Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 19
The Only Exception


Notas iniciais do capítulo

Lembra no capítulo 9, que eu disse que começava uma crise de maus bocados da fic? Bom, esse (até que enfim) é o último episódio dessa série.
Caaaaaaalma, entendam direito: a fic tem mais uns 20 capítulos pela frente, o que acabou foi a parte mal escrita!

Entendam o auge da crise de uma autora em desespero por causa de bloqueios constantes e a neurose com capítulos grandes que o Bernardo pos na minha cabeça. Por causa disso, acabei fazendo um mix épico-músico-cultural (?) (do qual eu só me absolvo por isso por ser uma característica própria da ficção ;z). A partir do próximo capítulo, a fic volta a ser decente.

*vergonha ;z*



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Eu tenho um forte controle sobre a realidade, mas não posso

Deixar o que está aqui diante de mim

Eu sei que você vai embora

De manhã, quando acordar

Me deixe com alguma prova de que isso não é um sonho

The Only Exception - Paramore

*-*-*-*-*

     Fiquei curioso a respeito do que ela tava aprontando. Mas vou ter que esperar... Fazer o quê.

     O dia em que a Mari faz aniversário também é o dia em que a conhecemos. E o que ela tomou a minha frente na aula do Sean Backer e que desde o começo chacoalhou a minha vida. E agora aqui estou eu, (ainda) apaixonado. Às vezes eu me sinto idiota simplesmente por pensar isso. Mas por que raios eu tenho tanto medo de contar-lhe isso?

     Enfim, em 11 de agosto, compramos um bolo e cantamos parabéns em alemão. Isso soa meio óbvio, mas Mari deve estar acostumada com a versão brasileira da musiquinha.

     Logo na semana seguinte voltaram as aulas. Oitava série, que feliz. Chegamos os três na escola e fomos olhar a lista de classes. Inútil dizer que eu dei um chilique ao saber que Tom e eu fomos separados. Nas nossas folhas de horários, as únicas coincidentes eram as aulas de Artes. E pra completar, qual era minha primeira aula? Educação Física! Menos mal que os horários da Maria são quase iguais aos meus; diferindo apenas pelas aulas de Francês, que ela teria junto com o Tom; e as de inglês, que são invertidas com as minhas.

     Ok, este não será um ano muito agradável. Desgraça! Pelo menos não vamos ter que aguentar o Backer, mas digo isso por mim e pela Mari, porque o Tom, bem, infelizmente não teve a mesma sorte.

     Mas que merda, que merda, que merda; era a única coisa na qual eu consegui pensar durante a semana. Apesar de a Mari estar do meu lado, sentado na carteira de trás, eu pensava no Tom sozinho e quase começava a entrar em desespero. Isso não é bom, isso não é nada bom, isso não é nada bom mesmo... Achei que fosse delirar. E passei a semana nesse auto-massacre.

     Finalmente chegou a sexta-feira, e minha cabeça se ocupou com outra coisa: a festa de logo mais à noite e o que a Maria ia cantar.

     Então, à noite, saímos de casa, encontramos a Mari no lugar de sempre e seguimos em silêncio. Ao chegarmos na escola, Tom foi logo atrás de sua diversão fominha e me deixou a sós com a nossa amiga. Sentamos num banco, sem assunto e sem ideia do que fazer.

     - A gente vai fazer o quê agora, Bill? Você disse que ia inventar alguma coisa pra não passarmos a noite tomando chá de banco!

     - Deixa eu ver; podemos comer os doces e salgadinhos até não aguentar mais, encher a pança de refrigerante e dormir com gases ou ir pra pista dançar. Você que sabe!

     - Preferiria a terceira opção se eu soubesse dançar. Mas eu não si.

     - Nem eu! Mas eu acho que não somos os únicos, então não faz mal pagar um miquinho.

     - Ai, Bill! Que fiasco!

     - Fiasco nada, deixa de frescura, vem! – eu levantei e a puxei pela mão, mas ela segurava no banco com a outra e forçava o corpo pra baixo se recusando a levantar – Levanta! Vem! – continuei insistindo.

     - Não! – a cena era cômica e nós dois ríamos.

     - Para de se puxar!

     - Para de ME puxar!

     - Se eu te soltar você vai bater a cabeça na parede!

     - Se você continuar me puxando, se eu me solto ou resolvo levantar eu caio em cima de você!

     - Tá, parei. Mas para de graça, agora quem não quer tomar chá de banco sou eu.

     - Tá, eu arrego, um a zero para o senhor! ‘Bora.

     No momento em que ela se levantou, começou a tocar uma música lenta, que ela disse que gostava.

     - Já tô em pé, o que a gente faz agora?

     Boa pergunta. Olhei para os lados procurando uma ideia. Hesitei um pouco no que ia fazer, mas acabei por enlaçar os braços ao redor de sua cintura, como se fosse dar um abraço, e Mari fez o mesmo, só que com as mãos no meu pescoço. Sorri. Começamos a dar passinho pra cá, passinho pra lá; meio descoordenados no começo. Prestei atenção nela. Usava um vestido nem muito curto nem comprido, nem muito justo nem largo, cor cinza grafite, que a deixava bonita. E como estava ventando um pouco forte, trazia também a jaqueta que eu lhe dera de aniversário no Natal, uma peça jeans num tom bem escuro.

     - ‘Cê tá linda. – falei de repente.

     - Obrigada... Você não tá muito atrás. Você já é bonito por natureza.

     - Pois é, né... – eu ri.

     - E modesto, como sempre.

     A música acabou e nos sentamos no banco de novo. Um minuto depois chamaram-na para que fosse fazer a sua apresentação. Dei-lhe um beijo no rosto desejando-lhe boa sorte. Quando Mari subiu no palco, Tom apareceu sentado do meu lado. Onde estávamos, tínhamos uma boa vista do palco.

     Depois de agradecer a quem lhe tinha ajudado (nós), disse que ao contrário do que a maioria estava pensando, ela não faria uma demonstração de cultura brasileira; apenas cantaria uma música, atual e em inglês. The Only Exception, do Paramore.

     Eu conhecia a música, mas nunca tinha parado pra prestar atenção na letra – que aliás, Mari cantou olhando pra mim; e percebi que seus olhos se encheram de lágrimas no fim. Por quê? Eu queria saber, e minha curiosidade foi sanada quando ela desceu do palco e voltou para onde eu estava e me disse:

     - Quer dançar de novo? Entre aspas.

     - Vou te mostrar como é que se faz – levantei-me dizendo – Me concede a honra desta dança?

     - Claro! – ela respondeu rindo, mas ficou séria para perguntar: - Sabe essa música que eu cantei?

     - Ham.

     - Ela conta exatamente um pouco de mim. Minha história, meus sentimentos e minha situação.

     - Por isso que você tava lacrimejando no final?

     - É, mais ou menos. Mas meio que não me abala mais.

     - O Tom me falou esses dias que você andava triste... Não é o que tá parecendo.

     - E eu tava. Tive uma crise.

     - O que aconteceu?

     - Carência. Desânimo. Cheguei a achar que o amor não tem nenhum sentido. Isso soa patético, eu sei. Perguntava a mim mesma, com a história que eu tenho, que sentido tem o amor na minha vida? Aí o Tom falou comigo e disse que eu é que tava pondo minhoca na minha própria cabeça.

     - E o que você concluiu?

     - Que a vida é um mar de rosas.

     - Como?!

     - Raciocina comigo: a superfície são as pétalas macias e lindas. Não satisfeitos em olhar, a gente pula dentro e encontra os espinhos embaixo. E meio que eu vivia afogada nos espinhos, mas descobri que eu não preciso me martirizar. Afinal, eu posso boiar na superfície, nas pétalas!

     - Que legal. Faz sentido sua filosofia. Mas e quanto a... ao que você passou? Creio que não dá pra esquecer esses baques da noite pro dia... Eu sei bem como é isso.

     - Esquecer eu não esqueço, né. Mas eu desvio a cabeça.

     - Então você descobriu o sentido que tem o amor na sua vida.

     - De certa forma. Seria cuidar e ajudar as pessoas de quem a gente gosta. E receber isso de volta.

     - Isso soa filosofia do Tom.

     - E é. Foi ele quem me disse isso.

     - Quer saber a definição que eu dou pra isso? É o que o Tom disse, mas é também agradecer essas pessoas pelo simples fato de estarem nas nossas vidas.

     - Suponho que ao dizer isso você pensa na sua família, na banda e nos amigos.

     - E em você.

     - Em mim?

     - Obrigado por fazer parte da minha vida, Mari.

     - Bill...

     - Você é muito mais do que simplesmente uma amiga.

     - Então obrigada por estar na minha vida. Você encabeça a pequena lista que eu “montei” com a grade de pessoas que dão sentido à minha vida. Ainda que eu custe a crer nisso.

     - Quer dizer que ainda não acredita?

     - Eu estou no meu caminho pra acreditar.

     O assunto acabou junto com a música; que ela disse que também gostava. Ficamos algum tempo em silêncio, com o mesmo movimento de “passinho pra cá, passinho pra lá”. Se alguém prestasse atenção, veria uma cena bem cômica.

     De repente aquela iluminação colorida e psicodélica começou a me irritar. Disse a Mari que queria ir para um lugar mais claro.

     - Vou contigo – ela disse.

     O único reduto decentemente claro do lugar era a região perto dos bebedouros e banheiros. Me contentei, né. Tirei o celular do bolso a fim de ver as horas.

     - Me empresta o teu celular – Mari pediu.

     - Pra quê quer ele? – perguntei enquanto lhe entregava o aparelho.

     Ela não respondeu. Mexeu aqui e ali, acessou a câmera e tirou outra foto com pose engraçada.

     - Por que você tira tanta foto com o meu celular?

     - Porque o meu não tem graça. E que eu me lembre, é só a segunda ou terceira vez que eu faço isso.

     “Não que eu me importe”, pensei. “Mas às vezes eu acho que você faz isso pra me provocar.”

     - Mas se você faz muita questão de que eu tire foto com o meu – ela disse mexendo no próprio telefone -, vem aqui. – Ela me abraçou e apontou a lente da câmera para os nossos rostos. Esbocei um sorriso leve e ouvi o barulhinho de foto sendo tirada; na verdade, um barulhinho engraçadinho de “boing” – Pronto, uma foto.

     - Amanhã ou depois você apaga. – falei ao olhar para a foto.

     - Por que eu apagaria? Ficou legal.

     Dei de ombros.

     - Com isso você quer dizer que apaga as fotos que eu tiro com o teu celular depois de um dia ou dois?

     - Não... A primeira que você tirou está aqui ainda. Às vezes eu fico olhando pra cara engraçada que você faz pra espantar o stress. Me rende boas risadas.

     - Então eu vou começar a tirar fotos da sua cara engraçada pra rir depois também. Será que o seu método funciona comigo?

     - Minha cara não é engraçada.

     - É sim. Ainda mais quando você começa a fazer caretas.

     - Caretas!?

     - É sim! Como essa que você tá fazendo agora! Vou começar a minha coleção! – ela sacou o celular do bolso do casaco e rapidamente tirou uma foto. – Tsc ah, não deu certo! Mas não faz mal, você saiu fazendo careta do mesmo jeito! Haha!

     - Argh! Me deixa ver isso – falei pegando o celular da mão dela – Você não vai deixar isso aqui, né? Faça o favor!

     - Claro que não, seu trouxa, eu tava brincando!... Pode apagar.

     - Ah, tá.

     - tá melhor?

     - Hein? Aham... um pouco.

     - Não quer ir embora?

     - Não se preocupa comigo, Mari. Se você quiser ficar mais um pouco...

     - Na verdade eu já estou com um pouco de sono... – ela disse enquanto soltava um bocejo – Não sou acostumada a ir para a cama muito tarde.

     - Vamos atrás do Tom, então.

     - E, Bill, eu não vou apagar a foto. Com ela aqui eu vou poder olhar pra você sempre que me der vontade.

     Dei um sorriso singelo.

     - Bill... eu adoro você.

     Abri o maior sorriso do mundo e respondi:

     - É recíproco.


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Notas finais do capítulo

Detalhe implícito da fic: Tom falou pro Bill o que podia falar (da história da família dela)
Detalhe acrescentado por mim: oi, eu já conhecia The Only Exception antes de saber que a música seria single (e que teria um clipe tão cute). Confesso que a música me ajudou com a história dramática da Mari - eu já tinha pensado em como seria bem antes, mas eu preciso de um help de fora pra esse tipo de coisa... rs.
Well, agora acabou a minha crise e os próximos capítulos serão decentes.
Reviews? Cara.. sou preterida. Sério. D:



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