Christmas Lights escrita por shewasevans


Capítulo 1
This is our place, we make the rules




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“Ei, o que você está fazendo?”, Angelina perguntou com uma de suas sobrancelhas negras arqueada, parando junto ao batente da porta e lançando um olhar confuso à cena que se desenrolava na sala de estar do pequeno chalé que dividia com George.

No cômodo, o ruivo travava uma intensa batalha com os cordões de luzes coloridas que ela insistira em comprar no dia anterior e, ao que indicava a bagunça ao seu redor, ele perdia quase que miseravelmente para os enfeites. Além do que, eles haviam desmontado a decoração de Halloween no dia anterior e, em geral, ela apenas começava a preparação para o Natal no penúltimo dia de novembro – uma tradição que lhe fora repassada pela mãe.

Ainda que, ela (obviamente) mantivesse o espírito natalino o ano todo com filmes e músicas natalinas trouxas. Angelina era praticamente uma elfa do Natal fugida do Polo Norte.

“Angel!”, o namorado se virou para encará-la, abrindo um sorriso enorme ao notar que ela retornara do treino. Um sorriso reservado somente à Angelina e que parecia ressaltar cada um dos pontos amarelo-avermelhados dispostos no rosto alegre dele.

Céus, ela se disporia horas a fio em contar cada mínima sarda que compunha o universo particular que era George Weasley.

No entanto, naquele momento, desejava somente observá-lo por mais alguns instantes - quase como se quisesse guardar o que via em uma caixa particular de lembranças.

“Você está decorando a sala? Não deveria estar na loja?”, embora ainda estivesse confusa, os lábios da Johnson agora insistiam em se repuxar para cima em uma réplica do sorriso que lhe fora lançado.

Junto dele, ela se desfazia toda em sorrisos.

Quase como se as sensações por ele provocadas não pudessem ser contidas em seu peito e, escapando-lhe por entre os dedos, explodissem como fogos de artifício forjados na mais pura felicidade.

“O Ron tinha que servir para alguma coisa, não?”, ele riu pelo nariz, parecendo ligeiramente nervoso, girando o corpo na direção oposta para voltar a sua atenção para os pisca-pisca que flutuavam à frente. “E…”, continuou um tanto embaraçado, a vermelhidão em sua nuca delatando um provável rubor na face. “Eu queria arrumar tudo para quando você chegasse, mas acho que perdi a hora com essas imitações fajutas de vaga-lume”, concluiu e ela sabia que suas feições haviam se transfigurado em uma careta.

Merlin, George realmente saíra mais cedo do trabalho apenas para decorar o chalé? Enfiando as mãos nos bolsos de seu casaco de tricô azul-marinho, ela precisou reunir cada vestígio de força de vontade dentro de si para não atirar os braços ao redor do pescoço dele e lhe agarrar naquele exato instante.

“É porque eles não deveriam ser colocados com magia, Georgie”, Angelina respondeu, por fim, em meio ao riso, aproximando-se dele e lhe tocando o cotovelo do braço que empunhava a varinha. “Ei… Obrigada”, ela sussurrou próxima à (única) orelha do ruivo, virando-o delicadamente pelos ombros para que pudesse depositar um beijo furtivo junto ao seu maxilar.

Com o toque, o que restara da concentração do Weasley pareceu se esvair por completo, fazendo com que os cordões de luz despencassem com um baque suave aos pés de ambos.

A coloração nas bochechas dele se intensificou para um tom próximo ao do vermelho-tomate.

“Ei…”, ele começou, envolvendo a cintura dela com os braços e a puxando para junto de seu peito. “Eu não poderia decepcionar a criança de cinco anos amante de decorações natalinas que habita dentro da minha namorada”, provocou, beijando-lhe os lábios em seguida para evitar que Angelina protestasse.

Como esperado, a negra devolveu o comentário desferindo um tapa leve no torso do ex-batedor da Grifinória, fazendo com que a gargalhada dele ressoasse pelo cômodo enquanto o enlace em sua cintura era estreitado.

Por Morgana, a risada de George parecia ter se tornado um de seus sons preferidos no mundo todo.

“E quanto à criancinha dentro de você que insistiu em comprar um conjunto de renas dançarinas? O que você disse mesmo? “O nosso Natal não estaria completo sem um Rudolph com roupinha de ballet”? Sinceramente, Weasley…”, a resposta veio carregada por um falso tom de censura acompanhado por um brilho divertido no par de olhos cor-de-terra.

“Ei! A Victoire concordou comigo!”

“Exatamente, uma criança de três anos concordou com você!”

“E quem poderia imaginar que a minha sobrinha minúscula poderia ter um gosto mais refinado do que o seu?”

Angelina suspirou, abafando uma risada. Sabia, antes mesmo de voltar o olhar para o rosto sardento do namorado, que um gigantesco sorriso vitorioso estaria lhe estampando os lábios. Conhecia cada trejeito de George da mesma forma que conhecia cada lasca presente no cabo de sua vassoura de Quadribol.

Dos anos passados em Hogwarts, da tempestade enfrentada durante a Segunda Guerra Bruxa e do longo processo de reconstrução pelo qual ambos haviam passado após a Batalha de Hogwarts. E, embora o tivesse decorado como as palmas de suas mãos, o ruivo sempre parecia encontrar uma forma de surpreendê-la: como naquela tarde nada próxima à véspera de Natal em que saíra mais cedo do trabalho apenas para decorar o chalé onde moravam nos arredores de Londres. De súbito, os lábios da Johnson acompanharam os do Weasley e lhe entregaram um sorriso igualmente amplo.

“Estou surpreso, senhorita Johnson! Achei que iria reclamar por ainda estarmos no segundo dia de novembro!”, George tornou a provocar, soltando-a do abraço e se abaixando para os pisca-pisca antes que esses resolvessem travar uma batalha própria e acabassem enrolados novamente.

“Na verdade... O dia correto seria... Vinte e nove, por que você está montando agora?”, ela cedeu à curiosidade, ajudando-o a enfeitar com as luzes coloridas os galhos do enorme pinheiro que o Weasley colocara próximo à lareira.

“Porque a minha namorada é incrivelmente específica com tradições natalinas... O que deixa ainda mais difícil de surpreendê-la nessa época”, o ruivo declarou solenemente, pegando-a (novamente) de surpresa e depositando um beijo na ponta de seu nariz.

Agora, fora a vez de Angelina corar furiosamente e desejar esconder o próprio rosto entre os longos ramos da árvore.

“Vamos terminar logo com essas luzes que eu quero tomar chocolate quente depois”, ela falou, esquecendo as provocações por entre as caixas de bolas de vidro multicoloridas e enfeites inspirados em flocos de neve.

“Deixa eu adivinhar... Você vai me fazer usar um suéter de tricô com um boneco de neve estampado?”, ele perguntou risonho, tomando delicadamente o queixo dela entre os dedos e erguendo o rosto dela para que o fitasse nos olhos. Diante do azul dele, o castanho dela acabou por delatar a culpa.

“O seu tem o Rudolph não-dançarino”, admitiu.

As sardas que salpicavam os lábios de George dançaram quando um sorriso, mais uma vez, fez-se presente em seu rosto.

“Você é o maior dos clichês natalinos, Angelina Johnson.”

 

— ∞ —

 

“Ei, eu tenho um presente de Natal para você”, George exclamou, de repente, levantando-se do sofá com um renovado entusiasmo e quase fazendo com que a namorada entornasse o líquido fumegante de sua caneca sobre o suéter cor-de-tijolo, com um enorme “G” em dourado no peito, que ela colocara e que havia – nada furtivamente – roubado dele.

Quando, enfim, guardaram as últimas caixas vazias de enfeites na despensa, a Johnson fizera chocolate-quente com canela para os dois – seguindo à risca a receita supersecreta que a mãe lhe havia confiado anos antes – e eles se colocaram a admirar a atmosfera natalina criada em conjunto com um silêncio confortável.

E que, como quase sempre, fora quebrado por George.

“Adiantado? Você não pode me dar um presente adiantado!”, Angelina protestou alarmada, embora ele já atravessasse animadamente o corredor em direção ao quarto dos dois.

Afinal, ela levava muito a sério as tradições natalinas.

“Eu estou adiantado ou estou te dando mais tempo para aproveitar a sua época preferida no ano?”, ele retrucou, voltando à sala junto de uma pequena caixa vermelha com um laçarote verde-esmeralda na tampa.

“Que golpe baixo, George Weasley”, um beicinho se projetou nos lábios dela antes de aceitar o embrulho, abrindo-o sob o escrutínio ansioso dele.

De dentro da caixa, a artilheira do Holyhead Harpies apanhou um delicado globo de neve – aquele que se tornaria o mais precioso de sua coleção: sob a redoma de vidro, uma réplica do chalé deles fora aninhada entre pinheiros e neve falsa, alegremente decorada com luzes natalinas semelhantes àquelas que eles haviam acabado de colocar lá fora. E, junto à minúscula porta, dois pequenos bonecos idênticos a eles se encaravam com gigantescos sorrisos pintados em seus rostos e chamativos suéteres de Natal combinando.

“É lindo”, ela murmurou com um sorriso emocionado, chacoalhando o objeto e fazendo com que os flocos de neve rodopiassem naquele precioso pedaço de paraíso natalino imortalizado por ele.

“Não terminou, Angel”, o ruivo falou, apontando para uma frágil chave de dar corda na base branca com detalhes em dourado do objeto.

Confusa, Angelina a girou, fazendo com que a melodia de “Baby, It’s Cold Outside” ressoasse aos seus ouvidos e um compartimento, ainda menor, se revelasse aos seus olhos. Puxando-o, a Johnson descobriu um trabalhado anel em ouro-branco com uma delicada pérola no centro ladeada por dois diamantes menores.

Subitamente, as luzes de Natal pareceram brilhar com mais intensidade ao seu redor.

“George?”, chamou com a voz embargada, o coração martelando freneticamente em seu peito à medida que o olhar escuro cintilava com lágrimas quentes prestes a verterem por suas maçãs do rosto – mesmo que ela lutasse internamente para segurá-las.

Ele não estava fazendo... o que ela achava que ele estava fazendo... estava?

O namorado, contudo, já não se encontrava no sofá ao seu lado e, sim, adoravelmente ajoelhado a sua frente, observando-a com os intensos olhos cor-de-céu refletindo um misto de amor e nervosismo.

“Angelina Johnson”, ele começou à medida que as lágrimas, aos poucos, venciam a batalha e se derramavam sobre a bela face dela. “Às vezes, sinto que a conheço como a palma de minha mão. Como quando você se demonstra uma péssima perdedora em Snap Explosivo e como sempre é a primeira a rir das minhas piadas nos almoços n’A Toca. Ou, então, como quando o Natal se aproxima e eu sei que você irá se transformar em uma verdadeira ajudante do Papai Noel com presentes, suéteres de renas e biscoitos por toda a parte. Às vezes, sinto que cada dia é um novo momento para que eu possa descobrir mais sobre você. Como quando você me surpreendeu por gostar das minhas falhas tentativas de romantismo e, ainda mais, por aceitar o meu tardio pedido de namoro no sétimo ano. Ou, então, como quando não sei o que esperar ouvir de você como resposta para um pedido de casamento. Amo as suas certezas e sou incrivelmente grato em poder, diariamente, descobrir as suas surpresas”, George pausou, tomando a mão trêmula dela entre as suas. “Você tem sido a minha melhor amiga desde sempre, Angel. A minha namorada há pouco mais de cinco anos. E, em breve, eu espero sorte o suficiente para chamá-la de minha esposa...”, ele prosseguiu, tomando o queixo dela com o polegar a fim de fazer com que o olhar azul se encontrasse com o castanho novamente. “Desde que a conheci, você tem tornado os meus dias mais divertidos, leves e os preenchido com um amor que eu jamais imaginei ser possível sentir por alguém... Eu a amo, Angel... Com cada cantada fajuta e cada pedaço reconsertado do meu coração... Você fez com que eu redescobrisse a felicidade e eu espero poder demonstrar o quão grato sou a você até que sejamos dois velhos reclamões com uma centena de globos de neve na estante”, declarou, a carga de emoção na voz dele semelhante àquela que parecia tomar cada mísero centímetro do corpo de Angelina.

“Sim!”, ela exclamou extasiada, deixando o globo de neve de lado e jogando os braços ao redor do pescoço dele. Às lágrimas ainda vertiam dos olhos cor-de-terra quando ela o surpreendeu com um beijo atrapalhado.

“Você, literalmente, não deixou eu fazer a pergunta?”, ele riu quando as bocas se separaram, passando um dos braços pela cintura dela e alcançando o anel antes que ele se perdesse em meio às almofadas do sofá.

“Eu, literalmente, já a respondi?”, a risada embaraçada dela se uniu à divertida dele.

“Você não quer uma história bonita para contar depois?”, o ruivo brincou, deslizando o aro delicado pelo dedo anelar da mão esquerda dela, o ouro-branco formando um belo contraste com a pele cor-de-café dela.

“Já tenho a melhor das histórias, George. A nossa história”, Angelina declarou emocionada, capturando os lábios dele em mais um beijo repleto de amor em meio às decorações de Natal.

 

— ∞ —

 

“George?”

“Sim?

“Nós podemos deixar as luzes de Natal até janeiro?”

É a nossa casa, Angel. Nós podemos deixar o ano inteiro se você quiser”, o ruivo respondeu, passando um braço pelos ombros dela e a aconchegando em seu peito agora que já haviam retornado ao sofá. À frente, os pisca-pisca brilhavam animadamente, fazendo com que o anel no dedo de Angelina reluzisse em diferentes tons conforte as pedras capturavam as luzes emitidas por eles.

Mais do que de imediato, ela torceu o nariz para a ideia.

“Não! Isso estragaria a atmosfera especial do Natal”, ela protestou, olhando com carinho para a árvore recém-decorada por ambos.

“Até janeiro, então”, ele declarou, escondendo o riso por entre os rebeldes cachos negros dela.

“Até janeiro”, ela concordou satisfeita.

E felicidade nunca lhe parecera tão palpável quanto naquele precioso momento.

 

 

We could leave the Christmas lights up ‘til january

This is our place, we make the rules.


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Notas finais do capítulo

Oizinho! Esse ano eu, realmente, queimei a largada para as histórias natalinas e resolvi postar uma com essa temática. Mas a verdade é que eu tinha o plot desde o final do ano passado e, finalmente, criei coragem para terminar. Espero que tenham gostado e que deem muito amor para o meu casal precioso! xoxo, shewasevans.



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