Para sempre, primeiro amor escrita por Flor de Konoha


Capítulo 22
Capítulo 22 - Equívocos


Notas iniciais do capítulo

Oi, sumidos! Vejo vocês lá embaixo. Boa leitura!



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Por isso que ela só pensava nele desde que acordara, sua mente e coração tentando lhe dizer e ela rejeitando com todas as forças, achando que era algum sentimento encoberto.

Então ele já sabe tudo, pensou. Lágrimas e mais lágrimas brotavam de seus olhos. Ela de repente sentia uma angústia que a fazia querer se encolher em posição fetal. A memória do rosto dele banhado em decepção era cada vez mais clara.

Como o enfrentaria novamente? Ele lhe disse que ela precisaria de um advogado. Ele dissera que não havia traído-a, mas ela não poderia confiar apenas em suas palavras, poderia? O peso de ter afastado seu filho do pai por cinco anos seria muito pior agora se isso fosse verdade.

Como explicaria? Como se defenderia? 

Precisava se acalmar. Sua mente deu uma volta de 360° e ela se sentiu nauseada. Da última vez, agiu sem pensar e sofreu um acidente. E ainda tinha isso. Todas as suspeitas mais sombrias que ela tinha sobre seu pai eram reais, ele realmente estava lhe roubando em troca de poder e fazendo-a parecer como se ela fosse a errada, como se ela mesma tivesse abandonado sua família. Agora ela conseguia compreender porque Hanabi não queria lhe contar nada. 

Será que ela sabia sobre a conversa que teve com Naruto? E onde ele estava em todo esse tempo? Era óbvio que não apareceria ali. E seu filho? Onde estava seu filho? O que Hanabi estava escondendo dela? Eram tantas perguntas sem resposta que estavam enlouquecendo-na e ela havia acabado de acordar.

Olhou o relógio de parede que ficava acima da porta. Eram 4h da manhã. Parecia que não pregaria mais os olhos.

Hanabi chegou pela manhã. Estava impecável, vestida para o trabalho. Parecia bem melhor que o dia anterior e com certeza dormiu mais que a própria Hinata, que contrastava com suas olheiras.

ㅡ O que houve? ㅡ ela perguntou alarmada ao ver o estado da irmã. Hinata parecia ter sido atropelada por uma manada. Ela se aproximou para lhe tocar. ㅡ O médico me chamou aqui logo cedo, disse que eu precisa vir com urgência.

ㅡ Não aconteceu nada. Apenas o mesmo ㅡ Hinata tentou esconder o descontentamento na voz. Ela podia compreender o motivo da irmã esconder tudo dela, mas por algum motivo se sentia chateada. Queria a verdade.

ㅡ E o que houve com você? Você parece… ㅡ as palavras morreram em sua boca.

ㅡ Pior do que antes?

ㅡ Eu ia dizer… desanimada. Tem algo te incomodando ㅡ não era uma pergunta e sim uma afirmação. ㅡ Eu sei que não é o melhor momento da sua vida, mas vamos superar isso juntas, prometo.

Hanabi afagou as mãos da irmã, que seguiu com o olhar.

ㅡ Com quem está Boruto? ㅡ Não pretendia que sua voz saísse firme, mas também não era tão boa atriz. Era por isso que sempre fugia.

Sua irmã lhe encarou analisando suas feições, tentando entender o tom de Hinata.

ㅡ Você lembrou de algo? ㅡ perguntou, preocupada.

Hinata respirou fundo antes de responder.

ㅡ Não, Hanabi. Mas se você está aqui, alguém tem que estar com ele.

ㅡ Neji está com ele. ㅡ soltou sem pensar, mas já era tarde.

ㅡ Neji?! ㅡ sobressaltou-se. ㅡ Você o deixou com a mesma pessoa que queria roubar a guarda dele?

ㅡ Não, Hina. Se acalma, por favor. Isso não faz bem pra você.

Hinata respirou fundo. Teria que fingir mais.

ㅡ As coisas não são mais como eram, mas eu não quero te assustar com isso agora. Tem que ser algo gradativo, vamos com calma.

Duas batidas soaram na porta, salvando Hanabi na hora exata. Era o médico.

ㅡ Bom dia, senhoritas. 

ㅡ Bom dia! ㅡ responderam em uníssono.

ㅡ Como está se sentindo hoje, Hinata?

Ela se mexeu desconfortavelmente.

ㅡ Estou me sentindo radiante, doutor.

O médico lhe encarou surpreso, a voz doce de Hinata contrastando com a ironia. 

ㅡ Bem, fico feliz. Chamei a senhorita Hanabi aqui para lhe dar alta. Estou só aguardando os resultados dos seus últimos exames, mas milagrosamente a senhorita está nova.

As duas ficaram perdidas em pensamentos por um momento, não esboçando nenhuma reação àquela notícia. Hanabi tinha uma expressão fechada, não esperava que isso fosse acontecer do dia pra noite, ainda mais com Hinata sem memória. A primeira coisa que faria era solicitar o filho, e… Ah, meu Deus, Boruto vai dar com a língua nos dentes na primeira oportunidade, afinal é só uma criança.

ㅡ Mas doutor, tem certeza que é seguro ela receber alta com essa falta de memória?

ㅡ A perda de memória é mais para se autopreservar, não há nenhum dano ao cérebro. Acredito que quanto mais cedo ela retornar à sua rotina, mais rápido ela pode se lembrar. Mas é claro que não podemos medir qual a dimensão disso, pois a nossa mente é uma caixinha de surpresas. Pode acontecer em dias, semanas, meses e até anos…

Hanabi assentiu seriamente, absorvendo as palavras do médico.

ㅡ Tudo bem, então. Fico feliz que finalmente iremos pra casa. ㅡ Tentou sorrir para Hinata, mas a mesma não retribuiu.

Hanabi continuou no hospital aguardando os resultados dos exames para que pudesse levá-la para casa. Pediu que Konohamaru viesse busca-las, suas pernas tinham virado gelatina e não teria forças para pisar no acelerador.

Hinata nada falou, nem ficou muito animada. Talvez a informação que Boruto estava com Neji não tenha lhe agradado muito. Mas ela estava muito estranha, parece que todos os sentimentos negativos que guardou durante aquele período, estava pairando sobre ela naquele dia.

ㅡ Hina, você está realmente bem? Posso pedir uma nova bateria de exames.

ㅡ Estou sim, não se preocupe tanto.ㅡ Sua voz era suave, apesar da sua expressão.

Elas logo foram liberadas. E estava sendo algo muito estranho. Konohamaru chegou fazendo festa e lhe entregou flores, Hinata estranhou a proximidade com quem ele e sua irmã estavam se tratando, visto que nem lembrava que ela o conhecia.

Ela perguntou pelo filho, mas ele lhe respondeu que não achou que seria bom vê-lo ali, que seria melhor um momento em particular. Ela concordou, por mais que estivesse contrariada.

ㅡ E com quem ele está?

ㅡ Com o tio…? ㅡ ele mudou de repente ao ver o sinal de Hanabi. 

ㅡ Isso foi estranho.

ㅡ Eu já contei que ele está com Neji, não se preocupe. ㅡ De novo passou um sinal pelo olhar.

Hinata estranhou a proximidade dos dois, mas não comentou. Era muita informação inicial para lidar. Os três seguiram em um silêncio mortal, cada um perdido em seus pensamentos e preocupações.

Naruto já havia verificado a tela do celular pela terceira vez no mesmo minuto. Ele não conseguia ficar tranquilo. Já havia roído todas as unhas e agora andava de um lado para o outro. Sua ansiedade estava a mil, e mais uma vez seu limite estava sendo testado. Todo o seu autocontrole e o que aprendeu nas duas sessões de terapia que foi, indo por água abaixo.

Ele estava aguardando alguma notícia de Hinata. Ela finalmente estava livre daquele hospital, e ele se sentia extremamente aliviado. Mas à medida que algo se resolvia parecia que uma avalanche de outros problemas surgiam. Agora teriam que pisar em ovos e revelar as coisas com calma para Hinata. O grande problema é que ninguém jamais imaginou essa situação quando tudo aconteceu e o pior seria explicar o andamento das coisas, já que ela nem sequer lembrava do encontro deles.

Naruto olhou para o filho deitado no sofá que dormiu segurando um brinquedo enquanto assistia TV. Ele estava totalmente alheio a tudo aquilo. O menino havia chorado naquela mesma manhã por saudades da mãe. Eles não puderam nem se ver por uma chamada de vídeo para que nenhuma informação indevida chegasse à Hinata. Mas agora tudo fora em vão e as coisas estavam se complicando ainda mais.

Ele estava muito preocupado, mas não mudaria nada mesmo que soubesse que tudo aquilo aconteceria. Seu filho mudou o sentido de toda a sua vida e a virou de cabeça para baixo nos últimos meses. Foi seu companheiro durante os últimos meses, arrancando-o da solidão e do vazio que nem percebia que sofria. Como podia odiar Hinata sabendo que ela lhe dera seu maior tesouro? Sentia-se triste e decepcionado por ter perdido tanto tempo ao lado dele, mas conseguia compreender claramente o que havia se passado.

Seu celular tocou em sua mão, tirando-o de seu devaneio. Seu coração ansioso descompassou ao ler o nome na tela. Ele olhou por alguns segundos antes de atender, com medo do que aquilo poderia ser.

ㅡ Oi, mano ㅡ falou.

ㅡ Chegamos ㅡ Hanabi falou, finalmente quebrando o silêncio. Hinata estranhou o lugar, nunca havia estado ali. ㅡ Vem, vamos subir primeiro. Depois o Konohamaru leva seus pertences.

Hinata assentiu. Sentia um nervosismo, uma insegurança. As duas subiram, Hanabi tentando conversar amenidades e tranquilizar Hinata. Mas porque aquela situação estúpida estava se arrastando? Hinata parecia achar que poderia ser sequestrada a qualquer momento. Mas não era isso. Seus pensamentos estavam insustentáveis em sua cabeça. Hinata não conseguia esconder o que sentia, sempre foi muito transparente. 

Elas adentraram o apartamento escuro. Hanabi foi ligando as luzes pelo caminho. Era um apartamento espaçoso, a princípio seus olhos alcançavam apenas as salas de estar e jantar.

Hinata vasculhou o apartamento à procura de algo, esperou, mas nada aconteceu. Estava vazio e quieto.

ㅡ Porque me trouxe aqui? ㅡ perguntou. Hanabi esperava outros questionamentos, mas não aquele.

ㅡ É aqui que vamos morar, Hina.

ㅡ Não, Hanabi. Eu tenho uma casa em Suna. Tenho amigos, tenho trabalho, minha vida é lá!
ㅡ Eu entendo tudo isso, irmã, mas agora você precisa de cuidados.

ㅡ Cuidados? ㅡ Hinata gesticulou como se para provar que estava inteira. ㅡ Agradeço muito por tudo, Hana. Mas eu não preciso de cuidados no momento, preciso da minha casa e do meu filho.

ㅡ É só por um tempo, Hina. Acalme-se, por favor.

ㅡ Cadê ele? Cadê o Boruto?

Hanabi encarou a irmã sem saber o que dizer.

ㅡ Hinata, dá pra você parar de questionar e tentar me entender? Eu estou tentando resolver tudo, mas você precisa ter calma.

Hinata balançou a cabeça em negativa, passando a mão no cabelo.

ㅡ Não me peça para entender, eu quero ver meu filho.

ㅡ Hinata, por favor…

ㅡ Eu preciso vê-lo, Hanabi, por favor. Eu quero ver se ele está bem, por favor… ㅡ implorou, seus olhos lacrimejando.

Os joelhos de Hinata cederam e ela deixou as lágrimas rolarem. Ela não queria aquele encontro tão cedo. Mas ela sabia que não expusesse a verdade, ele continuariam pisando em ovos. Se o preço para ver o filho era enfrentá-lo novamente, então ela pagaria.

ㅡ Traga-o aqui ㅡ falou, mas seu tom era diferente. 

ㅡ Hinata, por favor, o Boruto não pode vir hoje…

ㅡ Não o Boruto ㅡ abaixou o rosto e levantou-se. ㅡ Traga-o de uma vez. 

Hanabi não tinha palavras, qualquer que fosse a resposta seria assustadora.

ㅡ De quem você está falando? ㅡ perguntou, mesmo temendo o que ouviria.

ㅡ Naruto. Eu me lembro de tudo. Chame-o aqui.

ㅡ O que… ㅡ Hanabi não acreditava no que ouvia. ㅡ Como? Quando?

ㅡ Na madrugada de hoje.

ㅡ Foi por isso que você estava tão estranha! ㅡ Hanabi xingou-se mentalmente por não ter pensado nisso antes. ㅡ Por que, Hina? Por que você escondeu? ㅡ a voz falha de Hanabi indicava sua decepção. ㅡ Não confia em mim?

A diferença de idade entre as duas poderia ser pequena, mas Hinata sempre a via como sua irmãzinha.

ㅡ Não foi isso ㅡ tentou se justificar. ㅡ Vocês não estavam me contando nada e era muito recente. Ainda é muito recente. Eu estava confusa, eu precisava pensar, digerir. Mas eu não sei fingir, não sei dissimular. Eu quero ver meu filho, Hanabi. Por favor! Não me tira esse direito.

Ao ver a fragilidade da irmã exposta, Hanabi chorou. Era difícil ver sua irmã em desequilíbrio e era isso que ela queria evitar ao ter que contar a verdade.

ㅡ Eu vou trazê-lo, mas não hoje. Você precisa descansar, amanhã eu esclareço tudo.

ㅡ Não, não, não! Eu quero vê-lo. Ele o levou? Naruto está com ele? ㅡ Hanabi afirmou com a cabeça, não era capaz de falar mediante ao desespero da irmã, ela estava paralisada. ㅡ Ele vai tirá-lo de mim.

Hinata escorregou sobre os próprios pés enquanto se derramava em lágrimas. Sua irmã não conseguia reagir. Apenas observava o sofrimento da irmã enquanto chorava copiosamente. Ela nunca a vira assim, nem quando ela arrumou as suas coisas e foi embora sozinha, carregando o filho.

Ela não imaginava o quão frágil Hinata era, pois parecia sempre uma montanha, forte, inabalável, sempre lhe fazendo sombra. Mas não era nada disso, ela era tão machucada quanto ela. Tão mais quebrada que ela. Havia passado por coisas muito piores sozinha. 

Hanabi tentou enxugar as lágrimas com as palmas das mãos, mas caiam mais e mais sem que ela pudesse conter. Foi até a irmã e a segurou pelo braço, Hinata levantou seu olhar para encará-la e as duas se abraçaram.

ㅡ Me desculpa, Hina. Eu não fiz por mal. ㅡ Não era por aquilo que ela se desculpava, era por todo o resto e Hinata havia entendido. Hanabi pretendia esclarecer tudo, mas precisava acalmar a irmã.

As duas ficaram abraçadas por algum tempo, até que Hinata realmente se acalmasse. A mesma a fez tomar um calmante com medo de que ela pudesse ter algum problema, já que não fazia horas que saíra do hospital onde havia se recuperado milagrosamente.

Ela enviou uma mensagem para Konohamaru ir embora e avisar a Naruto que estava tudo bem.

As duas estavam sentadas na mesa de jantar, uma de frente para outra enquanto Hinata tomava o remédio.

ㅡ Era por isso que eu não queria te contar, você não pode passar por emoções tão fortes.

Os olhos de Hinata já estavam inchados, e seu olhar estava profundamente triste. Ela ia começar a chorar de novo.

ㅡ Eu sei que é muita coisa para você processar. Mas eu te disse que as coisas não eram mais como você pensava.

ㅡ O que você quer dizer com isso?

ㅡ Bom… ㅡ Hanabi respirou fundo, sabendo que passaria a noite toda explicando. ㅡ Naruto está do nosso lado. Ele não vai tomar seu filho, nem nada disso.

Lágrimas silenciosas escorreram novamente pela face de Hinata.

ㅡ Ele é inocente ㅡ foi uma afirmação, mas mesmo assim Hanabi assentiu.

ㅡ Sim, é.

Por mais dura que fosse a verdade, ela não poderia mentir para sua irmã. Não mais. Por mais difícil que fosse suportar o peso das consequências daquela decisão que Hinata havia tomado um dia, ela lhe devia a verdade. No fim, os dois foram vítimas de um capricho egoísta.

ㅡ Acho que agora consigo compreender o porquê você preferiu não me contar. É muita coisa para lidar. Mas não se preocupe comigo. Eu vou superar isso, como sempre faço. Só não posso lidar com ele agora, não consigo encará-lo depois do que eu fiz a ele. Ele com certeza deve me odiar, e com razão.

ㅡ Hinata, não. Não é assim. Por favor, você acabou de sair de um coma, as coisas não estão como você deixou.

ㅡ Eu o separei do filho dele, Hanabi. Não tem coisa no mundo mais cruel que isso.

Hanabi encarou Hinata, ela não estava escutando-a. Por mais que ela tentasse explicar, Hinata já havia tirado suas conclusões precipitadamente. Teria que ver com seus próprios olhos.

ㅡ Não se culpe sobre isso, você foi tão vítima quanto ele. Vai descansar, amanhã conversamos melhor. ㅡ Hanabi afagou as mãos da irmã para dar-lhe algum conforto. Estava com medo que algo lhe acontecesse.

Hinata apenas assentiu e suspirou, sendo incapaz de proferir uma palavra.

A porta foi aberta com um solavanco, que quase fez Konohamaru saltar de susto.

ㅡ O que houve? ㅡ Naruto perguntou com urgência.

O amigo coçou a cabeça.

ㅡ Eu não sei, Hanabi disse que teriam uma conversa de irmãs, algo do tipo.

Naruto passou as mãos no rosto, com certeza a ansiedade o mataria. 

ㅡ Acho que não tem muito o que fazer, a não ser esperar.

ㅡ Eu não consigo mais fazer isso. Não quero mais esperar.

ㅡ Eu sei, mano. Nem imagino o que está passando. Mas você precisa manter a calma, é pela saúde dela.

Naruto assentiu, concordando. Porém não poderia dizer mais nada, se alguém alimentasse seu sentimento, bateria na porta dela. E o que diria? Com certeza não sabia, mas queria vê-la.

Konohamaru não demorou muito, só foi tranquilizá-lo pessoalmente. Sabia que ele não aceitaria apenas uma ligação. Mas não adiantou muita coisa, pois ele sempre foi muito ansioso com tudo. Quando era atleta não suportava os pré-jogos. Queria que o momento chegasse a todo custo e ficava obcecado, até que pudesse se livrar do que tinha que fazer. 

Por isso passou a noite insone, remoendo toda a situação, todas as reações que ela poderia ter ao saber de tudo, quanto tempo ele teria que esperar. Será que passariam mais semanas? Meses? Com certeza estaria morto até lá de algum infarto.

Pensava em seu filho o tempo inteiro. E se Hinata tivesse alguma sequela e tivesse alguma limitação? Era tantas questões, e ele não tinha resposta para nenhuma delas.

No dia seguinte ele foi trabalhar, precisava ocupar a mente. Naruto fez o que sempre fazia costumeiramente. Revisou alguns processos, escreveu em algumas peças e telefonou o dia todo. Sempre que tinha uma pausa de apenas uma respiração, lembrava-se de sua situação.

Suas preocupações estavam a mil, como se não bastasse, o filho parecia saber que sua mãe havia acordado, porque começou a fazer mil perguntas sobre ela.

Sua família já estava ciente de toda a situação e apesar de todo o receio que tinham pelos Hyuugas, ficaram totalmente chocados com a história de Hinata. Seus padrinhos e pais queriam lhe blindar de todas as formas. Naruto já esperava essa reação superprotetora e tinha consciência da gravidade da situação. Seus pais ficaram extremamente magoados por terem perdido os primeiros cinco anos do neto. A primeira reação era processar os Hyuugas de todas as formas, mas depois conseguiram entender que Hinata era tão vítima quanto ele. 

Hanabi apenas lhe atualizava com alguma informação superficial, nada mais que isso. Sentia que ela estava mantendo uma distância, como se tivessem voltado a estaca zero novamente.

Terminou suas atividades e resolveu ir para casa cedo, nada adiantaria ficar se afogando no trabalho, se seus pensamentos estavam longe dali. Resolveu ir a pé, era apenas uma caminhada de poucos minutos.

Quando saiu, o escritório já estava vazio, olhou seu relógio, marcava oito horas da noite. Parece que cedo para ele, não era cedo para todo mundo. Desligou todas as luzes e desceu de elevador.

Caminhou para fora do prédio, cumprimentou o porteiro e o segurança. A brisa noturna era fresca naquela noite. Se tivesse vindo preparado, talvez fizesse uma corrida, fazia tempo que não se exercitava. 

Foi caminhando e tentando pensar em pequenas coisas do seu dia, para que sua mente não lhe torturasse pensando no que fazer com sua situação. Ficou tão distraído que levou uma topada, quase se esborrachando no chão. Olhou para os lados, constrangido, conseguiu uma boa distração para a sua mente. Riu consigo mesmo.

De repente, teve uma sensação estranha, de estar sendo observado por alguém. Como se um olhar estivesse fuzilando-o pelas costas.  Olhou por sobre o ombro e viu um homem de boné e capuz em pleno céu noturno, totalmente suspeito, andava olhando para baixo, como se quisesse esconder o rosto. Só podia ser coisa da sua cabeça. 

Poderia ser que estivesse paranóico, afinal estava sob muito estresse ultimamente.

Continuou andando como se nada tivesse acontecido e sempre verificando se o homem ainda estava atrás dele. Não era possível que estivessem seguindo exatamente o mesmo caminho.

Ficou tão distraído que esbarrou em alguém e só percebeu quando sentiu a temperatura da bebida que foi derramada nele. Sua primeira reação foi verificar se o homem ainda estava atrás dele, mas já havia sumido.

ㅡ Você não olha por onde anda, não? ㅡ o homem que esbarrou nele, disse.

Naruto não era dado a muitos cortejos com homens, mas estava realmente distraído e virou para se desculpar, mesmo que tivesse levado a pior com o café quente.

ㅡ Peço desculc… Kiba?! ㅡ perguntou em meio sorriso. 

ㅡ Ah, era só o que me faltava ㅡ Kiba murmurou. ㅡ Meu dia poderia ter encerrado bem, até esbarrar num idiota.

O sorriso de Naruto morreu ao ver a expressão séria. Franziu o cenho, sem entender o porquê do ataque gratuito.

ㅡ O que deu em você, idiota? Está de mal humor?

Kiba soltou uma risada sem humor, pensando se valeria a pena começar uma briga em frente a uma cafeteria. Será que ele sabe o que aconteceu com Hinata? 

Apesar de Hinata nunca ter mencionado a paternidade de Boruto, era óbvio quem era o pai do menino. Ele era a cópia da droga do pai. O que ele não entendia era por que Hinata não mencionava o nome dele e o menino achava que não tinha pai. 

Ele não se importaria de ajudá-la a criar o menino ou até mesmo dar o seu nome a ele. Eles se deram muito bem desde o princípio e o menino até o chamou de pai uma vez. 

Aquele mistério todo só fazia parecer que tiveram um deslize e o canalha não quis assumir a criança. Afinal, não lembrava de tê-los visto namorando, eram apenas amigos no colegial.

ㅡ É que perco o humor quando vejo um babaca ㅡ Kiba disse, em tom de ameaça, aproximando-se de Naruto.

ㅡ Do que você está falando?

ㅡ De você não ser homem o suficiente para honrar as calças.

Naruto não aguentou a provocação, estava sendo atacado gratuitamente em um momento que sua cabeça não estava processando o suficiente. Sem pensar duas vezes, acertou um soco no rosto dele. 

Kiba rapidamente levantou e devolveu o soco, logo causando uma briga. As pessoas pararam para observar, mas ninguém se atreveu a apartar.

ㅡ Se vocês não pararem com essa briga, vou chamar a polícia! ㅡ um homem gritou, que parecia ser o gerente do café. Ao ver que havia juntado muita gente, Kiba caiu em si. 

ㅡ Peço desculpas. Sou policial ㅡ tirou sua carteira e apresentou o distintivo. ㅡ Acho que encerramos nosso assunto, por enquanto ㅡ falou enquanto limpava o sangue no canto da boca e virava as costas indo embora.

Naruto saiu andando a passos duros, sem entender o que havia acabado de acontecer. 

ㅡ O Kiba?!! ㅡ Sakura questionou exasperada.

Naruto bufou, estava sem nenhuma paciência para repetir.

ㅡ Sim, estou sem entender até agora. Poderia até processá-lo por agressão corporal, mas…

ㅡ Mas você começou! Naruto, sabe o quanto é perigoso revidar a esse tipo de briga gratuita?

ㅡ Sei, mas o que eu poderia fazer? Um cara que não vejo há anos, simplesmente me acusa de ser otário, cujo motivo eu desconheço. Ele mereceu uma lição.

ㅡ Não sei mais o que faço com você e o Sasuke ㅡ falou batendo a mão na testa.

ㅡ Sasuke? O que tem eu? ㅡ O próprio Sasuke apareceu na cozinha, colocando as chaves no aparador. ㅡ Caramba! O outro cara deve ter ido parar no hospital ou você levou uma bela surra ㅡ disse em tom de zombaria.

ㅡ Ele com certeza levou a pior.

Sasuke soltou uma risada.

ㅡ Para, Sasuke, não é engraçado. Isso é muito perigoso. Ele disse que foi atacado gratuitamente.

ㅡ Atacado não! Eu que dei o primeiro soco ㅡ falou como se tivesse orgulho disso.

ㅡ E por quê? ㅡ Sasuke quis saber.

ㅡ Eu não sei! Simplesmente esbarrei no Kiba e ele me xingou.

ㅡ Kiba?!

ㅡ Por acaso está surdo, idiota?

ㅡ Kiba Inuzuka, seu rival do basquete no ensino médio?

ㅡ O próprio!

ㅡ Talvez não tenha sido tão gratuito assim.

Sakura o encarou fazendo cara feia.

ㅡ Não é possível que ele tenha levado uma rixa tão a sério, e eu lembro dele ser bem brincalhão quanto a isso.

ㅡ Nunca duvide da rivalidade de um homem, Sakura ㅡ Naruto disse, de mal humor.

ㅡ De qualquer forma, pode não ser apenas uma coincidência. Soube hoje na delegacia que ele é policial e está à frente da investigação do caso da Hinata.

ㅡ O que?!!! ㅡ Sakura e Naruto gritaram em uníssono.

Sasuke ficou sério de repente.

ㅡ Não posso ficar passando informações sigilosas para vocês. Já foi muito desagradável com Kiba na delegacia.

Naruto e Sakura continuaram encarando-o, como um pedido mudo para ele continuar.

ㅡ Naruto, é sério. Sei que você tem um envolvimento emocional nessa história, mas se houver alguma desconfiança…

ㅡ Sasuke, jamais te colocaria em uma posição difícil.

ㅡ Mesmo assim gosto de confirmar. Acontece que o Kiba é policial em Suna, como o acidente aconteceu na rodovia principal que liga a cidade à Konoha, o caso veio para cá, mas ele veio pessoalmente tomar o caso, pois queria investigar ele mesmo. Por isso deve ficar por aqui nos próximos meses.

ㅡ E porque esse assunto interessa tanto a ele? Fomos colegas de escola, mas e daí? Ele nem era próximo de Hinata ㅡ Naruto quis saber.

ㅡ Isso eu também não descobri, mas parece que ele está seguindo a linha criminal.

A última palavra fez com que o estômago de Naruto revirasse. Criminal era a última coisa que ele iria imaginar. Sakura ficou emudecida. 

Se o caso se tornasse criminal, as coisas estariam muito mais sérias. O principal suspeito dividia a mente de todos ali, mas era tão absurdo que ninguém ousou falar sobre.

ㅡ Mesmo isso ainda não responde o porquê dele ter me atacado. Qualquer parte da vida dela não é da conta dele.

ㅡ Bom, estou quase apostando em um motivo passional ㅡ Sasuke falou, para irritar Naruto. ㅡ De qualquer forma, logo vamos descobrir as motivações dele, parece que ele já encontrou Hanabi e Hinata no hospital.

Naruto assentiu, um gosto amargo invadiu sua boca. Algo lhe dizia que ele não iria gostar nada do motivo.


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Notas finais do capítulo

E aí, galera? Feliz Ano Novo!
Desculpem a demora, não pretendia demorar mais de um mês para voltar. Estava com metade do capítulo escrito e tive um block, não conseguia colocar um fim.
Mas bem, aqui está! Espero que gostem!
Só quero dizer que logo teremos o encontro dos dois... E alguém imagina como será? kkkkkk
E o acidente, acham que foi criminal mesmo? O Hiashi tá bem quietinho, né? Huuuum, sei não!
Vejo vocês em breve, volto assim que possível com um novo capítulo! ;*



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