Operação resgate escrita por Azraelie


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Louis Tomlinson tinha os olhos atentos enquanto seguia pela estrada escura - tanto pelo fato de já terem passado as vinte e uma horas quanto por estar caindo uma chuva fina e gelada que só piorava tudo - em busca de qualquer sinal de vida, mais especificamente em busca de um rapaz de rebeldes cabelos cacheados, alto e que deveria estar com um casaco marrom. Leon lhe devia uma bebida, e das boas, e uma garrafa inteira, não uma simples dose.

Praguejando, Louis aumentou o brilho dos faróis de seu carro e reduziu a velocidade; só tinha seu carro por ali mesmo. E ele, inclusive, não deveria estar ali também. Acontece que Harry Styles, o rapaz que ele estava em busca, havia brigado com a irmã, Gemma - noiva de Leon -, e resolvido que iria embora imediatamente. E por imediatamente Louis quis dizer que o rapaz apenas pegou a jaqueta que estava na poltrona próxima, assim como a bolsa pequena que havia levado, virou as costas e saiu.

A princípio ninguém se importou, afinal estavam em um hotel luxuoso com milhares de possibilidades de distração, então imaginou-se que Harry havia apenas saído do quarto da irmã, onde as famílias estavam reunidas no momento, para esfriar a cabeça em um lugar qualquer. Mas quando se passaram mais de três horas e ninguém sabia do paradeiro dele foi que a preocupação se alastrou. Gemma e Leon queriam pegar seus carros e sair em busca do fujão, como Louis o estava “carinhosamente” chamando, mas foram impedidos pelos pais.

Para ser sincero Louis ficou surpreso sobre o quão frios Anne e Desmond Styles pareceram quanto ao sumiço do filho, falando coisas como ele ser adulto e responsável pelas próprias decisões. Não adiantou muito, Gemma estava prestes a arrancar os cabelos e morder os dedos de tanta angústia, foi quando Leon, seu querido irmão mais novo Leon Tomlinson, teve a brilhante ideia de pedir para que Louis procurasse por Harry. É claro que Louis quis gritar um sonoro não, mas Jay, sua lindíssima mãe, logo concordou com a ideia, e foi assim que Louis se meteu novamente no carro, depois de dirigir por mais de seis horas para chegar naquele hotel no meio do nada, para ficar dirigindo por sabe-se lá quanto tempo mais até encontrar, ou não, Harry Styles e levá-lo de volta ao hotel.

Mau humor não representava metade do que Louis estava sentindo.

— Oi? - Atendeu o celular que tocou pela terceira vez desde que havia saído do hotel há uns quarenta minutos.

— E ai? Achou ele? - A voz de Leon estava abafada, como se ele estivesse tentando esconder que estava ao telefone.  - Gemma está uma pilha de nervos, é sério cara… Ela e o Harry vivem brigando, eu já te contei sobre algumas brigas deles, mas essa foi a pior de todas e eu nunca a vi ficar tão nervosa…

Leon e Louis Tomlinson eram absurdamente semelhantes, tinham um pouco mais de um ano de diferença de idade, personalidades incrivelmente opostas, porém complementares, gostos conflitantes e não poderiam ser mais diferentes um do outro mesmo que tentassem. Mas eram semelhantes. Os mesmos olhos azuis, os lábios finos - embora os de Leon fossem mais avermelhados -, o nariz de botão - que se reparassem bem veriam que o de Leon tem um toque a mais para cima, como se ele estivesse sempre “de nariz em pé” -, cabelos castanhos e lisos - atualmente Louis tinha o seu um pouco mais comprido e penteado todo para trás enquanto Leon o tinha cortado de forma a poder deixá-lo arrepiado com um pouco de gel -. Fisicamente semelhantes, o bastante para quando crianças ficarem falando que eram gêmeos, mas tão diferentes quanto a todo o resto que mal pareciam que eram da mesma família e tinham recebido a mesma educação. Ainda assim, havia aquele conhecimento um sobre o outro, aquele tipo que apenas irmãos têm, e por isso Louis sabia duas coisas; um: Leon estava preocupado, tanto com Gemma quanto com Harry - ele vivia falando sobre como o cunhado era engraçado e um irmão que ele nunca teve, obviamente para provocar Louis -, dois: Leon queria estar em qualquer outro lugar, menos onde ele estava naquele momento.

— Relaxa, eu estou indo devagar pela estrada e prestando muita atenção, se ele não pegou carona com alguém, vou encontrá-lo. - Afirmou com mais certeza do que sentia, para ser franco. - E se ele pegou carona, estou certo de que vai avisar alguém que ele está bem. - Louis fez uma curva tão devagar que quase pensou que o carro morreria por falta de impulso. - Peça para Gemma ligar para algum amigo dele e pedir para ligar para o Harry, duvido que ele não vá atender a ligação de um amigo.

É… Tem razão… Vou pedir para ela fazer isso.— Leon soltou um suspiro do outro lado da linha. - Obrigado por isso, sei que está cansado da viagem e tudo o mais.

— Sem problemas. Você fica me devendo um favor, e isso é sempre útil.

Não dá mais para eu fazer a prova de matemática em seu lugar.

— Droga. - Ambos riram na ligação brevemente, e Louis ficou feliz com isso; às vezes seu irmão era sério demais.

Dirija com cuidado e assim que o encontrar me liga, e se chegar em alguma parada e ele não estiver lá… Volte para cá.

— Está bem.

A ligação foi encerrada e Louis voltou a dedicar toda sua atenção à estrada. Como alguém poderia ter ido tão longe à pé, de noite e na chuva? Já estava considerando acelerar o carro e chegar logo na próxima parada, perguntar sobre o rapaz, talvez esperar um pouco, e então voltar, com ou sem Harry, mas assim que teve o pensamento, viu um homem andando a passos apressados no acostamento da estrada, por isso acelerou para se aproximar e reconhecer o casaco marrom e os cabelos desgrenhados.

— HARRY! - Gritou de dentro do carro, com o vidro da janela do passageiro abaixado e a luz interna acesa. - Hey cara! Entra no carro, está congelando ai fora. - Harry o fitou por alguns segundos antes de ceder ao provável cansaço e ao frio que sentia. - Caramba, você anda rápido, chegou tão longe… - Apesar de estar cansado de dirigir e com certo mau humor por ter sido obrigado a ir atrás do rapaz, Louis decidiu por não jogar essa merda sobre Harry.

— Sinto muito se te fizeram vir atrás de mim. - Havia um olhar de culpa, mas não de arrependimento verdadeiro. - Você não precisava realmente.

— Irmão do noivo, cara… Leon me mataria se eu não viesse. - Deu de ombros como se aquilo não significasse nada, embora houve um pouco de verdade nas suas palavras. - Agora vamos voltar logo para você tomar um banho quente e…

— Não! - Louis o fitou confuso com a ordem súbita. - Olha, eu te agradeço por vir atrás de mim, mesmo sem obrigação alguma, mas eu não vou voltar para aquela merda de hotel só porque a fingida da minha irmã está se fazendo de preocupada. - Louis queria interrompê-lo e dizer que Gemma parecia genuinamente preocupada, mas havia uma raiva contida nas palavras de Harry que o impediu. - Você volta agora, diz que me encontrou, que estou bem, mas que não quis voltar. Avisa também, por favor, que eu não estarei no casamento, dê parabéns ao Leon por mim. - Harry já havia aberto a porta do carro novamente, pronto para sair do veículo e retomar sua caminhada pela estrada.

— Espera, calma ai. - Louis segurou seu braço e ganhou sua atenção. - Tudo bem que se não quer voltar, decisão sua, mas já que vim até aqui, não custa nada te levar até a próxima parada pelo menos, assim você pode pegar um ônibus ou chamar um táxi, sei lá… Não acha que vai chegar em Londres andando, acha?

— Bom… Andar me acalma. - Tinha a sombra de um sorriso nos lábios de Harry e isso foi o bastante para Louis.

— Mas até Londres cara? São uns bons trezentos quilômetros…

— São trezentos e setenta e cinco quilômetros até a minha casa.

— Tanto faz! - Louis fez um gesto de dispensa com a mão e Harry riu. Voltaram para a estrada e Louis continuava em direção à parada de ônibus que havia dali a uns quilômetros. Não sabia ao certo onde era, mas sabia que tinha uma.

Harry estava quieto, observando a paisagem enquanto seu corpo se permitia relaxar no banco e se aquecer com o ar quente do carro. Seus pensamentos deveriam estar a um milhão por hora, mas não estavam. Havia um grande quadro negro em sua mente, sem pensamentos, apenas sua respiração e o calor o envolvendo.

Fizeram a viagem em silêncio por um bom tempo, até ouvirem um som alto e o carro oscilar um pouco na estrada, o que fez com que Louis xingasse e jogasse o carro para o acostamento. Ambos desceram do veículo e foram constatar o óbvio: um pneu furado.

— Bem… Menos mal. - Louis olhou para Harry com um olhar chocado, como se ele tivesse acabado de falar a maior besteira do universo. - O que foi? É apenas um pneu, podemos trocar e continuar numa boa.

— Não podemos não.

— Como não? - Louis não respondeu e Harry girou os olhos. - Tudo bem, flor, eu troco o pneu já que aparentemente você não sabe fazer isso.

— O problema não é esse, donzela, o ponto é que eu não tenho step.

— O que? - Agora era Harry quem olhava para Louis como se esperasse que sua cabeça explodisse e milhares de balões saíssem voando noite adentro. - Quem anda com um carro sem step?

— Eu, aparentemente.

— Belo resgatista você é…

— Hey! - Isso realmente ofendeu Louis, mas Harry pouco se importou, dando-lhe as costas e se aproximando de uma placa mais adiante.

— Bom… Tem uma cidade à três quilômetros daqui. - Encolheu os ombros e fitou Louis. - Podemos tentar levar o carro até lá e trocar o pneu no posto de gasolina.

— Então vamos. - Louis voltou para dentro do carro e Harry lhe deu olhar engraçado. - Entra logo, se ficar abaixo dos 30 quilômetros os danos na roda são reparáveis.

— Você é meio doido. - Comentou depois de ter entrado no carro, observando o perfil de Louis.

— Não fui eu quem saiu andando de um hotel luxuoso no meio do nada para voltar para Londres.

— Touché.

Harry estava pensando na bela primeira impressão que deixara para Louis. Eles nunca haviam se visto antes, bem, talvez até tivessem se visto, mas não conversado e então ali estavam eles. Harry sentado no banco do passageiro de seu carro com o pneu furado depois de ter fugido do local onde sua irmã e o irmão de Louis realizariam o casamento no dia seguinte. E tudo porque Harry e Gemma havia tido mais uma de suas grandes discussões que resultavam em brigas e ofensas gratuitas.

— Oi? - Louis atentou o celular pelo bluetooth do carro, sem se importar com a presença de Harry, que viu pelo visor do rádio ser Leon quem ligava.

— Cara, por favor, diz que achou o Harry!

— É, é, eu achei ele. - Louis deu um olhar para Harry.

— Oi Leon, está tudo bem.

Harry!

— Tudo bem é muito otimismo, o pneu o carro furou e eu estou sem step, estamos indo para a próxima cidade para tentar consertar no posto de gasolina. - Louis avisou antes mesmo que Leon comemorasse o fato de Harry ter sido encontrado.

Merda, Louis, eu cansei de pedir para você comprar a porra de um step, qual seu problema?

— Broncas não vão servir de nada, Leon. - Viu a placa de entrada da cidade e a indicou para Harry. - Estamos chegando na cidade, eu te ligo quando resolvermos as coisas aqui.

— Está bem… Estou feliz que estejam os dois bem.

— Obrigado Leon.

— Me liga seu merdinha.— Harry abriu os olhos de forma expressiva, surpreso com a forma que Leon falou, afinal o cunhado nunca havia falado com ele desse modo.

— Vai se fuder Leon. - Louis mostrou o dedo para o rádio, como se o irmão pudesse ver e Harry riu, aliviado ao perceber que Leon não havia falado daquela forma consigo.

Louis desligou o telefone antes que Leon pudesse responder e olhou ao redor na cidade, considerando que estavam perto das vinte e duas horas, ele esperava ter um pouco mais de movimento no local.

— Essas cidades do interior são tão estranhas. - Harry externou o que Louis manteve em pensamento. - Tipo… Não tem posto de gasolina aqui? - O rapaz olhava ao redor, assim como Louis, e não conseguia encontrar nada semelhante a bombas de combustível.

— Pelo menos tem uma pousada. - Louis comentou ao parar em frente a uma casa enorme que tinha uma placa brilhante escrito “Pousada dos Laranjais”. - Alguém deve estar acordado ai e certamente vamos conseguir informações, melhor do que ficar rodando a cidade com um pneu furado.

— Certo, vamos. - Harry foi o primeiro a descer do carro, já entrando na pousada, sem se dar ao trabalho de esperar por Louis. - Olá? - Chamou no balcão de atendimento, observando uma senhora corpulenta com um turbante colorido e pele negra surgir de uma das portas atrás do balcão.

— Boa noite, rapazes, em que posso ajudar? - A senhora tinha um sorriso largo e olhar gentil, daqueles que dá vontade de abraçar as pessoas.

— O pneu do carro furou, a senhora sabe onde fica o posto de gasolina mais próximo? - Louis também tinha um sorriso e falava de uma forma um pouco agitada.

— Oh, sim, fica a uns cinco quilômetros na rodovia. - O sorriso de Louis deixou de existir e Harry soltou um muxoxo. - O Marcel poderá ajudar, é claro, ele é o borracheiro da cidade, mas ele só vai atender amanhã. Às oito horas em ponto ele está de pé com a oficina aberta. - Em momento algum a senhora deixou o sorriso lhe sair do rosto.

— Bem… - Harry lançou um olhar resignado a Louis, que deu de ombros. - A senhora tem quartos?

— Tenho um disponível, é o melhor da casa na verdade, uma cama tamanho king size, banheiro privativo com banheira e vista para o lago, e algumas laranjeiras. - Harry não negava que lançou um olhar para o quadro de chaves, notando que de fato havia apenas uma pendurada.

Não era como eles tivessem opção, e, para ser franco, Harry estava tão cansado que uma ducha e um tapete seriam o bastante para fazê-lo dormir feito pedra por horas, mas não sabia em que pé isso incomodaria Louis.

— Tudo bem, vamos ficar. - Louis respondeu depois de alguns instantes de silêncio, entregando sua habilitação para a senhora, Harry também se remexeu e pegou seu documento.

Enquanto a senhora, que descobriram se chamar Lylibeth, fazia o cadastro dos hóspedes surpresa, Harry pegou a chave do carro com Louis e foi buscar sua bolsa esquecida sobre o banco do passageiro. Minutos depois ele e Louis seguiam Lylibeth por dois lances de escadas de madeira maciça, e Harry estaria mentindo descaradamente se dissesse que não achou o lugar espetacular. Era simples e rústico, mas a decoração tinha toques de modernidade e foi feita com muito bom gosto.

— Espero que gostem do quarto. - Lylibeth foi a primeira a entrar no quarto, deixando a porta aberta para que Louis e Harry pudesse entrar. - Aquela porta é a do banheiro. - Indicou uma porta semi-aberta do canto oposto do cômodo. - Se precisarem de alguma coisa, qualquer coisa, basta discar o número zero do telefone. - Indicou o aparelho no criado mudo da esquerda da cama. - Servimos o café da manhã das sete às dez horas.

— Obrigado senhora Lylibeth. - Harry agradeceu com um sorriso, e Louis o imitou.

— Podem me chamar apenas de Lyli.  - Ela sorriu ainda mais mais largamente, deixando a chave do quarto no aparador próximo à porta. - Espero que tenham uma boa noite.

— Obrigado, para a senhora também.

Com isso, Lylibeth se retirou do quarto e Harry pode enfim dar uma boa olhada ao redor. A cama era, como a senhora havia dito, de tamanho king size, com conjuntos de lençóis brancos e edredom também branco, mas com flores em azul escuro. O piso era de madeira escura, muito brilhoso e bem cuidado, o voil da janela estava fechado, mas Harry não se negou o direito de ir até lá e abrir um pouco para espiar do lado de fora - era óbvio que a vista que Lylibeth havia comentado não estava visível, mas Harry pode perceber que havia diversas árvores pelo lugar.

— Eu acho melhor você ir tomar banho primeiro, ficou muito tempo na chuva, pode acabar doente. - Louis já havia tirado seus sapatos e meias, deixando-os próximo à porta. Harry concordou e antes de entrar no banheiro, também deixou seus sapatos sob o aparador.

Não demorou no banho, apesar da água estar divinamente quente e aconchegante, mas quando se sentiu aquecido e limpo, saiu para que Louis pudesse aproveitar da mesma sensação. Chegou ao quarto vestindo uma calça moletom e uma camiseta que havia colocado em sua bolsa, encontrou Louis no celular, de costas para si.

— Não, não tem como trocar o pneu agora, só amanhã de manhã, estamos numa pousada. - Harry não sabia o que Leon poderia estar falando, então imaginava suas respostas de acordo com o que Louis falava. - Sim, é claro, o borracheiro começa a trabalhar às oito horas, acredito que estarei ai para o almoço. - Mais alguns instantes de silêncio. - Eu não sei, ele disse que não ia voltar o hotel, não vou obrigá-lo. Acho que aqui ele consegue um táxi para voltar para casa em segurança. - Harry sabia ser o assunto central da conversa, e se sentia absurdamente estranho com isso. Parecia até que havia feito isso de propósito, para chamar atenção ou qualquer coisa do tipo. - Eu vou perguntar, mas não vou obrigá-lo a nada. Primeiro porque nem posso, segundo porque não faz sentido. - Louis tinha um dos pés apoiado na outra perna, formando o famoso “4” que você faz para seus amigos quando quer provar que não está tão bêbado assim. - É o seu casamento, tá bom, mas não é só porque você vai se casar que vai obrigar quem você quiser a estar presente, não é assim que funciona… - Harry girou os olhos, sabia que Leon estava pedindo para Louis convencê-lo a ir, e sabia que Leon só estava fazendo isso por causa de Gemma. - Não seja um mimadinho do caralho. Ele foi convidado como qualquer outra pessoa, tem o direito de negar o convite. E boa noite que cansei de falar com você.

Harry não conseguiu se controlar e riu da última frase de Louis, que se virou para ele com o celular na mão e um olhar divertido.

— Ele sabe ser irritante às vezes.

— Que bom que é só às vezes, eu e Gemma brigamos sempre que estamos juntos.

Louis não respondeu, ele não queria se meter e Harry não parecia interessado em falar mais do que aquilo, então ficou em silêncio por um instante.

— Você não teria uma calça e uma camiseta extra, teria? - Perguntou por fim, ao constatar que o rapaz estava muito mais confortável do que ele.

— Para sua sorte eu tenho sim, deixei lá no banheiro.

— Maravilha! O Leon tem razão, você é o irmão que não temos e gostaríamos de ter.

Harry inclinou a cabeça, o fitando de forma engraçada.

— Então sejam esse irmão um para o outro…

— Não, dá muito trabalho. - Louis fechou a porta do banheiro logo após falar e Harry riu do jeito brincalhão do rapaz.

Deixou o olhar cair sobre a mesinha que havia no quarto e puxou o cardápio, constatando que a cozinha ainda servia alguns lanches, e ele não tardou a pedir alguns aperitivos para comerem, afinal estava com fome. Quando entregaram os lanches que havia solicitado, Louis estava saindo do banho e sorriu agradecido por Harry ter pedido algo pensando em si.

Comeram em meio a uma conversa aleatória sobre o filme que estava passando na televisão, até que se deitaram, vencidos pelo cansaço, Louis por ter ficado muito tempo dirigindo, e Harry por ter andado sabe-se lá quantos quilômetros. O quarto estava iluminado pela luz auxiliar do abajures, o que permitia que eles pudessem olhar para os detalhes do teto branco - o que não significava muita coisa, Harry só achou uma manchinha na tinta -.

— Eu não fiz isso para chamar a atenção de ninguém. - Falou ao constatar que Louis também estava acordado. E por um segundo Harry riu sobre como eles sequer haviam conversado sobre dividir ou não a cama, era um king size, ficou bem óbvio para ambos que dava para dividir, e quem se incomodasse que dormisse no chão. - Sabe… Sair do hotel andando e etc… - Gesticulou com as mãos e ouviu Louis rir.

— Cara… Se fosse para chamar atenção eu diria que há formas muito mais eficientes e menos cansativas.

Harry gostava de como Louis parecia ser bem humorado, evitando que um clima desagradável pairasse sobre eles.

— Eu não queria ter vindo. - Pela visão periférica Harry percebeu que o Louis virou o rosto em sua direção.

— Quer mesmo falar sobre isso comigo? Quero dizer, sem ofensas, é só que… A gente nem se conhece direito.

— E já estamos dividindo a cama. - Harry aproveitou para brincar e Louis riu, comentando algo sobre Harry ter um bom ponto. - A verdade é que a vantagem de falar sobre a minha conflituosa relação com a minha irmã com alguém que não me conhece bem é que… Você não me conhece. - Sorriu largamente. - Não pode me julgar baseado no que sabe sobre o meu passado, só sobre o que acha que sabe pelas últimas horas que estivemos juntos. - Louis tinha as mãos cruzadas sobre o peito, com o rosto novamente voltado para o teto. - E, assim como não convivi muito com Leon, imagino que não tenha convivido muito com Gemma também, então ela também é uma semi-desconhecida.

— Me convenceu, pode desembuchar.

— Tudo começou em fevereiro de mil novecentos e noventa e quatro, foi quando eu nasci. - Louis virou a cabeça na direção de Harry, lhe lançando um belo olhar de “é sério essa porra?” que fez Harry gargalhar. - É brincadeira, não vou te usar de psicólogo, já pago caro nas sessões que eu vou. - Deu de ombros e Louis bufou. - É sério, agora é sério. Eu e Gemma nunca tivemos os melhores do relacionamentos, mas também não era ruim, as brigas e discussões pesadas começaram depois de eu me assumi gay. Eu acho que ela não soube, ou não sabe, lidar com isso. - Harry queria tanto desabafar que não se importou de falar para um cara que estava dividindo a cama com ele que era gay, e nem passou por sua cabeça que Louis poderia ser um homofóbico de merda que poderia muito bem virar já lhe dando um soco. O lado bom é que nada disso aconteceu. - E então tudo virou motivo para brigas. Se ela quer roxo e eu falo azul, tem briga; se ela quer algo e eu não, briga; se ela quer e eu também quero, briga. - Harry soltou um suspiro ao final. - É muito cansativo. E é por isso que eu não queria vir antes da data; minha ideia era chegar amanhã, uma hora antes do horário marcado para a cerimônia, assistia, dava os parabéns e iria embora. - Harry se arrumou na cama, colocando um braço debaixo da cabeça. - Meus pais devem ter ficado com medo de eu não vir, então me obrigaram a vir com eles, no carro deles, é óbvio que Gemma encontrou um motivo para brigar comigo na primeira oportunidade, e aqui estamos…

— E qual foi o pivô da briga?

— A droga de um iogurte.

— O quê? - Louis até mesmo levantou a cabeça para olhar para Harry.

— Tinha um iogurte no frigobar do quarto dela, estávamos lá, você sabe, discutindo os últimos detalhes, quero dizer, os noivos e os pais estavam, ai eu peguei o iogurte e comi e pronto. Comecei a terceira guerra mundial.

— Sua irmã é doida. - Louis finalmente falou depois de longos segundos em silêncio e Harry sorriu.

— Bem… Especificamente ontem, ela deveria estar estressada com o casamento, mas é… Ela é meio doida mesmo. - Harry virou o rosto e fitou os olhos azuis de Louis. - Obrigado por me ouvir.

— De nada, garoto que fugiu do casamento da irmã, a pé, por causa de um iogurte.

Suas risadas ecoaram pelo quarto, até que o silêncio voltou a prevalecer.

— Você e o Leon têm um bom relacionamento? - Harry perguntou depois de alguns minutos.

— Tanto quanto dois irmãos com personalidade bem diferentes podem ter. - Louis deu um olhar sugestivo para Harry. - O merdinha soube lidar muito bem com o irmão gay aqui… Ele me jogava toda porra de amigo musculoso que ele tinha. Não posso dizer que era algo realmente ruim, sabe…

— Que oportunista.

— Eu aproveito as chances que a vida me dá, caro Harry Fujão Styles.

— Não me chame assim! - Harry usou o travesseiro para bater no peito de Louis, que apenas riu audivelmente. - Mesmo que eu tenha fugido…

— Certo, certo. - Louis virou de lado, ficando de costas para Harry. - Boa noite, fujão.

— Boa noite, resgatista desprevenido.

Louis soltou um som que se assemelhava com um rosnado, o que fez Harry rir antes de se arrumar da forma mais confortável possível para conseguir pegar sono, o que aconteceu muito rápido, considerando todo o cansaço acumulado do dia. Nenhum dos dois deve ter levado mais do que cinco minutos para dormir.

Acordaram com os despertadores tocando e foi o momento que Harry percebeu que Louis havia roubado todo o edredom durante a noite, mas também não poderia reclamar, já que estava com os dois travesseiros sob os braços enquanto estivera deitado de bruços. Harry foi o primeiro a seguir para o banheiro, voltando poucos minutos depois já vestindo as mesmas roupas do dia anterior, e encontrando Louis ainda dormindo todo embrulhado.

— Acorda burrito! - Harry agarrou o edredom e o puxou com força, mas Louis não se assustou, apenas resmungou alguma coisa e se levantou ainda meio dormindo e coçando a cabeça. - Nossa… Bom dia…

— Dia.

Enquanto Louis se arrumava, Harry aproveitou para finalmente ligar seu celular e encarar as diversas chamadas perdidas e mensagens enviadas. Como previsto, sua mãe o ligara cerca de vinte vezes, seu pai mais umas quinze e Gemma mais vinte vezes… Também tinha chamadas de Niall, que Harry sabia ter sido informado por sua família, já que o rapaz e a namorada chegariam apenas para a cerimônia. Abriu as mensagens e a grande maioria eram de sua irmã, pedindo para ele ligar para ela, para ele voltar, pedindo desculpas, dizendo que estava estressada e com muitas coisas na cabeça, mas a que realmente chamou sua atenção foi uma em que Gemma disse não haver nada errado com ele, e nem na relação deles, e que ela nunca deixou de o amar. Harry poderia ter ficado relendo aquela mensagem específica até começar a chorar - o que não seria difícil considerando que ele já estava querendo chorar -, mas Louis saiu do banheiro já realmente acordado e cheio de energia.

— Eu tô morto de fome. - O rapaz tinha nas mãos a calça moletom e a camiseta que Harry lhe emprestada, as peças já dobradas para serem guardadas novamente. - Se a gente tivesse tempo, eu mandaria lavar, mas acho melhor não… - Encolheu os ombros em um pedido de desculpas ao deixar a roupa sobre a cama.

— Ah… Sem problemas.

— Está tudo bem? Você tá com uma cara estranha…

— Estou ótimo e estranho é você.

— Oucht…

Saíram do quarto minutos depois, seguindo as placas para chegar ao espaço da pousada onde o café da manhã era servido; cumprimentaram alguns outros hóspedes e funcionários sorridentes e se concentraram em comer as delícias disponíveis para eles. Eventualmente, porém, se sentiram cheios o bastante para encararem o longo dia que teriam pela frente.

Conseguiram o endereço de Marcel, o borracheiro, e depois de pagarem pela estadia e agradecerem Lylibeth, levaram o carro até lá.

— Bom dia rapazes. - Um homem de cabelos grisalhos e braços musculosos saiu dos fundos da pequena oficina, cumprimentando-os com um aperto de mãos. - Em que posso ajudar?

— O pneu furou ontem a noite, a uns 3 quilômetros daqui. - Louis começou a explicação, mostrando o estrago no veículo. - Tivemos que vir dirigindo devagar para não largar o carro no meio da estrada. - Fez um gesto de conformidade enquanto o homem mexia na roda e verificava algumas coisas. - Em suma, precisamos trocar o pneu, talvez a roda também…

— Dá para salvar a roda, desamassar, se preferir, eu não tenho uma original desse carro, demoraria pelo menos uma semana até chegar a encomenda de uma…

Harry fitou com Louis com um olhar surpreso; eles não tinham uma semana, nem dois dias.

— Eu preciso do carro para hoje ainda, o mais rápido possível. É o casamento do meu irmão. - Louis estava um pouco exasperado, mas também já pensava em chamar um táxi para voltar ao hotel e buscar o carro em outro dia.

— Tudo bem, vou desamassar e trocar o pneu, quando voltar para casa é bom trocar a roda por uma original, só para não ter risco de danificar o carro. - O homem falou com um sorriso leve. - Mas vou demorar umas duas horas.

— Duas horas… Tá… Melhor do que o dia inteiro… - Louis encolheu os ombros e poucos minutos depois o carro estava nas mãos de Marcel e Louis e Harry decidiram dar uma volta para cidade, como verdadeiros turistas.

As casas eram todas coloridas, com pequenos jardins floridos e bem cuidados, e as pessoas eram mais simpáticas do que Louis e Harry estavam acostumados; não demoraram a chegar à plantação de laranjeiras e ao lago que Lylibeth havia os falado. Harry ficou encantado. A água brilhava com o reflexo da luz solar, uma brisa refrescante balançava as árvores e fazia com que o cheiro cítrico das frutas dançassem no ar. Harry sorriu, era um ótimo lugar para relaxar.

— É tão… Diferente de Londres, não? - Louis tinha as mãos no bolso, olhando de um lado para o outro do lugar.

— Essa é a graça resgatista. - Louis lhe fez uma careta, antes de apontar para um lugar.

— Vamos sentar ali. - Olhou ao redor antes de caminhar até lá. - Será que conseguimos umas varas de pescar? Seria legal pegar uns peixes…

— E faríamos o que com eles? - Harry o empurrou com o ombro. - Sushi?

— Nojento.

— Eu gosto de comida japonesa!

— Eu gosto de tudo o que é cozido e quente. - Louis o respondeu com um olhar enfático.

— Tipo… Você comeria um escorpião cozido, mas não comeria um filé de salmão cru?

— Exatamente.

— Comeria barata cozida?

— Eu como camarão, é quase a mesma coisa. - Encolheu os ombros de forma exagerada.

— Mas é diferente…

— Claro que não! Camarão come lixo orgânico do mar e as baratas…

— Comem o nosso lixo!

— Orgânico!

— Por que estamos discutindo sobre baratas? - Harry pontuou quando chegaram ao trapiche e se sentaram lado a lado, observando a paisagem.

— Você que começou com essa história de sushi…

— Você que quis pescar!

— Estamos em um pequeno paraíso e tendo nossa primeira discussão… Esse relacionamento não tem muitas chances, tem? - Harry girou os olhos e não respondeu, logo se jogando para trás, ficando deitado ao lado de Louis.

— Você sabia que ratos não conseguem vomitar? - Harry questionou depois de alguns instantes de silêncio.

— O quê? - Louis ficou tão abismado com o que Harry falou que sua voz saiu mais aguda do que esperava.

— É verdade. Eu li em algum lugar…

— Certo, se está na internet é real.

— Agora uma importante. - Harry se apoiou em um braço e fitou Louis. - Ninguém é capaz de lamber o próprio cotovelo! - Havia um dedo apontado para Louis, que tinha um sorriso incrédulo no rosto.

— Eu vou ser obrigado a tentar. - E foi assim que Louis perdeu alguns bons instante tentando lamber um de seus cotovelos, sem sucesso, mas arrancou boas risadas de Harry. - Eu não creio que realmente não dá… E quem descobriu isso? Tipo… A pessoa estava de boa em casa assistindo um filme e resolveu tentar lamber o cotovelo e viu que não dava e saiu espalhando para as pessoas?

— Talvez… - Harry voltou a se deitar. - Sabia que a gente passa cerca de 145 dias da nossa vida nos barbeando?

— De onde você tira essas coisas?

— Isso é cultura.

— Cultura inútil.

— Cultura divertida! - Louis cedeu e se deitou ao lado de Harry, mantendo as cabeças próximas. - Toc toc.

— Ah não!

— Vamos! Não seja chato! - Harry cutucou suas costelas. - Toc toc.

— Quem é?

— Dem.

— Dem quem?

— Dem-morou para responder, esqueci a piada. - Mal terminou de falar e Harry já gargalhava, se encolhendo enquanto Louis o fitava.

— Meu deus Harry! Isso foi péssimo! - Mas apesar do que disse, Louis estava rindo.

— Não foi não! Foi bem legal. - Harry o cutucou nas costelas outra vez. - Você sabe por que não podemos confiar em átomos?

— Não, eu não sei. Por que não podemos confiar nos átomos?

— Porque eles inventam tudo! - Louis demorou alguns segundos para entender. - Entendeu? Porque tudo é feito de átomo! Entendeu?

E assim eles passaram as próximas duas horas, deitados no trapiche, com Louis rindo das piadas péssimas que Harry insistia em contar, mal perceberam que já estava na hora de buscar o carro, se dando conta disso apenas quando o celular de Louis tocou com Marcel informando que o carro estava pronto. E foi enquanto caminhavam que Harry resgatou seu celular da mochila e notou que havia ligações perdidas, todas de seus pais; não retornou as ligações, limitando-se apenas a enviar mensagens sobre estar tudo bem.

— Leon lotou minha caixa de mensagens…

— Meus pais deixaram diversos registros de ligações perdidas e mensagens que não ouvi. - Harry forçou um sorriso e mostrou a língua em seguida. - Não sei porque tanta preocupação com um adulto de mais de vinte anos… Por favor… - Girou os olhos de forma exagerada e Louis riu.

— Somos sempre os bebês Harry… Quero dizer, eu não sou não, porque tenho um monte de irmão mais novo, mas enfim…

Chegaram ao borracheiro poucos minutos depois e o carro estava perfeito para seguirem viagem, e poucos minutos depois de realizarem o pagamento ambos estavam de volta ao carro, seguindo para o hotel luxuoso mais uma vez. Houve uma pequena e rápida conversa sobre Harry ir para casa ou ir para o casamento, e no fim lá estava Harry indo de volta para o hotel para não estragar o dia perfeito de Gemma. Não demoraram a chegar, e foram recepcionados pela organizadora e rapidamente enviados para se banharem, trocarem e arrumarem.

Harry ficou tão concentrado no serviço que o cabeleireiro estava fazendo em seus cachos que não deu importância alguma para a porta do quarto se abrindo - havia tanta gente entrando e saindo que não fazia mais questão de querer ver quem era -, mas ouviu o rapaz resmungar audivelmente quando se virou de uma vez na cadeira ao ouvir da voz de Louis.

— Estão tentando domar as serpentes que saem dessa cabeça? - Louis estava perfeito, na visão de Harry.

O homem vestia um terno azul com camisa branca e gravata preta, como os sapatos, tinha os cabelos castanhos penteados em forma de um elegante e alto topete e todo o conjunto parecia combinar tão bem com ele. Harry sabia que o estava encarando, mas não estava se importando muito com isso.

— A ideia é que fique um bagunçado organizado, com os cachos bem formados nas pontas. - Foi a resposta que o cabeleireiro se deu ao trabalho de dar.

Apenas mais alguns minutos foram necessário para Harry ser liberado da cadeira e poder sair do quarto.

— Até que você ficou muito bem. - Louis elogiou enquanto seguiam até o bar do hotel, em busca de uma bebida para relaxarem e fugirem um pouco da loucura que havia tomado o lugar.

Harry vestia um terno preto de cetim, com desenhos abstratos em cinza-escuro, acompanhado de uma camisa preta, sem gravata.

— Não sei se você tentou me ofender, mas estou considerando como um elogio. - Harry deu de ombros e pediu um uísque para o atendente.

— Não foi ofensa, você está realmente lindo. - Harry o olhou de cima a baixo.

— Você também dá para o gasto.

— Não foi o que seu olhar fixo me disse lá no quarto…

Harry não respondeu, apenas sorriu de forma maliciosa, sendo muito bem correspondido pelo sorriso que surgiu nos lábios de Louis. Mas o flerte descarado deles foi interrompido por Anne Styles adentrando o bar e os mandando seguir para o jardim, que a cerimônia logo seria iniciada.

Harry não teve chance de falar com Gemma antes da cerimônia, mas sorriu quando viu a irmã seguir pelo corredor de braços dados com o pai, e notou o sorriso dela aumentar ao vê-lo na primeira fila. A cerimônia foi muito bonita e os votos que os noivos fizeram um para o outro quase levaram Harry às lágrimas, mas logo estavam todos na área reservada para a festa, tirando fotos e parabenizando os noivos.

— Felicidades para vocês. - Harry se aproximou da irmã, incerto se ela aceitaria seu abraço, mas sentiu-se bem quando a mulher o agarrou.

— Obrigada! Eu te amo Harry! - Ela falava em seu ouvido. - Eu sei que não fui a melhor das irmãs desde que você se assumiu, mas eu amo você eu só… Deus… Eu não sei! Eu só… Eu realmente amo você e me sinto péssima sempre que brigamos.

— Está tudo bem. - Harry se afastou dela, dando leve batidinhas no rosto da irmã para secar as lágrimas sem borrar a maquiagem. - Falamos disso em outro momento, hoje é o seu dia, apenas sorria. E eu também te amo!

Mais um abraço entre irmãos foi trocado antes de Harry ter a chance de abraçar Leon, desejando felicidades. Depois Harry seguiu para sua mesa, aceitando uma taça de espumante e beliscando alguns canapés que estavam disponíveis. Seus pais e Niall se juntaram a ele minutos depois e ficaram todos ali até a pista de dança ser aberta pela valsa dos noivos. Tanto Gemma quanto Leon fizeram aulas de dança para poderem dar um pequeno show aos convidados, e Harry achou tudo perfeito.

— Me concede essa dança? - A voz de Louis soou ao seu lado e Harry se assustou levemente; não havia falado com o homem desde o início da cerimônia.

— O quanto de amor você tem por esses sapatos? Porque eu não sou um bom dançarino… - Comentou ao segurar a mão que Louis havia estendido para si.

— Tudo bem… Eu também não sou bom. - Louis tinha um sorriso brilhante ao guiar Harry até a pista de dança. - Vamos dar nosso show, fujão.

E eles dançaram muito mais do que apenas uma música, rindo, bebendo, conversando e brincando entre si e com seus familiares. Mas invariavelmente eles se cansaram e saíram da pista de dança em busca de bebidas, e com as taças na mão, e uma garrafa que Harry não fazia ideia de como Louis adquiriu, eles saíram do espaço da festa e caminharam para uma parte mais vazia do jardim, onde ele se sentaram na grama e passaram a beber.

— Toc toc. - Louis foi quem decidiu iniciar a sessão de piadas cretinas, e Harry riu antes mesmo de responder.

— Quem é?

— Eu.

— Eu quem?

— Eu que quero te beijar. - Louis não esperou Harry entender o que ele havia dito, apenas se inclinou e capturou os lábios do rapaz, dando início a um beijo calmo, mas que logo se tornou afoito e cheio de desejo.

Havia sorrisos gêmeos quando se separaram para respirar um pouco, mas não demorou para estarem envoltos em mais um beijo, e outro e outro… Nenhum deles estava se importando com o tempo ou a quantidade de beijos que trocavam, queriam apenas curtir o momento.

— Toc toc. - Ambos estavam deitados na grama, com os rostos virados para se encararem e as pontas do narizes se tocando, quando Louis voltou a querer fazer uma piada.

— Quem é? - Harry tinha um sorriso calmo nos lábios avermelhados e inchados pelos beijos que trocaram.

— Seu futuro.

— Meu futuro quem?

— Seu futuro marido.


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Notas finais do capítulo

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