— Ela não quer me ver! — Disse Hermione com assombro na entrada da cozinha da Toca.

— Rose não quer ver ninguém, tia. Deixa ela, uma hora vai descer para o jantar. — Victorie tentou consolar, com o olhar de quem sabe das coisas.

Hugo virou para Albus, cerrando os olhos, no seu melhor modo detetive.

— Você sabe de algo?

O primo deu de ombros.

— Está assim desde que chegou de Godric’s Hollow. — Abocanhou uma coxa inteira de galinha para não falar mais nada, no que Hugo e Lily começaram a confabular e James os observava com o garfo à meio caminho da boca, um vinco entre as sobrancelhas.

Assim que James Sirius conseguiu desvencilhar-se de Louis, rumou para um dos quartos, encontrando-a com a cabeça enterrada nos joelhos e as costas encostadas na cama.

Esperava que a garota o mandasse embora, mas não o fez.

 Ele se sentou ao seu lado e optou por não dizer nada, encarando o guarda-roupas torto de madeira.

— James... — Sussurrou ela finalmente, um tempo depois. — O que eu tenho de errado?

— Você não tem nada de errado.

De olhos inchados e nariz extremamente vermelho, ela balançava a cabeça.

— Devo ter. — Falou o mais firme que pôde. — Algo muito, muito, errado.

Um soluço escapou.

— Eu estou me arrependendo. Tem certeza que não acha melhor falar com a Dominique? Posso chamar ela e aí vocês... vocês...

— Teremos um papo de menina?

Ele soltou o ar.

— É.

— Não.

James Sirius rolou os olhos.

— Ótimo. Então quer fazer o favor de me contar o que está acontecendo?

Rose estava prestes a protestar, quando ele continuou:

— Eu sou sua última chance. Se não falar comigo, o próximo da fila é o tio Ron e eu não acho que vai ser uma experiência lá muito divertida.

Ela fez um bico infantil, no que James achou uma graça.

— Tudo bem. — Descruzando os braços, ela disse em um fôlego só. — Talvez eu não goste de garotos.

De tudo que seu primo imaginou que fosse o problema, com certeza não seria isso.

— Não gosta de garotos? — Repetiu alto. — Bem, quero dizer, tudo certo. Eu... acho. Descobriu isso antes ou depois do encontro com o Malfoy?

— Descobri quando ele me beijou.

— Ele o quê!? — Agora James gritou.

— Shhhh! Quer que todo mundo ouça? — Ralhou.

— Desculpe, desculpe. Continue.

— Foi... estranho. Molhado. Com gosto do molho das batatinhas que pedimos. Bocas são nojentas, não faz nenhum sentido. E línguas... — Ela estremeceu. — E se eu não gostar nem de meninos e nem de meninas? Nos livros é tão mágico...

— Não teria nenhum problema, Rosie. Mas ainda acho que só foi um beijo ruim. Acontece.

— Você não está mentindo, está?

James Sirius levou sua mão direita até o coração, fazendo um sinal.

— Essa é a prova que não estou mentindo. É o código de verificação.

Ela estreitou os olhos.

— Você acabou de inventar isso.

— E daí? Desde que você comece a acreditar nas coisas que eu digo...

Rose não o esperou terminar, desajeitadamente abraçando-o, saiu correndo com as bochechas em chamas.