Diários do Fim do Mundo | FIC INTERATIVA (hiatus) escrita por Ma Ellena


Capítulo 7
CAPÍTULO 7 - Carta ao remetente sobre o fim do mundo




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03/01/2143 02:42PM, LOCALIZAÇÃO DESCONHECIDA. DE NOVO.

Já faz um tempo que não escrevemos, mas faz sentido devido a tudo que já aconteceu nesses últimos dias. A boa notícia é que conseguimos sair da casa de Joe sem muitos ferimentos, usando a antiguidade que Smugg chama de carro. A má notícia é que tivemos que sair da casa de Joe e tentarmos nos acomodar na caminhonete de Smugg e que perdemos uma boa parte dos nossos mantimentos no meio do caminho.

A verdade é que não sei mais como continuar, tudo tem sido tão cheio, intenso e confuso que é difícil organizar os pensamentos bem o suficiente para escrever. Já é difícil para tentar sobreviver, quanto mais isso. De certa forma, parece que escrever esse diário é inútil e sem propósito, quase como se nada do que foi escrito nele até agora fosse algo bom ou útil. Pelo menos Sophia parece estar se divertindo. Talvez devesse deixar essa função apenas para ela. Ou devesse simplesmente queimá-lo.

 

Kassie

 

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Caro remetente, 

Hoje é dia sete de janeiro do ano de 2143. Na teoria, deveria ser o primeiro inverno desde o fim do mundo, mas hoje faz 34ºC o que me faz questionar onde estamos. Será que o mundo encolheu desde que ele acabou? Será que fomos transportados para uma outra dimensão? Uma dimensão em que o inverno e a neve são inexistentes, assim como a tecnologia? Seria até bom, se tivéssemos água e sombra o suficiente para aguentar. Nunca pensei que sentiria falta da piscina pública lotada que tanto aprendemos nas aulas de história. Será que voltamos no tempo?

Posto que Kassie, Sophia, e provavelmente os outros escrevam a você a notícia do processo de sobrevivência desse novo mundo, que se agora se faz realidade nessa nova vida vida, não deixarei de também dar minha contribuição à produção e realização da história, assim como eu melhor puder, posto que o saiba fazer de forma mais regularizada do que os outros. 

Todavia tome minha formalidade inicial como minúcia para relatar o que aqui se concretamente ocorre, a qual bem certo creia que aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu. Falarei sobre o processo que aqui vivi e testemunhei, quanto aos outros, aqui não me cabe fazer. 

Dito isso, te escrevo: 

O fim do mundo foi — como você já sabe, segunda-feira 16 de julho de 2142. Pouparei-te das partes tediosas e irrelevantes ao presente momento, resumindo brevemente o que se passou a este humilde escrivão que o dita essas palavras. Depois de voltar do Centro de História de Minnesota, me encaminhei para o que chamava de ‘lar’. Jantei com os meus pais, resolvi pela via de pedestres a fim de apreciar o ar fresco daquela noite de verão. Me direcionei de volta ao meu apartamento e me pûs a descansar. 

Acordei subitamente por volta das quatro horas da madrugada, quando o crepúsculo começava a nascer, com um alto barulho proveniente dos céus seguido de uma forte luz. Ouvi diversos gritos tão alto que poderiam corromper a alma de vossa senhoria se o presenciasse. Veja bem, são por momentos como esses que quem vos escreve humildemente se preparou e resolveu fazer uma das coisas mais lógicas - me levantei e me tranquei no quarto de fuga designado para catástrofes como essas, tentando inutilmente entrar em contato com meus pais. 

Depois do que contei como cinco dias, abasteci minha mochila com o resto de provisões que havia ali e me pus a investigar. O que encontrei foi um vazio, nenhuma alma caminhava pela cidade. Foi nesse momento que me pus a desbravar esse novo mundo, na busca de encontrar novas provisões e seres civilizados. Fora essa busca que me trouxe até aqui, neste momento em que te escrevo e tento relatar da maneira mais verossímil possível o que ocorreu nesses últimos dias.

Terça, 25 de dezembro, entre as 6 e 7 horas da manhã, nos encontramos na região mapeada como o que um dia fora Os Grandes Lagos. Por ali dirigimos durante todo o dia, apressadamente, na intenção de nos distanciarmos dos seres de outro mundo. E quinta, 27 do mesmo mês, por volta das onze horas da noite, vimos as ilhas de Manhattan. Long Island e Staten Island, de acordo com quem vos escreve, o também piloto da caminhonete azul. Por aquela região resolvemos encontrar algum lugar que parecesse relativamente seguro.

O dia seguinte à quinta-feira amanheceu e seguimos nosso indefinido caminho, por esta terra enorme e recém-inundada, até que sexta-feira antecedente ao fim do antigo ano, que foi dia 28 de dezembro, nos deparamos com sinais de vida civilizada, estando a cerca de duas horas da fronteira. O caminho era tortuoso e perplexo de resquícios do resto de vida que ali havia, à este caminho o nomeei Caminho da Morte.

No sábado seguinte, pela manhã, encontramos alguns animais que ainda habitavam aquela região. No mesmo dia encontramos uma antiga igreja que data do século 18, a avistamos primeiramente pela torre e depois pelas suas paredes de pedra antiga e estilo gótico.

A cerca de 6,5 km, encontramos um parque e ao pôr-do-sol, com o direcionamento de Kassie, nos encaminhamos até lá, procurando mantimentos pelo caminho. Ali ficamos toda aquela noite, na inútil tentativa de descansar nossas mentes da situação em que nos encontramos e do silêncio sepulcral que nunca imaginamos que poderia emanar de uma cidade inteira. 

De certa forma, foi necessário uma grande tragédia para finalmente conseguirmos ter uma pausa do tráfico da cidade. Pelo menos para vosso humilde escrivão e piloto, foi um momento bom. Enquanto Kassie analisava os mapas e os documentos que encontramos pelo caminho, Violet dormia na caminhonete enquanto Joe vigiava as redondezas e Sophia e eu pudemos descobrir como fazer um parque de diversões continuar sendo divertido em um cenário pós-apocalíptico.

Antes de todos voltarmos em direção à Igreja, Kassie anunciou um novo plano de rota, em direção à capital, na talvez vã esperança de que conseguiremos alguma atualização da nossa situação atual.

Fim da transmissão,

Smugg.


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