A linha tênue entre o amor e o ódio escrita por GomesKaline


Capítulo 7
Capítulo 07




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797468/chapter/7

— Ouvi dizer que a Sra. Jenkins está tendo o caso com um rapaz de 24 anos.

Ela olhou para ele, depois para senhora de cinquenta e poucos anos, ela não devia está perplexa, mas estava. Não por ela, e sim por ele.

— O canto da sua boca está sujo - ela diz e ele leva a mão à boca, com classe de uma pessoa bem criada, para limpar - É seu veneno escorrendo, seu animal peçonhento! - ela exclama baixinho para não chamar atenção - Como você pode está fazendo fofoca de adultério de uma mulher que ajuda criancinhas e é advogada de divórcio?

— Hipocrisia da parte dela, não é? Talvez ela mesma se defenda - ele fala com uma sobrancelha erguida, mas a expressão dela ainda era dura - Qual é, Emily, você que não quis contar nada do que perdi.

— Se quiser saber sobre pergunte seus amigos, eu não sou sua amiga.

— Você é cruel - ele atira, sem a menor intensão de feri-la. Ele já faz isso há muito tempo para saber qual botão apertar para aborrecê-la.

Sabe aquela satisfação que se sente ao mostrar o dedo do meio? Mesmo sabendo que não vai ganhar nada com isso, mesmo assim a sensação de vitória prevalece. É assim que ele se sente quando consegue irritá-la. O engraçado é que ele nunca foi assim com os irmãos dela. Deveria ser uma ligação de ódio entre dois primogênitos. Ou outra coisa maior do isso, a qual nenhum dos dois tem um nome no momento.

— Por que você tem que ser tão insuportável? - ela diz com um revirar de olhos sutil, afinal eles ainda estavam em uma festa chique.

— Eu não sou insuportável. Bem, pelo menos não com a maioria das pessoas. Reservo isso para você.

— Nossa, isso é uma honra, obrigada.

Ele não esperava menos do que um sarcasmo mordaz, e foi exatamente o que ela lançou nele. Um garçom estava passando e Aaron pegou uma taça de champanhe, ele precisa esconder o rosto em alguma coisa, não podia ser visto sorrindo em uma conversa com Emily.

O discurso de hoje seria da Sra. Morris, uma mulher de 70 anos que fez sua história na política como mulher e continua fazendo. Ela é uma mulher simpática e empática. Ela tem uma fundação que arrecada fundos para acampamentos médicos em países pobres e em regiões onde está concentrada uma epidemia e surtos. Emily não gosta de muitas pessoas na política, mas ela tem um grande respeito pela mulher que está discursando.

Então Aaron fala bem próximo ao seu ouvido.

— Ela fala como se alguém estivesse apertando nariz dela.

Ela se concentrou na voz da mulher e se forçou a segurar o riso que ameaçava escapulir. Ela pressionou os lábios em uma linha fina, torcendo que por Deus uma gargalhada indecorosa não saísse.

— Jesus Cristo, Aaron, por que está tão inclemente hoje?

— Inclemente, palavra bonita. Aprendeu nas aulas de etiquetas? - ele a provoca mais uma vez naquela noite.

Ela olha para Sra. Morris e depois de volta para ele.

— Na verdade, foi sim.

Depois do discurso eles tomaram rumo diferentes. Aaron para seus amigos e irmão e ela para suas contrapartes loiras. Não eram visível, mas havia uma linha que separava todos naquele grande salão. Uma linha tênue criada pelo ódio. De lados opostos estavam membros da mesma família que foram separados pela política e que agora eram inimigos. Haviam amizades dividas e haviam aqueles que nasceram para nunca serem amigos, apenas para se odiarem. Como a família dela e a família Hotchner. E como para ratificar seu pensamento, ela encontra o olhar de Aaron por um breve segundo. Eles desviam olhar mais rápido do que encontraram.

Quase no final da noite, quando ela está com seus irmão, Amélia e Theodore, uma mulher aparece para cumprimentá-los.

— Sra. Morris, - Theodore diz sutil, como a cavalheiro que é - lindo discurso.

— Ah, obrigada, Theodore, e por favor, é Florence. Me lembro que costumava ser tia Flor para vocês três.

Os três riem.

— Olá, tia Flor - disse Emily com um sorriso largo - é bom ter você aqui esta noite.

— Oh, Emily, querida. Eu acompanho você. Está indo tão bem, será uma política maravilhosa.

Emily resiste a vontade de querer vomitar com o que acabou de escutar. Mesmo que ela não queira esse caminho, ela continua a andar por ele. Ela teme que terá um dia que não terá mais volta e ela e a política serão uma só. 

— Obrigada - ela se força a sorrir.

Mais uma vez ela encontra o olhar de Aaron. De modo recatado ele aperta o nariz, o que faz ela apertar o lábios para não rir. Quando a Sra. Morris sai, ela vira para irmão e passa o braço ao redor do pescoço dele, enterrando o rosto em seu pescoço. Só assim ela se permite rir, se esforçando ao máximo para seu riso não chegar aos ouvidos de outras pessoas. Ela escuta seu irmão perguntar o que é tão engraçado. E ela pergunta se é cruel da parte dela rir porque ela parece falar como se alguém apertasse o nariz dela. Isso puxa para crise de riso também.

— Eu vi você com Aaron, tudo certo?

Ela devia saber que ele, mais do que ninguém, estaria observando.

— Está tudo bem, ele só estava provocando - ela assegura.

— Como ele tem coragem depois de tudo que ele fez? - Ted fala exasperado.

— Era apenas Aaron sendo Aaron, nada que eu não possa lidar.

— Eu vi - ele diz desviando o olhar, rodando os olhos pelo salão, é por acaso encontrando Aaron bebendo e rindo com o tal amigo escritor.

— O que foi, Ted? - ela pergunta, o tom mudando para exasperação por ele não ser direto.

— Você parecia está se divertindo. O que está acontecendo, Em?

Ela revira os olhos, dessa vez não tenta ser sutil.

— Estava apenas saindo por cima com um pouco de sarcasmo. Do que está me acusando? - Emily nunca foi de rodeios, principalmente com seus irmãos.

— Não estou te acusando de nada. É que... droga, Emily, você tem sido diferente nos últimos dias. O que diabos aconteceu quando você esteve fora?

Ela está cansada te todos os dias desde que voltou, todas as conversas acabam voltando para o mesmo tópico, onde ela esteve quando estava fora. Às vezes ela pensa que todos sabem onde ela estava, o mais especificamente, com quem esteva e estão apenas dando corda para ela se enforcar.

— Eu não tenho sido diferente e não aconteceu nada comigo quando estive fora.

— Você tem sim, Emily - Amélia, que até agora estava sendo ignorada da conversa resolveu se intrometer - Era para você está um caco, mas não está. Tem algo de muito estranho nisso.

— Sério? Vocês estão agindo como babacas porque eu não estou caindo pelas parede? - ela olha para os dois e eles apenas encolhem os ombros.

— Não é isso, Em... quer saber, vamos dançar. Dance com seu irmão, é o único homem descente neste local.

Ela sorrir.

— Você e o papai.

Ted a levou para a pista de dança, ele a guiou conforme a música lenta e a voz grave do vocalista soava. Emily não gostava muito de dançar, esses velhos cheios de tradições imutáveis costumavam trocar de parceiros na pista de dança e depois voltar para o parceiro original. Era uma dança dentro de uma dança. Era algo engraçado de se fazer em uma sala onde todo mundo é inimigo do outro. Mas essa não era a pior parte. Ela sempre ficava com um velhinho de mãos salientes e atrevidas, ela nem mesmo podia reclamar ou estaria sujeita a uma guerra política, porque infelizmente, os velhinho de mãos salientes eram sempre políticos importantes.

Ted, assim como Emily, era um bom dançarino. Era ele que costumava ser seu parceiro nas aulas de danças. Eles sempre foram muito próximos, sempre tiveram uma camaradagem muito grande. Sempre dando cobertura um para o outro, sendo o ombro amigo um do outro em momentos triste e sempre sendo sinceros quando o outro estava fazendo besteiras.

— Por que, Aaron não tira os olhos de você?

Um arrepio correu pela sua espinha e não foi por causa da voz próxima de seu irmão na sua orelha.

— Eu não sei. Qual é, Ted, vai começar de novo?

E no exato momento em que ela termina de falar, acontece a troca de parceiros. Agora ela está dançando com o Sr. Costello, ele é amigo de seu pai, mas tem má reputação com as mulheres e adora uma garota de programa. Ted ficou com uma loira de belo corpo, ela pareceu gostar, ele pelo contrário.

Sr. Costello elogia sobre como ela é uma moça muita bela e ela sorrir fingindo está agradecida e não enojada.

Ela lembra de como ficou empolgada para dançar esse tipo de dança quando completou 15 anos, não por que ela gostava, pelo menos não como as filhas riquinhas dos outros políticos. Ela estava animada por ser notável em uma atividade tão adulta, por ser vista como mulher, e claro, ganhar alguns garotos por dançar com um vertido que definia as curvas do seu corpo. Depois que ela engravidou e abortou, ela passou a odiar todos os vestidos que definiam o seu corpo e odiou cada passo dessa dança tão coreograficamente dançada por anos e anos. De alguma forma, ela culpou essa dança ridícula.

Ela está nos braços de Ted novamente.

— Minha intenção não é chatear você. Eu só quero te proteger. Depois de Tommy...

— Você está insinuando que eu e Aaron... Por Deus, Theodore. E pare de usar Tommy para suas ações excessivas e possesivas.

— Você é minha irmãzinha - ele defende-se. Argumento fraco, ao mesmo tempo poderoso.

— Eu sou mais velha que você - ela contrataca

— Ainda assim é 14 cm mais baixa.

Os dois riem e ela o chama de garoto estúpido.

Antes que ela comece a pensar que seus Louboutin Decollete 554 com saltos de 10 com a está incomodando, seu parceiro é trocado mais uma vez. Ela encontra um sorriso presunçoso.

— Aaron? Ah, isso não pode ser sério! - ela fala para exatamente ninguém, apenas expressando sua indignação. Era como se o desgraçado estivesse ouvindo a conversa e resolveu aparecer.

A mão dele está na cintura dela e ele se inclina um pouco mais para frente para falar. A respiração dela engata e ela torce para ele não perceber.

— Não acha engraçado que participamos dessas festas há tanto tempo e nunca dançamos juntos? - a voz dele é baixa em seu ouvido, e ele usou o tom grave de voz certo para fazer qualquer mulher derreter em seus braços, os mesmo que estavam envoltos nela.

— Nunca gostei de dançar - ela diz, querendo muito que sua voz soasse normal - Assim como nunca gostei de você.

Ele a gira e a puxa contra o peito mais uma vez. Com o rosto bem próximo ao dela, ele sorrir. Ela até pôde visualizar duas covinhas. A respiração dela engata mais uma vez.

— Algum problema, Emily? - ele pergunta, ela sente um sopro de álcool em seu rosto.

Tentandor. Perigoso.

Isso faz com que ela olhe para a boca dele, que de repente, seus lábios estavam mais vermelhos e carnudos, mas volta a o olhar nos olhos tão rápido quanto.

— Você está perto demais - ela diz com um sussurro.

— Isso te incomoda? - ele diz no mesmo tom.

— Sim.

— Por quê?

— Porque eu não gosto de você.

Ele abre um sorriso.

— Você está venenosa hoje.

— Eu não sou venosa. Bem, pelo menos não com a maioria das pessoas. Reservo isso para você - ela diz, jogando as própria palavras nele.

— Oh me sinto muito melhor agora.

E sem acrescentar mais nada, a troca de parceiros acontece. Ela está nos braços de Ted novamente. O momento agora será perdido e esquecido na memória de todos. Ou pelo menos era assim que tinha que ser.

— É disso que estou falando - a voz do seu irmão a tira da devastação branca que estava sua mente.

Bem, não totalmente branca, havia um rosto, ela ainda podia sentir os braços forte dele ao seu redor, mesmo estando nos braços de outra pessoa. Ainda sentia o formigamento no rosto causado pela proximidade do dele.

— E do que está falando?

— De você e Aaron. Emily eu sei que você gosta de fazer escolha de merdas, mas não faça essa escolha. Isso vai fazer muita sujeira.

— Não existe Aaron e eu. Foi só uma dança. E por favor, Ted, é Aaron. Você sabe que eu o odeio. E você, quando vai arrumar as coisas com a mãe de Ethan? Conserte as coisas, Theodore, ou assine o maldito divórcio.

— Esse assunto não está em discussão, Em - diz na defensiva.

— Aaron e eu muito menos.

...

Na sexta feira, tarde da noite, Aaron resolveu sair para beber, sozinho. O baile tinha sido na segunda, era um acontecimento muito recente, ele acreditava que álcool no sistema o faria soltar a língua e que em uma hora outra ele soltaria como Emily estava bonita no baile. Maldita mente masculina! Então, nada de companhia por enquanto. Ele não sabe porque Emily está lhe dando tantas reações. Ele a conhece desde de sempre, nunca esteve alheio a beleza dela, mas nunca o afetou. O que é diferente agora?

Ele optou por não ir ao bar que ele costumava frequentar. Ele não pisou lá desde que aqueles lunático ameaçaram Emily. Ele escutou um pequeno tumulto, não estava lotado, era tarde da noite, mesmo assim, esse bar não era conhecido por ter muita briga. No final não era uma briga, era apenas alguém que queria mais bebida.

— Eu quero outra! Qual é, eu posso pagar por essas bebidas de merda! - a jovem de cabelos escuros gritou, claramente embriagada.

— Eu já disse, você já bebeu demais, vou te colocar em um táxi para casa - o homem do outro lado do balcão gritou.

Ele conhece aquele cabelo escuro.

— Eu não quero ir para casa, eu quero minha bebida!

Pelo estado de embriagues dela, Aaron acredita que ela deve está lá há muito tempo, com certeza ela não está no seu melhor estado de lucidez. Ele decide se aproximar.

— O que está acontecendo aqui? - ele dirige ao homem, que teve a decência de não servir mais bebida. Por mais bartender assim.

— Ela está bêbada demais e estou querendo mandá-la para casa.

— Aaron! - ela diz animada quando o vê, isso fala muito mais sobre seu estado de embriagues - Você vai usar isso para derrubar minha família também? Você adora isso, não é?

Ele resolve ignorar seu comentário.

— Ela está devendo algo? - ele pergunta para o bartender.

— Não, ela pagou tudo.

— Ótimo. - Ele volta para ela novamente - Vamos, ponha seu casaco, pegue suas bolsa, vou te tirar daqui.

— Uh! Vamos nos divertir em outro lugar? - ela pergunta, a insinuação maliciosa não passa despercebida por ele - Sabe, eu sempre te achei bonito. Sempre quis saber o que essas roupas escondem.

— Amélia, pare - ele pede e ajuda a colocar seu casaco - Eu não estou tentando tirar vantagem de você, agora vamos.

Ela tenta resistir, mas não pode fazer muito, está bêbada demais. Ela fica o tempo todo rindo e tagarelando alto. Ele decide ficar um tempo parado na frente do bar, ele acredita que o sopro frio da noite vai deixá-la mais sóbria, um pouco pelo menos. Só um milagre a deixaria sóbria neste momento.

— Por que você está fazendo isso? - ela questiona.

— Só porque odeio sua família, não quer dizer que eu quero que aqueles caras abuse de você.

Por algum motivo ela rir do que ele diz.

— Você e Emily estão trepando, não estão? - ela diz como se fosse a pergunta mais casual de todas. Como se perguntasse que horas são.

Ele quase não acredita no que sai de sua boca, a única coisa que pode culpar é seu estado de embriaguez.

— O quê? Isso é loucura. Emily e eu não estamos juntos.

— Eu não perguntei isso. Perguntei se estavam trepando.

— A resposta ainda é não.

Ela rir de novo, como se não acreditasse nele.

— Dormindo ou não, eu sei você quer. Eu vi nos seus olhos quando você falou o nome dela.

— Você está bêbada, não pode ver nada nos meus olhos. Agora vamos, vou te levar para tomar um café. Fará você se sentir melhor.

Ele a levou em um café/lanchonete vinte e quatro horas. Pediu café para ela e um pedaço de torta de morango. O que eles sabe sobre morangos é que tem que ser comido antes de consumir álcool, não depois. Mais ele pediu mesmo assim. Ele escutou um pouco mais de sua divagações bêbadas. Uma vez ou outra ele interrompia, pedindo para falar um pouco mais baixo. Alguns minutos depois de Amélia terminar seu café, ele pediu um refrigerante de gengibre e uma garrafinha de água. Ela revirou os olhos para ele, chamando-o de chato.

Ela já tinha consumido muito álcool, um café, um refrigerante e um pouco de água, então sua bexiga cobrou o esvaziamento. Ela pediu licença para ir ao banheiro. Ele educadamente perguntou se ela precisava de ajuda, ela esticou os lábios em um sorriso sujo que quase fez as bochechas dele ficarem vermelhas. Ele corrigiu-se perguntando se ela conseguia andar sozinha, sem risco de cair e bater a cabeça. Depois de cinco minutos que ela foi para o banheiro, Aaron puxou o telefone do bolso e ligou para um número que ele não costumava ligar.

— Aaron? Você sabe que horas são, seu idiota? - soa a voz sonolenta e irritada do outro lado da linha.

— Hmm - ele olha para o relógio - 3:27 da manhã.

— Sim, muito tarde. Por qual razão no inferno você está me ligando?

Quando ele subiu o olhar, Amélia já estava aproximando da mesa, ela perguntou sem fazer som perguntando quem era. Ele mussitou 'Emily' e antes que ele se desse por conta, ela já estava se aproximando do telefone e gritando o nome da irmã mais velha.

— Amélia? Aaron, o que você está fazendo com minha irmãzinha? Se você tiver...

— Jesus Cristo, Emily, não. Claro que não. Eu não tirei uma casquinha da sua irmã. Eu a encontrei em um bar. Bastante bêbada...

— Ela está bem? Ela está ferida? - ela o interrompe, sua voz carregada de preocupação.

— Ela está bem. Eu a trouxe para um café. Você pode vim buscá-la?

— Já estou indo. Me envia seu endereço.

 

 

Não muito depois, ela estava entrando pela porta do pequeno estabelecimento. Vê-la sem maquiagem, um pouco desgrenhada, aparência cansada, o fez lembrar dos momentos deles na sua cabana.

— Você está bem? - ela pergunta a irmã caçula.

— Eu estou bem - ela disse rolando os olhos - Seu amigo não para de me fazer beber líquidos! Me leva para casa, Em, quero atacar o estoque do papai.

— Ele não é meu amigo. Que droga, Amélia, você disse que ia estudar com algumas amigas.

— Ah, por favor, Emily, para.

Emily respira, forçando a se acalmar. Ela não ia explodir em um estabelecimento público no meio da noite.

— Conversaremos depois. - Ela se volta para Aaron - O quanto ela consumiu? Quanto eu te devo?

— Eu ainda não paguei. E eu não vou deixar você pagar, sou um cavalheiro, esqueceu?

Ela estica os lábios em um sorriso.

— Ah sim, cavalheiro. E por falar em cavalheiro, você está sempre salvando mulheres em bares, hein.

É fácil para ele rir. Ele girou a xícara de café que ele pediu para ele, mas não havia dado nem um gole sequer. Estava apenas procurando algo para fazer com a mão, uma distração para não olhar para ela.

— Não tantas, apenas as mulheres Prentiss, que são um tanto problemática.

— Deveras.

Eles ficam em um silêncio constrangedor depois disso. Emily olha para os pés, Aaron continua girando a xícara e Amélia revira os olhos, não tenta ser discreta. Afinal, bêbada ou não, Amélia nunca foi conhecida por ser sutil.

— O que diabos há de errado com vocês dois? - a Prentiss mais nova diz.

É ele quem fala primeiro, e não é uma resposta para a pergunta de Amélia.

— Você podem ir, eu pago a conta.

— Tudo bem, já que você insiste. Pegue suas coisas Amélia. - Aaron já estava levantando o braço para chamar a garçonete - Aaron - ela chama, quase hesitante.

— Sim? - ele olhou para ela.

— Obrigada.

Ele acena com a cabeça, não havia mais nada a fazer ao não ser isso. Pelo menos dessa vez o agradecimento veio mais rápido, mas ainda assim, não muda nada. Eles ainda são eles. Ele não entende porque isso o deixa tão abatido. Ele não deveria. Ele não deveria se importar com ela quando a salvou daquele homem que a encurralou no bar. Não devia se importar com a irmã dela esta noite e muito menos pagar pelo que ela consumiu. Mas ele fez mesmo assim. Por quê?

Às vezes ele lembra dela falando sobre como seria a vida deles se suas famílias não se odiassem.

"[...]Eu não sei, Aaron, poderíamos simplesmente ter seguido nossas sem nunca ter nos encontrados ou poderíamos ser simplesmente grandes amigos.

Por que isso o tem incomodado tanto?

 

 

— Ele quer entrar nas suas calças, sabia disso? - Amélia disse na volta para casa.

— Quem, Aaron? Claro que não. Isso é um grande absurdo.

— Claro que quer. Por qual outro motivo ele me ajudaria? Não é só por isso que homens fazem coisas gentis, só para entrarem nas suas calças?

— Pelo amor de Deus, Amélia, é Aaron. Ele me odeia tanto quando eu odeio ele. Acho que o que mais explica ele ter agido assim, é que ele tem um pouco de humanidade.

— Por que você está dando tanto ênfase na palavra 'odeio'?

Ela solta um grunhido.

— Por que você e Ted estão sendo tão chatos com isso? Nunca vai acontecer algo entre mim e Aaron Hotchner, por que ninguém entende isso? Agora por favor, Melie, deixe esse assunto de lado.

...

Christiane Hotchner estava na cozinha quando ouviu o tintilar de chaves. Logo em seguida ouviu passos vindo na direção da cozinha. Ela sabia quem era mesmo antes de ele entrar. Ela conhecia os passos dos seus filhos. Spencer arrastava o pés, seus passos eram preguiçosos e barulhento. Os de Aaron eram pesados, mas macios, eram esses que ela estava escutando.

— Mãe, o que está fazendo acordada tão tarde? - ele pergunta, olhando para sua mãe segurando o que parecia ser um chá.

— Eu que faço as perguntas, meu jovem - ela disse, o sorriso em seu rosto indicava que ela não estava zangada - O que estava fora que chegou tão tarde? - Ela leva a xícara com o líquido fumegante à boca.

Aaron suspira. Ela saiu de casa na intenção de se anestesiar com uma bebida, mas acabou que ele não tomou nem uma gota, ao invés disso, ele estava tomando conta da irmã da sua pessoa indeterminada, porque agora ele não sabia como considerá-la. Inimiga jurada parecia mais uma hipérbole do que um eufemismo.

Ele decidiu contar a verdade, mas não totalmente.

— Eu saí para beber, mas quando cheguei ao bar encontrei a irmã de uma - ele pondera por alguns instantes - amiga? - parece tão errado chamá-la assim também - Enfim, fiquei de olho nela, a levei para um café para tentar deixar ela um pouco mais sóbria enquanto esperava a irmã dela. - Quando ele terminou estava olhando para baixo e passando a mão pelos cabelos.

Christiane observou o filho, parecia atordoado, até um pouco assombrado, como se estivesse em um dilema moral.

— E o que te incomoda? - pengunta antes de levar a xícara até a boca novamente.

Aaron não responde, ela nem tem certeza se ele a escutou, parecia tão perdido.

— Mãe, - ele fala depois de um tempo - como sabemos que o que sentimos por outra pessoa é certo?

— Está se referindo a uma mulher? - ela pergunta como uma sobrancelha arqueada. Ele não responde, ao invés disso, ele desvia o olhar do dela - Eu não sou a melhor pessoa para de aconselhar, mas aqui vai mesmo assim. Você tem que saber diferenciar atração de sentimentos.

— E se for só atração?

— Então é muito, muito errado. Apesar de ser isso que desencadeia todo o resto. Porque primeiro nos apaixonamos pela beleza externa, depois pela interna. Mas se for apenas aquela atração brusca, carnal, é apenas algo que arranha a superfície. Eu digo que esse tipo de sentimentos é totalmente errado. Te ajudei em algo?

Aaron caminha até ela, dá um beijo sua testa e um sorriso de gratidão.

— Ajudou muito. Obrigada, mãe. Agora, por favor, volte a dormir.

Ele saiu da cozinha com um pensamento em mente: era apenas atração.

Os pensamentos que teve com uma certa morena, toda vez que sua boca secou quando ela usou um vestido qua destacavam suas belas curvas ou quando seus rostos estavam não próximo que podiam sentir a respiração um do outro.

Era apenas atração física. Aquela carnal e primitiva. Logo ele estaria livre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A linha tênue entre o amor e o ódio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.