Minha respiração se entrecortava a cada vez que eu enchia meus pulmões com ar. Eu estava sem ar, ele era o meu ar. Agora ele será meu, e de ninguém mais. Suspirei ao perceber que já havia amanhecido, e os raios de sol iluminava o meu quarto. Tudo havia mudado, o cheiro de wafles já não mais preenchia meu cérebro nem me convidava a mais um dia da minha vida. Estava tudo confuso agora, se embaralhando devagar em algum lugar da minha cabeça. Tudo o que eu conseguia pensar era na noite anterior. Estava tudo perfeito e porque mesmo eu estraguei tudo? Ah, pela minha falta de bom censo e orgulho feminino. Eu o queria e agora eu sabia que ele também me queria, estava tudo se encaixando devagar na minha mente e a imagem que se formava era um pouco perturbadora.

Será que ele estava com raiva? Estaria eu num daqueles tipos de romance que minha mãe costumava ler enquanto chorava e se embebedava de vinho tinto? Mas eles não tinham sempre finais tristes? Estremeci na cama enquanto passava meus olhos novamente pela mobília da cabana. Estava tudo em seu lugar, havia espaço para todo tipo de conhecimento, então por que eu não me sentia mal como eu me sentia na escola? Deve ser que por aqui não nos obrigam a aprender, minha mente estava solta e a procura de algo para se ocupar, pena que Percy já enchia minha cabeça de pensamentos o suficiente para me dar um exaqueca daquelas.

Definitivamente, eu precisava conversar com ele. Mas o engraçado é que não importa o tema todas as nossas conversas sempre terminavam num mesmo fim: Nossas bocas encaixadas num beijo sem restrições de tempo e constrangimento, ele sempre beirava nossos momentos de fraqueza, e o pior é que eu gostava, e depois me sentia um lixo por isso.

A questão é estaria eu pronta pra viver isso?

Imagine: Mesmo sem essa resposta a minha vida já está cheia de merda o suficiente para escrever um livro. Quem sabe eu não tomo coragem de escrever um diário? Não. É melhor eu não dar oportunidade de alguém ficar sabendo o que se passa em minha mente certo?