Leve-me para casa escrita por GrazzySs


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Faz um tempo que fiz ela, e agora estou tentando conhecer outras plataformas... ignorem os erros.



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Hermione estava acabada, sua vida tinha desmoronado, seu relacionamento com Ron, tinha acabado, por culpa dela.

Seus pais haviam morrido a dois anos, e bem, Hermione não tinha filhos e nem parentes mais próximos, Ron tinha sido um ótimo namorado, mas as coisas entre eles estavam piores a cada segundo que passava, então Ron decidiu que era melhor que eles terminassem.

É claro que Hermione não tinha aceitado o fim, quando ele falou, mas ela realmente pode ver a lógica dele, apesar dos pesares, Ron não queria perder sua amizade com ela, e Hermione tinha medo, será que essa amizade ainda existia?

Depois de cinco anos após a batalha final, Hermione e Ron firmaram um namoro com sonhos futuros para um casamento, mas depois de um tempo, a castanha tinha restaurado a memória de seus pais e eles estavam indo com calma para que os Granger's lidassem com a atitude de sua única filha.

Depois de dois anos com Hermione implorando para que seus pais a perdoassem, os Granger’s finalmente acatou sua sinceridade, e quando finalmente as coisas estavam voltando para o eixo, aconteceu um acidente trágico, os Granger’s sofreram um acidente de carro e morreram no local.

O mundo de Hermione desabou, apenas seu amigo e irmão Harry com seu namorado Ron ficaram ao seu lado, não que os Weasley não estiveram, mas eles já tinham suas próprias dores para carregar a dela.

Hermione entrou em depressão profunda, não aceitava a morte de seus pais, e cada dia mais afastava os únicos que estavam ao seu lado, seu glorioso trabalho no ministério também foi afetado, e Hermione foi despedida.

Agora a castanha estava isolada, sem família, sem amigos, sem emprego, sem seu gato, sem nada, apenas a dor e a culpa gritavam em seus ombros, por que a vida não poderia acabar de uma vez?

Por que simplesmente não poderia tudo acabar e ela deixasse de existir? As pessoas nunca sentiriam falta dela, afinal.

Hermione estava caminhando cegamente para o topo de uma montanha, com seus pensamentos bizarros, sua culpa e dor a dominaram tão intensamente, que a impedia de ver as coisas ao seu redor, a bruxa só queria acabar com sua vida miserável, ela apenas queria deixar este mundo, deixar de sentir, de respirar, ela não queria mais estar aqui, e nem pensar, Hermione só queria sumir.

Mas uma pessoa que estava a seguindo não pensava assim, ele havia ouvido falar nos rumores das desgraças que tinha acontecido no cérebro do trio de ouro, a insuportável sabe-tudo, a garota insolente brilhante, brilhante, estava em ruínas, e ele queria ver com seus olhos, o que de fato havia acontecido.

Ele não precisou falar com ela para saber os detalhes, só a expressão vazia em seu rosto, e a opacidade de seus olhos outrora castanhos aquecidos, estavam sem vidas e marrons, ela estava mais magra do que a última vez que a vira, seus cabelos armados e descontrolados, aparentemente cheios de nós embaraçados, a garota, não, a mulher estava destruída, sua alma completamente quebrada.

Severus sabia o que ela estava pensando e o quê ela iria fazer, mas ele não iria permitir, seria um desperdício, não? A bruxinha mais brilhante de sua idade acabar assim? Hum?

Ele faria o que tivesse ao seu alcance para resgata-la daquela situação, até porque ele já tinha estado daquele lado, e foi salvo, mas bem, não da melhor maneira, mas as circunstâncias não muda os fatos, ou muda? Não era ele um homem mudado agora? Não era ele, um homem que aprendeu a lidar com a culpa, e aprendido que o que não pode ser curado, remediado está? Sim, então ele ajudaria essa mulher a encontrar o caminho de volta.

Quando Hermione chegou ao topo da montanha, sentindo o vento gelado acariciar sua pele frágil e pálida, a castanha não conseguiu impedir o soluço derrotado de seu corpo enfraquecido, estava acabando, sua existência estava no fim, ela não era mais importante, talvez ela nunca tinha sido, bem, era o fim.

Hermione engoliu em seco e respirou fundo pela última vez, fechando os olhos, preparando para dar um passo para o abismo.

Hermione andou, mas nada aconteceu, será que ela estava longe da borda? Mas ela tinha visto o abismo a um passo de distância, será que ela estava tendo alucinações agora? Não, ela sabia que tinha visto.

Quando a dama foi dar mais um passo para cair no abismo, ela sentiu seu corpo enfraquecido voando, mas que estranho, ela não estava caindo da maneira correta, ela parecia estar emaranhada em um abraço, e não era assim que ela imaginava que seria cair da montanha.

Foi então que Hermione sentiu um perfume familiar, a muito tempo esquecido, e teve a certeza que estava nos braços daquele ser, o dono daquele perfume, que de uma maneira estranha lhe trazia paz.

Hermione não quis abrir os olhos, e começou a questionar a sua sanidade, não seria possível, seria? Severus Snape, de todas as pessoas estaria voando com ela?

Hermione sentiu o voo parar, e seus pés tocaram o chão novamente, não era isso que ela queria, mas o abraço a apertou mais, a trazendo para a realidade, a forçando abrir os olhos e confirmar aquilo que sua mente havia premeditado.

— P-Professor Snape? – Hermione gaguejou com a voz grossa.

— Senhorita Granger, eu não sou mais seu professor... – Ele sussurrou para ela. – Me chame de Severus.

— E-eu... Hum... – Hermione não sabia o que falar.

— Eu sei que é difícil, Hermione. Mas não é o fim, para tudo na vida há uma chance, e acabar com sua existência não é a melhor saída. – Severus falou gentilmente.

Hermione não sabia o que a assustava mais, se era o fato de ainda estar viva, ou o fato de que seu ex-professor a tinha salvado, ou por ele estar ciente do que ela iria fazer, e salvou a vida dela.

— Por que, pro... Severus? Me salvou? – Hermione se perdeu.

Aquelas orbes negras brilhantes e completamente intensa dirigida a ela com tanta ternura, Hermione duvidava que seria capaz de sobreviver a esses olhos.

— Eu já estive onde você está, Hermione. Eu entendo como você se sente, você conhece grande parte da minha história. – Ele respirou fundo. – Mas não foi o fim, e eu tive outra oportunidade de recomeçar, e aqui estou eu...

Severus a olhou significativo.

— Ninguém sentiria minha falta, eu não tenho mais família, e nem amigos, perdi meu emprego, eu perdi tudo... – Hermione sussurrou para ele.

— Eu sentiria sua falta! – ele arqueou a sobrancelha em desafio. – Que tipo de humano seria eu, se não sentisse falta da aluna mais insolente que ensinei? – Ele sorriu zombeteiro. – Como minha mente ficaria em paz, lembrando da insuportável sabe-tudo, não estava mais entre os vivos? - Severus riu.

— Feliz? – Hermione perguntou mordendo o lábio. – Você não tem que mentir, você sempre me odiou, e hoje eu entendo o porquê, todos me odeiam. – Hermione falou sombriamente.

— Eu nunca te odiei, Hermione. Eu só não tinha paciência para sua mão no ar e as respostas decoradas de um livro. – Severus estava sério. – Você foi uma boa aluna, mas seu erro era não usar suas próprias palavras e seus próprios instintos para expressar seu conhecimento.

Hermione suspirou, ele estava certo afinal.

— Eu sei... – Ela respondeu. – Mas isso não muda nada, olha o desastre que está minha vida, não tenho nada e ninguém. – Ela deu de ombros.

— Você tem a mim, agora. – Severus respondeu.

— Por que? – Hermione perguntou.

Severus riu.

— Algumas coisas não muda, você continua a questionadora... – Severus a puxou mais para si. – Não sei explicar, mas eu sei que não posso te deixar fazer isso.

— Mas seria melhor...

— Não, Hermione. Eu não posso deixar você ir, eu não entendo, e nem quero entender, eu apenas sinto que não posso e não vou deixar você ir. – Ele suspirou. – Eu vou te levar para a casa.

— Eu não tenho...

— Eu falei que vou te levar para casa, a minha casa será sua também, e eu a ajudarei a superar seus problemas, e eu estarei sempre ao seu lado. – Severus falou.

— Mas por que? O que faz você pensar que eu mereço isso? O que faz você pensar que posso superar a dor da culpa que carrego aqui? – ela perguntou colocando a mão no peito.

— Porque Hermione, não tem a ver com pensar, e sim entender o que o coração sente... – Severus respondeu.

Hermione não tinha respostas para isso, o que o coração dela sentia afinal? Ela não sabia responder, fazia tanto tempo que sua mente dominou seus sentidos, a culpando por tudo, que simplesmente ela não conseguia realmente sentir seu coração sem pensar.

— Eu não vou prometer ser um amigo maravilhoso, até porque eu não sou uma pessoa assim, mas eu prometo minha amizade e compreensão para sempre a você, Hermione. – Severus falou.

Hermione só podia assentir.

— Vamos querida, vamos para casa, temos muito o que fazer, e você tem muitos bons quilos para recuperar! – Severus sorriu estendendo o braço para ela.

Hermione ainda estava quebrada, mas o perfume e a voz de seu ex-professor, e a temperatura de seu corpo a deixava em paz, a paz que ela não sentia a muito tempo, sua presença era como um bálsamo para suas feridas, Hermione não sabia explicar como e nem por que, mas as palavras saíram sem que ela pensassem de seus lábios rachados.

— Leve-me para casa!

Severus sorriu dando-lhe um beijo suave na testa, quando finalmente os aparatou.

— Estamos em casa, Hermione. Agora venha, vou preparar seu banho. – O bruxo com os olhos intensos cintilantes a levou para o banheiro.

Hermione não conseguiu expressar nada, ela estava em choque, era tudo demais para sua mente confusa raciocinar, e seu coração estava rápido demais para que ela identificasse seus sentimentos, isso seria mais complicado que do a montanha, mas se Severus estava disposto a ajudá-la, quem seria ela para negar tal coisa?

 

Severus estava obviamente preocupado com Hermione, ele não conseguia entender o motivo específico para tal instinto protetor sobre a bruxa, quê muitas vezes ele a menosprezou em seu passado.

Mas depois de sua recuperação sobre a maldita cobra, Severus se via frequentemente sonhando com a castanha, os sonhos eram inteiramente sobre ajuda emocional e espiritual.

— Humph! – Ele resmungou.

Que ironia, logo ele o bruxo que foi tão malvado seria a cura e a libertação daquela jovem mulher, que estava longe de ser aquela pequena garota insuportável sabe-tudo.

Mas Severus sabia que estava fazendo isso de bom grado, seu interior estava suavemente em paz, era a coisa certa a fazer, ele dizia a si mesmo, não querendo focar no sentimento mais profundo.

O mago sabia que em poucos dias ele seria totalmente devotado a jovem mulher, mas por mais que seus instintos protetores estivessem despertados por ela, ele ainda tinha um auto instinto de se proteger, ele não iria entregar seus sentimentos numa bandeja e ser rejeitado novamente.

Severus sabia também que Hermione estava longe de se envolver com alguém, a moça estava danificada demais para isso, e por mais que Severus soubesse que em pouco tempo ele estaria a amando, ela não precisava saber, não é?

Ele estava tão relutante em pensar mais profundamente sobre seus sentimentos, que sua natureza estava completamente o contrariando, aqui estava ele, tendo a absoluta certeza que sentia algo profundo pela dama.

Para piorar as coisas, Severus estava a velando em seu sono, depois que ele a trouxe para casa, o bruxo a confortou em seus braços enquanto as lágrimas corriam livremente em seu rosto delicado, para ele parecia quase um crime, ver uma mulher como ela em tal vulnerabilidade.

Algumas horas depois de muita paciência, sim, ele era paciente, como ele não poderia ser, sendo um mestre de poções?

Hermione finalmente caiu no sono, em seu estado desgrenhado, o bruxo no entanto não pode deixar de transfigurar algumas de suas roupas em algo útil para que a bruxa pudesse usar.

A respiração de Hermione estava lenta e pacífica, causando sentimentos de nostalgia para ele, que durante a sua própria percepção franziu o cenho.

— Será que estou ficando doente? – Ele se perguntou querendo mentir para si.

O que muitas pessoas nunca entendeu em Severus, era que ele era um homem depois de tudo, ele se deixou cegar pela raiva e rancor em sua juventude, e pagou um auto preço por isso, ele nunca se perdoou pela imprudência de seus atos, mas jurou para si mesmo, que quando estivesse livre de seus mestres loucos, ele faria valer apena a sua vida.

E assim estava ele, um homem sentimental, sim, era o tal ditado de quem cospe alto cai na testa, ele mesmo, era um tolo sentimental, mas não era qualquer pessoa que o conheceria, era uma barreira pessoal, e quem ele permitisse ver através dela, seria uma pessoa privilegiada.

Ele não gostava de fazer nada pela metade, muito menos amar, Severus era focado e determinado, quando tinha um objetivo nada o impediria de alcançar, e quando ele o fizesse, não seria nada menos do que a perfeição.

Ele era assim no amor, ele leu errado os sinais de Lily, e ficou ciente de quê, ele deveria se proteger mais, para não sofrer com a mesma experiência, Lily conheceu o seu lado mais doce, mas quando se deu de cara com seu lado sombrio, e ela nunca o perdoou.

Através disso ele desistiu do amor, até então ele achava que nunca acharia alguém que o amasse como ele era, e que o aceitasse com seu passado perturbador, ele duvidava que Hermione fosse querer algo com ele, quando estivesse curada, mas não importava para ele, era a coisa certa a fazer afinal.

O bruxo era intenso, sua personalidade era intensa, e todos os sentimentos que passavam por ele, só era transmitido depois de muito pensar sobre as consequências.

Ele aprendeu de forma dolorosa o que era as consequências de atos prematuros, e agora, ele era dono de si, e só faria aquilo que ele tivesse certeza que era o certo, e que não traria consequências negativas para si.

Claro que esse sentimento desconhecido por Hermione o estava deixando o inseguro, quem não seria? Não era como se ele pudesse confiar numa mulher que não poderia confiar em si mesma!

E claro também que ele a ajudaria e cuidaria muito bem dela, afinal não existe apenas uma maneira de demonstrar amor, essa palavra era muito além do sexo, e beijos roubados durante o dia, ela constituía cuidado, dedicação, compreensão, respeito, companheirismo, e muitas outras coisas que ele não estava interessado em se aprofundar agora.

O bruxo foi tirando de seu devaneio quando Hermione acordou, mas continuou deitada o encarando.

Ele não falou nada, esperou que ela fizesse, Severus não queria pressionar ou ser desagradável, mas ele acreditava que Hermione eventualmente iria quebrar o silêncio e falar por vontade própria, e sim, ele estava certo.

— Obrigada. – Ela sussurrou para ele com a voz rouca.

— Você é bem-vinda. – Severus sorriu para ela.

— Mas eu não mereço, você sabe. – Hermione falou mordendo o lábio.

— Eu sei? – Severus perguntou arqueando a sobrancelha.

— Eu afastei todos, eu fui cruel com eles, e eu serei com você, você já sofreu por minha causa por tantos anos... – Hermione falou com a voz embargada.

— Não seja tola, eu nunca sofri por sua causa, Hermione. – Ele sorriu encorajador para ela. – Eu sofri por meus atos e atitudes impensadas. – Severus terminou.

— Mas... – Hermione foi protestar quando Severus a interrompeu. – Hermione, não, não vamos lá ainda, você precisa de um banho, e algo decente para comer e depois descansar. – Severus a olhou imperiosamente.

— Você está certo. – Hermione concordou.

Depois que pareceram horas, Hermione finalmente saiu de seu banho, os olhos vermelhos inchados a prova de que ela chorara a minutos atrás.

Sem hesitar o bruxo a puxou para seus braços e a apertou para si, ele sabia que a dor e a depressão que ela estava, não era somente pela culpa de seus pais, e nem de seus amigos e eventualmente o relacionamento com o mais novo Weasley terminado, essas feridas que a sobrecarregava, era dos tempos sombrios da guerras, das coisas que ela viu e viveu, das pessoas que morreram diante de seus olhos, da pressão de ter que se provar todos os dias por ser a melhor, por não ter parentes mágicos em sua herança familiar.

Severus estava preparado para ela, e sim, mesmo que ela não o amasse de volta, ele seria o porto seguro dela, ele seria o protetor, e  se fosse o acaso dele a amar, ele faria isso sem esperar nada em troca, afinal o amor não deveria ser assim? Amar incondicionalmente e não esperar por nada?

Severus a beijou na testa, e esperou que ela falasse.

No fundo da escuridão

Todos nós nos perdemos

Apanhados na tempestade

Balas caindo rapidamente

— Faz um bom tempo que não me sinto como eu... – Hermione falou trêmula. – A morte de meus pais foram os catalisadores finais para o meu fim.

— Não é o seu fim, Hermione. – Severus a apertou mais em seus braços.

— Não existe nada para salvar, Severus. – Hermione se afastou. – Eu sou apenas a carcaça do que uma adolescente que já fui, e ficou esquecido no passado a muito tempo. – Hermione o encarou com seus olhos mortos e sem vidas.

— Certamente que não foi esquecida, bruxa. – Severus traçou sua face com os dedos delicadamente. – Eu estou aqui, não estou? – Ele perguntou.

— Mas você não deveria estar, eu vou te decepcionar, eu nunca consegui ser aceita por você, quando eu ainda era inteira, como seria eu agora? – Hermione o questionou.

— Hermione, você sempre foi a bruxa mais brilhante de sua idade, não precisava de mim, mas eu não podia reconhecer seu talento perante todos naquela época. – Severus Respondeu. – Eu estava andando em cordas bambas, e a guerra dependia do meu desempenho, para quê o lado certo ganhasse.

— Eu sinto muito! – Hermione falou chorosa.

— Ô bruxa! Você não tem que se desculpar por algo que não é sua culpa, você era apenas uma criança, e vítima de uma guerra. – Ele falou suavemente. – Venha aqui, shi... esta tudo bem... – Severus murmurou em seu cabelo, enquanto a abraçava.

— O que restou de nós, Severus? Eu não sei mais quem sou e nem quem fui, eu não tenho nada e nem ninguém, eu destruí tudo, e não quero destruir você. – Hermione fungou em seu pescoço.

— Eu já lhe disse, bruxa, você tem a mim. – Severus massageou a sua costa. – Você não vai me destruir, Hermione, nós vamos passar por isso juntos! – Ele afirmou. – E você tem tudo, essa casa é sua também, por quanto tempo você quiser e precisar. – Ele suspirou. – Agora venha com você, vamos comer alguma coisa. – Snape a levou para a cozinha e a serviu.

Durante o jantar ele nunca tirou seus olhos dela, seu coração doía pela forma que a bruxa estava, ele se irritou com os amigos que ela tinha, como eles aceitaram se afastar dessa pequena leoa? Como eles tiveram a coragem de fazer isso? Mesmo que ela os tratassem mal, não era para eles terem se permitido afastar, ela os manteve vivos, numa guerra sangrenta!

Suas orbes de Ônix estavam brilhando com raiva, raiva por aqueles idiotas que ela chamou de amigos, raiva pelos ex-mestres que levou essa doce e determinada jovem, para longe de si, para longe da alegria da vida, para longe de seus olhos vivos e brilhantes com sede de conhecimento, ele amaldiçoou a cada um que contribuiu para a perdição dessa mulher.

Mas ele estava determinado, ele iria mudar isso, ele a provaria todos os dias que ela merecia ser feliz e ele a ajudaria a superar o passado e a guerra sangrenta, ele iria até ao fim por ela, Hermione merecia mais que piedade, e ele a daria tudo de bom grado, mesmo que tivesse que esconder seus sentimentos verdadeiros, que ele ainda não tinha certeza se era, mas ele faria o impossível para restitui-la de sua própria identidade novamente.

— Venha moça, vamos para seu quarto, você precisa descansar agora. – Severus falou estendendo a mão para ela.

Hermione aceitou de bom grado, ela estava grata pelo que ele fazia, pelo que ele estava sendo, mas ela ainda estava muito longe em sua dor, para reconhecer seus atos e agradecer devidamente.

Severus a cobriu como uma criança, enquanto ela segurava sua mão como sua única salvação, ele se acomodou ao lado dela na cama, fazendo o caminho do seus dedos suavemente em seus cabelos.

— Eu não vou a lugar nenhum, Hermione. – Ele a tranquilizou. – Se você quer que eu fique aqui com você, apenas diga. – Ele sorriu para ela.

— Por favor, fique. As noites são piores... – sua voz trêmula sussurrou.

— Eu estarei aqui, quando você acordar. – Ele falou beijando-lhe na testa.

— Mesmo? – ela perguntou como uma criança insegura.

— Sempre. – Ele sorriu, apagando a luz do quarto, e a envolvendo em seus braços.

A bruxa se acomodou, sem se preocupar com mais nada, ela estava se sentindo segura com ele, como ela nunca esteve em sua vida até então.

Quando o mago ouviu a respiração dela suavemente lenta, o bruxo murmurou para si.

— Eu sempre cuidarei de você, moça. – Fechando seus olhos e adormecendo em seguida.

 

As coisas não estavam sendo fáceis para Severus, mas ele já esperava por isso, Hermione estava a cada dia ganhando peso, seu cabelo estava mais controlado, sua pele não era mais tão pálida, mas o seu emocional era complicado.

Algumas vezes ela estava realmente bem, teve até algumas discussões intelectuais sobre pesquisa em poções, mas esse era o presente que os deuses ainda não queriam lhe dar, e fazer o quê? Ele iria até o fim por ela e com ela.

Infelizmente hoje não seria um dia agradável, pois o bruxo precisava sair para fazer algumas compras, mantimentos e alguns ingredientes para poções, e ele não tinha ninguém para ficar de olho na castanha, para encurtar a ausência da casa, Severus havia enviado uma coruja para o Boticário pedindo para que ele deixasse tudo separado, para apenas pegar e pagar.

Mas os alimentos demorariam um pouco mais, pois não eram todas as coisas que Hermione realmente poderia ingerir, pelo tempo que ela passou sem comer, ele tinha que ter paciência e muitas poções para segurar aqueles alimentos.

Fazia apenas um mês que Hermione estava morando com ele, mas o bruxo já estava extasiado por ela, seu coração idiota se apegou tão rápido, que ele temia que tivesse sido mais veloz que o d-flash.

Sim o moreno estava definitivamente se apaixonando por uma mulher fora de si, mas a questão não era essa, Hermione era tão frágil e amável, tão delicada e linda, mesmo em sua situação ele a achava encantadora, e claro os pequenos presentes que acontecia quando ela realmente estava lúcida, era o mais devastador, quase causando-lhe uma arritmia cardíaca.

Nesses momentos Hermione o olhava com admiração em seus olhos castanhos aquecidos, brilhando com a chama da vida, e sorria encantadoramente para ele.

Como um coração velho e cansado, que nunca conhecera o amor, poderia resistir tais coisas? Sim, Severus era fechado, ou talvez foi, um dia ele foi inalcançável, um dia ele foi intocável, mas esse dia passou e agora ele era livre para ser alcançado, e tocado e o que mais ela quisesse fazer com ele.

Suspirando para sair de sua reflexão interior o bruxo se arrumou, seria um longo dia, e quanto mais ele demorasse para sair, mais tarde ficaria.

....

O bruxo foi até ao quarto de Hermione batendo na porta educadamente antes de entrar.

— Bom dia, Hermione. – Ele a saldou.

— Bom dia. – Hermione respondeu.

— Você precisa de alguma coisa? – Ele perguntou.

— Você vai sair? – Hermione falou apavorada.

— Sim, mas não por muito tempo. – Ele tentou a tranquilizar. – Preciso comprar alimentos e alguns ingredientes para poções, mas antes do almoço estarei de volta.

Hermione apenas assentiu, não querendo olhar para ele.

— Ei, bruxa. – Ele a chamou. – Olhe para mim, Hermione.

Relutante Hermione o olhou.

— Eu não vou demorar, eu prometo. – Severus falou sentando-se ao seu lado na cama. – Voltarei o mais rápido que puder... – Ele sorriu para ela, passando a mão suavemente em suas madeixas.

— Por favor, não demore... – Hermione sussurrou. – Eu só preciso de você. – Hermione o abraçou.

Severus serpenteou seu corpo com seus braços cumpridos a trazendo mais para si.

— Eu também preciso de você, bruxa. – Severus falou baixinho. – Eu também minha querida, eu voltarei logo. – Ele prometeu.

Hermione apertou seus braços em seu pescoço, e o soltou lentamente, seus olhos castanhos arregalados com lágrimas não derramadas nas bordas, e sorriu tristemente para ele, fazendo o coração do bruxo sangrar.

— Eu prometo bruxa, voltarei o mais rápido que puder. – Sem esperar por mais resposta, Severus beijou-lhe na testa e saiu do quarto.

Ele sabia que Hermione estaria chorando assim que ouvisse a porta da frente fechar, mas era necessário que ele saísse, e sim ele não queria sair do lado dela, mas...

Você é o sol no meu céu

Mesmo quando a estrela morrer

Você vai me fazer brilhar

Você vai me fazer brilhar pois

Eu nasci para cada jovem

Por toda a minha vida

Eu estarei ao seu lado

Hermione desabou em lágrimas, o pânico de ficar só novamente desmantelou seu coração, ela sabia lá no fundo de sua mente que estava sendo irracional, mas o sentimento era mais forte e apavorante do quê qualquer razão que sua mente tentasse argumentar.

Ela ficou ali encolhida em sua cama, pelo que parecia horas, e nada de Severus voltar.

O medo começou a ganhar o melhor de si, e se tivesse acontecido algum acidente com Severus? E se ele tivesse morrido? E se... Ela não queria mais pensar, Hermione queria fugir de sua consciência, mas nada a fazia parar, seu cérebro girava e girava, dando mil situações que pudesse ter acontecido ao seu bruxo.

Sim, ele era o bruxo dela, e ninguém mudaria isso, Hermione estava quebrada e depressiva mas estava ciente do cuidado e paciência que ele tinha com ela, as vezes quando ela conseguia controlar suas emoções contraditórias, ela conseguia o olhar com ternura e sorria feliz para ele.

Mas ela não conseguia sustentar essa felicidade por muito tempo, logo a escuridão a reivindicava, não apenas a fazendo lembrar de tudo que viveu e perdeu, mas lhe mostrando que ela o perderia também, que ele nunca olharia para um ser desprezível como ela, uma mulher irritante que não sabia lhe dar com seus próprios dilemas.

Não aguentando mais seus pensamentos perturbados, Hermione saiu correndo de seu quarto, para as portas dos fundos onde ela sabia que ele não havia trancado.

Depois de sair pela porta, a castanha se deparou com a chuva intensa, mas não se importou, ela precisava correr e correr, fazer sua mente parar e seu coração se acalmar.

O quintal não era muito grande, mas era o suficiente para ela correr em círculos, até que sua energia se desgastasse, e ela caísse na inconsciência até que ele voltasse.

“Se ele voltar!”— uma voz sussurrou para ela.

E eu estarei quando cair, sim

E não haverá dor em tudo

E eu estarei em seu abrigo

Seu abrigo da tempestade

Há sempre um abrigo

E eu estarei lá se você cair

E se você andar por uma estrada solitária

Saiba que você não está sozinha ainda

Porque eu vou estar em seu abrigo

Seu abrigo da tempestade

Duas horas depois que Hermione havia saindo na chuva, Severus chegou.

O bruxo colocou a compra em cima da mesa e chamou por Hermione.

— Hermione? – Ele gritou.

Nada.

— Hermione, estou em casa! – Ele gritou mais uma vez.

Nada.

O mago correu para o quarto dela, o encontrando vazio, seu coração estava desesperado, com medo de quê algo grave tivesse acontecido.

Ele morreria se tivesse deixado Hermione se machucar, correndo pela casa, o bruxo percebeu a porta dos fundos aberta, como ele não tinha percebido antes, ele não sabia.

Saindo fora, o bruxo avistou um corpo frágil e trêmulo caído no meio da grama.

— Oh céus, Hermione! – Ele falou correndo para ela.

Hermione estava tremendo, com seus lábios quase azuis de frio, seu corpo estava gelado, mas ela acordada, o que era um bom sinal.

— Oh Hermione! – Ele chorou. – Nunca mais faça isso de novo, bruxa! – Severus a repreendeu.

O bruxo a pegou em seus braços a levando para o quarto, sem hesitar, tirou suas roupas encharcadas, e a secou com magia, acendeu a lareira, lançou vários feitiços de aquecimento sobre a cama e sobre a bruxa, a deitando delicadamente.

Hermione ainda estava tremendo e tremendo, mas estava alerta ao que acontecia ao seu redor.

— Hermione, o que aconteceu? – Ele perguntou.

— E-eu e-estava p-pensando-o d-demais-s... – Hermione tentou falar, mas incapaz de comandar sua boca.

— Depois a gente conversar, bruxa. – Ele falou. – Me desculpe pela indelicadeza, você ainda precisa se aquecer, e eu aqui te questionando. – Severus sorriu.

Ele ainda estava molhado e precisava se trocar, mas algo lhe dizia que não seria boa ideia sair do quarto dela ainda.

Não tendo outra alternativa, o bruxo lançou um feitiço de secagem em si mesmo, e caminhou na cama sentando-se ao lado dela.

— D-deita c-comigo... – Hermione sussurrou. - A-ainda e-esta m-muito-o f-frio-o.

— Tem certeza? – Snape perguntou suavemente.

Hermione assentiu.

O bruxo deslizou para baixo das cobertas com ela, que rapidamente se aninhou em seu corpo emaranhando suas pernas na dele.

Isso não era apropriado, não agora, que ele estava se apaixonando por ela, Severus temia que seu corpo o traísse, a proximidade era intensa para seu próprio bem, mas se ela o queria, ele correria o risco, ela precisava se aquecer, afinal.

Assim, quando a chuva está caindo

Sente que não pode se manter em seu chão

Eu não deixarei você se afogar

Hermione havia parado de tremer a algum tempo, e Severus decidiu que era hora de colocar um ponto final em seus medos, ela nunca o perderia, ele sempre estaria com ela, independente do que fosse.

— Hermione? – Snape falou baixinho.

— Hum... – Ela respondeu.

— O quê aconteceu?

— Eu estava com muito medo, quando você saiu... Eu sei parece tolo agora... – Hermione suspirou. – Mas aí eu comecei a pensar demais, e o pânico tomou conta, e eu precisava sair... – Ela sussurrou.

— O que te causava esse pânico? – Snape perguntou a olhando.

Hermione se mexeu desconfortável, mas respondeu.

— Medo de você não voltar. – Hermione olhou para longe dele. – Medo quê algo acontecesse com você, medo de você nunca... – Hermione hesitou.

— Nunca? – Severus sentou-se ficando diante de sua face.

— Medo de você nunca me querer, e me deixar para sempre. – Hermione falou com as lágrimas em liberdade.

Seus olhos tornaram-se desfocados, com a lembranças de seu momento de terror.

Severus ficou quieto, absorvendo suas últimas palavras por um momento, depois sacudiu sua cabeça, a puxando para si.

— Bruxa, eu nunca vou te deixar! – Severus falou carinhosamente. – Você é a única pessoa importante que existe para mim, Hermione.

Hermione fungou.

— Shi... Bruxa! Está tudo bem... – Ele sussurrou. – Olhe para mim. – Ele ordenou.

Hermione fez.

— Hermione, você é a luz que iluminou a minha vida, a pessoa que me deu sentindo para nunca desistir. – Severus acarinhou seu pescoço. – Eu não estava quebrado, quando te encontrei, mas também não estava inteiro, e nesse pouco tempo estando ao seu lado... – Ele respirou suavemente. – Eu percebi que faltava algo, e quê você preenche esse espaço a cada dia. – Severus a beijou na testa.

Hermione fechou os olhos.

— Você vê? Eu a trouxa aqui para te salvar, mas no fundo é você que me salvou. – Ele continuou. – Você Hermione, me incentiva todos os dias, todas as manhãs eu me levanto mais alegre, porque sei que você está aqui. – Severus beijou sua mão.

— Severus... – Hermione sussurrou.

— Eu sei, bruxa. – Ele respondeu. – Eu sei.

— Não, não é isso... – Hermione mordeu o lábio. – Eu sinto algo por você, mas é diferente de gratidão... – Ela suspirou. – É mais intenso, chega a doer. – Hermione o beijou na bochecha pela primeira vez. – Mas eu estou muito quebrada para entender melhor, eu estou confusa...

— Não se preocupe, Hermione. – Ele colocou o dedo em sua boca a silenciando. – Estou te contando, para você saber que sempre vou estar aqui para você. – Severus a olhou com ternura. – Eu nunca vou te deixar, Hermione. Eu estarei aonde você estiver, sempre.

Hermione sorriu carinhosamente para ele.

— Eu vou tirar sua dor, Hermione, eu vou te deixar inteira novamente, eu não deixarei você cair, eu sempre vou estar em todos os lugares para você. – Severus falou.

— Obrigada, Severus, você é definitivamente meu abrigo, meu porto seguro, eu não existiria mais sem você. – Hermione o reconheceu.

— Eu também não, bruxa. – Severus respondeu. – Mas agora você precisa dormir, venha aqui. – Ele acenou para ela se aninhar mais uma vez em seus braços.

— Você vai ficar comigo, não vai? – Hermione perguntou.

— Eu vou. – Ele prometeu.

Hermione se aconchegou em seus braços, apreciando seu calor, um sorriso suave brincando em seus lábios, mais uma vez ela se sentiu em paz, e bem nos braços dele, sim, ele era seu abrigo e porto seguro, ele era seu mago, ele acabara de lhe falar isso.

A bruxa adormeceu, sendo presenteada pela primeira vez com sonhos bons, com promessas de um futuro promissor.

Severus cheirou seus cabelos, sentindo a leve fragrância de dama da noite misturado com chuva e lama, mais tarde ele precisaria se lembrar de guardar as compras, mas agora ele estava muito ocupado, fazendo uma bruxinha encantadora adormecer tranquilamente em seus braços.

O que ele não esperava era que ele também cairia no sono, sonhando mais uma vez com uma bela bruxa de cabelos castanhos encaracolados carregando uma pequena bruxinha de cabelos negros ondulados, com pequeno nariz de botão o chamando de papai.

 

Eu vou estar quando cair, sim

E não haverá dor em tudo

E eu estarei em seu abrigo

Seu abrigo da tempestade

Há sempre um abrigo

Eu estarei lá se você cair

E se você andar em uma estrada solitária

Saiba que você não está sozinha ainda

Porque eu vou estar em seu abrigo

Seu abrigo da tempestade

Seu abrigo da tempestade

Seu abrigo da tempestade

 

 

Havia passado seis meses, desde que Hermione foi encontrada desmaiada na grama durante a chuva, ela estava muito melhor, seu peso estava ótimo, seus cabelos mais cacheados e sedosos, muito mais que um dia já fora.

Seus olhos estava voltando a brilhar, ainda tinha tristeza neles, mas como não teria, passando por tudo que ela fez? Severus sabia que era só questão de tempo para a relação deles dar um passo adiante.

Se antes ele estava apaixonado por ela, agora ele a amava com toda sua alma, ele a queria para sempre ao seu lado, em sua vida, bagunçando tudo aquilo que já estava certo, mas para ele não importava, Severus só queria ela, a sua Hermione.

Eles trocavam alguns beijos ocasionais, mas Severus sabia que ela precisava confrontar algumas coisas do passado ainda, para ter certeza que superou tudo de vez.

O bruxo temia que ela tivesse uma recaída, mas não havia nada que ele pudesse fazer, afinal mais dias ou menos dias ela teria que enfrentar as coisas que ficou para trás, começando pelo túmulo de seus pais.

E para a preocupação do moreno, ela já havia marcado o dia que iria, o que significava que seria hoje a tarde, para o medo do bruxo, esse dia chegou muito rápido.

— Tem certeza disso, pequena leoa? – Severus perguntou preocupado.

— Tenho sim, serpente sorrateira! – Hermione sorriu tranquilizadora para ele.

— Você sabe, Hermione, não precisas fazer isto hoje... – Ele suspirou pesadamente.

— Quanto mais cedo eu lhe dar com isso... – Hermione fez um gesto para a direção do cemitério. – Mais cedo vou superar.

— Eu sei... é quê... – Severus não conseguia falar.

— Severus... – Hermione se aproximou dele, o abraçando. – Eu sei que estás com medo, mas olhe, eu não quero mais ficar presa nisso, eu decidi aquela noite que iria viver... – Ela apoiou a cabeça em seu ombro. – Mas eu quero viver inteira novamente, com você ao meu lado, eu quero ter e dar tudo o que foi nós negado. – Hermione sorriu o olhando intensamente.

— Hermione, eu realmente tenho medo de perde-la, eu não... – Hermione o interrompeu. – Você não vai me perder, você vai estar lá comigo, não vai? – Ela perguntou, e ele assentiu.

— Como posso me perder, com meu abrigo, meu porto seguro, meu motivo para um vida de verdade ao meu lado? – Hermione perguntou, mas não dando tempo para ele responder. – Severus, eu estava confusa no começo, mas agora eu tenho certeza de meus sentimentos, e eu amo você, no começo eu estava perdida, mas você me alcançou e me trouxe de volta... – Hermione respirou fundo.

— Eu sei, pequena leoa. – Ele respondeu, pensativo.

— Quando eu penso em meus pais, ainda dói, saber que eles não estão mais aqui, mas eu sei que eles estarão sempre em meu coração, e mente. – Hermione sorriu, lembrando das discussões diárias com seus pais. – Eu sei que um dia estaremos juntos novamente, e isso conforta meu coração. – Hermione o beijou na bochecha.

— Mas você não precisa ver aqueles cabeças-ocas de seus ex-amigos hoje! – Severus protestou.

— E perder de matar todos os coelhos com uma paulada só? – Hermione perguntou zombeteira. – Acho que não.

— Já te falhei que és muito teimosa? – Severus arqueou a sobrancelha para ela.

— Todos os dias. – Hermione riu.

— Bruxa insolente! – Ele tentou estar zangado, mas estava sorrindo feito bobo.

— Apenas lide com isso, serpente sorrateira! – Hermione sorriu satisfeita.

— Leoa teimosa! – Severus resmungou ainda sorrindo.

Hermione não estava com medo, ela sabia que precisava enfrentar e sentir a aceitação das coisas que lhe acontecera, e ela sentia-se pronta para deixar essa pagina para trás, afinal, ela tinha um sonho para realizar não tinha?

Nós últimos seis meses Hermione vem sonhando com uma garotinha de cabelos negros ondulados, nariz de botão a chamando de mamãe, enquanto arrastava um Severus todo bagunçado pela mão, para contar a sua mais nova brincadeira que tivera com o papai.

Ela nunca contou a Severus, esse sonho era como um talismã a ela, o que a motivou mais ainda por sair daquele posso de sofrimento, e o coração de Hermione ansiava por aquilo logo, mas ela como sempre fora racional, sabia que tinha que resolver todas as pendências para dar continuidade em sua vida, sem risco de cair novamente.

Ela enfrentaria a morte de seus pais, e a perca de seus amigos, antes ela lamentava por Ron como ex namorado, mas agora ela só lamentava por perder um amigo, um bom amigo na verdade, Ron foi muito paciente com ela, conhecendo seu histórico.

Harry e Gina, ela queria abraçá-los e pedir por perdão, e contar-lhes que agora ela estava bem, e feliz, que ela encontrara o caminho de volta, e que seu mundo seria mais completo com o moreno carrancudo maravilhoso ao seu lado.

Hermione suspirou sorrindo.

Ela sabia que Severus estava com medo, ele falou a ela o pouco que conseguiu, mas hoje ele não iria a perder, hoje Severus a ganharia para sempre, e que esses meses difíceis passados, ficaria como uma lembrança distante e ao mesmo tempo boa, afinal fora isso que os uniu, não fora?

Aceitar que as coisas não foram culpa dela, e que ela não tinha como saber ou evitar, foi o que mais demorou para ela fazer, mas ela conseguiu, e aqui estava ela, entrando no cemitério que estava seus pais, ela estava tão perdida em pensamento que nem havia notado que já havia chegado, na verdade ela nem sentira a aparatação, o que era bom, ela ainda enjoava com o tal.

— Chegamos. – Ela ouviu o barítono soar apreensivo.

Hermione assentiu, pegando em sua mão, e o guiando para o túmulo deles.

Christine Granger e Patrick Granger...

Hermione olhou o túmulo, seus olhos marejaram, ela suspirou tristemente, sentindo as lágrimas ganhar liberdade, seus pais estavam ali, juntos na vida eterna, ela esperava que eles a tivessem a observando e a guardando dos males que enfrentaria em sua vida sem eles aqui.

Seu coração doía, mas não era com a culpa de antes, era mais leve, era o que sempre deveria ter sido, apenas a dor do luto, e não da culpa e negação.

A castanha fungou, sentindo os braços de Severus a serpenteando, a trazendo mais para o seu calor, já que era inverno e estava muito frio, para variar.

Eles ficaram ali por alguns minutos, e então Hermione se despediu de seus pais, prometendo que os visitaria sempre que pudesse, mesmo sabendo que eles não a estava ouvido, mas já a fazia se sentir melhor.

— Vamos para casa? – Severus sugeriu, com seus olhos brilhando com esperança de um sim.

— Severus! – Hermione o admoestou, limpando suas lágrimas e sorrindo em seguida. – Você sabe muito bem onde vamos, serpente sorrateira. – Hermione falou suavemente.

—Mulherteimosasempreteimosasera! – Severus resmungou entredentes.

— Eu ouvi isso, sua víbora! – Hermione fingiu-se zangada.

— Argh! Ainda tem ótimos ouvidos... – Severus bufou revirando os olhos.

— Severus! Deixe de ser implicante. – Hermione retrucou.

— Lide com isso, bruxa. – Ele usou a frase dela, sorrindo satisfeita com a carranca que ela fez.

— Oh! Eu faço, Severus Prince Snape! – Hermione refutou, bufando.

— Bom. – Severus sorriu mais largo, com ela revirando os olhos.

Hermione estava grata por ele a estar distraindo, ela estava muito nervosa com o que encontraria agora.

Harry, Gina e Ron, eles seriam completamente diferentes de seus pais, até porquê Ron iria dar um piti básico por ela estar com Severus, não que ele tivesse alguma coisa a ver com isso, é claro.

Aparataram em frente a casa de Harry, Hermione olhou para o moreno apreensiva, enquanto ele apertava sua mão em sinal de forças, e a encorajava com seus lindos olhos negros.

— Vai pequena Leoa, mostre suas garras... – Severus sussurrou para ela.

— Obrigada, serpente... – Hermione o agradeceu, batendo na porta em seguida.

....

Harry todo desgrenhado, gritou para Gina.

— Deixa que eu atendo! – Ele gritou caminhando para a porta a abrindo em seguida.

— Tá bem! – Ele ouviu a resposta tardia de Gina, mas ele estava surpreso demais para responde-la agora.

— Hermione? – Harry falou chocado.

— Harry. – Hermione respondeu mordendo o lábio inferior.

 

...

 

Hermione estava com o coração acelerado enquanto olhava para seu amigo e irmão a muito que a muito tempo não via, suspirando tremulamente ela lhe deu um sorriso nervoso.

Harry estava chocado, fazia quase anos que ele não ouvia falar nada de sua melhor amiga e única irmã, no começo é claro que ele tinha tentado encontra-la, mas eles estavam falando de Hermione Granger e se ela não quisesse ser encontrada nem Merlin a acharia.

Mas olhando para sua melhor amiga agora, ela ainda parecia um pouco doente, mas não era tão magra quanto antes, seus cabelos tinham um brilho sedoso e seus olhos apesar de estarem mostrando a insegurança que ela sentia, havia mais uma vez a vivacidade neles.

Não conseguindo se conter por mais um minuto sequer, Harry a puxou para os seus braços e chorou, Merlin sabia o quanto ele sentia falta de Hermione, a pessoa que sempre o entendeu e o aconselhou se comportou como sua mãe a maioria das vezes, mas ele a amava tanto e sentia tanto sua falta por todo esse tempo, é claro que ele sentia culpa por ver que ela desaparecia dentro de si a cada dia, e ele era incapaz de arrasta-la para fora de si, mergulhando o nariz em seus cabelos suaves, Harry finalmente permitiu-se abrir os olhos e se afastar dela por alguns segundos.

— Oh Hermione! – Harry fungou antes de abraça-la mais uma vez. – Eu senti tanto sua falta!

— Sinto muito, Harry. – Hermione respondeu abafada pelos braços de Potter.

Severus observava a cena toda com uma cara de entediado, pensando em uma maneira de manter as patas de Potter longe de sua adorável bruxa, soltando alguns resmungos sobre sentimentalismo, fazendo Harry ofegar quando notou sua presença e Hermione ri suavemente.

— Professor Snape. – Harry falou soltando Hermione finalmente.

Severus bufou. – Potter. – Ele odiava ser chamado como professor, mas ele achava que era melhor do que ser chamado pelo nome pelo garoto que viveu, ninguém merece Potter achando que tinha intimidade com ele.

Harry olhou para Hermione e para Snape levemente confuso, imaginando por que os dois estariam ali basicamente no mesmo horário.

Severus revirou os olhos e Hermione mordeu o lábio inferior tentando conter o sorriso, ela sabia que ter Severus ao seu lado a ajudaria a manter a sanidade e o controle para seus sentimentos.

— Estamos juntos Harry. – Hermione respondeu à pergunta não dita.

— J-juntos? – Harry perguntou ainda mais confuso.

— Obviamente. – Severus falou ríspido.

Harry os encarou por alguns minutos boquiaberto, quando Ginny resolveu aparecer para ver quem realmente estava mantendo seu marido na porta por muito tempo.

— HERMIONE! – Ginny gritou empurrando Harry da porta e abraçando Hermione em seguida. – Sua bruxa travessa! Nunca mais desapareça assim! – A ruiva advertia a castanha como sua própria mãe Molly costumava fazer.

— Oi Ginny... – Hermione conseguiu responder sufocada olhando para Severus e Harry pedindo silenciosamente por socorro.

Severus sorriu para ela dando de ombros, enquanto Harry olhava chocado demais para a atitude de Snape para realmente ver o pedido silencioso de Hermione.

— Ginn... – Hermione tentou, tirando Harry de seu devaneio.

— Oh Ginny, você está sufocando a Mione! – Harry finalmente falou fazendo Hermione revirar os olhos para o apelido e Severus bufar.

— Ah... – Ginny soltou Hermione sorrindo, avistando em seguida o professor Snape. – Oh Professor, desculpe-me não tinha o visto.

— Senhora Potter. – Severus a cumprimentou.

Ginny sorriu, e os arrastou para dentro de casa repreendendo Harry por não ser um bom anfitrião, falando que ele nunca deveria deixar os visitantes muito tempo na porta, enquanto Harry corava e dava um sorriso tímido para Hermione.

A castanha pegou na mão de Severus e finalmente sentaram-se no sofá enquanto o monstro aparecia com uma bandeja de Chá e biscoitos.

— Hermione, por onde você esteve todo esse tempo? – Ginny perguntou enquanto sentava ao lado de Harry.

Hermione suspirou e apertou a mão de Severus em busca de conforto, enquanto tentava formular as palavras e contar meio por cima o que havia acontecido com ela.

— Bem, como vocês sabiam..., eu estava entrando profundamente em depressão, então teve a morte de meus pais e o termino com Ron... – Hermione suspirou tentando o máximo não chorar.

Severus notando sua luta interna, passou os braços em volta dela a trazendo para mais perto de si, enquanto fazia carinhos em sua mão, como um apoio silencioso dizendo que ele estava com ela e que ela não precisava passar por aquilo sozinha.

Tomando uma respiração mais profunda, Hermione continuou a contar. – Então fui despedida do ministério, e perdi minha casa..., tudo o que lutei para conquistar... – Hermione fez uma pausa olhando para Severus, quando ele assentiu ela continuou. – E uma noite, eu decidi dar um fim na minha vida, imaginando que não era importante para ninguém, aparatei em uma montanha e ia me jogar de lá, bem na verdade eu fiz, só que Severus estava lá e nunca permitiu que eu caísse... – Hermione falou tremula com um sorriso carinhoso nos lábios.

Harry ia falar alguma coisa e Ginny o impediu, prestando atenção na maneira protetora que Snape estava com Hermione, e ela finalmente sentiu que sua amiga desaparecida havia encontrado alguém que realmente a amava e era a altura dela, claro que Ginny amava seu irmão, mas ela sempre soube que Ron por mais sensível que fosse com coisas relacionadas a ele, nunca estaria a altura de tirar uma Hermione Granger do poço.

Ginny se sentiu um pouco culpada também, por não ter lutado por sua amiga como ela deveria ter feito, ela sabia que Hermione estava contando meio por cima de como a coisa toda tinha acontecido, e para dizer a verdade, Ginny estava aliviada que o Professor Snape realmente apareceu e ajudou sua amiga então, mesmo se apaixonando por ela, como Ginny tinha certeza que ele tinha.

Imaginando que não deveria fazer a coisa mais dolorosa para Hermione do que o necessário Ginny resolveu acabar com o assunto e falar por coisas bobas que não representasse perigo para Hermione que ainda parecia frágil apesar de ter se recuperado bem.

— Certo, você sabe Hermione estamos felizes que você esteja bem e de volta mais uma vez, e acho que você gostaria de conhecer nosso filho mais novo? – Ginny perguntou mudando o assunto, recebendo um aceno sutil de agradecimento de Snape.

— Filho mais novo? – Hermione perguntou espantada. – Quantos filhos vocês têm?

Ginny riu e Harry sorriu. – Por enquanto dois, com mais um no forninho. – Harry respondeu.

— Oh! – Hermione respondeu ainda chocada.

Ginny não deu tempo para que a castanha pensasse besteira e trouxe logo os dois meninos onde eles estavam.

— James, conheça sua tia Hermione e o Professor Snape. – Ginny apresentou o garotinho mais velho para eles.

Hermione sorriu para o garoto e Severus bufou com o nome do mesmo, mas ainda sorriu para o garoto, para surpresa de Harry.

— E esse pequenino aqui é o Albus. – Ginny falou com um sorriso travesso. – Albus Severus Potter. – Ela gritou animada fazendo Severus engasgar com o chá após saber que um Potter tinha seu nome.

Hermione bateu nas costas de Severus e finalmente olhou para o pequeno garoto sorrindo alegremente. – Olá Albus Severus... – Hermione cumprimentou o garoto, que abriu um sorriso envergonhado, mas seus olhos azuis brilharam para ela lembrando-a de seu antigo diretor. – Você faz Jus ao primeiro nome, meu jovem. – A castanha falou passando a mão no cabelo liso preto do garoto. – Acredito que ao segundo nome também.

— Olá pequenos Potter’s. – Severus finalmente falou ganhando um olhar admirado de Harry, que nunca pensou que Snape de todas as pessoas fosse civilizado com seus filhos, bem havia muitas coisas que ele não imaginava e estava acontecendo, não é mesmo?

Depois de algumas conversas fiadas de Hermione com as crianças que finalmente se soltaram e interagiram com os estranhos em suas casas, Hermione pode ver claramente que Harry queria fazer uma pergunta a ela bem, ou duas.

— Fora com isso Harry. – Diz ela o encarando.

Harry engoliu em seco. – É vocês são um item? – O garoto que viveu perguntou tremulo, observando a carranca de Snape.

Hermione sorriu. – Se um item for um casal romanticamente, sim somos.

Harry assentiu e olhou para o lado antes de perguntar. – Posso chamar Ron, ele adoraria ver que você está bem, ele... – Hermione o interrompeu.

— Por todos os meios chame-o. – Ela deu de ombros.

De alguma forma depois desses primeiros momentos que ela estava com eles, Hermione se sentiu mais confiante e mais como ela mesmo, e sentir a presença de Severus ao seu lado só ajudou sua aceitação sobre o que passou, agora como uma mulher inteira ela sabia que enfrentaria tudo, desde que Severus nunca a deixasse, ela não se deixaria quebrar novamente.

Claro que ela sabia que ele não seria eterno, assim como ela não era, mas ela sabia que ele não a deixaria por escolha própria e quando tal coisas acontecesse seria pelo que todos estavam destinados a viver, um pouco irônico na verdade considerando que ela estava pensando na morte.

Quando Ron chegou no local onde eles estavam, ele nem sequer pestanejou e puxou Hermione para um forte abraço, a girando no ar.

— Hermione! – Ele sussurrou olhando para ela com seus lindos olhos azuis bebes marejados. – Sinto muito por não ter sido bom para você... – Ron falou colocando uma mexa de cabelo dela para trás da orelha. – Me perdoa?

Hermione só pode sorrir e sentir as lagrimas ganharem liberdade, quando afundou seu rosto no pescoço do ruivo, sentindo em seguida os braços de Harry em volta deles e então finalmente os três estavam chorando juntos, magoas e culpas sendo levadas e perdoadas, eles não precisavam mais de palavras, apenas estarem mais uma vez juntos o trio de ouro finalmente conseguiram deixar o passado para trás e daqui adiante teriam um futuro melhor e sem tantas complicações como foi no passado.

Severus focou sua atenção nos brinquedos das crianças espalhados no chão, dando liberdade ao trio, enquanto Ginny brincava com os mesmos.

Ron separou-se dos braços de seus amigos com um sorriso travesso, olhou para Snape antes de sussurrar no ouvido de Hermione. – Então você capturou o morcegão das masmorras é? – Ele a provocou, fazendo Hermione o olhar confuso. – O que foi? – Ele perguntou a ela, enquanto Harry ria balançando a cabeça.

— Você não vai surtar? – Hermione perguntou estupefata.

— Por que eu faria? – Ron a olhou incrédulo. – Eu me arrependo todos os dias por ter saído da sua vida da maneira que fiz, e se Snape de todas as pessoas te salvou e a trouxa de volta para nós porque eu surtaria? Eu deveria beijar os pés dele! – Ron respondeu brincando levemente arrancando um sorriso de Hermione.

— Oh Ron, eu sinto muito... Harry... estou feliz por estar aqui com vocês mais uma vez... – Hermione fungou emocionada.

— Assim como nós, Hermione. – Os garotos que não eram mais garotos responderam.

Depois de mais algumas palavras Ron finalmente cumprimentou Severus Snape com um respeito que nunca existiu lá antes e o agradeceu por tudo que ele fez por Hermione.

E foi assim que Severus se viu incluso em tudo que os Weasley e os Potter’s decidiram fazer, desde almoço de domingo, festas de natal e etc...

 

 

.....

 

 

Hermione fechou os olhos suspirando lentamente quando a brisa suave da noite tocou sua pele delicada de porcelana, as lagrimas ganharam liberdade, mais pela primeira vez em muito tempo não era de medo, culpa ou desespero, Hermione se sentia inteira mais uma vez, como se aquela horrível e sangrenta ferida finalmente tivesse cicatrizado deixando apenas uma pequena marca esbranquiçada em seu coração vermelho.

Ainda com os olhos fechados e basicamente chorando, Hermione sentiu quando Severus se aproximou de seu corpo, a puxando mais perto dele numa tentativa de consolo, mas desta vez ela não precisava ser confortada, essas eram as lagrimas de liberdade, lagrimas de alguém que finalmente se levantou das cinzas como uma fênix, e isso tudo foi possível porque um dia em todos aqueles meses atrás Severus acreditou que ela conseguiria.

Sorrindo com lagrimas por toda sua face, Hermione virou-se para o mago em questão, colocando suas duas mãos no contorno de seu rosto fazendo leve caricias, com seus olhos marejados carregados de amor e a ternura que sentia por ele, ela se viu dizendo:

— Eu estou inteira outra vez, talvez ainda tenha algumas lutas aqui e ali, mas eu me sinto como eu pela primeira vez depois de muito tempo... – Hermione colocou uma mexa de cabelo dele atrás da orelha antes de continuar. – E isso foi tudo porque você acreditou em mim, e nunca desistiu de me ajudar... – As lagrimas vazaram de seus olhos com mais velocidade, mas ela não se importava com essas lagrimas.

Olhando atentamente naqueles orbes negros como a noite, Hermione viu a emoção cintilando naqueles olhos de ônix, seu coração falhou uma batida quando percebeu que era a primeira vez que ele deixava realmente transparecer em seus olhos sua verdadeira emoção, amor acompanhados de admiração e alegria.

Hermione não conseguiu mais se conter e o beijou nos lábios apaixonadamente.

Severus foi pego de surpresa, seu cérebro estava processando todas as informações lentamente, mas seu corpo estava reagindo com toda ferocidade que nem ele sabia que tinha, a medida que sua surpresa passou, Severus se viu em chamas, o beijo profundo e lento, não era sobre querer algo um do outro, era mais sobre dar e mostrar a maneira que ambos se sentiam depois de tudo que passaram..., vagamente Severus se lembrava que eles ainda estavam na rua enfrente a casa de Potter, mas essa informação parecia irrelevante no momento pois tudo que realmente importava para ele estava bem aqui em seus braços com seus lábios colados ao dele numa dança lenta mostrando o quanto cada um cresceu dentro do outro.

Quando o ar foi necessário e a separação de seus lábios foi inevitável, Severus abraçou Hermione com um riso alegre entoando de seu peito ofegante, ele amava essa bruxa e nada nessa vida seria capaz de afasta-lo dela, seu medo de que ela desaparecesse de sua vida quando finalmente estivesse inteira desapareceu, pois nesse beijo ele sentiu que ela daria sua própria vida por ele, assim como ele faria mil vezes por ela.

As lagrimas finalmente conseguiram vazar de seus olhos negros, mas o sorriso estampando em seu rosto era a prova que Hermione precisava para saber que esse bruxo maravilhoso a amava e que ele nunca a deixaria só se pudesse evitar, sentindo o contagio de sua risada de felicidade, Hermione se viu incapaz de parar sua própria risada que estava unindo com a do homem formando uma musica para seus ouvidos.

O amor era a base para tudo, e neste momento duas pessoas que eram quebradas e incompletas estavam inteiras novamente mais não por que um tinha o outro, mas sim porque se permitiram amar mais uma vez, mesmo quando tudo parecia o fim, mesmo quando achavam que não havia mais chances para eles nesse mundo.

Severus estava inteiro por saber que o amor por mais dolorido que fosse era a força que sempre o incentivou a lutar e não desistir, e Hermione estava inteira novamente porque o amor a ajudou superar seus medos e sua culpa, a ajudou curar suas feridas e “acreditar que mesmo nas horas sombrias poderia encontrar a felicidade se você se lembrasse de acender a luz.”

A felicidade os cercava agora, e eles sabiam que tinha muito mais obstáculos para enfrentar, mas tudo ficaria bem se eles abraçassem o amor e nunca desistisse de olhar para o além onde a vitória e a superação estariam esperando por eles.

Com mais alguns beijos e risadas alegres na brisa da noite abaixo do céu estrelado, Severus e Hermione finalmente voltaram para suas casas com a esperança renovada com o amor pulsando em suas veias a cada batida de seus corações, e o olhares que ambos trocavam além dos beijos eram mais do que suficientes para enfrentar uma era de problemas com o mundo e conquistar tudo aquilo que os fora negados, e que eram seus por direitos.

A medida que o tempo foi passando Severus se via mais e mais amigável com os Potter’s e os Weasley’s e por incrível que parecia a filha caçula de Potter era um pequeno grude no homem rabugento então, ele e Hermione finalmente haviam ficado noivos assumindo para o mundo que o amor que existia entre eles eram além da compreensão de meros mortais.

Os planos para o futuro nunca tinham sido tão doces, e Hermione mais uma vez se pegou desejando ter seus próprios filhos com o mago carrancudo que estava claramente enrolado no dedo mindinho da pequena Lily Luna Potter.

Quando os Potter’s finalmente foram embora de suas casas, Hermione decidiu abordar o assunto.

— Severus, vamos ter nossos próprios filhos? – A castanha perguntou fazendo o pobre homem engasgar com o seu chá.

Depois do que pareceram horas o homem finalmente conseguiu limpar sua garganta e responder sua adorável noiva. – Assim? Hermione nós nem nos casamos ainda... – Ele resmungou tentando parecer indiferente quando seu coração batia a milhares de quilômetros por horas em seu peito.

— Eu estive pensando sobre isso a alguns dias. – Respondeu ela mordendo o lábio inferior. – Mas eu tive um sonho onde Dumbledore aparecia e me parabenizava por nosso casamento e nosso filho a caminho. – Hermione continuou com cuidado. – Nos havia acabado de nos casar e eu sentia minha barriga enorme, é uma pena que não consigo lembrar onde foi exatamente que aconteceu tudo.

Severus bebericou seu chá lentamente pensando nas palavras dela, ele sabia que Albus era intrometido e pelo que parece nem depois de sua morte o velho senil parou com seus hábitos, mas ele não poderia mentir a si mesmo e falar que não desejou nesses últimos meses que Hermione estivesse gravida, desde que a pirralha de Potter parecia ama-lo o bruxo se viu desejoso de suas próprias proles e se era isso que Hermione queria, então por que não?

— Você tem certeza disso Hermione? – Severus perguntou a encarando sério. – Você sabe, crianças até são toleráveis, mas você acha que damos conta? – Ele perguntou tentando soar como se não fosse tudo que ele mais desejava nesse momento.

Hermione sorriu para ele, sabendo exatamente que serpente sorrateira ele era, tentando fazer parecer que ele não desejava o tanto quanto ela, e para falar a verdade Hermione achava que ele desejava muito mais que ela, bem, não era como se ela pudesse provar, de qualquer maneira.

Ela as vezes tinha as crises ainda da depressão que ela se afundou, mais ele a ajudaria como sempre fez, e por mais ciente que ela estivesse que gravidez e filhos não fossem fácil, ela não tinha duvidas nenhuma que era exatamente isso que ela queria para si e para eles.

— Nunca tive tanta certeza como tenho agora... – Hermione respondeu sorrindo.

Severus sorriu malicioso limpando a boca num guardanapo antes de se levantar e caminhar ate ela com um brilho travessos nos olhos acompanhados de luxuria.

— Bem bruxinha, então vamos começar a nossa encomenda... – Ele sussurrou com seu barítono rouco em seus ouvidos a fazendo estremecer e caminhar com ele até ao quarto como se estivesse caminhando em um sonho.

...................

As ondas do mar beijavam a areia da praia com ternura, o sol estava começando a se esconder no horizonte fazendo seus raios brilharem alaranjados sobra as aguas azuis escuras do mar, o vento suave tocava-lhe em seu corpo como uma caricia fria fazendo sua pele se arrepiar, seu vestido solto de seda branco dançavam ao mesmo dando a visão perfeita para sua barriga já crescida.

Olhando para o lado estava Severus com os cabelos negros dançando com o vento assim como seu vestido, numa calça branca de algodão que marcava bem suas pernas fortes e mostrava a beleza que era sua bunda, bem, ela não deveria estar observando a bunda de seu marido no momento que o cerimonialista estava quase concluindo seu casamento, mas olhando acima estava a camisa branca aberta mostrando a perfeição de seu peito pálido com algumas cicatrizes e alguns pelos negros perdidos aqui e ali.

Quando seus olhos se levantaram para aos orbes do bruxo, seu folego ficou preso em seu peito, o amor incondicional brilhava ali, a ternura e a devoção, seus olhos estavam marejados e ela quase pensou que se ele chorasse não sobraria nada dela neste momento.

Como se fosse em câmera lenta, Hermione ouviu o bruxo falando que ele poderia beijar a noiva, Severus aproximando-se dela, colocando a sua mão em sua face fazendo leves caricias, quando sentiu seus lábios próximos dos dela e um sussurro ao vento pode ser ouvido.

— Eu te amo Hermione.

Seus lábios capturaram os dela, numa dança lenta e sensual mostrando a ela a maneira que ele se sentia nesse momento tão importante em suas historia juntos, o beijando com a mesma intensidade, Hermione ouviu algumas palmas e então um cheiro de limão que a muito tempo foi esquecido falando com o vento.

— Parabéns minha querida! Que a vida seja mais doce e que o amor permaneça sempre em sua pequena grande família que está se formando hoje... – Ouve uma pausa. – Ah, e não se esqueça das gotas de limões, e muito menos de acender a luz. – A voz de Albus Dumbledore desapareceu.

Severus e Hermione ofegaram juntos quando se separaram e olharam para todos os lados e não encontraram ninguém além dos convidados, seus olhos voltaram para os únicos raios de sol que restavam daquele dia e tudo que eles poderiam fazer e admirar e desejar que suas vidas fossem tão lindas e infinitas como era aquela visão.

Com um sorriso nos lábios Hermione beijou seu marido e o arrastou para o meio daquelas ondas calmas jogando água para todos os lados sendo acompanhada por seus convidados e marido.

Olhando para ele ainda como se tivesse em câmera lenta, Hermione se ouviu dizendo com uma necessidade que não cabia em seu peito. – Leve-me para a casa. – E então ela o beijou e Severus os levou para onde começou as lutas e onde agora começava um novo ciclo de suas vidas.

Fim.


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