Sublime escrita por Paulie


Capítulo 1
I. novembro – thanksgiving


Notas iniciais do capítulo

Então, estava eu revendo pela sei lá qual vez Alexa & Katie quando essa ideia para a história me atropelou, simplesmente. Vai ser uma história simples, apenas cinco capítulos relativamente pequenos, mas eu espero que vocês gostem, de coração. É minha primeira tentativa de escrever nesse universo...

Então, vamos lá!



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I

novembro – thanksgiving

Voltar para casa depois de dois meses fora era uma sensação estranha. Dois meses, em essência, não era muito tempo – mas, simultaneamente, parecia uma vida desde que ela havia estado pela última vez em seu quarto. E depois da presença constante, mas terrivelmente silenciosa, de Lauren, sua colega de quarto na NYU, ser a única convivência que tinha ao voltar para casa— ou, melhor dizendo, para seu dormitório – estar em um lugar com tanta gente era reconfortante. E estranho.

Estar com Alexa de novo, por outro lado, foi tudo, menos estranho. E ela agradecia por isso, mais do que conseguia expressar. Tinha feito novas amizades na universidade, claro, mas nada se comparava ao laço que elas duas compartilhavam, e Katie vinha se preocupando que a distância mudaria a dinâmica delas. Que, agora, seriam daqueles tipos de amigos que só tinham assunto quando conversando virtualmente. Que, quando se encontrassem de novo, ficariam sem saber o que falar, ou sem saber como se comportar. Mas nada havia mudado: Alexa ainda era Alexa, e ela ainda era ela mesma.

Jack estava enorme – havia crescido alguns centímetros, no mínimo, nos dois meses que ela esteve fora. Ela se ressentia um pouco de estar perdendo seu crescimento, mas também entendia que era necessário – e talvez estivesse um pouco mais tranquila que não precisaria conviver com suas crises adolescentes todos os dias, talvez isso fosse um ponto positivo para preservar a relação entre eles.

Sua mãe também estava feliz, com o trabalho e com Joe. Lori e Dave estavam bem, Lucas estava bem. Todos estavam bem. Ela tinha de passar na Wired para cumprimentar Barry, esperava que ele estivesse passando bem desde que havia ido embora, e...

Aiden. Ela queria saber como ele estava, queria ter certeza que estava indo bem como novo gerente assistente do Wired – é claro que ele estava, se gabando com seus desenhos incríveis nas espumas do café, ela tinha certeza. Havia cogitado ligar para ele tantas vezes desde que havia chegado em Nova York, pensado em mandar mensagens outras um milhão de vezes, e isso não era nem um pleonasmo.

Mas o que ela diria? O que ela realmente tinha para dizer? Tinham deixado tudo em bons termos, claro, e ainda eram amigos. Contudo, eram amigos que se mandavam mensagens sem motivos específicos? Essa era a sua grande dúvida. E, na dúvida – ou na insegurança –, ela preferia tomar a decisão mais sábia, acertada, estável.

Quem sabe ela talvez pudesse realmente ir ao Wired amanhã. Não tinha nada de planejado e seria uma visita com mais de um propósito só para o caso de... Só para o caso de Aiden não querer vê-la. O que estava tranquilo, para ela, eles não tinham nada, e ele não devia nada a ela.

Respirou fundo e alisou o vestido que usava para o jantar de Ação de Graças. Era só se lembrar de continuar respirando fundo que tudo daria certo – era o que repetia a si mesma a cada minuto em Nova York, era o que iria repetir a si mesma sempre. Acabou de calçar as sapatilhas e desceu as escadas, onde na sala já esperavam por ela sua mãe, Joe e Jack.

— Pronta? – Jennifer perguntou a ela quando a viu descendo as escadas – Joe, não esquece de pegar o vinho, por favor.

Ela se dirigiu para uma grande travessa que estava apoiada no balcão da cozinha, pegando-a nos braços.

— Jack! – ela gritou para a escada – Sua irmã já desceu, vamos logo.

— O que a gente vai levar? – Katie perguntou, chegando perto da mãe e levantando o pano que cobria o prato.

— Purê de batata. Claro que Lori não vai querer usar o nosso, mas pelo menos não vai poder reclamar que a gente não levou nada. Tipo o vinho.

Katie revirou os olhos.

— Mãe!

— O que foi? – Jennifer deu de ombros, indo para a porta dos fundos, enquanto Jack acabava de descer os últimos degraus da escada.

Os Mendoza já estavam reunidos na mesa quando chegaram para o jantar – apenas os quatro, já que Spencer estava passando o feriado junto a sua própria família. Alexa sorriu para Katie, e ela pensou em como aquele era o sorriso favorito dela no mundo todo.

*

— Então... Eu estava pensando em talvez ir no Wired hoje. Matar a saudade, ver como todo mundo está... – Katie disse, sentando-se ao lado de Alexa sob a copa da árvore delas.

— “Todo mundo” – Alexa fez aspas no ar – ou “Aiden”?

— Claro que não, quer dizer, não, claro. Barry, tem muito tempo que não converso com ele, você sabe – ela gesticulava exageradamente com as mãos ao falar e, só por isso (e talvez também pelo falatório em uma tentativa de se justificar), Alexa tinha plena coincidência que seu primeiro palpite estava certo.

— Tudo bem, podemos ir lá hoje à tarde – ela deu de ombros – Que tal? Barry deve mesmo estar sentindo muita falta de você. E esperando uma visita.

— Ótimo, incrível.

As duas ficaram um tempo em silêncio: Katie pensava sobre como iria chegar no Wired. Deveria ser animada, deveria fingir indiferença, fingir que os últimos meses não foram nada? Qual era a etiqueta para esse tipo de situação?

— Vocês não conversaram mais desde aquele dia na cafeteria? – Alexa finalmente quebra o silêncio, recebendo apenas uma negação com a cabeça de resposta – Nada, nadinha?

— Não tinha muito porquê, né – Katie solta a respiração que nem sabia que estava segurando até então – E eu não saberia o que falar. Não sei. É estranho.

E mais uma vez, aquela palavra. A partir de agora sua vida seria definida por uma sucessão de “estranhos”? Ela não gostava daquilo.  

*

Ela não podia acreditar no que estava lendo – e, também, não poderia estar mais feliz que naquele momento, apesar das implicações de tudo. Atravessou uma perna e depois a outra pela janela do seu quarto, só parando de andar quando já estava no quarto de Alexa.

— Eu consegui! – disse afobada, sem nem dar tempo para Alexa largar o telefone de lado.

— Te ligo depois – ela desligou a ligação em que estava – Parabéns! Conseguiu o que?

— O papel principal da peça – Katie sorria, de orelha a orelha – Você sabe, a companhia de teatro da NYU tá produzindo Romeu e Julieta e, como eu já tinha feito aqui, pensei: por que não? Claro, tendo a plena consciência de que eu não seria chamada. Além de tudo, eu sou uma caloura. Quem chama uma caloura pra esses negócios? Mas aí eu fiquei como suplente da Julieta, que ficou pra uma veterana minha. Acontece que ela está com um problema familiar, acabou de trancar a matrícula e não vai voltar pra Nova York esse semestre. Como já estão com ensaios marcados, preferiram me chamar e fazer audição pro papel de suplente, no lugar de fazer novas audições pro papel principal e... Só não é uma loucura?

— Claro que é uma loucura! Uma loucura incrível, Katie! – Alexa levantou da cama, a abraçando – Você vai ser Julieta!

— Meu Deus, eu vou ser Julieta— Katie se separou do abraço, com uma expressão de completo pavor no rosto.

— Relaxa, Katie, você vai ser perfeita. Quando é seu próximo ensaio?

— Amanhã de manhã. Vou ter de voltar daqui a pouco, se quiser chegar a tempo. Não acredito que não vou poder passar todo meu recesso de ação de graças com vocês.

— O que você tá esperando, Katie? Vai acabar de fazer as malas e avisar sua mãe, vai! – Alexa começou a empurrar a amiga pela janela – Na verdade, vai avisar Jennifer que eu vou ajeitando as malas.

Não mistura coisa de banho com as minhas roupas, Alexa!

— Fica tranquila, ninguém faz malas melhor que eu.

Katie tinha sérias dúvidas baseadas em experiências prévias sobre isso, mas achou melhor não comentar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Em breve volto com o segundo capítulo, que vai se passar no recesso de fim de ano / "winter break"!

Me contem o que acharam.

Beijinhos,

Paulie



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