Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 29
Com dor, mas não muda




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Se a situação pudesse ficar pior, provavelmente ficaria. A partida poderia até estar empatada, mas Harry Potter sequer começara a procurar o pomo de verdade, estava esperando o aviso de Oliver de que conseguiram os cinquenta pontos para começar, e Ilíria não podia ignorar o número de vezes que o menino conquistara a vitória. Torceu para que Draco o encontrasse primeiro e terminasse a partida de uma vez, mas não conseguia manter a concentração em um único pensamento.

Já havia levado tantas trombadas e esbarrões que seu corpo gritava, as mãos tremiam dificultando cada vez mais o voo, a respiração estava ofegante, parou no ar tentando por os pensamentos em ordem, Pucey brigava com uma das garotas, nem saberia mais dizer qual quando as lágrimas se acumulavam em seus olhos. Estavam jogando há alguns minutos e pareciam longas horas, nunca quisera tanto acabar uma partida, mas foi um grito que a encheu de determinação novamente.

—PEÇA TEMPO, ILÍRIA! —foi Oliver quem gritou, aquele jogo ia de mal a pior: ninguém no campo parecia verdadeiramente focado. A garota o encarou indignada, acertando a postura e apertando a vassoura com tanta força que qualquer tremor se encerrou.

—EU NÃO PRECISO DE TEMPO, JOGUE O MALDITO JOGO! —vociferou colérica, lançando a vassoura para longe de Wood, mas era péssimo fazer isso quando seu corpo latejava tanto.

Trombou com a Spinnet, roubando a bola, mas um apito soou e todos pararam. Ilíria virou, lenta e sem entender o que havia acontecido, apenas para ver que o Capitão da Grifinória pedira tempo. Bufou, seu controle era limitado quando não podia usar uma das pernas como contra peso, estava suando, um pouco enjoada e a cada nova jogada um choque de dor se espalhava por seu corpo implorando para que parasse, mas não podia. Oliver quisera lhe dar tempo para descansar, mas não podia se dar a esse luxo, porque quando estava em movimento a adrenalina evitava que seu corpo processasse a dor com tanta facilidade, mas bastou uma parada para perceber o quão fraca estava.

Os grifinórios já estavam no chão, mas estava tão fora do ar que sequer percebeu, sentiu o cansaço empurrar seu corpo para baixo, então curvou o corpo sobre a vassoura, encostando a testa em seu cabo. Fechou os olhos tentando controlar a respiração, não parava de ofegar. Não viu que Oliver fez menção a voltar para o ar e busca-la, porque Adrian já estava em sua lateral.

—Vamos descer. —falou baixo, mas não recebeu uma resposta. —Apenas se segure, ok? Eu guio a vassoura.

Adrian segurou a vassoura com uma das mãos, a guiando para baixo tão suavemente quanto podia, não querendo acertá-la com um solavanco. Quando alcançaram o chão, outros jogadores se amontoaram querendo ver o que tinha acontecido, Oliver se aproximou tocando as costas de Ilíria com delicadeza para ajuda-la a se levantar, se assustou um pouco com quão pálida estava, então foi levemente empurrado para trás por Adrian, que descera da vassoura e se posicionara perto da garota.

—Pode ir cuidar do seu time, Wood. —o moreno falou seco, e Oliver teria discutido se não o visse ajeitar Ilíria de modo que pudesse pegá-la no colo.

—Eu consigo andar. —a garota protestou, era difícil dizer qual dos dois revirou os olhos com mais força.

—Não consegue não. —foi direto, levantando-a e caminhando em direção a um banco, e quando ela voltou a abrir a boca, ele se adiantou. —Você calada já está errada, Ilíria. —ela revirou os olhos, o surpreendendo com sua vontade de debater mesmo parecendo prestes a desmanchar. Encarou os garotos sentados no banco com frieza. —Saiam.

Para alguém que estava furioso, Adrian a pousou no banco com muita delicadeza, tentando não piorar a dor que sabia que ela sentia. Acertou o quadril dela no banco antes de tatear a coxa, tinha certeza de que ela tirara algo do lugar, subiu e desceu a mão naquela perna procurando o lugar exato.

—Você sempre sai passando a mão nas pessoas assim mesmo? —perguntou um pouco zonza, mas se arrependeu ao ver o modo como ele a olhou. Gritou de dor ao senti-lo apertar o final de sua coxa, quase no joelho.

—Eu vou por no lugar, mas vai doer. —explicou, virando para trás levemente ao ver Heather invadir o campo gritando a amiga.

—Você é péssima, Saint-Sallow. —as palavras não foram sinceras e Ilíria sabia, Heather se abaixou ao seu lado, sacudindo um frasco. —Mas eu trouxe algo para dor.

Alguém perguntou como conseguira aquilo, mas não se dignou a responder, porque era óbvio: subornara um primeiranista. Viu Oliver se abaixar e ajudar Ilíria a erguer o corpo para virar o líquido na boca, puxou os cabelos negros para trás com gentileza, refazendo o rabo de cavalo da amiga antes que ela se largasse sobre o banco novamente, esperando pelo efeito.

—Wood. —Adrian chamou. —Preciso que a segure, vou por a perna no lugar.

—Ilíria não pode voltar a jogar! —discutiu, ela estava tão pálida e vermelha ao mesmo tempo que parecia prestes a quebrar, podia ver o tremor nas mãos e a expressão franzida em dor.

—Não é você quem decide isso. —a resposta foi dura, e Oliver estava prestes a rebatê-lo quando Ilíria voltou a abrir a boca.

—Sou obrigada a concordar. —tentou brincar, mas não soube dizer quem a encarou com mais raiva.

—Ilíria, eu juro que te jogo para fora desse banco se você abrir a boca mais uma vez. —arqueou as sobrancelhas para o Pucey, mas ficou quieta.

Oliver, um pouco contrariado, fez pressão contra o quadril da garota, e antes que estivesse pronta para isso, Adrian já encaixara sua perna no lugar. Encolheu-se no lugar, mas ao menos ele fora rápido. Ficou deitada o quanto pode, lentamente controlando a respiração e acalmando seus batimentos, a dor tomava seu corpo, mas ao menos o remédio ajudara a reduzir sua intensidade. Permaneceu de olhos fechados, sentindo o vento tocar suas bochechas e o carinho gentil em seu cabelo, então a partida continuou.


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