Cada um no seu Quadrado escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/797093/chapter/1

—Segura! Segura, por favor! 

Um homem de  longos cabelos azuis, que estavam presos em um meio coque e  usava uma camisa de malha azul marinho ensacada numa calça preta com riscas de giz de tecido ⅞  e loafers de um tom chocolate gritou, enquanto caminhava rápido  pelo hall do edifício, carregando várias  sacolas, dentre elas uma  do mercado natural do bairro, e um buquê de flores. Dentro do cubículo prateado, já tinham cinco pessoas. Um rapaz moreno sério, que vestia jeans claro, suéter cinza e tênis branco, um de cabelos rebeldes, trajando jeans escuro rasgado nos joelhos, sapatênis e a camisa rosa e preta da Juventus de Turim,  que pareceu resmungar algo ao ouvir o grito, uma pessoa de longos cabelos azuis, calças pretas, um longo casaco brilhante e sapatos de salto, carregando uma caixa, um rapaz bronzeado com olhos azuis profundos, vestindo um agasalho esportivo, tênis e carregando uma mochila e um rapaz de cabelos dourados, de calça slim preta, camisa de botão toda florida e óculos escuros, que segurava um copo de café. Foi esse último que, ao ouvir os gritos, prontamente colocou a mão livre na porta do elevador, a fim de segurá-la:

—Muitíssimo obrigada, meu  jovem. – O rapaz agradeceu, apertando o botão de número 3.

—Não há de quê, vizinho – o rapaz de óculos escuros respondeu, olhando para a portaria do edifício antes de soltar a porta.

De repente, o som de um toque de telefone cessou o recém instaurado silêncio, o homem de cabelos azuis resmungou e tentava pegar o celular que nao parava de tocar, aquela manifestação era algo estranho, já que normalmente eles perdiam o sinal quando entravam no elevador. Depois de uma batalha, ele suspirou e atendeu tranquilo:

—Oi meu amor, acabei de entrar no elevador e... – tirou o telefone da orelha e o encarou, falando pra ninguém especificamente – descarregou.

A porta finalmente se fechou e o elevador começou a subir. Pode-se ouvir o homem de cabelos rebeldes resmungar “finalmente”, mas nada foi dito. O homem de coque preparava-se para descer, porém o elevador parou, abriu a porta de frente a uma parede e, simplesmente, apagou:

—Mas que merda… - O Homem de coque resmungou baixinho - Nunca uso o elevador… coisa de preguiçoso sedentário. Hoje, que decido fazer isso, fico preso.

—Coisa de sedentário né?  - o rapaz com a camisa de futebol murmurou - Travou a porta mó tempão e agora fica pagando de gostosão que não usa elevadores.

Antes que o homem pudesse rebater, o rapaz bronzeado jogou a mochila no chão e exclamou:

—Ah não! Não me diz que o elevador travou!

—Calma, meu consagrado – foi o homem de cabelos dourados que falou, com uma serenidade absurda na voz, tirando o celular do bolso e ligou a lanterna – Essas coisas acontecem. Basta apertar o botão de alerta, que alguém vem nos salvar.

Ele apertou o botão. Uma...duas... três… doze vezes, mas nada. O botão parecia estar quebrado ou travado. Virou o rosto com um sorriso amarelo, tirando os óculos escuros:

—O botão não está funcionando, né? – O moreno sério, que estava com os braços cruzados, questionou

—Não... – respondeu sem graça – mas deve ter sido só uma queda de energia, gente. Logo vai passar!

—Ah claro! – o rapaz bronzeado falou novamente, sentando no chão e começando a estalar os dedos – E se for um blackout no bairro? Pior: e se tiver dado pau em uma das turbinas da hidrelétrica e metade do país estiver sem energia, sem previsão de retorno? – abraçou os joelhos – Isso não pode tá acontecendo. Não pode!

—Calma, camaradinha... – colocou o celular no chão com a lanterna pra cima, a fim de iluminar todo o local, e se aproximou dele – Sem zoeira, você é claustrofóbico? – ele apenas balançou a cabeça e se encolheu mais. O rapaz deu um leve sorriso – Eu sei que vai ser difícil você relaxar, mas eu tô aqui, sim? Eu vou contar até 3 e aí você respira fundo e solta o ar com calma. Fecha os olhos, imagina uma praia bem linda, enorme, ar puro... – olhou para os demais – Podem, por favor, conferir se o celular de vocês tem sinal para que possamos chamar a emergência? O seu, ô do coque, eu sei que ta descarregado.

—Saga. Meu nome é Saga.

Todos, exceto a pessoa que estava com a caixa na mão, conferiram seus celulares, mas nada de sinal:

—Falta conferir o meu, mas... não consigo pegar com as mãos ocupadas.

—Eu seguro para você, moça... – o homem de cabelos rebeldes falou com um forte sotaque italiano, mas assim que a pessoa da caixa a estendeu para ele, brotou a dúvida – ou moço... ou o que quer que você seja. Eu seguro a caixa para você...

—Eu não me prendo a rótulos de gênero. Chame-me de Afrodite – tirou o celular do bolso do casaco e o conferiu – Eu também não tenho sinal de ligação, mas parece que tenho internet e pouquíssima bateria. Vou mandar um alerta a uma amiga que mora em outro edifício e vamos torcer para que ele receba e avise alguém da manutenção.

Afrodite digitou a mensagem, que demorou quase um minuto para ser entregue. Em seguida, o aparelho apagou totalmente:

—Agora é torcer, né? – O homem de cabelos rebeldes indagou, sorrindo pela primeira vez, enquanto devolvia a caixa – Desculpa a curiosidade, mas senti algo se mexendo na caixa. O que tem aí dentro?

—Um gatinho que acabei de resgatar é... você não me disse seu nome.

—Francesco. Tô morando no quarto andar.

—Eu moro no décimo segundo – sorriu – Então, resgatei um gatinho de uma situação de abusos e maus tratos. Acabei de voltar com ele do veterinário. Vou ficar com ele até que alguém o adote... 

Dito isso, abriu a caixa e mostrou o pobre animal que estava encolhido no fundo da caixa, sim, animal, pois o estado deplorável no qual se apresentava aquela bola de pêlos preta, não era possível distinguir que era um gato. Na verdade, o pobre animal parecia uma criatura vinda de outro planeta, com seu corpo magro e olhos amarelos esbugalhados cheios de remelas. Francesco não teve outra reação a não ser gritar e saltar, batendo em Shura que estava ao seu lado. 

—Cara, é só um filhote doente… - Disse o homem de suéter, mantendo a seriedade

—VOCÊ NÃO OLHOU NOS OLHOS DA BESTA!!

Saga apenas prendeu o riso enquanto via Afrodite aproximar a caixa do corpo como se quisesse proteger o gatinho. 

O rapaz de cabelos dourados continuava sentado no chão, apesar de quase ter sido derrubado pelo chilique do vizinho do quarto andar,  segurando a mão do rapaz de cabelos roxos, enquanto tentava mantê-lo calmo:

—Relaxa, amigão! Relaxa! O Afrodite já conseguiu comunicar alguém que estamos aqui e, certeza que esse grito do Francesco vai chamar atenção de alguém... aliás, meu nome é Aiolos. Moro no nono andar e sou DJ da Boate The Sanctuary. Vou tocar hoje à noite, a propósito. Sintam-se convidados, desde já.

—Milo, oitavo andar – o rapaz respondeu, já menos trêmulo – Eu não gosto de música eletrônica, mas você tá me ajudando tanto que vou aparecer na boate e te dar essa moral.

—Ih cara…. - Aiolos sorriu - Eu não sou DJ só de eletrônica não!  Eu gosto de flashback, Rock, Disco... Meu setlist é bem mesclado, pra agradar todo tipo de gente mesmo – Ele deu o gole no copo de café, colocou-o no canto do elevador e prosseguiu - Também toco em vários lugares diferentes, apesar de ser DJ residente lá.

—Eu agradeço o convite – Saga começou – mas hoje é meu aniversário de casamento. Planejei fazer um jantar especial para a minha esposa.

—Eu estendo o convite a sua senhora. - Aiolos rebateu animado -  Leve-a para dançar, faz bem ao casamento um programinha diferente.

—E eu sigo agradecido, mas é que... – desviou o olhar com um sorriso sacana – Eu espero ser a sobremesa desse jantar. 

—Justo, Justíssimo! - Aiolos gargalhou. 

—Porque você não leva o gatinho de presente para sua esposa? - Afrodite falou animado olhando para a caixa - Ela ia adorar e seria um presente cheio de significado, um marco na relação de vocês…

—Claro que ele não vai dar esse demônio saído do oitavo círculo do inferno pra esposa dele de presente… - Disse mais uma vez Francesco estressado com a presença do animal - Ele tem amor à vida dele 

—Você é um homem muito insensível! - Retrucou Afrodite - Este pobre filhote e sua família viveram em situação de rua desde o nascimento! Um dos irmãos dele ficou cego e, outro,  foi atropelado! 

—Cruzes! - Resmungou o mais calado de todos - É só um gato! 

—Já sei o nome de todo mundo. Menos do rapazinho de suéter emburrado do canto. Você é mudo ou simplesmente não curte se misturar com a gentalha, Tesouro?

—Cada um no seu quadrado, DJ. Simplesmente não gosto muito de socializar.

—“Cada um no seu quadrado” é o nome do seu vídeo de sexo – riu e levou os outros a uma risadinha também – Bora, brô! Eu sou o tipo de cara que acredita que tudo acontece com um propósito. Certeza que, a maioria de vocês mudou para cá a pouco tempo, já que nunca encontrei com vocês em nenhuma área comum.

—Shura. Décimo andar... sou seu vizinho de cima e comprei o apartamento na planta, igual você.

—Ah, você é o cara que toca Michael Jackson no violoncelo todo domingo? – O viu balançar a cabeça positivamente – Poxa, sempre tive vontade de bater a sua porta para fazermos um remix.

—Então porquê nunca me procurou para falar qualquer coisa? - Shura respondeu turrão 

—Bem, porque vocês da música clássica nem sempre são muito receptivos à nós, DJs. Já ouvi muito estudante de música clássica que minha música não é arte…

—Eu toco Michael Jackson num violoncelo, cara! É claro que eu seria receptivo.

—Eu posso interpretar isso como um convite? - Aiolos questionou animado 

Shura apenas balança a cabeça confirmando. 

—Bom, Afrodite, obrigada mas minha esposa já tem um gato. - Saga deu um risinho 

—Você?

—Não! Um gato persa cinza, que claramente me odeia - Saga riu com a reação do rapaz - Mas obrigado pelo elogio 

—A esposa dele não vai gostar dessa sua ousadia pra cima do homem dela… - Aiolos falou, se dirigindo a Afrodite, mas ainda olhando para Milo - Não a conheço, mas certeza que ela não gostaria nada de ver você lançando esse olhar sexy de Marilyn Monroe cruzado com Wentworth Miller.  

—POR CHER! - Afrodite gritou dentro do elevador, fazendo o gato e Francesco pularem - Eu acho que conheço a sua esposa! Ela não é uma ruiva, que tem um gato cinza adorável que parece estar sempre julgando a pessoas e que joga tarot às vezes, lá no centro de Yoga do condomínio? 

—Sim! Ela mesma e ele não parece estar julgando, ele está. - Saga balançou a cabeça em confirmando a informação - Ela parou há pouco de jogar as cartas lá no centro de Yoga e voltou a trabalhar com o pai

—Ela me passou uma vibe dessas de menina mimada rica com aquele gato no colo e as alianças de Madame - Afrodite suspirou - Mas ela é boa viu, acertou meu jogo inteiro. Devia investir na carreira de cigana, ia arrancar muito dinheiro de marmanjo... bonita do jeito que ela é

—Ela podia ter jogado o Tarot e avisado que esse elevador ia quebrar - Choramingou Milo - E assim eu teria trazido o meu calmante e me preparado para esse trauma. 

—Brô não acho que funcione assim o negócio… - Aiolos tentava acalmar o pobre vizinho que surtava no chão - Saga você teria mais informações sobre o serviço paranormal da sua esposa? 

—Não é paranormal, Aiolos - Saga suspirou parecendo um pouco irritado com o assunto - Foi só uma saída depois de um Burnout... 

—Mas ela não adivinhou o futuro desse bele catador de gatos? - apontou para Afrodite. 

—Parece que isso é um assunto sensível para o casal… Não vou mais me meter nisso - Suspirou Afrodite, virando o rosto para o DJ - E obrigado pela neutralidade no adjetivo, Aiolos, mas não faço questão disso. Podem me chamar de ele, ela… o importante é me chamar.

Saga ia dar uma resposta desaforada, até que ouviu uma voz forte: 

—Pessoal aqui é o Aldebaran, zelador do condomínio. Eu sei que vocês estão presos há um tempão, mas calma, que o técnico já chegou aqui e vocês serão libertos em alguns minutos. Ele só precisa subir até o último andar para reiniciar o elevador, permaneçam tranquilos até que ele consiga chegar lá ok? 

—Ouviu só, camaradinha - Aiolos apertou a mão de Milo - Já vamos sair daqui! Você terá ar puro enfim…

—Eu juro solenemente nunca mais usar elevador na minha vida. Não serei mais um atleta de fim de semana. Vou virar uma pessoa fitness e disciplinada, igual nosso amigo hipster da comida saudável - apontou para Saga

—Se tá fazendo piada é porque tá  bem, né, ô da claustrofobia? - Saga tirou onda.

—Fitness, hipster e gostoso. 

Afrodite falou baixo, mas foi escutado por Shura, que não aguentou e caiu na gargalhada, espantando Aiolos:

—Ah pronto! O outro começou a rir do nada! 

—Há coisas que ocorrem apenas uma vez na vida, amigo DJ - falou, tornando a ficar sério.

—Ah, me conta a piada, Shura.

—Não… - olhou para Afrodite e riu - Só tem graça uma vez.

—Ai que seja! - resmungou e voltou o olhar para Milo - Brô… O que você acha de tentar levantar? Você tá nessa posição há horas e tipo… precisa circular o sangue, ne?

—Eu não sei se eu consigo.

—Lembra do exercício? Respira fundo, imagina uma praia imensa, ar puro… Eu vou segurar suas mãos e te ajudar.

—“Eu vou segurar suas mãos e te ajudar” é o nome do seu vídeo de sexo - Shura devolveu o comentário feito mais cedo, puxando o celular do bolso, parecia ver as horas.

—Haha, engraçadinho - Aiolos mostrou o dedo para Shura e, depois, estendeu a mão ao vizinho do oitavo andar - Comigo, vem: um, dois e…

Milo fechou os olhos e, após uma inspiração profunda, Milo levantou junto com Aiolos. Permaneceram assim, respirando em sintonia por um tempo, até que o rapaz de cabelos roxos abriu os olhos, encontrando o DJ sorrindo:

—Viu só como você conseguiu? Eu disse que tudo ia ficar bem, camaradinha…

—Obrigado de verdade, Aiolos.

—Ai gente, isso é tão lindo...

Afrodite indagou com os olhos marejados, porém a cena o distraiu, levando-o a segurar a caixa onde estava o gatinho, cujo a tampa já havia deixado entreaberta para que o animal respirasse, de forma desleixada. Isso permitiu que o gato, que provavelmente já estava cansado de ficar naquele cubículo de papelão, saltasse e caísse diretamente nos braços de Francesco, que, ao se deparar com a pequena criatura e seus enormes olhos amarelos remelentos miando com as garras cravadas na sua camisa, soltou um grito de desespero:

—SAI DE MIM, SEU CRUZAMENTO DE TINHOSO COM CHUPA-CABRA! SAAAAAAAI, DESGRAÇA!

Francesco se agitou, tentou puxar o gato, mas o mesmo parecia ter grudado em sua camisa, mas, quando finalmente conseguiu se livrar do animal e devolvê-lo a caixa, deu um pulo forte, que balançou o elevador. Milo arregalou os olhos e apertou as mãos de Aiolos:

—Calma, cara! Respira, não foi nada… Só um chilique do nosso amigo italiano. Você sabe como eles são escandal-…

Mas Aiolos não terminou a frase, pois o elevador deu um solavanco para baixo, piscou as luzes algumas vezes e acendeu todos os botões. Milo gritou em desespero, atirando-se em cima do DJ: 

—AAAAAAHHHH!! A GENTE VAI MORRER! SOCORRO! A GENTE VAI MORRER POR CAUSA DE UM GATO REMELENTO E DESNUTRIDO!

O elevador deu um novo solavanco e começou a descer. Shura, que ainda estava com o celular na mão, abriu a câmera frontal e tirou uma selfie, na qual apareceu ele, Afrodite ralhando com Francesco, Milo abraçado em Aiolos e Saga com cara de espanto e tédio. Por fim, a caixa de metal parou e tornou a subir, parando no terceiro andar e abrindo a porta, onde o zelador os aguardava com um sorriso enorme:

—Saiam! Venham aqui fora tomar um ar, uma água ou um suco - apontou para o lado, onde um homem de longos cabelos num tom de lavanda discutia exaustivamente com a esposa de Saga - Acho que conhecem o Mu, meu esposo e síndico deste condomínio. Ele fez um lanchinho para vocês, afinal foram muitas horas nesse elevador, né?

—SENHORA! EU JÁ DISSE QUE É PROIBIDO FUMAR NOS CORREDORES DO CONDOMÍNIO! - O homem já estava rouco e parecia exausto, ele segurava um saco vazio em uma das mãos

—Eu já disse senhor, eu não estou em condições de ter o meu fumo interrompido e eu não vou tomar um ansiolítico. Eu posso ficar viúva a qualquer momento e não posso estar fora do meu normal!! - A ruiva batia o pé até ver que os presos saiam do elevador e de jogar a bituca de cigarro na sacola do síndico - É NÃO VOU MAIS FICAR VIÚVA, SEU HOMEM INSENSÍVEL! 

—Ai graças ao céus - Shura saiu, respirando fundo - Não aguentava mais ficar preso com esses dois casais - apontou para os demais.

—Francesco e eu não somos um casal - Afrodite saiu, pegando um copo de água e colocando na caixa para o gato - Eu jamais me relacionaria com alguém que não respeita a causa animal… porém estou shippando MIOLOS loucamente.  - Afrodite agitou os cabelos, mediu Aldebaran de cima abaixo e, depois, olhou para o síndico - Saga, acho que sua digníssima esposa está trocando farpas com o síndico.

—Eu preciso de água agora…-Disse colocando as sacolas no chão e o buquê em um aparador -  Depois vou acalmar a fera.

Milo por fim abriu os olhos e, ainda abraçado com Aiolos, perguntou:

—Eu morri?

—Ainda não… Mas acho que tá todo mundo achando que somos um casal. Vem… Vamos tomar uma água.

Tatiana veio como um furacão, quase passando por cima do abraço de Aiolos e Milo, fazendo o morador do oitavo andar soltar outro grito de pavor: 

—Eu achei que nunca mais ia te ver, meu amorzinho lindo - Disse largando a carteira de Marlboro que tinha na mão no chão e pulando em cima do marido, sendo segurada pela cintura - Fiquei tão nervosa achando que ia ser uma viúva de 26 anos. Como eu ia viver sem você? - A ruiva dizia no seu conjunto de top e leggings brancos com os olhos cheios de lágrimas 

Saga ajeitou a mulher no colo e deu um beijo no rosto da mulher: 

—Minha Marrentinha - Saga distribuia varios beijos no rosto da ruiva -  o que me deixa mais feliz, além de te rever, é te ver você jogar esse seu maldito cigarro no chão, Princesa. 

—Ai meu amorzinho - A ruiva deu um selinho no marido, mordendo o lábio inferior dele e puxando - Eu tava tão nervosa… acho que vou precisar de mais 6 meses de cigarro pra me recuperar do trauma 

—Eu adoro um romance - Shura indagou, observando toda a cena - Mas isso está me causando enjôos.

—Eu acho que esse romance vai virar sexo explicito em alguns minutos, Shura - Disse Francesco franzindo a testa 

—Tem razão - Aiolos soltou, puxando o telefone - Ow gente… Passa o número de vocês aí. Como disse mais cedo, hoje vou tocar na Sanctuary e vocês são meus convidados. Quero pegar o nome completo de vocês para pôr na lista VIP. Preciso ir pra casa tirar um cochilo.

—Me acompanha nas escadas? - Milo falou, após passar seu número ao rapaz.

—Claro, brô. Também vou ficar longe do elevador por um tempo.

—Aff MIOLOS vai rolar na escada! Eu e o gatinho podemos assistir? - Perguntou Afrodite, enquanto olhava o zelador de relance - Esse sexo aqui de baixo vai ser muito padrão pro gosto da gente. 

Tatiana ouvindo a reclamação sem saber de onde vinha apenas virou o rosto e mudou de expressão mirando erroneamente Milo e Aiolos, desceu do colo do marido cruzando os braços. 

—Eu vou indo - Francesco falou, após também dar o número a Aiolos - Preciso tomar um banho e tirar essa inhaca de gato doente de mim. 

—Doente é você, seu maníaco - Afrodite ralhou - Honorável DJ, sinto informar que acompanharei você pelas escadas. Não tô nem um pouco a fim de pegar o elevador…

—Agora só falta o número do Saga. - Aiolos falou.

—Ele ta ocupado com a esposa paranormal dele, Aiolos - Disse Shura sério 

—Meu Saguinha, despeça-se dos seus amiguinhos tá? - Ela o beijou mais uma vez - Que eu vou te esperar em casa... - A ruiva se afastou um pouco e prosseguiu - Do jeitinho que você gosta 

Saga inconscientemente, fez a cara mais tarada do mundo vendo a esposa se afastar e caminhar até a porta do apartamento deles.

—MEU SAGUINHA HAHAHAHAHAHA- Shura deu uma gargalhada , assustando Francesco.

—O Saga queria ser sobremesa… agora, pelo jeito, vai ser o almoço, o lanche e o jantar da esposa paranormal - Aiolos tirou sarro

—Se pá, até o café da manhã - Milo riu - Anda logo, Saguinha. Passa o número pro Aiolos e vai lá curtir seu dia.

Os rapazes subiram as escadas ainda conversando animadamente, prometendo manter o contato. Sempre que alguém chegava a seu andar, Aiolos ameaçava:

—Eu sei onde você mora, hein? Não ouse me bloquear! - A ameaça só foi mudada quando ele chegou a seu andar, já que Shura e Afrodite moravam andares acima -  vocês sabem onde eu moro. Se eu bloquear vocês, já sabem… - riu - Falou, marrentinhos.

Já em seu apartamento, Aiolos colocou o celular para carregar, tomou um banho demorado, um café decente - mesmo já sendo quase hora do almoço - e tirou seu tão esperado cochilo. Acordou perto das sete da noite e, enfim, pegou no celular, decidido chamar os novos amigos, porém teve uma ideia melhor: criou um grupo:

“Bem vindos ao grupo ‘cada um no seu quadrado’, marrentinhos. Passem seus nomes para eu colocar o nome na lista - digitou - Exceto o Saga, que deve estar transando até agora! Obvio que o nome do grupo é em homenagem ao video de sexo do Shura… E não ousem sair do grupo porque eu sei onde vocês moram”

Afrodite enviou diversos emojis de coração e, enfim, enviou um link junto com algumas fotos e o seguinte texto: 

“Queridos marrentinhos, como todos ficamos muito emocionados e vivemos a fundo a história do pobre gatinho resgatado, que devido aos eventos de hoje, foi adotado por mim e será o nosso mascote, preciso de dinheiro para dar suporte ao resto da família de Rosa Piranha,  que segue em anexo nas fotos! Doem, a família ficara feliz! “

“Eu compartilho o link, mas pare de mandar fotos desses bichinhos fodidos! - Francesco digitou - Eu tenho dó, na moral. O problema do bicho de hoje foi que ele me assustou mesmo. Não sabia se era gato, ratazana ou chupa-cabra”

“Eu adorei conhecer vocês - Milo digitou - Desculpem pelo escândalo e por destruir o shipp de vocês. Apesar de gostar de loiras, sou muita areia pro caminhãozinho do Aiolos”

“Você sabia, Francesco, que São Francisco é o padroeiro dos animais?”

“Eu acho que o nome do grupo deveria ser ‘marrentinhos’, mas já que minha sextape fez sucesso, eu vou mudar o ícone do grupo” - digitou Shura, colocando a selfie tirada no elevador como foto principal”

“BERRO” - Afrodite digitou e mandou uma figurinha da Drag Queen Kennedy Davenport com os dizeres “WORK”.  “Que horas você tirou essa foto?”
“Achei que ia morrer, então pensei em deixar uma selfie para aqueles vídeos de selfie antes da morte. Imagina que engraçado um youtuber falando ‘esse rapaz ficou preso no elevador com um hipster, um casal gay composto por um DJ e um atleta de fim de semana claustrofóbico, um defensor da causa animal Gender Fluid e um torcedor da Juventus com pavor de gatos’. Seria épico” 

“ Eu to curioso pra saber da sextape do terceiro andar, Francesco dos gatos, ta ouvindo alguma coisa?” - Aiolos digitou

“Parece que a família dos gatos de rua do Afrodite se mudaram com os primos do interior aqui pra baixo. Vou fazer uma reclamação formal ao síndico, estão perturbando a minha paz”

“Vão se ferrar, na moral. Vou silenciar o grupo por 1 semana. Valeu” - Saga enfim respondeu e mandou um emoji mostrando o dedo.

“Eu sei aonde você mora Saga, vou bater ai pra mandar Dona Tatiana tirar grupo do silencioso”

“Eu disse que era chiliquenta” - Milo digitou, com uma série de emojis de risadas

“Impossível você ouvir qualquer coisa daí Milo- Saga respondeu inconscientemente - Vou mostrar a Tatia amanhã as fotos dos gatinhos” 

“Então galera! - Resumiu Aiolos- Vou tomar um banho, passar uma colônia e sigo para a  The Sanctuary ta? Espero ver vocês todos lá e o que sobrar do Saga depois da bruxaria da esposa paranormal, beijos na bunda” 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cada um no seu Quadrado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.