O Sabor do Poder escrita por Lana


Capítulo 1
Capítulo 1.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou!
Estou tão surpresa quanto vocês, mas espero que vocês curtam essa nova história haha. Boa leitura!



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O cabelo dela era louro como um dia ensolarado.

Essa foi a primeira coisa que cruzou a mente de Emmett McCarthy ao ver Rosalie Hale sentada com as amigas naquela mesa de bar.

Ele não reparou primeiro nos olhos verdes cintilantes, ou na boca carnuda, nem mesmo no corpo que estava envolto num vestido curto folgado. Não reparou como os lábios dela se desfaziam em um sorriso, e a cabeça se jogava para trás quando ela ria. Todas essas observações vieram depois. A primeira observação, porém, foi como o cabelo dela era como um dia ensolarado.

Ele olhou para o amigo e indicou que voltaria depois, apontando Rosalie com a cabeça. O amigo riu e decidiu voltar ao balcão do bar para pegar uma cerveja, enquanto Emmett se aproximava lentamente da mesa dela. Ela estava com duas amigas, mas ele não se importou nem se sentiu intimidado. Aquelas não eram emoções corriqueiras na pele de Emmett. Ao se aproximar da mesa, colocou no rosto seu melhor sorriso de covinhas, um que ele tinha evidências concretas de que podia deixar uma garota encantada.

— Olá. – ele disse ao chegar, o sorriso no rosto. – Eu sou Emmett McCarthy. – as garotas se voltaram para ele e uma delas deu um risinho. – Eu estava pensando se poderia pagar uma bebida para vocês.

— Uau, Emmett McCarthy, é claro que você pode. – foi Rosalie quem respondeu, a voz empolgada pela bebida de graça. As amigas riram e Emmett sorriu ainda mais para a loura.

— O que posso pedir para vocês? – perguntou e cada uma deu sua resposta, que ele prontamente levou ao balcão. Explicou onde as bebidas deveriam chegar e voltou para a mesa. – Então, – começou ao voltar para a mesa. – posso saber o nome das garotas agora?

— Acho que é apenas justo uma vez que você está pagando essa rodada. – a mais baixa delas respondeu de maneira simpática. – Eu sou Alice. Essas são Bella e Rosalie.

— Olá. – a garota que devia ser Bella respondeu. Ela tinha um longo cabelo castanho e olhos também castanhos. Não era nenhum pouco feia, mas a presença de Rosalie a ofuscara totalmente na percepção de Emmett. As bebidas chegaram e eles juntaram seus copos em um brinde.

— Ao Emmett McCarthy, um belo estranho, gentil o suficiente para bancar uma bebida a todas nós. – Rosalie falou e as outras deram um risinho. Emmett teve certeza que ela estava debochando dele, mas não tinha ideia do por que. Olhou-a intensamente depois de beber, ainda tentando entender qual piada perdera.

— Então, Emmett, o que você faz? – Alice quis saber. Ele virou o rosto na direção dela, um sorriso novamente nos lábios.

— Estou fazendo Economia na Dartmouth, mas pretendo fazer Direito depois. – respondeu.

— Uhh, nós temos um garoto da Ivy League aqui! – Rosalie falou sorrindo. Ele ergueu uma sobrancelha.

— O que vocês fazem? – perguntou de volta.

— Alice e eu fazemos dança na NYU. – ela respondeu, com um quê de superioridade que deixou Emmett um tanto curioso.

— Eu faço Inglês na Dartmouth também. – Bella falou ao mesmo tempo em que o amigo que deixara Emmett mais cedo se aproximava.

— Ah, aqui está ele. – Emmett disse com um sorriso. – Esse é o meu amigo, Edward. Sei que ele estava morrendo de vontade de vir até aqui. – falou educadamente enquanto Edward revirava os olhos e cumprimentava as garotas.

Ficaram juntos por algum tempo, conversando sobre a cidade e os cursos, e Edward e Bella se lançaram numa conversa muito intensa sobre algo relacionado a autores antigos que nenhum dos outros três se prestou a entender. Alice se despediu, então, avisando às amigas que encontraria alguém e que não precisavam esperá-la.

— Tudo bem, agora que não há mais escapatória, vai me falar por que ficou usando esse tom a noite toda? – Emmett perguntou por fim, enquanto ele e Rosalie estavam no balcão pegando uma nova bebida. Ela fez uma expressão muito inocente e ergueu as sobrancelhas ao olhar para ele, mas ele não se abalou e ergueu uma sobrancelha, esperando pacientemente. Ela riu então, a cabeça se jogando para trás novamente.

— Me desculpe, não é por mal. – prometeu. – É só que... você é tão previsível. – Emmett franziu o cenho.

— O que quer dizer? – ela sorriu de forma meiga e tentou deixar as palavras o mais delicadas possível.

— Não me leve a mal, mas você é exatamente o tipo de cara que não tem imaginação nenhuma. – confessou. – Tenho certeza que está estudando para fazer Direito porque sua grande e antiga linhagem é de uma família imensa com advogados poderosos e importantes, e que em nenhum momento da sua vida você sequer pensou em fazer outra coisa. Tenho certeza de que não está em Dartmouth com uma dívida enorme para pagar ou ajuda financeira, porque você tem a cara exata daquele tipo rico que tem uma família abastada o suficiente para se dar ao luxo de pagar por sete anos de educação cara. E é claro que essa universidade específica não foi uma escolha ao acaso, mas algo herdado também, já que com certeza seus parentes frequentaram a instituição.

— Você é muito julgadora. – ele disse depois de abrir e fechar a boca duas vezes. Ela riu novamente.

— Me desculpe, sério, não queria fazer esse tipo. É só que... deu pra ler sua vida inteira só de olhar sua cara no primeiro momento. – ela deu de ombros. Ele balançou a cabeça de forma negativa lentamente.

— Você se acha tão melhor que isso, não é?

— Claro que não! Sério, Emmett, não quis dizer nada por mal. Acho que você não tem culpa de vir de uma família obscenamente rica e de querer seguir os passos dela.

— Eu nem sequer concordei com qualquer uma das coisas que você disse antes. – ele rebateu e ela reprimiu um sorriso.

— Me desculpe, onde eu errei? – ela perguntou. Ele hesitou um segundo.

— Eu pensei em fazer outra coisa que não Direito. – disse como se fosse um ponto importante. Ela riu.

— O que você pensou em fazer? Não, espere, não me diga... você pensou em fazer... medicina. – ela chutou e ele manteve a boca em uma linha, já que ela havia acertado em cheio. Sua mãe era médica e por alguns anos ele havia cogitado a possibilidade de seguir seus passos, antes de se voltar inteiramente à carreira que seu pai e avô haviam escolhido.

— Errado. – disse, só para ter o gosto de tirar o sorriso zombeteiro do rosto dela. – Pensei em fazer Astronomia.

— Uau. – ela disse, surpresa. – Isso seria divertido. Posso imaginar sua família desabando em lágrimas por causa disso.

— Você julga muito para alguém que não fala nada de si mesma. – ele observou e ela expirou uma risada.

— Desculpe. Você me perdoaria se eu te concedesse uma dança? – ela sugeriu. – Devo te lembrar que é nisso que estou me graduando, então sou muito boa. – ele riu e balançou a cabeça.

— Por que não? Podemos sair e resolver isso qualquer hora. – ela franziu as sobrancelhas.

— Qualquer hora? – repetiu, pegando uma de suas mãos e o levando para um lugar mais vazio do bar. – Eu quis dizer uma dança agora, aqui.

— Não tem ninguém dançando aqui. – ele falou, se mantendo parado e olhando ao redor. Ela olhou para ele como se aquela fosse a informação mais inútil que alguém já explanara antes.

— Não precisamos de gente para dançar, precisamos de música, o que, para a nossa sorte, temos. – ela respondeu e então começou a se mover.

Ficou claro para Emmett, instantaneamente, que quando ela dissera ser muito boa na dança, devia ter falado de forma zombeteira. Ela não estava dançando nada que parecesse minimamente coordenado, se balançando para lá e para cá, erguendo e abaixando os braços e dando voltas em torno de si mesma e dele. Algumas pessoas ao redor olhavam e davam sorrisos ou risos curtos, mas ela não parecia se importar nenhum pouco, deixando a música penetrar cada pedaço de seu corpo e leva-la.

Ele continuou parado e ela então pegou uma de suas mãos, tentando o fazer balançar com ela. Ele se moveu minimamente, apenas porque realmente queria beijar aquela garota bonita, e ela parecia louca o suficiente para dar uma chance a ele se ele de fato embarcasse em alguma daquelas ideias dela, apesar de já ter claramente julgado cada aspecto da vida dele.

Ela pareceu feliz quando ele por fim se rendeu e se moveu mais, mesmo que ele tivesse dois pés esquerdos e nenhum senso de dança, e o sorriso que ela deu era capaz de parar uma cidade toda. Emmett instantaneamente se sentiu mais aquecido e a partir dali foi muito mais fácil esquecer que estavam no meio de um bar repleto de pessoas.

Ali então se deu início a uma avassaladora história. Passaram aquela noite juntos, entrando no apartamento de Emmett às pressas e derrubando coisas no caminho, nem mesmo passando totalmente da sala ao terminarem de se despir, e acabaram por não sair da cama pelo resto do fim de semana. Rosalie era insaciável, uma força da natureza, e despertava em Emmett urgências que ele nunca antes havia experimentado. Ela era um ser essencialmente livre e selvagem, desprendida de padrões e muitas normas sociais.

Emmett logo se adaptou ao jeito característico dela de se vestir, na maioria das vezes com roupas largas e com cores intensas que nem sempre combinavam. Era sempre uma visão e tanto vê-la aparecer no campus dele com um vestido longo folgado de cores berrantes, os pés enfiados em chinelos e o cabelo ondulado solto como se ela houvesse acabado de sair da cama – uma contraposição gritante com a aparência da maioria dos alunos do campus.

Ela a apresentou a um lado de Nova York que Emmett jamais conhecera, mesmo tendo morado ali a vida toda. Adepta de lugares pouco frequentados, ela sempre descobria pequenos pubs e cafés, lugares que tinham gente de todo tipo e que tocavam músicas do tipo que Emmett nunca realmente apreciara. Porém, com ela ali, o som se tornava quase agradável.

Diferente de Rosalie, Emmett havia crescido em um ambiente muito controlado e opulento, então seus lugares corriqueiros eram normalmente estabelecimentos com pessoas muito bem vestidas, altamente arrumadas e onde dinheiro não era problema. Rosalie não escondia a sua consternação por aquele estilo de vida, e constantemente repetia a Emmett que estava com ele apenas para fazer dele uma versão melhorada, fora da caixa daquele estilo de vida rico esperado.

O primeiro ano deles juntos foi considerado pelo casal como incrível. Não era perfeito e sem brigas, afinal, eram só humanos, mas apesar dos balanços, consideravam a relação ótima e se amavam. Surpreendeu a ambos, e mais ainda aos amigos mais próximos, que tivessem ficado juntos por tanto tempo.

Quem conhecia bem a Rosalie sabia que ela não era a melhor das personalidades para um relacionamento. Uma pessoa essencialmente desprendida, que havia crescido com uma mulher adepta do amor livre e da poligamia, Rosalie não acreditava em casamento ou coisas do tipo. Acreditava no amor e em viver o presente, mas nada além daquilo.

Já Emmett, tinha uma visão muito estreita sobre aqueles temas. Não só acreditava naquilo, como tinha planos de se casar e construir uma família. Não via sentido em um relacionamento se não houvesse ali um ponto para alcançar no futuro. Não fazia sentido investir tempo, afeto e trabalho duro em um relacionamento que não daria em nada.

Passaram o réveillon daquele primeiro ano juntos, numa festa com amigos da faculdade. Enquanto faziam a contagem regressiva para os fogos, Emmett envolvia Rosalie com os braços muito definidos, a cintura dela bem colada ao corpo dele, e os olhos verdes dela cintilavam como as luzes da cidade lá fora.

— Belo estranho, aqui está você. – ela sussurrou, os dedos de uma das mãos passavam levemente sobre os lábios de Emmett. – Eu costumava achar que amor sempre acabaria em algo doloroso, mas aqui está você.

O barulho dos fogos do lado de fora estourou, fazendo todas as pessoas dali gritarem e fazerem um barulho ensurdecedor, mas para Emmett e Rosalie parecia só haver os dois ali. O olhar dele estava preso ao dela, os olhos negros vidrados. Ela umedeceu os lábios antes de sussurrar novamente.

— Feliz ano novo. – e então se aproximou até juntar os lábios aos dele.

A partir do segundo ano, as coisas começaram a ficar um pouco mais complicadas.

Emmett estava entrando no último ano de Economia e precisava se preparar para as provas que o levariam à faculdade de Direito. Tinha um caminho muito claro que pretendia seguir, e até então Rosalie fazia parte dele. Ele era louco por ela, apesar dos ideais muito divergentes.

— Você nunca me contou sobre sua família. – ele comentou certa vez, quando estavam deitados apertadamente na cama dela e ele brincava com seus dedos.

— Não há muito que contar. – ela deu de ombros no espaço limitado, respondendo como sempre respondia quando citavam sua família.

— Bom, que tal me contar o pouco que há então? – ele sugeriu e Rosalie suspirou. – Qual é, você sabe tudo sobre mim, não estou pedindo nada demais. – ele reclamou.

— Está bem. Eu cresci na Pensilvânia com minha tia. Nunca conheci meu pai. Somos só nós duas, nada de avós. – deu de ombros novamente, como se aquilo fosse tudo.

— E sua mãe? – Emmett questionou.

— Eu não a vejo desde que tinha cinco anos. – respondeu com a voz inexpressiva, e Emmett se conteve, notando quão ela parecia desconfortável com o rumo da conversa. Eles ficaram em silêncio por um momento antes de ela suspirar novamente. – Olha, não venho de uma família grande e amorosa como a sua. Não cresci rodeada da minha família me dizendo quão bem sucedida eu seria.

— Desculpe. Eu não queria forçar você a falar sobre isso. – ele comentou se sentindo mal.

— O que eu quero dizer é que realmente não há o que contar. – repetiu, se explicando. – É por isso que não falo sobre isso. Não há o que falar.

— Tudo bem. Desculpe por insistir. – concordou, puxando-a para mais perto. – Olhe, vai haver um jantar na casa dos meus avós e queria muito que você fosse comigo. É aniversário da minha avó e minha família toda estará lá.

— Sua família toda? – ela repetiu um pouco incomodada. Emmett suspirou.

— Estamos juntos há mais de um ano e você nunca conheceu minha família. – ele pontuou.

— Você também não conheceu a minha. – ela devolveu, tentando soar esperta. Ele franziu os lábios.

— Porque você não quer que eu conheça. Mas eu quero que você conheça a minha. Você é parte da minha vida e eles também, quero que se deem bem. – ela ergueu uma sobrancelha, pensando em qual mundo uma família como a de Emmett se daria bem com ela. Ele logo interpretou o olhar dela e suspirou. – Não estou pedindo para amá-los, mas vai te matar conhecer os meus pais?

— Tudo bem. – ela revirou os olhos. – Mas você está fazendo isso por sua conta e risco.

Emmett sorriu, puxando-a para ainda mais perto e beijando-a nos lábios.

— Você vai gostar deles, prometo. Você gostou de mim e eles me criaram, ou seja... – ela forçou um sorriso para não precisar responder nada.

— Então, serão seus pais e seus avós apenas? – quis saber. Ele sorriu.

— Ah, não! Toda a família vai estar lá. Meus pais, tios, primos, talvez alguns amigos mais próximos da família.

— Então não é um jantar, é uma festa. – ela traduziu e o sorriso dele se tornou culpado.

— É um jantar-festa. – ela sorriu e balançou a cabeça.

— Sei. – murmurou.

— É nesse fim de semana, no sábado às sete. – avisou. – Eu passo para pegá-la por volta das seis e meia? – ela assentiu. Ele sorriu novamente. – Não sabe como estou feliz.

— É melhor mesmo você estar. – ela fez uma careta e ele riu, voltando a beijá-la.

Naquele fim de semana, Emmett pegou Rosalie no dormitório e levou-a para a casa dos avós. O carro caro dele passou pelos grandes portões pouco depois das sete e Rosalie olhou, chocada, a casa que se aproximava. Ela pensou que era um pouco como uma mansão presidencial, muito grande e com uma arquitetura clássica, um jardim imenso adornando o imóvel e alguns seguranças rodando pelos lugares mais escuros.

— Uau. – ela murmurou quando ele estacionou. Ele meio sorriu, meio fez uma careta, preocupado com o que estaria se passando pela cabeça dela.

— Vamos. – chamou animado, pegando a mão da loura. – Mal posso esperar para que conheça todo mundo.

A casa por dentro era ainda mais opulenta e Rosalie se viu sem palavras, se sentindo quase culpada por estar pisando em um ambiente daqueles. Ao redor dela várias pessoas já se serviam de bebidas, garçons rodando pelo espaço amplo com bandejas, e outros convidados chegavam. Automaticamente ela soube que chamaria atenção. Não porque estivesse linda, mas porque estava usando um vestido longo de linho verde, com estampas perto da barra – que em sua concepção era adequado para um evento, mas que claramente não era adequado para aquele evento. Ela engoliu em seco e respirou fundo.

— Acho que talvez eu devesse ter pensado duas vezes antes de não gastar dinheiro para comprar uma roupa para conhecer seus pais. – ela comentou de forma irônica, porque é claro que ela jamais gastaria dinheiro com aquilo. Sentia-se deslocada ali, é verdade, mas não conseguia achar que estava errada em vestir-se como sempre se vestia, ou por não usar roupas dignas de um evento de gala para um simples jantar. Ele sorriu.

— Você está mais bonita que qualquer uma, não se preocupe. – ele garantiu, e então correu os olhos pelo recinto.

— Não é com isso que estou preocupada. – resmungou para si mesma.

— Emmett! – ela ouviu uma voz melodiosa chama-lo atrás de si e o namorado se voltou, animado, fazendo-a virar em seguida.

— Mãe! – ele sorriu, indo em direção a uma mulher de cabelos ruivos, muito bonita e elegante.

— Ah, é tão bom te ver, querido! Você está ótimo. – disse empolgada, olhando com aprovação para o asseio do filho. Correu os olhos pelo paletó do homem e seus olhos acenderam-se. – Ah, sabia que se esqueceria! – resmungo abrindo a bolsa e tirando de lá algo que Rosalie não identificou de cara, então levou até a frente do casaco de Emmett e prendeu ali. Rosalie observou curiosa, vendo Emmett revirar os olhos, e entendendo apenas alguns segundos depois o que era.

— Mãe, eu não esqueci. – ele disse de forma clara. A mãe sorriu de volta.

— Bom, eu imaginei que isso poderia acontecer também. – só então os olhos dela se voltaram para Rosalie. – E essa moça, não vai me apresentar? – perguntou bem humorada. A loura sorriu de forma simpática.

— Sim! – Emmett sorriu também. – Mãe, essa é Rosalie. Rose, essa é minha mãe, Esme.

— Muito prazer. – a loura disse, oferecendo-a a mão. Esme a apertou, sorrindo de forma cortês.

— O prazer é todo meu. Ouvi tanto de você! – confidenciou, uma risada se seguindo.

— Espero que boas coisas. – Rosalie respondeu e Esme assentiu.

— É claro, querida. – garantiu. – E então, o que está achando? – ela gesticulou em volta.

— Ah... Nós acabamos de chegar, para falar a verdade. – comentou.

— Entendo. Bom, por que não pegamos uma taça de champanhe enquanto Emmett te mostra ao redor? – sugeriu simpática.

Os dois mais novos assentiram enquanto Esme procurava um garçom e pegava taças para todos. Emmett já era maior de idade, entretanto Rosalie ainda tinha vinte anos, fato que não pareceu fazer diferença para ninguém ali, muito menos para a nora, que entregou uma taça da bebida para ela de toda forma.

Seguiram juntos enquanto Esme e Emmett mostravam um pouco da casa para Rosalie, passando por um grande corredor repleto de quadros com pedaços da história da família, momentos importantes para a família McCarthy.

— Então, hoje estamos comemorando o aniversário da sua mãe? – Rosalie perguntou a Esme, enquanto ouvia as histórias.

— Isso mesmo. – concordou.

— Falando nisso, onde está a vovó? – quis saber Emmett.

— Eu a vi quando cheguei, estava conversando com sua tia Carmen. – comentou distraidamente.

— Acho que vou procura-la, dar os parabéns e apresenta-la a Rose, tudo bem? – perguntou, puxando a loura para seu lado. Esme assentiu, dando um riso de desculpas.

— Perdão por prender vocês aqui, não era a intenção monopolizar. – se desculpou.

— Não é problema nenhum. – Rosalie sorriu. – É uma história muito... interessante. – Emmett reprimiu um sorriso

— Nos vemos depois, mamãe. – falou dando um beijo no cabelo da senhora e saindo em seguida com Rosalie, sorrindo livremente agora. – Você se saiu muito bem.

— Bom, eu só precisei assentir e sorrir, sou exemplar nas duas coisas. – ela disse em tom de brincadeira e ele riu, levando-os por entre as pessoas, pegando uma nova taça para Rose e para si no caminho, enquanto procurava os avós.

A verdade é que Rosalie sorrira e assentira porque não se permitira falar nada. Não via com tão bons olhos quanto Emmett a história de sua família. Eles haviam construído uma grande fortuna em cima de petróleo, e aquela fortuna levara-os a adquirir outros tipos de investimentos, que levaram a outros e assim por diante, até construírem um império. A verdade, contudo, é que o nome McCarthy estava envolvido em vários casos não tão claros, casos que a mídia definitivamente não investigava como devia – muito menos a polícia. Ela jamais comentara aquilo com Emmett, mas já ouvira falar sobre o assunto diversas vezes.

Ao ver os diversos quadros, retratando tanto da história, só conseguia pensar quantas pessoas haviam sido impactadas no caminho. Quantas pessoas haviam perdido suas casas para eles explorarem o que queriam e construírem seus prédios caros? Quantas pessoas haviam trabalhado ganhando um salário abaixo do merecido para que aquelas paredes fossem erguidas? Quantos haviam perdido familiares em acidentes escusos dentro daquela corporação que ninguém nunca trabalhara para clarear?

Rosalie nunca fora fã daquele tipo de riqueza, sabendo que a maioria daquelas pessoas não fazia tudo de forma legal – mais ainda, de forma moral. Sabia como a vida das pessoas era afetada por famílias como aquelas, porque a da sua tia já havia sido quando ela era apenas uma criança. Crescera aprendendo sobre aquilo, vendo a tia falar sobre aquele tipo de injustiça e ainda mais sobre a desigualdade que rodeava aquela sociedade e suas vidas e ela não gostava nada daquilo.

— Ah, ali está meu avô! – Emmett disse empolgado, levando-a pela mão. – Ele é incrível, você vai adorá-lo. – garantiu.

Rosalie achou que, na verdade, provavelmente não ia. Eles chegaram rapidamente ao lado de um homem magro, parecendo estar na casa dos sessenta e poucos anos, bem apessoado e que vestia um terno caro – mais caro do que metade das coisas que ela possuía no guarda-roupa, Rosalie conjecturou. Ele conversava animadamente com outros senhores e Rosalie viu no terno dele a mesma imagem que adornava o terno de Emmett – cortesia de Esme.

— Vô! – o grandão disse com um sorriso ao chegar. O avô virou-se para ele e sorriu.

— Garoto, há quanto tempo! – disse, dando um abraço em seguida no neto. – Senhores, vocês se lembram do meu neto, Emmett. – disse ao se voltar para os amigos com quem falava.

— É claro. – um deles comentou. Sorrisos e cumprimentos rápidos se seguiram, até que saíram de lá distraidamente.

— Eu queria te apresentar alguém. - Emmett anunciou, um sorriso ainda pregado ao rosto. – Vô, essa é a Rosalie, a garota sobre quem lhe falei. Rose, esse é meu avô, Aro.

— É um prazer conhece-lo. – ela respondeu com um sorriso, erguendo a mão. Os olhos de Aro brilharam, avaliando Rosalie com cautela, e ele levou a mão até a dela.

— Rosalie. – respondeu, um minúsculo sorriso no canto dos lábios. – É um prazer.

— E então, onde está a vovó? – quis saber o neto. – Ainda não tive a chance de vê-la.

— Eu não sei, mas seu tio Garret queria vê-lo. – avisou o avô. – Parecia empolgado sobre um estágio na prefeitura que você poderia se interessar. Por que não falamos com ele? – sugeriu e Emmett assentiu, parecendo satisfeito. – Você não se importa de esperar aqui, certo Rosalie? – checou de forma simpática. Rosalie sorriu.

— De forma alguma. – garantiu.

— Não precisa esperar aqui, pode vir comigo. – Emmett descartou a sugestão. O avô não pareceu satisfeito.

— Não, está tudo bem. – ela sorriu. – Eu espero aqui, dou uma volta, me enturmo. – Aro ergueu minimamente uma sobrancelha.

— Estaremos de volta logo, minha querida. – disse simplesmente, levando Emmett em seguida.

Rosalie permaneceu parada, olhando em volta, antes de virar sua taça de champanhe. Pegou uma nova bebida do garçom que passava a seu lado e deslocou o peso do corpo de um lado para outro, enquanto decidia o que fazer. A nova bebida não era champanhe, descobriu ao beber, era uísque, mas ela não se importou, bebendo ainda assim, tendo certeza de que precisaria de incentivo para passar por aquela noite. Acabou por caminhar sozinha até uma grande varanda que dava para um lado desconhecido por ela do jardim, e ficou lá, pegando outro copo depois de alguns minutos, observando a paisagem.

Era inconcebível estar em um evento daqueles. Ver todas aquelas pessoas, vários rostos conhecidos publicamente, todos vestidos de maneira claramente rica, conversando como se não houvesse problema algum no mundo. Ela jamais se sentira tão fora de lugar como naquele momento. Aquele realmente não era seu mundo. Quase se sentiu mal por não ter pedido uma roupa mais elegante a Alice, mas ela era ela e ela não queria fingir ser outra pessoa, especialmente para agradar uma família de herdeiros que basicamente havia nascido em berços de ouro e construíam sua vida em cima de dinheiro duvidoso.

— Aproveitando a festa? – ela ouviu ao seu lado, e virou-se, deparando-se com um homem louro que parecia pouco mais velho que ela. Tinha olhos azuis penetrantes e um sorriso torto fácil.

— Claro. – sorriu e ele expirou uma risada, o sorriso aumentando. – E você?

— Ah, nunca sou muito fã desse tipo de evento, para ser honesto. – admitiu dando de ombros. – Eu sou o James, aliás.

— Rosalie. – ela se apresentou em seguida.

— Você parece um pouco... perdida. – ele escolheu as palavras cuidadosamente. – Onde está seu acompanhante?

— Ah, eu acho que Emmett estava com o avô. – ela disse e os olhos de James faiscaram.

— Ah! Você é a garota do Emmett. – ele constatou, como se a percepção tivesse passado totalmente em branco. Ele riu, deliciado, e a observou mais atentamente. – É muito bom te conhecer. Ele não cala a boca sobre você. – ele disse e ela sorriu.

— E você é...?

— Ofendido por ele não ter me mencionado. – completou e ela deu um olhar de desculpas. – Sou primo dele. – só então ela notou o mesmo brasão que adornava o namorado e seu avô no paletó do homem.

— Desculpe, tenho certeza de que ele te mencionou, mas você sabe, tem muitos de vocês. – se explicou e ele riu novamente.

— E por que está aqui escondida? – ele quis saber. Ela se empertigou.

— Não estou escondida. – decretou. – Eu só... Você sabe, não conheço muitas pessoas aqui, e honestamente, não sei se saberia o que conversar com elas.

James era muito simpático e a fez companhia por um tempo, conversando abertamente e contando um pouco sobre as duas maneiras diferentes de conhecer o mundo que recebera. Sua mãe, irmã de Esme, era a face da riqueza, já seu pai, um homem muito humilde vindo do Mississipi, era um advogado que trabalhava em um pequeno escritório, nunca fora famoso e não ganhava lá grandes quantias. Conhecera a mãe no tribunal quando ela acompanhava o pai um dia, por acaso, e acabaram se apaixonando e decidindo se casar; mas apesar do casamento, o pai jamais mudara suas convicções, e tinha pavor de deixar o filho crescer da forma como a esposa crescera, então fizera um ótimo trabalho inserindo tanto quanto possível de vida real na educação de James.

Rosalie automaticamente sentira simpatia em relação a James. Achava que era em parte por seu jeito aberto e sorriso fácil, mas também podia ser por ele ver e entender algumas problemáticas na família a qual pertencia. Não era oblívio a todos os problemas que envolviam aquela sociedade e era bastante crítico, apesar de ser um deles. Embrenharam-se numa conversa sobre economia e filosofia em certo momento, e Rosalie argumentou intensamente sobre alguns assuntos, acabando por deixar transparecer parte do incômodo que era aquela situação e aquele estilo de vida como um todo, mostrando pontos que considerava absurdos.

— Ah, então você é socialista. – James comentou em certo ponto e ela revirou os olhos.

— Não sou socialista, só não concordo com a concentração de renda desigual e totalmente absurda da nossa sociedade. – ela contradisse com a voz firme e ele sorriu de lado, só então a fazendo perceber que ele fizera uma brincadeira.

Eles ouviram uma tosse forçada atrás deles e ambos se viraram, vendo Aro os observando.

— James, todos os seus primos estão se reunindo para tirar uma foto com a sua avó, e ela insiste que você se junte a eles. – avisou suavemente. James riu e negou com a cabeça.

— É claro que insiste. Foi um prazer conhece-la, Rosalie. – ele disse antes de se dirigir para dentro.

Aro sorriu gentilmente e moveu a cabeça antes de virar as costas e também sair, deixando a loura sozinha novamente. Ela suspirou pesadamente, procurando um novo copo que estivesse cheio.


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Notas finais do capítulo

Oi gente!

Eu estou escrevendo essa história há um tempo e estava tendo um bloqueio, aí hoje eu meio que terminei ela (mais ou menos) e fiquei tão empolgada que tive que vir postar agora (tão tarde que nem fiz uma capa, só peguei uma coisa antiga que tava jogada no meu notebook, mas saibam que essa capa daí vai sair e ser substituída logo mais kkkkk).

E aí, o que acharam? Gostaram, não gostaram, mereço reviews, isso tá uma bosta? kaka. Era pra ser uma one (como tudo que tenho escrito recentemente), mas decidi mais uma vez transformar em uma short por causa da extensão. Saibam que ela é bem curtinha e vou postar rapidinho, assim como fiz em UYSE.

No mais, é isso. Espero que curtam e me acompanhem novamente nessa nova viagem porque a quarentena realmente reacendeu a escritora que existe em mim (e a leitora que ama de paixão meu OTP Emmelie) hahaha espero que todas estejam bem e se cuidando e espero ver alguém aqui, com sorte? hahaha

Um grande beijo,
Lana.



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