Eu Leio Você escrita por Boneca


Capítulo 1
Único - Os livros que lemos


Notas iniciais do capítulo

A capa da historia foi feita por minha linda BriannaSullivan (no spirit) e betado pelo meu anjo Mariaryaa (no spirit) Fanfic feita de contribuição ao Império Hime (No spirit).



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Era uma manhã de inverno. Os ventos matinais sopravam sem qualquer delicadeza anunciando que o frio naquele período seria intenso e rigoroso e mesmo que o sol já estivesse nascido, estava escondido por trás de nuvens grossas que derramavam flocos de neve incessantemente. 

Naruto Uzumaki praguejava sua falta de sorte enquanto caminhava a passos apressados em direção a estação de trem de Shibuya, seus tênis Vans por muito pouco não escorregavam pela calçada lisa. Maldita hora em que resolvera dormir um pouco mais tarde por causa de um filme que julgou interessante passando na tv. O resultado foi que dormiu mais tarde e acordou atrasado. Mas, correndo da forma que estava — e até mesmo esbarrando em algumas pessoas —, conseguiria chegar a tempo no terminal para pegar o trem das sete da manhã.

Usava uma calça jeans rasgada nos joelhos, nada muito extravagante, os tênis Vans e um moletom laranja que era praticamente sua marca registrada. Os cabelos loiros estavam arrepiados como de praxe e os olhos azuis vivos vagueavam cheios de curiosidade para tudo a sua volta. Assim que desceu a grande escadaria que dava acesso a estação principal e passou pela catraca, começou a procurá-la.

Fazia alguns dias que Naruto se via muito interessado em leitura. Não que ele fosse um leitor assíduo mesmo que trabalhasse na Biblioteca Municipal de Hokkaido, gostava de ler um livro ou outro — principalmente aqueles de fantasia —, mas nunca se interessou de verdade como nas últimos semanas. Tudo graças a uma garota que começou a pegar o mesmo trem que ele, ela descia uma estação antes da sua. O que o deixou verdadeiramente interessado era o fato da tal garota ser extremamente linda. Ela tinha cabelos negros-azulados que se estendiam até o meio das costas, os olhos eram um belo par de perolas brilhantes, as bochechas naturalmente avermelhadas e os lábios também com efeito natural rosa. Naruto percebeu que não era uma colegial — apesar de ser bem baixinha lembrando uma adolescente —, talvez fosse universitária, pelo tamanho da mochila que carregava nas costas e as vezes até mesmo outros livros de estudo, mas sempre, sempre em suas mãos havia algum romance.

Naruto havia começado a ler Bukowski por causa dela. No primeiro dia em que havia visto, ela estava em um banco dentro do trem, bem a sua frente, usava um casaco preto e um cachecol vermelho, os olhos lilases encontravam-se completamente concentrados na leitura de Cartas Na Rua. O loirinho se sentiu péssimo por passar quase oito horas de seu dia dentro de uma maldita biblioteca e sequer saber o que o tal escritor Bukowski escrevia. Assim que chegou ao trabalho, incomodou seu colega, Shino Aburame, para que lhe mostrasse onde ficava a cessão de livros clássicos estrangeiros, quando encontrou, sentou-se ali e rapidamente começou a ler.

E se viu embasbacado com o fato de era muito interessante a leitura, porque diabos havia demorado tanto para encontrar aquela a sessão? Na verdade ela esteve ali o tempo todo, ele que nunca havia olhado para os lados porque sempre estava com os olhos grudados ao celular. O personagem principal Henry Chinaski era um carteiro com todos os problemas do mundo e principalmente o financeiro. Pegou-se rindo a ponto de gargalhar com a forma que aquele sujeito via o mundo. Charles era tão bom em sua escrita que chegava a dar impressão que seus personagens eram reais. 

Em um dia leu Cartas Na Rua de Charles Bukowski. E descobriu que a menina dos olhos de pérola gostava de comédia levemente melancólica com toques cruéis de realidade.

Alguns dias mais tarde, a garota surgiu com outro livro. Desta vez era algo mais doce; Cidades de Papel de John Green. Naruto se pegou olhando a moça de modo discreto enquanto ela corria os olhos pelas palavras do livro. Perguntou-se por muitas vezes enquanto aquele maldito trem chacoalhava, quais os sentimentos que ela estaria sentindo enquanto lia. Assim que chegou à biblioteca, saiu às pressas procurando o livro de John Green, este, levou para casa e leu atirado no sofá da sala. Se apaixonou pelo mistério da história. Ainda mais porque envolvia paixão platônica, por alguns momentos Naruto se sentiu na pele de Quentin e se a menina dos olhos lilases fosse Margot seria interessante rodar a cidade com ela ao seu lado.

E dessa maneira Naruto leu muitos livros tentando descobrir quem era ela. Não tinha coragem de chegar de uma vez e perguntar seu nome. Por qual motivo faria isso? Ela poderia até achar que estava sendo assediada, e isto era tudo que Naruto menos queria. Não queria importuná-la. Então, a melhor forma que encontrou para conhecê-la, foi lendo os livros que ela lia. E através deles, descobriu o quão sensível, amável, doce e sutil ela parecia ser. 

Talvez Naruto estivesse realmente apaixonado sim, contudo, o que poderia fazer? Era péssimo para começar conversas e quem sabe pudesse viver tranquilo por muito tempo com essa paixão platônica.

Porém, imaginar que a garota pudesse ter um namorado era horrível.

Assim que desceu as escadas e viu a estação de trem lotada como sempre estava por volta das sete da manhã, não tardou para que a encontrasse. Ela estava de pé encostada num pilar, a cabeça repousava tranquila contra a construção enquanto ela lia O Paraíso Perdido de John Milton. Este, Naruto também estava lendo, encontrou um exemplar caindo aos pedaços no fundos do estoque da biblioteca, não poderia levá-lo para casa justamente por ser velho demais, lia apenas em seus horários livres. Tratava-se de uma leitura muito pesada e intensa.

Se aproximou dela e ergueu o pescoço para tentar olhá-la melhor. Ela usava um suéter lilás, calças jeans preta justas, botas de camurça e o cachecol vermelho de sempre. Será se aquele acessório possuía algum valor sentimental? Naruto mordeu os lábios em nervosismo. 

Assim que o trem chegou à estação e estacionou abrindo as portas, o mar de pessoas começou a entrar, o loiro entrou junto dela, e por um milagre — quem sabe até mesmo o destino — conseguiram se sentar um ao lado do outro. Ele sentiu um calor gostoso no estômago quando pode estar perto o suficiente para sentir o aroma de flores delicioso que ela possuía.

Por algumas três vezes tentou iniciar uma conversa, pois ele estava lendo o mesmo livro que ela, quem sabe poderiam trocar informações. Era uma ótima ideia. Contudo, pelas três vezes que tentou, não conseguiu, pois simplesmente sua voz havia desaparecido. Era uma droga, Naruto não era assim! Ele era naturalmente espontâneo, falava o que lhe desse na telha, era um tagarela por natureza, entretanto, ali ao lado dela, não saía nada, nenhuma maldita palavrinha. 

E assim se seguiu até a estação que Hinata costumeiramente descia. Durante todo o tempo, o rapaz estalou os dedos das mãos, coçou o pescoço, mordeu os lábios, sentiu até vontade de tirar o moletom de tanto calor que sentiu, mesmo que estivesse nevando do lado fora.

Se martirizava por dentro pois seria mais uma oportunidade perdida. Mais uma chance de tentar falar com ela, saber ao menos seu nome. Soltou um suspiro derrotado quando sentiu o trem parando na estação que ela descia. Não olhou para o lado, não queria que ela partisse, era chato vê-la desaparecer em meio a multidão. 

Abriu os olhos somente quando o trem esvaziou, embora ainda estivesse parado, tombou a cabeça para o lado, afim de ver o vazio que ela deixou no banco, porém seus olhos arregalaram ao ver que não estava totalmente vazio.

O cachecol vermelho estava lá.

Naruto mordeu os lábios, era sua chance. Era sua única chance!

Rapidamente pegou o cachecol, arrumou a mochila nas costas e desceu do trem, a passos largos, quase correndo, a procura da garota, mas aquele lugar estava mais cheio de gente do que dentro do próprio trem. 

Contudo, ele não poderia desistir. Ficou na ponta dos pés e olhou tudo ao redor, tentando encontrar qualquer vestígio dela. Foi quando a viu subindo as escadas, rapidamente começou a correr, esbarrando em algumas pessoas, sequer tendo tempo de pedir desculpas. 

Assim que chegou ao pé, ela estava no topo. Respirou fundo e subiu os degraus de dois em dois, assim chegaria mais rápido.

— Ei! — Gritou.

A garota se virou rapidamente e piscou algumas vezes.

— Você esqueceu isso. — Ele disse, ofegante, quando finalmente conseguiu subir toda a escadaria.

— Achei que você não fosse perceber… — Ela riu, dando de ombros e tomou o cachecol das mãos dele.

— Hm? — O loiro franziu o cenho.

— Estava tentando me aproximar de você, mas não sabia como. — Ela comentou. — Hinata Hyuuga.  

— Naruto Uzumaki. — Ele disse um pouco sem jeito. 

— Eu sei. —  Hinata Mordeu o lábio inferior. — Notei que me olhava quase todos os dias.

— Eu estava lendo você… — Ele suspirou, agora sentindo um peso imenso deixando suas costas. 

— E o que conseguiu ler?

— Não muita coisa. — Confessou. — Acho que poderíamos tomar um café e resolver isso, o que acha?

— Agora?

— Eu não vejo hora melhor. — Naruto disso.

Ela o olhou de soslaio e logo assentiu sorrindo de canto. Os dois começaram a caminhar lado a lado para fora da estação. A neve ainda caía lá fora, Naruto olhava Hinata falando ao seu lado sobre como gostava do frio e da forma como ele deixava seus dedos gelados. Sorriu internamente, aquela era uma das coisas que não havia lido nela.

Mas que agora, ela poderia lhe contar. E teriam muito tempo para tal.

[...]

Naruto estava com uma das mãos segurando no rosto e o cotovelo apoiado no mármore do balcão da biblioteca, seus olhos azuis estavam fixos na figura a uma mesa de distância. Ela havia chegado no mesmo horário de sempre; faltando uma hora para acabar o expediente, geralmente ela entrava, cumprimentava a todos e ia sentar-se e ler algum livro. 

Naruto sequer acreditava que estavam namorando a quase oito meses. E era muito engraçado constatar o fato de que sempre que a encarava, era como se fosse a primeira vez, se via mais e mais apaixonado, Hinata era muito mais do que ele poderia ler.

— Já pode ir Naruto. — Shino avisou, quando se aproximou do loiro. — Eu fecho aqui.

— Ok. Valeu. — Ele assentiu e foi até o vestiário, tirou o avental e colocou a mochila nas costas. Rumou de volta para o salão e a passos calmos, aproximou-se da mesa em que ela estava, tocou seu ombro com delicadeza. — Oi... vamos?

Ela piscou algumas vezes quando finalmente desviou a atenção do livro, o fechou e deixou ali sobre a mesa, levantou-se e assentiu.

— Passou muito rápido… — resmungou, acenou para Shino enquanto caminhavam em direção a porta principal.

— Você estava bem concentrada. — Ele observou. — Eu leio você, sabia? — Ele riu, piscando em seguida. 

—  Eu também te leio. — Hinata sussurrou, entrelaçando a mão a dele. Parou diante da escadaria da biblioteca. — E eu sei que quando fala isso quer dizer alguma coisa…

— Quero… — Ele fez uma careta divertida e encostou a testa rente a dela. — Eu leio você. — Ele repetiu. 

Hinata sentiu as bochechas esquentarem e fechou os olhos, roçando gentilmente os lábios aos dele.

— Também te amo. 

Naruto sorriu, ela o compreendia como ninguém, o amor pela leitura os uniu e o amor que sentiam um pelo outro, os manteve firmes.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado, me digam o que acharam!



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