“Chegamos!” Eu ouvi na distância. Não me lembro bem quem disse isso, pois estava sonolenta. Simplesmente levantei do banco do carro e saí dele. Meus ombros doíam, por ter ficado muito tempo dormindo sentada.

Eu estava em casa de novo, um tanto bêbada. Mas sóbria o suficiente pra lembrar tudo que tinha acontecido. Era aniversário da Amber, e agente tinha saído pra comemorar. Quando eu digo agente, eu me refiro a muita gente. Eu, Amber, Luna, Victoria, Sulli, Jessica, Sunny, Yoona, Seohyun, Sooyoung, Hyoyeon, Yuri, Donghae, Reyowook, Siwon, Sungmin, Kyuhyun, Eunhyuk, Eeteuk e Heechul.  O grupo gigante não estava completo, eu sei. As outras pessoas tinham coisas importantes para fazer, e infelizmente faltaram.

Quase todo mundo bebeu bastante, principalmente a Jessica. Foi a primeira vez que eu a vi naquele estado. Tentei ignorar as coisas que ela tinha feito. Ela empurrou o Heechul encima da mesa e dançou encima dele. Depois ela beijou a Yuri, que não gostou da situação. Pra mim tudo bem, eu até ria, mas no fundo achava exagero da parte dela. Mas a coisa mudou quando ela decidiu mexer no que era meu.  Eu e o Siwon estávamos namorando há quase oito meses. Eu sei que ele é um pouco mais velho que eu, mas quem sem importa? Amor não tem idade!

A Jessica decidiu que deveria dar em cima do Siwon. Ele sempre foi fraco pra esse tipo de coisa, ainda mais quando estava bêbado. Por isso eu devia tomar cuidado com ele. Se alguma garota se insinuasse pra ele, ele logo cai na armadilha. Mas felizmente, isso não aconteceu comigo antes da Jessica. Só sei que com as outras namoradas dele a história foi diferente: ele traiu quase todas. Mas algo me dizia, naquela época, que ele não seria capaz de fazer isso comigo. Eu era tola.

Jessica simplesmente colocou sua mão no pescoço do Siwon e o puxou para si. Seus lábios encostaram-se aos dele. Senti uma espécie de ódio crescendo dentro de mim. Pra mim não faria a menos diferença ela ter feito aquilo, se não fosse pelo fato de que Siwon não recuou.

Ao perceber meu olhar para a cena, Luna separou os dois com as mãos.

 “Está bom! É hora de você ir pra casa, Jessica...” Disse ela com calma.

Depois disso nada mais foi dito, a não ser despedidas alegres por parte de todos. Mas eu me recusei a ficar ali. Fui correndo pro carro, com lágrimas nascendo dos meus olhos. Ódio correndo pelas minhas veias. E meu coração batendo como uma bomba.

Sentei no carro, e encostei a cabeça na janela. Usei meu casaco para enxugar os olhos, pois não queria que ninguém percebesse que eu havia chorado.  Meus olhos estavam pesados e eu estava com sono. Fechei os olhos, tentando me acalmar e não me lembro mais de nada. Só me lembro de ter chegado em casa.

***

“Sei que você não está bem. O que houve?” Disse Luna. Podia notar na voz dela o ar de preocupação. Luna conseguia decifrar a mente de qualquer pessoa, principalmente a minha. Sempre fui previsível.

Eu estava sentada na minha cama, com um livro apoiado no peito e o abajur ligado. Sempre fazia isso quando estava triste. As garotas sabiam que não deveriam me incomodar caso eu estivesse assim. Mas Luna sabia muito bem o motivo pra minha tristeza. E ela não ligava se eu fosse grossa com ela. Ela sempre gostou de resolver e compartilhar problemas das outras pessoas.

“Não foi nada.” Menti.

“Eu sei que algo está acontecendo. E sei bem o que é. Mas quero ouvir de você!” Disse Luna, como se quisesse me persuadir a contar o que se passava na minha cabeça.

“Não quero falar sobre isso. Não agora.” Disse eu, me deitando e virando de costas para ela. Luna deu a volta e se sentou no chão, de frente para mim. Levantou uma sobrancelha, como se pedisse para que eu começasse a falar. “Sério, não quero conversar.” Disse eu, fechando os olhos e colocando o travesseiro no rosto. Luna fez um barulho na boca, indicando que havia desistido de falar comigo e bateu a porta.

 Passei boa parte da noite deitada, olhando para o relógio que ficava do lado da minha cama. Lembro-me que a ultima coisa que vi foi o relógio indicando que eram cinco da manhã. Já era sábado e eu não tinha hora pra acordar. Ainda bem.