Unique Love escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 2
Capítulo 2




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Voltei pra casa arrasado depois de me despedir dos meus ex-sogros, joguei o buquê de flores que tinha comprado em um lixo alguns quarteirões depois e abri a porta de casa entrando bem depressa, meu pai estava na sala, assistindo futebol com Lucas.

— E aí filhão? Chegou bem na hora do jogo! - disse ele.

— Junte-se à nós cara! - animou-se Lucas, mas ignorei.

Andei até meu quarto e deitei na cama, estava bastante triste, não tinha forças pra mais nada. Estava difícil de engolir aquela história. Será que meus familiares sabiam e não quiseram me contar pra que eu não ficasse triste e arrasado ou eles não sabiam de nada? Quando me senti mais disposto para levantar, algumas horas depois, minha mãe bateu na porta.

— Filho, posso entrar? - perguntou ela.

— Pode mãe. - respondi. Deve!

Assim, ela abriu a porta e me olhou preocupada.

— Você estava chorando filho? O que houve? - perguntou.

Respirei fundo antes de olhar pra ela.

— Mãe, cheguei lá na casa da Marina… e os pais dela disseram que ela não estava mais lá. Que ela simplesmente foi morar com outro cara! E ela nem sequer me avisou nada, só parou de falar comigo enquanto eu estava lá nos Estados Unidos.  - falei e vi ela ficar perplexa. - Você sabia disso?

— Não filho, nunca soube, mas eu estava estranhando bastante ela nunca mais ter dado notícias, não mandou mensagens, nem nas redes sociais. - explicou ela.

— Mas por quê nem os pais dela falaram nada?

 

— Não sei meu amor, talvez eles tenham ficado com medo da nossa reação ou achado que ela falou isso com você.

 

— É, deve ter sido, mas ela não falou nada.

 

— Sinto muito filho, sei que ama ela… Vem, tome um banho e desça que o jantar vai ser servido.

Assenti e levantei indo para o banheiro, precisava mesmo de um banho relaxante, quem sabe assim eu esqueceria tudo o que aconteceu. Em dez minutos lá estavam todos nós reunidos na mesa da cozinha, jantando.

— Agora sim o jantar está legal, o seu lugar vazio na mesa deixava tudo tão chato na cozinha. - falou Júlia.

— Claro, porque você não conseguia pegar os aperitivos dele. - zombou Lucas, rindo.

— Eu não pegava nada, eu pedia e ele me dava, é diferente! 

— Tudo bem crianças, já entendemos. - interrompeu minha mãe - Realmente fez falta, mas agora ele está aqui de novo.

— Quando vai abrir a agência Artur? - perguntou meu pai.

— Amanhã mesmo vou procurar algum lugar disponível, quando encontrar eu abro. - respondi comendo.

— Se quiser minha ajuda em algo, pode me falar. 

— Falo sim.

Depois de um tempo, o jantar acabou e eu estava no meu quarto novamente, lendo um livro que tinha comprado no aeroporto, quando ouvi meu celular tocando.

— Alô. - eu disse.

— Ô amigo, esqueceu da festa? - disse João, do outro lado da linha.

— Esqueci não, você que bolou a festa sem me dizer a hora que ia começar! - retruquei.

 

Pois já tá rolando, quer dizer, ainda não, mas os convidados já tão a caminho. Você vem ou não vem?

— Tá bom, já estou indo.

Desliguei e levantei me trocando, colocando uma camisa branca dos Star Wars, camisa xadrez vermelha, jeans e meu tênis, não estava animado para aquela festa então pus o visual mais "qualquer um" que eu encontrei, mas como eu não podia chegar lá com cara de tacho, como quem não liga para festas e decepcionar meu melhor amigo, lavei o rosto pra dar uma animada na expressão e saí do banheiro.

Ao chegar na sala, ouvi minha mãe.

— Vai sair de novo filho? - perguntou ela.

— É... o João quis fazer uma festa de boas vindas pra mim na casa dele, eu vou ter que ir, senão... - suspirei.

— Vai te perturbar a noite toda. Eu sei filho, pode ir lá, mas não volte muito tarde, você está cansado de uma longa viagem. - riu ela.

— Não exagera... - ri fraco abrindo a porta.

Ao entrar no carro, não precisei de GPS para chegar ao endereço, eu já conhecia aquela casa que o João morava com a Miriam, já tinha ido lá umas duas vezes antes de viajar pro exterior. E levei no máximo, quinze minutos pra chegar lá, pois fui com calma. Quando desci do mesmo, me identifiquei pro porteiro e ele me liberou. Peguei o elevador e olhei no espelho dele, até que minha aparência estava bem apresentável, eu não aparentava estar abatido ou abalado, mas claro, dava pra ver o cansaço, mas mesmo assim eles entenderiam.

Enquanto o elevador subia, as lembranças das palavras dos pais de Marina enquanto conversavam comigo voltaram à minha mente, como um filme, ainda não havia ingerido aquilo, torcia pra que fosse tudo um mal-entendido e que ela ainda estivesse lá. Apesar que seria um pouco improvável, porque ela realmente sumiu de tudo, até das redes sociais, então tinha mesmo algum caroço naquele angu.

Estava tão concentrado em minhas lembranças que não ouvi a porta do elevador abrindo e levei um baita susto quando um barulho enorme começou. Me virei e lá estavam João, Miriam, André, Bruno, todo mundo da nossa turma no Ensino Médio estava lá. Abri um leve sorriso ao ver todos eles, fui dando um abraço em cada um. 

— E aí, como vai o bebê? - perguntei à João e Miriam.

— Está bem, lá na casa da mãe da Miriam, depois passa lá para ver ele. - respondeu Miriam.

— É, mas depois... Hoje estou cansado da viagem. 

— Até porque agora é hora de festejar a volta do meu amigo! - riu João, me puxando para o meio da galera.

Todos me cumprimentavam sorrindo enquanto a música começava a tocar, sentei-me em uma mesa com João, André e Bruno pois não tava a fim de dançar.

— E aí? Como é lá nos Estados Unidos? - perguntou André.

— Não viu os meus stories? Postei várias coisas legais. - respondi tentando não parecer muito grosseiro.

— Sim, mas eu aposto que tem muito mais coisas que você não mostrou, dentro de Yale por exemplo. 

— Exatamente, faltou mostrar a faculdade, outros pontos turísticos... - disse Bruno.

— É porque eu quase não saí de casa. 

— Tava estudando né? Ô moleque empenhado. - sorriu João.

— E nós também, só ele foi o sortudo que ganhou bolsa pro exterior. - falou André fingindo estar bravo.

— Não importa o lugar, o que importam são os estudos... Mas tudo bem, tem um shopping bem legal lá, alguns parques bonitos, não tanto quanto o Central Park, mas eram bonitos. 

Quando terminei de contar, terminou também o guaraná que eu estava bebendo, então levantei para pegar mais. E quando enchi meu copo, senti uma mão me tocar.

— Oi Artur. - era Miriam.

— Oi Miriam, que festança. - ri.

— Pois é, o João não muda... Bem, eu acho que... você deve tá abalado pelo que aconteceu com a Marina, então trouxe ela aqui pra vocês conversarem. - ela disse, apontando com a cabeça para alguns metros atrás, onde deu pra ver Marina com um cara alto, de cabelo liso com um topete, cara de mauricinho mesmo, ao lado dela.

Aquilo foi como um soco no estômago, a última coisa que eu queria naquele momento era ficar perto da Marina e a Miriam traz ela para a festa que o João fez para mim? Mas que cara de pau! 

— Miriam, eu não sei se estou pronto pra falar com ela agora... Descobri isso há poucas horas, meu coração ainda dói, o cérebro ainda tá tentando raciocinar isso! - protestei.

— Eu sei o que está sentindo Artur. Nós já namoramos e eu conheço você muito bem. Mas olha, quando fiquei sabendo do que aconteceu, liguei para a Marina e ela me contou tudo. E acredite, realmente ela teve um motivo. Escute ela, deixa ela explicar o porquê fez isso. Pela consideração que você tem por ela. 

Ouvir aquilo dela me deixou mais frustrado ainda, mas eu reconhecia que ela tinha razão, eu não podia deixar as coisas assim, fugir da minha realidade, eu precisava encarar as coisas como um homem. E para isso, precisava saber a verdade. 

Suspirei e assenti.

— Está bem, eu vou conversar com ela. - respondi.

— Ótimo, vai lá para a varanda que os meninos vão distrair o Roger. - pediu ela.

Assenti e fui pra varanda da casa, onde o som ficava mais baixo, me apoiei na grade com meu copo e fiquei olhando a cidade, esperando ela chegar.


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Notas finais do capítulo

Coitado do Artur né gente? Até mais!