It's a date escrita por GomesKaline


Capítulo 1
Capítulo 1




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 A proposta de Clyde não parava de girar e girar em sua cabeça.

Ela não se sentia mais em casa e ela odiava Doyle mais ainda por tirar isso dela.

Em DC, foi a primeira vez em anos depois de sua infância e adolescência maluca que ela se sentiu em casa. Ela residia em Washington há sete anos, e na opinião dela foi a melhor coisa que ela fez em sua vida. Mas agora a sensação de casa acabou. Ela tentou, realmente tentou fincar raízes nesse último ano. Ela tentou se prender a sua equipe. Apressou em consertar as coisas com Morgan, virou uma boa ouvinte para Reid e Rossi, saía com frequência com as loiras e até deu conselhos paternos para Hotch. Ela tentou comprar uma casa, pelo amor de Deus!

Ela tentou.

— Você está bem?- ele pergunta para ela após serem deixados a sós. Ela suspirou profundamente e lentamente.- ruim assim?

— O quê?

— Essa é sua conta, a sua bandeira.

— É?- ela pergunta um pouco surpresa por seu supervisor saber isso sobre ela- desde de quando?

Ele estreitou os olhos fingindo está procurando em sua mente desde quando a conhece ele conhece isso nela.

— Desde que eu conheço você.- ele respondeu. Os dois sorriram.

— Você também tem uma, mas eu não vou te dizer senão você vai parar de fazer.- eles sorriram novamente.

— Certo.- eles ficaram em silêncio por alguns segundos. Ficaram apenas encarando-se. Era um olhar diferente do que eles costumavam trocar. Esse olhar carregava muito nele, muito mesmo.- quer conversar sobre isso?

Desde que ela voltou eles têm essa dinâmica. Depois de ele discutir a avaliação psicológica de Emily no avião meses atrás e o acordo que fizeram naquela mesma manhã, eles têm tido isso. Essa amizade, esse companheirismo.

"Você passará semanas, até meses se sentindo bem. E então terá um dia ruim. Apenas me diga quando isso acontecer." Isso foi o que ele disse.

Desde então eles sempre têm conversado, não só ela fala sobre os dias ruins, ele também.

— Absolutamente, mas agora não.- ela diz com uma certa dor na voz. Conversar sobre isso será doloroso.

— Primeira coisa amanhã?- É mais uma afirmação do que uma pergunta.

— É um encontro.

— Okay.- depois disso ele se afastou dela para ter com Jack que estava brincando com Morgan.

A cerimônia estava começando. JJ estava caminhando ao lado de sua mãe para encontrar com Will, mas Aaron só conseguia pensar em Emily e na confusão que ela se encontrava, ela tentou esconder, mas depois de tantas longas conversar e tantos momentos juntos ficou fácil lê-la. Ele estava tendo um péssimo pressentimento sobre o que ela estava sentindo, algo estava muito errado, ele sabia disso.

Emily ficou observando os amigos dançar. Todos estavam felizes, sorridentes e dançantes. Ela sentiu uma pontada de dor quando a realidade à atingiu.

Ela estava indo embora.

Morgan a tirou de sua viagens pelos caminhos escuros de sua mente e sentimentos quando a puxou para dançar. Isso a fez perceber que ela tinha que aproveitar cada momento com as pessoas que ela mais ama na terra. Depois de Derek foi Spencer, foi divertido dançar com ele, ele não era tão formal quantos os outros, dançava mais desajeitavelmente, e isso foi bom. Em seguida Garcia a puxou para dançar com JJ, Emily se segurou para não chorar enquanto dançavam à três. Ela ia sentir falta dessas duas. Depois o cavalheiro David Rossi deslizou com ela pela madeira sob seus pés, ele lhe passou uma boa energia, ela com certeza sentirá falta disso vindo de Dave. Ainda dançando com Rossi ela encontra o olhar de Aaron, ela se amaldiçoou por estremecer com a intensidade que seus olhos carregavam. Então ele caminhou em direção à ela e a tomou educadamente dos braços de Dave.

Ela sentiu borboletas no estômago quando as mãos deles se tocaram e então sentiu novamente quando seus corpos ficaram bem mais próximos. Era tão leve com ele, não era preciso muito esforço para deslizar com ele ao som da música. Ela sabia que era errado se sentir uma princesa aos braços dele. Contos de fadas não existem, mas nesse curto espaço de tempo ela pôde provar um momento perfeito, ela sentiu que tudo era rosa e feliz.

— Com você dançar parece ser algo tão fácil.- ele sussurrou em seu ouviu e ela sorriu. Ela não sentiu necessidade de responder.

Ela não queria que a música acabasse, ela estava se sentindo tão bem, tão segura contra ele, ela nunca ia admitir isso em voz alta, é claro, mas ele lhe passava segurança. Era errado sentir isso por seu supervisor, pelo menos era o que ela pensava, talvez fosse só a adoração ao herói, porque foi ele quem a ajudou em nos seus momentos mais difíceis de sua vida. E se não fosse ele, ela estava inteiramente e completamente ferrada.

Aaron Hotchner é inalcançável e para completar, ela estava indo embora, talvez isso fosse o melhor. Ela partirá e ele continuará sendo seu segredinho sujo de sua mente obscura.

Quando ele disse que seria a primeira coisa a fazer pela manhã ele não estava brincando. Lá estavam eles às 6:00 da manhã em um cafeteria qualquer, eles só entrariam no trabalho lá pelas 8:00 ou 9:00, pelo amor de Deus! Mas mesmo assim ele a tirou da cama às 6:00, ela quis esmurrá-lo. Ela foi toda a viagem para o café murmurando palavrões em todas as línguas que conhecia e imaginando as piores formas de torturas. Contudo, tudo isso passou quando ela entrou no café e percorreu os olhos pelo local procurando por ele e seu olhar o encontrou e ele sorriu, esse sorriso afastou, ou melhor, destruiu todas a raiva por acordar cedo. Mesmo de longe ela conseguiu ver as covinhas dele, ela só queria pular em cima dele ali mesmo, e foi preciso muito autocontrole para ela não fazer isso.

— Senhor.- ela comprimentou quando se aproximou.

Ele rolou levemente os olhos, o que foi uma surpresa para ela. Ela sempre o vê com muita frequência no escritório, sempre o mesmo estóico Aaron Hotchner, às vezes ela esquece que ele é humano.

— Odeio quando você me chama assim.

Ele estava tão relaxado e à vontade, ela não sabia se isso era real ou fruto de sua imaginação, ela até se beliscou levemente para ter certeza que tudo isso que estava acontecendo era real.

— Por quê?- ela questiona.

— Por que parece tão sarcástico, eu sempre tive a impressão que você usa uma certa quantidade de deboche quando me chama assim.

— Isso não é verdade...bem, no início eu usava mesmo, mas era porque você não gostava de mim.

— Não era que eu não gostava de você, era que eu tinha uma certa dificuldade de confiar em você.

— Isso é pior ainda, eu achava que você era um misógino. Eu odiava você, sabia?

Ele sorriu.

— Você nunca fez questão de esconder.

Ela realmente o odiava, ele a tratava como uma criança frágil e como uma criança travessa que caso ele a soltasse ela iria fazer besteira. Ela ficou realmente impressionado quando ele começou a se aproximar, quando ele lhe dava bom dia todo dia pela manhã, quando eles se encontravam na sala de descanso e ele lhe oferecia café, quando ele sempre buscava duas garrafinhas de água no jatinho e lhe entregava uma, quando a procurava para conversar depois que ela teve um caso ruim. Ele sempre conseguia fazê-la falar, ele sempre estava cuidando dela, ele sempre estava lá. Por isso não foi difícil se apaixonar por ele.

Ela também ficou surpresa quando ele a deixou se aproximar. Quase sempre era nos casos que envolvia crianças, ele sempre ficava duas vezes mais carrancudo, frio, rude e grosseiro, e de alguma forma só Emily podia acalmá-lo. Depois de New York, no caso de terrorismo onde Kate foi morta e seu ouvido estourado, foi Emily que o ajudou. E depois teve Foyte, a morte de Haley, e sempre era Emily que o trazia de volta quando ele se perdia.

— Então - ele começou - o que está acontecendo?- ele bebeu de seu café.

— Eu estou indo embora.

Ele engasgou.

— O quê? Por quê? Você acabou de voltar.

— Clyde me ofereceu o cargo que ele ocupa na Interpol, e obviamente eu aceitei.

— Isso é ótimo, Emily!- ele quase saltou de felicidade, mas quando a realidade o atacou uma tristeza o dominou. Ela estava indo embora- Isso é ótimo.- falou dessa vez sem entusiasmo.

Inferno! Ele fez de tudo para que ela se sentisse bem, se sentisse em casa depois de Doyle. Ele a escutou quando ela ligou para ele de madrugada depois de ter um pesadelo, ele escutou todas as vezes que ela foi até ele contar que estava tendo um dia ruim, ele a encorajou a prosseguir com a terapia e a não mentir para a terapeuta. Ele tentou dirigir toda a raiva que a equipe sentiu dela quando descobriram que ela estava viva para ele. Ele até a apoiou quando ela quis comprar uma casa. Mas com tudo isso ela ainda estava indo embora. Isso foi um chute no estômago.

— Eu gostaria de ser egoísta e estúpido o suficiente para te pedir para ficar, mas eu não sou e não posso te pedir isso. Estou feliz por você, feliz por conseguir um bom cargo, feliz por ser reconhecida, você merece isso, você merece até mais que isso, acredito até que um dia você você será diretora do FBI.- ele parou um pouco e respirou fundo- Mas ao mesmo tempo eu estou triste, Emily. Triste porque você vai embora, triste porque você vai me deixar.- ele tentou sorrir, torcendo para que ela não visse as lágrimas que queriam cair.

— Hotch...- diferente dele ela não conseguia segurar as lágrimas, elas caiam calmamente.

— E eu não estou perdendo só uma das minhas melhores agentes, estou perdendo minha melhor amiga.

Emily deixou cair mais lágrimas.

— Eu sou sua melhor amiga?- ela perguntou com a voz embargada.

— Você tinha dúvidas?

Claro que ela tinha, ela nunca sabia em que pé estava com Hotch. Afinal ele é o Hotch, ela ainda tinha dúvidas que ele era humano. O homem que ela conversava depois de um caso ruim era diferente do homem com quem ela trabalhava. Ela ainda pensava que ela era alguém que ele procurava eventualmente, ela nunca pensou que ela era sua melhor amiga. Ela o considerava, mas ela também era apaixonada por ele, ela fazia de tudo para não ver sentimentos da parte dele onde não tinha.

Teve momentos em que ela pensou que ele nutria algo por ela, mas logo ela descartou. Por que Aaron Hotchner nutritiria sentimentos por ela? Ela nem fazia o tipo dele, ela nem era loira e ela era subordinada dele, pelo amor de Deus!

— Você é meu melhor amigo.- ela levou a mão até a dele e apertou.

Ele levantou o olhar e congelou no dela. Ele não podia acreditar que não olharia mais esses olhos todo dia no trabalho, nem a confusão de cabelos negros pela manhã, que não veria seu sorriso ou escutaria sua risada histérica.

— Eu vejo que ainda têm algo mais.

Argh! Ela odiava o jeito que ele podia lê-la, ele nem precisava se esforçar.

Ela respirou fundo.

— Eu não me sinto em casa. Não me sinto em casa desde que voltei, me sinto vazia.- ela disse sem enrolação.

Foi ainda mais doloroso do que escutar que ela estava partindo.

— Você me disse que escolheu voltar, porque se importava com o trabalho e porque era claro para você, pois sabia quais eram os caras ruins e quais eram os bons, que não precisava se preocupar com quem prejudicaria para fechar um caso. Está me dizendo que tudo isso é mentira?

— Não, Hotch, não.- ela assegura- Eu pensei que seria fácil, que era só voltar e estaria em casa novamente, mas não foi assim. E odeio Doyle por tirar o único lugar que eu já considerei meu lar, o único lugar ao qual senti que pertencia. Não são vocês, eu amo todos, é só que... é difícil. Você entende isso, não entende?- ele estava de cabeça baixa ainda segurando a mão dela- Hotch?

— Eu vou sentir sua falta.- ele disse encontrando o olhar dela.

— Eu também você sentir a sua.

Ele estava tornando mais difícil do que deveria. Ela pensou que o mais difícil de contar seria Penelope e Spencer. Garcia tentaria todas as maneiras para fazê-la desistir e Reid viria com seu discurso de que ela o abandonaria mais uma vez.

Mas Hotch, esse estava sendo extremamente difícil, e não ajudava o fato do homem pelo qual ela está apaixonada dizer que sentiria falta dela.

Eventualmente, depois de eles terminarem o café estavam de pé próximos aos seus carros. Emily enfiou as mãos no casaco e olhava para os pés. Aaron ficou olhando a mulher à sua frente, ele estava reunindo coragem para fazer o que queria.

— Melhor irmos.- ela diz timidamente, quando ele não diz nada ela gira os calcanhares para ir até seu carro.

— Espera.- ele segura o braço dela e ela para e olha para ele.

Ele caminhou para mais perto dela e parou à sua frente e levou uma das mãos até o seu rosto.

"Que diabos ele está fazendo?"

— Como dentro de alguns dias eu não serei mais seu chefe, acho que não é errado fazer isso.

"Fazer o quê?"

Ele se inclinou e fundiu seus lábios no dela, levou a mão livre à cintura dela e a puxou para mais perto. As mãos dela automaticamente estavam em seu pescoço e os braços dele migraram para abraçar a cintura dela. Eles continuaram o beijo por algum tempo, calmo e sem malícia.

— Isso aconteceu mesmo?- ela falou ainda agarrada ao pescoço dele.

— Precisa de outro para confirmar o anterior?

— Sim.- ela diz com um sorriso.

Então eles estavam se beijando de novo, só que esse era mais faminto e selvagem. Eles depositaram nesse beijo todo o desejo que eles reprimiram por muito tempo, o que eles esconderam atrás da regra de confraternização do Bureau. Eles não eram mais escravos de ninguém, apenas deles mesmos e de seus beijos.

— Eu gosto de você, Emily.- ele disse quando afastou os lábios do dela.

— Agora me sinto menos idiota por gostar do meu chefe.- ela brincou, mas as palavras dele a chocaram. Ela ainda estava tentando se acostumar com ideia de que eles eram melhores amigos e agora ele joga outra bomba.

— Eu não vou te pedir para ficar, mas Emily, você não vai embora para sempre, nós vamos nos encontrar novamente, eu sei disso. E quando isso acontecer ficaremos juntos, disso eu tenho certeza.

— E se não nos encontrarmos?- ela diz um pouco cética.

Ele oferece um sorriso confiante.

— Sempre vamos nos encontrar.

Sempre.

Eles estavam fadados a isso. Porque um pertence ao outro.

 


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