Não existia um motivo plausível para explicar porque Oliver Wood odiava tanto Adrian Pucey. Queria acreditar que era o fato de ele ser tão intrometido, talvez seu nariz em pé ou o jeito como ele o encarava, mas não era idiota ao ponto de tentar se enganar assim, sabia muito bem que o motivo para se irritar com o sonserino depois de não tê-lo notado por anos era um único: Adrian sabia monopolizar a atenção de Ilíria. Suspirou zangado, quão estúpido era ter ciúmes da Saint-Sallow? Tudo o que tinham era uma amizade um pouco complexa, sacudiu a cabeça, não era como se quisesse ter algo diferente disso, não é? Gostava de Heather.

As semanas se passavam e Oliver nunca se sentira tão distante, de repente a atenção da menina se dividia entre as amigas, aulas, treinos de quadribol e o sonserino, e não soube dizer o porque isso o incomodava tanto, durante anos nunca notara a existência da garota, e de repente a ideia de não conviver com ela era muito inconveniente. Tentou se concentrar nas próprias coisas, mas sempre se pegava espiando em volta, tentando encontrar as amigas. Não que não falasse mais com Heather, volta e meia podiam ser encontrados aos beijos em um corredor, o que se tornara até desagradável no dia que, despretensiosamente, comentou algo sobre a aproximação de Ilíria e Adrian apenas para ouvir um:

—Gosto deles juntos, Liri tem estado mais feliz. 

Foi como um golpe. Saber que Ilíria estava feliz deveria ser algo bom, não? Mas não parecia. Que droga o maldito Pucey tinha para fazê-la rir mais pra ele do que para qualquer outra pessoa? Sentia vontade de explodir quando via aquilo, porque o sorriso poderia começar com um puxar de lábios arrogante, mas sempre derretia em algo sincero. 

E foi só então que Oliver percebeu que Ilíria estava apaixonada por Adrian.

Se sentiu mal, preferiria tanto que ela tivesse se apaixonado por ele. Por dias Oliver não soube o que fazer quanto a isso, estava sempre observando aqueles dois e já estava prestes a surtar com o número de vezes que se perguntou se eles já teriam se beijado, apostaria que não, mas pensar que poderia acontecer a qualquer minuto o corroía. Nunca imaginou que pudesse gostar de Ilíria Saint-Sallow, mas lá estava ele, e, para sua surpresa, o conselho mais esclarecedor que recebeu partiu de Jorge Weasley.

—Se você quer tanto falar com Ilíria, vá. —olhou surpreso para o ruivo ao seu lado, mas ele apenas riu ao falar: —Qual é, Oliver, você 'tá encarando ela há dias. 

—Não estou encarando ela! —protestou sem determinação, sabia que estava mentindo.

—Oh, está. Assim como está morrendo de ciúmes do Pucey. —era tão óbvio assim?

—O que ele tem? —apoiou a mão no rosto soltando um muxoxo.

—O que ele não tem é a pergunta certa. —virou para o ruivo, que deu de ombros como se dissesse que era verdade. —Rico, bonito e jogador. —fez uma careta antes de prosseguir. —Sonserino, mas ela também, então não deve ser um problema.

—Obrigada, Jorge. —revirou os olhos enjoado, estavam mesmo tendo aquela conversa?

—Sendo sincero com você, Oliver, eu não sei qual é o seu problema. —piscou sem entender, fazendo o garoto prosseguir: —Você quis ir atrás da Heather Smith, foi incomodar uma garota que nem conhecia para conseguir uma que a única coisa que você saberia dizer sobre é a cor do cabelo, conseguiu a ajuda, mas agora que Ilíria, pessoa na qual você não tinha interesse até então, está feliz com alguém, você simplesmente mudou de ideia e decidiu que preferia ela a amiga? —informação demais, e Oliver se sentiu péssimo ao ver que era tudo verdade, mas Jorge ainda não havia terminado. —Se você gosta de Ilíria, por que continua beijando a amiga dela? Você poderia ter ido até lá, falado com ela, feito qualquer coisa, mas está aqui se lamentando pelo fato de que ela está sendo valorizada, mas nem pra isso você deixou de se agarrar com a Smith por aí. 

—Eu… —tentou se defender, mas foi cortado.

—Você esperava o quê? Que ela fosse ficar parada esperando você tirar a boca da amiga dela pra perceber que ela existe? Você tem certeza que gosta dela?

E Jorge Weasley simplesmente foi embora, irritado demais para continuar aquela conversa, mas deixando Oliver Wood incrivelmente perturbado com tudo que fora arremessado em seu rosto. Sua primeira reação foi ficar irritado e achar tudo aquilo uma grande besteira, mas conforme se acalmava continuou pensando naquelas palavras uma e outra vez, por que estava fazendo isso? Por que se mantinha distante ao invés de tentar se aproximar? E a conclusão que mais o machucou foi perceber que, se Adrian não estivesse ali para deixá-lo incomodado, nem consideraria a ideia de estar apaixonado por ela. Queria a atenção de Ilíria, mas queria a pessoa que ela era?

Suas respostas vieram em um dia qualquer, o calor era tão grande que nem saberia dizer onde deixara sua capa, parara por acidente no quinto andar, apenas para ver o momento em que Ilíria deixou o banheiro dos monitores. Por algum motivo se encostou na parede discretamente, assistiu ela apertar os cabelos escuros em uma toalha, estava vestida em uma camisa grande, e Oliver só conseguiu distinguir o símbolo em suas costas no momento em que uma voz soou, fazendo Ilíria rir e mexer a cabeça. Era do Montrose Magpies, mas isso não fazia mais diferença, porque a maior surpresa para Oliver foi ver Adrian Pucey trancando a porta, uma toalha pendurada no pescoço enquanto os fios molhados pingavam em sua blusa. Ficou estático, não era como se a camisa apenas fosse do sonserino, não, ele saira do banheiro junto com Ilíria.

Quase fechou os olhos no momento em que viu Adrian se aproximar dela, se abaixando o suficiente para encostar os lábios gentilmente, as mãos nas bochechas macias.

Ilíria merecia ser feliz, e, ao que parecia, Oliver Wood não estava incluído nisso.