV, a qual estava assistindo. Um cara que parecia ser menor de idade, que estava sentado ao lado dele gritou um saúde, e eu apenas acenei para ele, agradecendo.

O senhor de bigode retornou com minha bebida mais forte do mundo. Eu agradeci, e levei o copo até minha boca, mas ao sentir o cheiro, enruguei a cara. Álcool, álcool, muito álcool. Era capaz de eu espirrar novamente. Em meu lado, Logan riu. – Você, bebendo Everclear? – E riu novamente. Sarcástico, uh?

- Ah, todo mundo resolveu achar que eu não bebo esse negócio. – Eu falei olhando para o copo em minha frente. Sim, agora eu realmente havia me irritado.

- Uh. - Ele apenas resmungou, e pitou um pouco de seu charuto. Eu procurei tapar minha respiração quando ele soltou a fumaça. Eu continuava olhando para o copo, e resolvi tomar. Eu levei o copo até minha boca. Tapei a respiração novamente, e apenas virei meus olhos para olhá-lo. Ele assistia normalmente a TV. Minha boca começou a queimar quando a molhei, e eu passei a língua na tentativa de esfriar-la um pouco. Logan estava olhando novamente. Eu olhei dos pés a cabeça dele, e desviei o olhar, me fazendo de desinteressada. Resolvi assistir TV.

Eles são uma ameaça pra gente, isso sim. Como poderemos garantir que não farão mal algum para gente, sendo que nosso próprio presidente pode ser um deles, uh? – Uma mulher loira falou, e o público gritou em concordância. Era mais um daqueles programas de debates de humanos contra mutantes. Logan também assistia.

Eu pisquei meus olhos duas vezes, e falei, – uh, vadia. – Sim, talvez se eu fingisse estar no lado dos mutantes, Logan se interessaria. Mas eles apenas fumou mais um pouco de seu charuto. Eu respirei. Normalmente eles é quem puxavam papo comigo, não eu que puxava com eles. – Er, eu realmente não entendo o que eles vêem de mal nos mutantes. São apenas pessoas indefesas, que temem os humanos mais do que eles temem aos mutantes. – Comentei, é claro, para Logan. Ele não respondeu. Então me virei para ele. – Sou Alice. – Eu sorri.

- Alice, Jean? – Scott falou pela escuta.

- Cale a boca, vai que ele te ouve. – Mandei uma mensagem telepática para ele.

Logan se virou pra mim. Tirou o charuto da boca, e falou, - Logan.

Ele me fitou de cima para baixo. Meu rosto esquentou. – Não tem nada melhor pra fazer do que ficar dando em cima de homens?

- U-Uh, é, eu não estou dando em cima de você. – Falei de um modo indiferente, balançando a cabeça negativamente. – Eu... só estou tentando conversar com você.

- Sei... – Ele disse depois de soltar um grunhido. – Eu já volto. – Ele falou sem olhar para meu rosto.

- Onde... onde você vai? – Eu agarrei seu braço, e depois me xinguei novamente por ter feito isso.

Ele olhou para minha mão em seu braço, e falou, – Banheiro, algum problema? – Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo incomodado. Eu não respondi nada. Ele chacoalhou seu braço, deixando minha mão cair. Eu entrei em sua mente, e me surpreendi quando vi que era mentira. Ele estava indo em direção da porta dos fundos, que ficava na cozinha. Eu abri minha carteira rapidamente, e tirei 200 dólares. Eu olhei para o copo, e vi que tinha uísque suficiente para apenas uns dois goles. Virei tudo em minha boca, mas não engoli. Deixei as duas notas de 100 embaixo do copo, e andei com passos largos e rápidos em direção da saída. Virei para a esquerda, e então para esquerda novamente, e fiquei na ponta de um beco, que era onde ficava a porta dos fundos. Me apoiando na parede de tijolos fria, joguei o uísque fora, que já estava fervendo em minha boca. Eu limpei uma lágrima que estava caindo de tão forte que era a bebida, quando ouvi um grunhido alto e entediado. Eu olhei para cima, e ao lado da porta dos fundos estava Logan.

- Ah, é, então você iria ao banheiro, uh? – Eu falei.

- E você bebe Everclear, hein? – Ele revidou.

- N-Não fuja do assunto, Logan. – Dei uns passos para frente. Ele ficou quieto. Ele estava olhando para baixo, então falou vindo em minha direção. - Você realmente não desiste, não é mesmo, Alice? – Ele falou essa última palavra quase como um sussurro.

- Não. Não de você. – Falei como ele havia dito meu nome falso. Ele continuava vindo em minha direção, até que estava a 1 metro de mim.

- É? – Ele sussurrou.

- É. – Afirmei. E ele começou a rir, rir, rir. Eu enruguei minha testa.

- O que... O que foi? – Perguntei.

- Ah, o que foi? – Ele falou indiferente. Então, tudo ocorreu rapidamente: Ele pôs suas mãos em meus ombros e me jogou rigidamente contra a parede que estava logo atrás de mim. Ele se aproximou, e apoiou seus dois braços na parede, ao lado de minha cabeça, me cercando, me deixando sem saída.

- Quem é você? – Ele sussurrou, agora com uma pitada de raiva.

- C-Como assim, sou Alice- – Eu comecei, mas ele me interrompeu.

- Quem você realmente é? Você acha que eu sou otário? – Ele disse entre os dentes.

- Jean, está tudo bem? Jean! Estamos-

- Não, Scott, Scott, está tudo bem. Espere mais um pouco. – Falei mentalmente á Scott.

- Ah, você não vai responder? Deixe que eu mesmo respondo: Seu nome não é Alice não, é Jean, uh, e alguém te mandou me espionar, olha só. – Ele enfiou sua mão dentro de minha blusa, e arrancou um microfone que estava na ponta de meu sutiã. Também arrancou minha escuta de meu ouvido. Ele jogou num canto, e aproximou seu rosto. – Quem te mandou?

- Ah, Logan, vamos com calma... – Eu tentei acalmá-lo, mas ele bateu sua mão que tinha usado para arrancar os fones na parede em que eu estava encostada, com força.

- Calma... Você quer ir com calma? – Ele deixou seu rosto a centímetros do meu. – Então vamos com calma. – Sua boca encostou-se à minha. Nós dois respirávamos com a boca aberta, e eu pude sentir a respiração quente da boca dele dentro da minha. Ele grunhiu baixo, mas o suficiente para eu escutar. Nossas bocas continuavam se encostando, até que... ZIM! Logan voou longe, até bater numa lata de lixo. O raio vermelho era familiar. Ao olhar para meu lado direito, Scott estava com sua mão em seu visor, e Tempestade atrás dele. Ele correu até mim, e eu até ele. Ele segurou meu rosto, preocupado, procurando por algum ferimento.

- Você está bem? – Falou, preocupado.

- Tô, tô. – Falei. Então um barulho chamou minha atenção. Um barulho agudo, como metal arranhando outro metal. Ao olhar pra trás, Logan estava com as três garras para fora, correndo em nossa direção.

Mas ele nunca conseguiu chegar até a gente, pois Tempestade descarregou um raio que o fez ficar desacordado por horas.

Flashback off.

Uma luz chamou minha atenção. E eu realmente não sabia se era a luz que vinha do lado de fora da Sala Incandescente, ou se era da chama que estava se transformando em uma outra Jean, totalmente de fogo.

- Chegou a hora, Jean. – Eu ouvi a mulher, apesar de saber que ela estava falando comigo por pensamentos. Ela estava com sua mão estendida até mim, que estava sentada no grande trono.

- Hora... Hora do que? – Perguntei.

- De voltar para seu mundo. De resolver coisas que só você e eu somos capazes. – Fênix? Eu resolvi não discutir com ela, pois uma alegria enorme me preencheu. Reencontrar com todos... Matar as saudades...

Eu agarrei sua mão. Ao invés das chamas arderem, elas eram quentinhas e acolhedoras. Sua mão era macia. Era como se eu tivesse pegando no ar, mas num ar apalpável. Ela não era real. Ela era a fênix.

A tocha me levou em direção da luz, que era forte, e eu sabia que com olhos humanos seria impossível de enxergar. Era branca e lilás, com vários pontos de luz roxa.

Com uma última olhada na Sala Incandescente, me deixei levar pela luz, que me puxou, puxou, até que tudo ficou escuro, e um leve e tranqüilo som de água se fez ouvir.


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