Gato Preto escrita por Lola Royal
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura ♥
— Edward, nem pensar! — exclamei, meu noivo fez um biquinho e disse:
— Não podemos deixá-lo na rua, amor.
— Também não podemos deixar ele aqui no apartamento — anunciei.
— É só por hoje, amanhã vou levar ele pra casa da minha mãe em Santa Cruz, prometo.
O avaliei atentamente, ele coçou o nariz como sempre fazia quando estava mentindo.
— Você coçou o nariz, não vai levar esse gato pra sua mãe coisa alguma, Edward Cullen.
— Bella, eu juro que vou sim! — Afagou entre as orelhas do bendito gato que tinha encontrado na rua naquela manhã de sexta-feira treze, segundo Edward se deixássemos o bicho na rua ele seria vítima de maus tratos por conta da data e da superstição das pessoas em acreditar que gatos pretos davam azar.
— Você sabe que não quero ter animais — afirmei e cruzei os braços na frente do corpo. — Ainda não superei a morte da Nina no ano passado, prefiro nunca mais ter bichinho nenhum ou vou me apegar e sofrer muito quando eles morrerem.
Meu peito apertou só de pensar na minha falecida cadelinha, tínhamos vivido longos dez anos juntas até ela me deixar e eu prometi nunca mais ter animal algum. Aquele gato nos braços de Edward era fofinho, meio sujo, mas eu não iria me apegar a ele de jeito nenhum.
— Eu sei, linda — ele disse. — Como falei, como jurei, amanhã cedinho levo o Lucky pra casa da mamãe.
— Lucky? — Arqueei uma sobrancelha. — Edward, você já está dando nome pro gato, isso é um péssimo sinal.
— É só um nome, eu não ia ficar chamando ele de gato até amanhã, quando vou levá-lo pra mamãe. Enfim, estou muito atrasado pro trabalho, você pode ficar com ele hoje?
— Se está atrasado pro trabalho é porque ficou salvando gatos no meio do caminho — resmunguei.
— Há pessoas malvadas lá foram, poderiam fazer alguma crueldade com o Lucky, Bella — disse chateado. — Ele não merece estar nas ruas.
— Bem que sua irmã me disse que você gostava de resgatar animais — reclamei.
— O Alfredo era bonitinho.
— Era um gambá e você levou pra dentro de casa.
— Eu tinha sete anos, você não pode me julgar. E aí? Vai cuidar do Lucky hoje? Vou pedir pro pessoal do pet shop aqui perto entregar umas coisas pra ele, aí amanhã já levo tudo para Santa Cruz.
— Eu tenho muita coisa pra fazer, esse gato vai me atrapalhar.
— Bella…
— Tenho uma tradução enorme e preciso acabar ela até de noite.
— Ele vai ficar quietinho, é bonzinho.
— Sei não.
— Você só precisa dar uma olhada nele de vez em quando, botar água e comida. Também não pode deixar as janelas abertas, já que a gente não tem tela de proteção.
Olhei bem pro gato e suspirei.
— Tá, você venceu, eu fico de olho nele hoje. Mas amanhã quero ele fora!
— Obrigado, amor! — Edward se aproximou e tentou me beijar, mas me afastei.
— Não vou te beijar enquanto você segura o gato.
— O nome dele é Lucky. — Colocou o gato no chão, na hora fiquei preocupada do bicho começar a sujar tudo.
— E se ele tiver alguma doença?
— Ele parece bem, só sujinho por estar na rua, mas amanhã em Santa Cruz a mamãe leva ele no médico pra ver se tá tudo certo. Ou você levaria hoje?
— Nem pensar, eu não vou fazer nada disso.
Edward revirou os olhos, mas assentiu.
— Certo, preciso correr pro trabalho agora. Te amo. — Me beijou rapidamente. — Lucky, vejo você mais tarde, garoto — disse para o gato e saiu do nosso apartamento.
Eu bufei, encarei o gato que naquele momento olhou para mim de volta. Pupilas pretas e íris amarelas. Certo, ele era mesmo bonitinho.
— Vou colocar água pra você e depois disso te quero fora do meu caminho — alertei o gato.
Ele miou e veio para o meio das minhas pernas, porém fui forte e resisti ao impulso de fazer carinho nele.
xxxx
Eu não fui forte por muito tempo. Minha primeira demonstração de fraqueza aconteceu quando estava trabalhando e o gato veio deitar em meus pés, automaticamente estiquei uma mão para afagar entre suas orelhas e fiquei pelo menos uns cinco minutos nessa missão, até me esquecendo do trabalho, mas lembrei que não queria me apegar e voltei a trabalhar.
Quando as coisas que Edward encomendou do pet shop chegaram eu fui fraca, muito fraca. Luc… O gato ficou tão animadinho com o ratinho de brinquedo que ganhou do meu noivo que foi impossível não ir para o chão brincar com ele, me dei trinta minutos de brincadeira com ele e quando voltei à mesa de trabalho o gato me acompanhou mais uma vez deitando em meus pés.
— Como ele tá? — Edward perguntou quando me ligou na hora do almoço, o gato estava fazendo sua refeição e eu esquentando meu almoço no microondas.
— Bem.
— Ele gostou do ratinho?
— Uhum.
— Ele tá te atrapalhando muito no trabalho?
— Muito — menti descaradamente, já que a verdade era que eu estava desviando atenção do trabalho porque queria brincar com Luc… com o gato.
— A mamãe tá doida pra conhecer ele — Edward contou. — Já até marcou com o veterinário lá em Santa Cruz.
Pensei sobre aquilo, o gato na grande casa da minha sogra em Santa Cruz. Ele seria bastante feliz lá, eu o veria quando fosse visitar Esme, mas não me apegaria e sofreria quando o bichinho morresse, estava tudo certo.
Estava?
— Vou ir comer agora, amor. Qualquer coisa me liga — Edward falou, eu me despedi e desliguei.
Peguei meu almoço no microondas e sentei pra comer, o gato já tinha terminado de comer. O coitadinho estava faminto, nem queria imaginar como era difícil a vida dele na rua e ele nem era mais um filhote, já deveria ter mais de um ano, todo aquele tempo vivendo no frio e com a fome.
Quando me dei conta estava chorando sobre minha lasanha, o que era ridículo, eu não me apegaria aquele gato.
Ainda estava choramingando quando meu celular tocou, era a mãe de Edward. Funguei, limpei o rosto e atendi.
— Oi, Esme.
— Bella, querida! — falou animada. — Como está o Lucky? Estou tão feliz que vou ter um gatinho!
— Ah, ele tá bem.
— Obrigada por cuidar dele hoje.
— Certo.
— Você vem com Edward para Santa Cruz amanhã?
— Provavelmente não, tô cheia de trabalho — respondi e o gato, ah dane-se, Lucky achou seu lugar em meus pés. — Você é tão fofinho. — Voltei a choramingar.
— Desculpe, o que disse? — Esme me perguntou.
— Eu tava falando com o Lucky. — Respirei fundo. — Esme, acho que vou ficar com ele.
Sim, eu fui fraca, mas poxa ele era tão lindo!
— Mas…
— Você entende, né? — perguntei.
— Acho que sim?
— Pode adotar outro gatinho aí em Santa Cruz.
— É, posso — falou ainda confusa.
— Preciso falar com o Edward, te ligo depois.
Finalizei a ligação com minha sogra e liguei para meu noivo, assim que ele atendeu eu exclamei:
— Vamos ficar com ele!
— O quê?
— Vamos ficar com o Lucky!
— Tá falando sério? — perguntou desacreditado.
— Tô sim, eu não aguento, ele é fofo e vai ser meu. Já é meu. Marca com um veterinário, vou pedir o orçamento pra telar as janelas. Tudo certo?
— Tudo, mas a minha mãe...
— Ela pode adotar outro. O Lucky é nosso.
E foi assim que acabei com um gato preto em plena sexta-feira treze e por todas as outras.
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Beijos!
Lola Royal.
13.11.20