Dias depois, no corredor Guilherme nimbava de forma totalmente irônica sobre aquilo ter sido uma coincidência estranha para virarmos amigos. Em certo ponto da conversa, falamos sobre medos.

— Eu não gosto da porta vermelha. – Guilherme confessou.

— Já esteve lá?

Ele ponderou por um minuto.

— É estranho. Eu não consigo me lembrar. – respondeu.

— Podíamos ir lá. – sugeri.

— Você gosta de invadir apartamentos alheios. – observou.

Vindo pelas escadas de maneira sútil, um gato alaranjado de aparência idosa passou por minhas pernas cautelosamente.

— Mais gatos? – me encolhi e abafei um pequeno grito.

— É fêmea. – Guilherme disse sem ânimo. – E não é desse prédio.