Garoto Errado escrita por Miss Siozo


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Olha só quem chegou com mais um draminha na mesma semana? Euzinha aqui rsrsrs
Só que dessa vez estou em parceria com o @ProjetoSaintSeiya . Houve um desafio no qual frases foram sorteadas e elas deveriam inspirar as histórias dos autores do projeto. Eu escolhi o meu número da sorte (7) e com ele veio a frase: “Sim, eu cometi erros. A vida não vem com instruções”.
Quero agradecer a @Lady_jennya pela capa e @Etnom pela betagem da fanfic.



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Querido diário,

Esse capítulo é único e dedicado para falar sobre meus relacionamentos que deram errado até a presente data. Acho que a motivação veio por eu não parar de pensar em meu término mais recente, isso me fez pensar também em todo o meu histórico de namoros, desde o mais bobinho da infância até esse último. Preciso fazer esse exercício mais vezes, desse modo, acho que evitaria de entrar em relacionamentos fadados ao fracasso e também de cometer os mesmos erros com pessoas diferentes.

É difícil assumir em voz alta que eu errei. Sim, eu cometi erros. Quando vim ao mundo, o manual de instruções não veio colado nas minhas costas. Então estou aprendendo a cada pancada da vida como fazer as coisas do jeito certo. Há quem diga que muito se aprende com o amor, mas somente pela dor e suas lições amargas que os lembretes ficam gravados na alma como cicatrizes de batalha (nossa, que poético!).

Enfim, vamos começar com Blenda. Ela foi a minha primeira "namoradinha" da infância. Na verdade, nós já tínhamos quase doze anos e trocávamos selinhos apenas. Foi ela quem terminou o namorico porque precisaria mudar de cidade, então não tenho muito o que dizer. Eu era muito pirralho e super imaturo, chorei por uns três dias até me apaixonar por outra pessoa.

Demorou para eu conseguir namorar com Henry, o aluno intercambista francês. Até porque relacionamentos entre iguais é mal visto em muitos países, não é o caso da minha amada Suécia, mas o país de Henry era mais "conservador". Namorar escondido é uma das piores coisas a se fazer. Éramos adolescentes de treze anos, dependíamos de nossas famílias para sobrevivermos. Infelizmente nosso romance durou apenas dois meses. Acho que eu idealizei demais nossa relação e na época achei aquele garoto um frouxo por não poder nem andar um pouco de mãos dadas pela rua. Ele morria de medo que alguém visse e contasse para os pais.

Depois de Henry, eu fiquei receoso de me relacionar com outros rapazes. Se passaram quase dois anos para que eu começasse a namorar com a Monica, a conheci na Groenlândia, pois os pais dela trabalhavam com os meus. Passávamos muito tédio por lá e gostávamos da mesma banda de rock. Foi com ela que eu tive a coragem de ter a minha primeira vez e foi muito bom, apesar de eu ter me atrapalhado um pouco. Só que assim como o fogo se alastrou, ele apagou rapidamente em meio à neve que caía no inverno. Cair na rotina foi difícil para nós dois, depois disso continuamos como amigos até eu me mudar para a Grécia. Ainda mantemos algum contato pela internet às vezes. Hoje ela é uma médica ocupada e eu sou eu.

Tive alguns períodos "soltinho", alguns "peguetes" e ficantes. Tive um ficante fixo que suou a camisa para conseguir o status de namorado. Aos dezessete, eu namorava Caleb. A gente se conheceu na escola e ele era um ano mais velho do que eu. O problema começou logo no primeiro mês com a crise de ciúmes que ele teve. Era para o inseguro ser eu, pois as garotas babavam por aquele moreno de olhos claros. Só que nem com os meus amigos Romeo e Shura eu conseguia conversar em paz. Entre os meus amigos leais e ele, nem pensei duas vezes. Tchau, Caleb!

Albiore, meu recorde de namoro longo. Foram sete meses e meio juntos e quase bem vividos. Eu havia prometido a mim mesmo para tentar fazer dar certo, não terminar rápido por coisa pouca e acho que foi por isso que eu e o loirinho aguentamos tanto tempo. Nossas divergências de ideias, ainda mais no campo político, desgastaram nossa relação até eu seguir para um canto e ele para o outro.

Milo e Camus, foi legal fazer parte de um trisal. Primeira experiência de namoro não monogâmico, já que sexo entre mais de dois participantes eu já fiz. Viver uma vida a dois já é desafiante, a três, então? Os dois já eram um casal entrosado quando eu cheguei, só que eu acabei não me adaptando e fui eu quem rompi com eles depois de um mês. A amizade ficou e eles finalmente encontraram a parte que faltava no trisal deles, uma mocinha que é um docinho.

Ainda na faculdade, tive um relacionamento com uma italiana quente e poderosa chamada Maria. Ela não gostava de usar esse nome na frente das pessoas, pois achava comum e "bíblico demais". Ela tinha uma tatuagem de cobra no pulso. A regra era nosso relacionamento ser aberto, assim não ficaríamos limitados, mas teríamos que avisar o outro e sempre usar os preservativos para correr menos riscos de pegar uma IST de alguém de fora. Isso estava dando certo até ela se apaixonar perdidamente por um rapaz mais novo japonês. Nós chegamos à  decisão de romper, já que ela não estava mais tão interessada em mim. Disse para tomar cuidado com os garotinhos novinhos e pouco experientes, mas o rapaz não quer saber de compromisso e ainda enrola na lábia outras duas garotas pelo o que fiquei sabendo.

As coisas mudaram de figura quando conheci o primo mais novo de Albiore. Shun é um rapaz único, eu não teria outra palavra para descrevê-lo melhor. Talvez por não o ter compreendido completamente que eu falhei feio. Um verdadeiro virginiano metódico, ao mesmo tempo doce e sonhador. Ele é estagiário na empresa que eu trabalho atualmente e foi por isso que nos conhecemos. Meu ex não é daquelas pessoas que curtem uma noitada, diferente do irmão mais velho que aposto que quando topar comigo na rua vai me dar um belo e merecido soco na cara.

Eu não comecei o nosso relacionamento pelo motivo correto, mas não nego que o sentimento de amor que eu sinto por você é verdadeiro. Seria impossível não te amar, em nossa convivência cada pequeno gesto tinha tanto carinho, o cuidado que teve comigo foi diferente dos demais namoros que tive. Eu fui um idiota por ter entrado nessa por um desafio interno, que posteriormente se tornou uma “aposta aberta”. Tudo isso por duvidar sobre sua sexualidade, burrice sem tamanho a minha.

Havia achado que assexualidade fosse uma besteira inventada para justificar a virgindade e tentar sair como socialmente aceito. Pensava que Shun apenas fosse um frígido ou um gay inrustido. Não demorou muito tempo para eu ganhar a confiança dele, seu coração era sempre aberto para qualquer pessoa, não no sentido de se apaixonar, era algo mais de amizade e coleguismo carregado de empatia. Um virginiano que gostava de encontros caseiros ou ir ao cinema, uma pessoa de gostos simples. Depois de seis meses, a nossa amizade virou um namoro e tudo ruiu anteontem.

Pensava que em nosso terceiro mês de namoro, e nove meses que nos conhecemos, você se sentiria pronto e seguro de dar mais um passo. Até meus amigos me pressionavam perguntando se já tinha rolado, eu estava na seca e sexo nunca foi um problema para mim. A infidelidade é algo que acho inadmissível e imperdoável, por isso que em todos os relacionamentos eu procurei deixar as regras às claras. Só não fui completamente honesto contigo e me arrependo demais.

Sua expressão de espanto quando ouviu as minhas palavras o pressionando. Consigo ainda ouvir sua voz em minha mente dizendo: “Eu sempre fui honesto contigo, Afrodite. Eu pensava que me amasse do jeito que sou. Pelo visto eu me iludi esse tempo todo achando que pudesse ser amado assim”. Aquilo me cortou fundo como uma lâmina. Foi quando eu percebi que era verdade e eu deveria ter acreditado desde o início. Fiquei parado estático enquanto o via correr chorando para fora do meu apartamento, havia esquecido até o seu sobretudo aqui e enfrentou aquela madrugada fria de outono até sua casa do outro lado da cidade sozinho.

Passei o resto daquela noite chorando e a manhã de ontem pesquisando a sério sobre a assexualidade e lido dezenas de relatos pela internet. As pessoas relatavam como se descobriram assim e o sofrimento por não conseguirem se encaixar ou apenas viver um relacionamento romântico com alguém, pois no final esses parceiros, assim como eu, queriam SEXO. Custei para acreditar que em um bom relacionamento o sexo era fundamental. Nós fomos felizes até sexta-feira e eu estou amargando neste domingo.

Acabei lendo o seu SMS pedindo para que eu deixasse seu sobretudo em uma sacola amanhã na recepção do trabalho. Respondi que queria ter uma conversa séria, nós dois de cabeça fria. Talvez consigamos nos reconciliar, vai depender de seu coração bondoso. Acho que é pedir muito para reatarmos. Se eu conseguir ser o seu amigo novamente, poder fazer parte do seu universo particular, eu terei que me contentar e ser feliz assim. Nunca senti vontade de voltar a namorar com ninguém até agora, mas quem fez a cagada dessa vez fui eu mesmo. Portanto, terei que lidar com as consequências.


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Notas finais do capítulo

Olá meus amores! Espero que tenham gostado dessa história!
A intenção dessa fanfic foi causar reflexão sobre a maneira com a qual lidamos com nossos relacionamentos, nesse caso aqui, os relacionamentos românticos. Acho interessante a ideia de parar para analisar o que aconteceu, o motivo de não ter dado certo e o que podemos aprender para seguir em frente e não cometer os mesmos erros.
Também quis dar uma pincelada rápida sobre a assexualidade e do tipo de situação que nós da comunidade costumamos passar quando entramos em relacionamentos com pessoas diferentes de nós, me baseei em alguns relatos que ouvi em fóruns de grupos dos quais participo. Só que aqui quis dar a visão de quem cometeu o erro. O que aconteceu depois que Afrodite escreveu esse capítulo do diário é um mistério. Teorias?

Agradeço quem chegou até aqui. Até a próxima história! Beijos!



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