The duty of love escrita por Mandalay


Capítulo 1
The duty of love — capítulo único




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A primeira vez que ouvira Retsuko cantar, Haida estava podre de bêbado. Fora em uma das muitas confraternizações do escritório de contabilidade. O chefe do setor, senhor Porcão, a desafiara para uma disputa no karaokê, mas quando suas pequenas mãos seguraram o microfone, numa disposição vacilante de enfim cantar algo bem, ele já nem conseguia distinguir o que ouvia com precisão.

E por mais que ele se lembrasse de algo vagamente, além de sua forte torcida por Retsuko, fora tudo completamente apagado de sua memória com um golpe certeiro da própria em sua nuca. Naquele momento, tudo o que ela queria era apagar da memória de qualquer pessoa existente a vergonha que sentira ao ceder as provocações de seu chefe, e cantar.

Se é que aquilo era cantar, no sentido mais simples da palavra.

Logo, a surpresa que Haida sentiu ao vê-la cantar pela segunda vez não poderia ser mais genuína. 

Ou era isso que ele esperava sentir, caso descobrisse algo que não conhecia vindo de Retsuko mas a realidade passava longe disso. A verdade era que ele não conseguira distinguir uma emoção forte o suficiente para valer a descoberta, quando o que escutara mais parecia ser algo natural.

Algo que não a deixava tão distante dele, como imaginava.

E dado o tempo certo, mesmo depois de ser rejeitado duas vezes, ela passou a se aproximar dele.

E ao menos assim, Haida se sentia como parte de algo. Como se sua necessidade incessante de estar perto dela, zelando por ela, finalmente estivesse sendo saciada.

Seus dedos dedilhavam uma melodia incompleta que ele havia composto anos atrás, quando ainda estava aprendendo a dominar as cordas do baixo. Indo e voltando. Depois de tanto tempo, ela passou a ser um praxe a ser tocado sempre que pegava o instrumento.

Retsuko se espreguiçou sobre o sofá da pequena sala de estar, deixando sua cabeça alinhada a dele que estava sentado no chão.

— Essa é boa.

— 'Cê acha?

Ela balançou a cabeça afirmativamente, uma de suas orelhas roçando no lateral do rosto de Haida, o deixando ainda mais vermelho.

Nota de que ele ainda ficava vermelho na presença dela.

— É calma. 

Seus dedos pararam, cobrindo todas as cordas para que parassem de emitir som.

— Mais o baixo não é calmo.

— E eu não entendo de música, então estamos quites!


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Notas finais do capítulo

Eu realmente queria poder escrever sobre eles tocando juntos, ou só o Haida mesmo.



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