HERMIONE POV 

O plano era simples. Rita Skeeter não poderia negar meu pedido de escrever uma matéria a meu pedido, Harry poderia dar a versão real dos fatos do dia em que Você-Sabe-Quem retornou… Só  precisávamos de um lugar para publicar.

— Você tem razão, mocinha. O Profeta Diário está sob ordens do ministério, jamais publicaria uma entrevista dessas!

— Meu pai publicaria…

Foi literalmente do nada que Luna surgiu do nosso lado no Três Vassouras, e pelo visto, estava ouvindo nossa conversa.

—... Ele é o editor do Pasquim.

Rita Skeeter deu uma risada desagradável.

—É assim que esperam dar credibilidade a matéria? Publicando em um jornal de loucos?

—Você não tem escolha, Rita. Vai escrever querendo ou não. E você, Harry? O que acha?

—Brilhante, Hermione.Seu lado rebelde assusta um pouco, mas é brilhante! Quando faremos a  entrevista?

Rita parecia estar pegando uma agenda para marcar horário, quando a cortei.

—Hoje mesmo, Harry. Luna, seria possível publicar na próxima edição?

—Papai está esperando o depoimento de alguns duendes luteranos que quase foram comidos pelo Ministro, mas tenho certeza que ele vai dar um jeito. Ele jamais perderia a  chance de ajudar Harry Potter!

Tudo parecia encaminhado.

Na manhã seguinte, O Pasquim se tornou muito mais presente nas mesas de café da manhã.

Ao final da tarde, a própria Dolores foi informada da entrevista no jornal e criou uma sanção proibindo a circulação do jornal. Eu só poderia agradecê-la, pois agora toda a escola queria ler o jornal proibido pela cara de sapo. 

As paredes dos corredores do castelo eram ocasionalmente preenchidas com páginas da entrevista do Harry. Como os alunos não estavam com o jornal em mãos, não poderiam ser punidos. Apenas paravam em frente a uma parede para ler o que estava escrito. Era Fred e Jorge que estavam espalhando “A Palavra de Harry Potter” e Dolores não conhecia nenhuma contrazaração para o feitiço adesivo permanente.

Harry podia sentir a diferença no olhar das pessoas e eu também. Aos poucos, a fama de mentiroso parecia se dissolver e os alunos se lembrarem que ele era o Menino que Sobreviveu novamente.

Sobre Cho Chang? Harry não quis comentar muito, mas aparentemente brigaram. Confesso que nem me lembrava que ontem havia sido dia dos namorados.

FRED POV

Dias dos namorados! Acho que é a primeira vez que tenho alguém para comprar um presente, apesar de não ser exatamente a pessoa que eu imaginava estar ao meu lado no momento.

Angelina estava bonita, do jeito que somente ela sabia ser. Fomos na Casa de Chá Madame Puddifoot para fazer o que havia de melhor para se fazer no dia dos namorados: rir de situações embaraçosas na Casa de Chá. 

Comentamos sobre alguns casais estarem discutindo sobre o presente, ou caras que estavam nitidamente lá para exibir a namorada para a ex. Havia no fundo casa de chá, dois rapazes da Corvinal que pareciam estar saindo juntos. Neste caso, não parecia embaraçoso, apenas um ato de coragem dos dois.

Infelizmente, esse ano o casal mais azarado foi Harry e Cho Chang. Estávamos lá quando a apanhadora da Corvinal começou a chorar e depois saiu correndo deixando Harry completamente sem graça. Fiz uma uma expressão de “aquilo sim é um desastre” e Angelina respondeu com uma expressão balançando a cabeça de “ sinto pena do Harry”. 

Estávamos ficando bons em ler a cara um do outro, quase como se ela fosse uma alternativa ao meu gêmeo preferido, Jorge.

Havia um assunto delicado, mas que eu devia levantar…

—Angelina… - Fred…

Falamos ao mesmo tempo.

—Damas primeiro.

—Então pode falar, Fred.

Rimos um pouco, mas insisti que ela falasse.

—Bem… Tenho a impressão que já lhe disse em um dia um pouco mais… Alterada, que tenho uma vaga no Puddlemere assim que sair de Hogwarts. O que não falta muito tempos, são mais alguns meses e já começamos os NIEMs e… Bem…

Fiz uma impressão de chocado. Indignado. Comentei:

—Angelina Johnson.. Não me diga que você teria a audácia de terminar comigo no dia dos namorados no lugar mais romântico de Hogsmeade?!Não olhe para mim!

Tampei seu rosto continuando o drama. Ela, é claro, começou a rir disso tudo.

—Sim, sim. Fred Weasley, estou quebrando seu coração e bla bla blá…

No terceiro blá eu também estava rindo. Abaixei minha mão e também peguei a dela.

—Isso foi bem aliviador, na verdade. Achei que seria eu quem quebraria seu coração.

—Você não pode fazer isso, Fred. O coração de uma artilheira é resistente a qualquer balaço, nem mesmo o melhor dos batedores de Hogwarts poderia quebrá-lo.

— Hmmm… Será que eu poderia ter essa declaração em escrito? Preciso provar para um certo gêmeo a grande verdade, sou alguns milésimos melhor batedor que ele.

Apertei sua mão com cuidado.

—Eu e Jorge devemos sair de Hogwarts antes dos NIEMs. Vamos abrir nossa loja e participar de algo perigoso, para lutar contra Você-Sabe-Quem.

—Como a Armada de Dumbledore?

—Mais ou menos… Mas acho que você entende tanto quanto eu que quando sairmos de Hogwarts, isso que temos… Bem… É melhor acabar.

Ela também apertou minha mão de volta. 

—Fred Weasley. Foi uma honra ser sua meio-namorada. Tenho certeza que será difícil encontrar um cara como você depois de Hogwarts.

—Talvez não um cara, mas há muitas jogadoras bonitas no Puddlemere. Alguma delas pode ter um senso de humor fantástico, além de uma beleza estonteante ou…

— Se forem companheiras como você, já serei uma pessoa feliz.

Me aproximei dela e nos beijamos. Ter Angelina ao meu lado esse ano foi realmente uma grata surpresa. Não achei que poderia haver alguém que aguentaria minhas palhaçadas, além de Jorge, mas ela existia e seu nome era Angelina Johnson.

Nós dois estávamos bem com a ideia de terminar assim que saíssemos de Hogwarts, mas ainda temos algum tempo juntos para aproveitar a companhia um do outro.

***

Chegou o dia do último jogo de Quadribol da Grifinória. Estávamos empatados com a Sonserina em pontos, apesar de uma vitória a mais. O oponente seria a Lufa-Lufa e pelo que Gina explicou no café da manhã, a falta de batedores competentes como eu e meu irmão poderia acabar com o time. Ela não quis citar Rony, mas  eu vi ele em um dos treinos e eu com certeza não estava muito interessado em ver a Grifinória perdendo feio assim.

HERMIONE POV

A torcida da Sonserina veio em peso, de novo. Pensei em ir ajudar Rony novamente, mas no mesmo instante, ouvi Hagrid chamando Harry e eu por detrás da arquibancada.

— Preciso que vocês venham comigo. Podemos conversar enquanto todos estiverem no jogo e vocês voltam antes dele acabar.

Olhei para Harry e ele sabia que devia ser algo sério. Dolores criou uma regra que poderia punir os alunos por conversarem com os professores sobre qualquer coisa que não fosse da matéria e Hagrid só nos arriscaria por algo muito importante.

E era.

Hagrid nos levou para a Floresta Negra e conhecemos Grope, o meio-irmão de Hagrid. Ele queria que ajudássemos a cuidar de Grope caso fosse expulso de Hogwarts. Era basicamente um bebê gigante de 5 metros que não sabia falar bem inglês e parecia ter se afeiçoado a mim, porque tentou me levantar como se eu fosse um brinquedo… E de fato, eu tinha um tamanho de um brinquedo em relação a ele.

Voltamos o mais rápido possível para o jogo, mas chegamos no instante que a partida encerrou. O máximo que vimos foi Gina Capturar o pomo em uma manobra super arriscada. 

Até eu que não sou fã de quadribol, podia reconhecer que ela era maravilhosa. Outro sinal disso era o fato de Harry ter ficado boquiaberto enquanto Gina descia para comemorar com a torcida.

—Melhor tomar cuidado, Harry. Ou vai perder o posto de apanhador para Gina…

—Ela quer me artilhar… Digo, ser artilheira do time. Gina comentou isso outro dia no café da manhã. Não imaginei que ela era tão boa.

— Ele me disse que treina quadribol escondida desde os 7 anos com as vassouras dos irmãos.

Olhei para Gina novamente, estava no meio dos alunos da Grifinória e tive a sutil impressão que ganhou um beijo rápido de Dino Thomas. Precisávamos conversar sobre isso depois.

Rony se aproximava.

—Vencemos!

Nos abraçamos. Harry e eu estávamos nitidamente sem graça.

—Viram minha defesa no início do jogo? Depois consegui mandar a goles no lugar perfeito para Alícia marcar o primeiro ponto!

Comentamos de forma vaga enquanto Rony foi contando os detalhes do jogo enquanto nos dirigíamos ao Salão Principal. Acabamos tendo que contar ao Rony que não vimos a partida, o que o deixou claramente chateado, mas logo esqueceu quando soube de nossa nova tarefa: ser babá do Grope.

—Vocês sabem que Hagrid tem que parar com isso, né? Teve o dragão Noberto, Aragogue, Bicuço e agora um gigante!

—É diferente, Rony. - comentei - Grope é a família dele… Ele não poderia simplesmente abandoná-lo.

— Mas não poderia deixar ele em outro lugar?

—Bem, Hogwarts era um lugar seguro antes de certas mudanças nas diretrizes educacionais…

Olhamos para a parede e lá estavam as várias leis criadas para dar poder à Dolores.

Pelos menos os treinos da Armada de Dumbledore seguiam bem. 

Até que…

***

Em um determinado encontro da Armada, ouvimos um barulho de aparatação e Dobby apareceu avisando Harry.

—Senhor Harry Potter, a senhora Dolores Umbrigde se aproxima.

Harry tentou agir o mais rápido que pôde. Os alunos saíram correndo da sala, mas a parede foi quebrada por Dolores e com ela haviam os alunos da Brigada Inquisitorial (basicamente Draco e seus bajuladores). 

Além deles, havia outra aluna com os dizeres “Dedo Duro” em sua testa. 

Cho Chang havia denunciado a Armada de Dumbledore.