Am I Evil? escrita por BobV


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Am I evil? Yes, I am
Am I evil? I am man, yes I am
— Diamond Head
Uma narrativa sobre a historia o personagem Gin Ichimaru.



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Ichimaru Gin nunca se considerou uma boa pessoa. Ele não fazia questão de esconder isso de ninguém. Não sentia pesar algum quando cometia algum crime como homicídio ou roubo. Se o mundo e a vida na rukongai não era justo, por qual razão ele deveria ser? Exatamente. Ele não tinha motivo para tal. E pra falar a verdade, embora tirasse vidas por questão de sobrevivência, dependendo de quem fosse, sentia até certo prazer ao dar um fim em sua existência.

Mesmo para alguém como ele que julgava a vida como algo supervalorizado, existia um tipo de pessoa em que ele desprezava com todas as suas forças. Esse eram aqueles que se fingiam de bons samaritanos, quando na verdade eram tão podres como ele por dentro. Gin nutria um ódio profundo por esse tipo de covarde. Assim como nunca se deve confiar numa cobra, achava que um assassino nunca deveria esconder sua identidade.

Esse tipo de gente, segundo ele, merecia a morte mais dolorosa possível.

Foi com essa crença que o plano começou a se formar em sua cabeça.

A primeira vez que os viu foi quando colhia alguns caquis secos, sua comida favorita, pelas áreas rurais da rukongai. Eles saíram do meio dos arbustos, carregando algo nas mãos, sorrindo como se tivessem achado um tesouro perdido. Tão confiantes e, talvez embasbacado pelo achado, um trio de shinigamis foi embora sem sequer notar sua presença. Curioso, Gin seguiu o caminho pelo qual eles vieram e, ao chegar, ficou surpreso com o que encontrou.

Suja, ferida e vestindo trapos, encontrou uma pessoa caída no chão. Uma menina loira, possivelmente da mesma idade que ele. Era visível o quão exausta estava. As pálpebras queriam cobrir os olhos e  consciência ir embora, mas a garota resistia. Com certeza ela possuía alguma reiryoku.

Normalmente, a ignoraria. Não era do tipo de ajudar as pessoas, especialmente se não tivessem nada a oferecer. Ele fazia o estilo do lobo solitário. Ou melhor, da cobra solitária, como preferia. Aquela olhos azuis cinzentos marejados, no entanto, eram diferente. Ela não parecia estar implorando por ajuda ou algo do tipo. A garota estava lutando para manter-se consciente, apesar da situação desfavorável. A loira era dura na queda, ele constatou sem um pingo de dúvida.

Antes que percebesse, havia caminhado em direção a menina e a ajudado a se levantar

— Se você está fraca desse jeito, significa que deve ter alguma reiryoku. Coma alguns. - Ofereceu os caquis secos que acabará de colher. — Ele vai repor sua energias.

A garota não pensou duas vezes, até porque não tinha outra opção. Aceitou de bom grado a oferta e devorou a comida como se fosse o último banquete.

A partir daquele dia a garota, chamada Matsumoto Rangiku, passou a acompanhar o menino e os dois viveram juntos na rukongai.

Rangiku Matsumoto era uma garota energética, extrovertida e até certo ponto irritante, segundo Gin. Ainda assim gostava da companhia dela. A loira trouxe algo diferente, um sentimento diferente para a vida dele. Felicidade? Talvez fosse. Pelo menos ela compartilhava com ele o gosto por caquis secos.

Antes de conhece-la, não pensava em nada, não tinha qualquer perspectiva para o futuro, vivia um dia atrás do outro. Andava pelas ruas da rukongai, procurando algum passatempo, algo que animasse os longos e pacatos dias na periferia da Soul Society.

Com o aparecimento da amiga, que ele admitiu ser, as coisas mudaram. Começava a cogitar a fazer coisas diferentes do habitual, algo que talvez agradasse a amiga. Embora ainda continuasse sendo quem sempre foi, queria vê-la sorrindo.

— Quando é o seu aniversário? -  O rapaz perguntou de repente?

— Aniversário? - ficou surpresa com a pergunta. - Eu nunca pensei nisso. Pra falar a verdade, eu não lembro. Acho que por não ter família por aqui, acabei me desapegando dessa coisa de aniversario.

— É mesmo?

— Não há muito pra pessoas como nós da rukongai. Somos desprovidos de quase tudo. Não temos família e nossas vida por aqui não são das melhores. Não vejo motivo algum para comemorar aniversário.

— Então tudo o que você precisa é de alguém próximo e um motivo pra comemorar, certo?

— Bem, acho que sim.

— Vamos fazer o seguinte então: O seu aniversário a partir de agora vai ser no dia em que nós conhecemos. O que acha? - Indagou com um sorriso sincero.

Passada a surpresa inicial, a loira abriu um sorriso tão largo quanto o do amigo. Ela havia gostado e muito daquela ideia. De fato, aquela havia sido a melhor coisa que havia acontecido desde que passou a morar naquele local.

Os dias já não eram mais entediantes como antigamente. Mesmo sem muito para compartilhar, simplesmente ter a companhia um do outro já era o suficiente para lhes trazer um semblante de felicidade. Ambos tinham certo gosto em fazer algo para agradar um ao outro. Apesar de jovens e de se conhecerem a pouco tempo, a amizade deles era verdadeira. Separar os dois parecia ser uma tarefa impossível naquele momento.

Isto é, até Gin encontrá-los novamente.

Aconteceu durante um passeio solitário. Enquanto coletava alguns galhos para acender uma fogueira, ele os encontrou por acaso. Escondido atrás de arbustos, Gin viu os três homens vestidos de preto se ajoelhando. Três shinigamis que ele nunca esqueceu o rosto. Um deles levantou a mãos, como se estivesse fazendo uma oferenda.

— Infelizmente não encontramos aquela garota de antes. - Lamentou. - Ela tinha bastante reiryoku. Vamos continuar procurando e quando a acharmos, vamos prende-la para continuarmos extraindo sua energia espiritual até ela morrer.

Foi então que o garoto percebeu a presença de um quarto shinigami. Ele tinha um sorriso simpático e um olhar que procurava transmitir calma e sabedoria pra quem quer que o olhasse. O homem misterioso esticou a mão e pegou o que lhe foi oferecido, uma esfera brilhante de tons róseos e a colocou dentro de um vidro.

A esfera de energia sumiu, ao mesmo tempo em que o homem abriu um sorriso diferente, um que deixou até mesmo um assassino como Gin inquieto.

— Façam o que tiver que ser feito. - Disse ao virar as costas e ir embora.

Aquele homem era da pior espécie que existia. Qualquer pessoa que o olhasse, diria que ele era um santo incapaz até mesmo de matar uma formiga. Ele parecia ter uma habilidade quase hipnótica de enganar quem estivesse ao seu redor. Gin, não teve dúvida de qual vil aquele shinigami era.

A decisão mais importante de sua vida foi tomada naquele instante. Poderia levar dezenas, centenas de anos, mas iria fazê-lo. Rastejaria no chão como uma cobra, jogaria sua reputação e dignidade no lixo para alcançar seu objetivo.

Mas ele mataria aquele homem.

—-

— Eu vou me tornar um shinigami. - Anunciou de repente para amiga alguns dias depois.

Assassinar um shinigami e roubar sua shihakusho e asauchi foi mais fácil do que ele imaginou. Apesar do nome pomposo, a grande maioria dos shinigamis não era grande coisa. Mesmo sem qualquer tipo de treinamento, sabia controlar e, até certo ponto, como usar reiryoku melhor que os shinigamis que via rodando pela rukongai.

Sem dar muitas explicações, deixou a amiga para trás e rumou em direção a Seireitei.

Entrar na academia shinigami e se graduar foi uma tarefa fácil. Enquanto que uma pessoa normal precisaria passar por um curso de seis anos, Gin concluiu os estudos em apenas um. Matsumoto, teimosa como sempre, o seguiu e também fez o exame de admissão na academia shinigami na mesma época que ele. Porém, ela era apenas uma aluna normal e não conseguiu o acompanhar.

Foi nessa época que eles se afastaram. Ou Melhor, Gin se afastou da amiga.

Por ser considerado um gênio, foi questão de tempo até começar a chamar a atenção dos oficiais da Gotei.

Dizem que um doppelganger é capaz de reconhecer um semelhante seu imediatamente, independente da forma assumida e sem o uso de qualquer artimanha. Talvez o mesmo aconteça com assassinos. Eles devem sentir o cheiro de sangue impugnado em suas mãos a quilômetros de distância.

Quando lhe deram a opção para onde gostaria de ir, não titubeou ao escolher a quinta divisão, onde lhe foi dado o cargo de oficial. Uma vez em seu quartel, sabia que logo logo chamaria a atenção DELE.

Dito e feito e, assim como previra, o Tenente da divisão rapidamente se aproximou dele. Seu nome era Sousuke Aizen, justamente a pessoa que ele caçava.

Para mostrar suas habilidades para o tenente, Gin lutou e facilmente assassinou o terceiro oficial do quinto esquadrão. A partir dali a história dos dois começou, embora ninguém soubesse disso.

Gin notou com certo interesse a facilidade com que eles o aceitaram como oficial. Quer dizer, diferente de Aizen, nunca escondeu quem realmente era. A maioria das pessoas se sentia desconfortável perto dele. Uma vez ouviu pelos corredores alguém comentar que estar perto dele "Era como se um veneno paralisante estivesse sendo injetado na veia” e “Uma cobra estivesse se enrolando em seu pescoço."

Ele não pode ficar mais feliz quando ouviu aquilo. Esse figura medonha era exatamente o que ele havia se tornado. Uma cobra com pele fria, sem sentimentos, que rasteja pelos cantos a procura de presas saborosas.

E não foi difícil descobrir a razão pela qual alguém como ele permanecia integrado a soul society.

Como um grupo como a Gotei 13, regido por estritas questões morais, consegue manter intacta a frágil paz e o equilíbrio entre os três mundo sem parecer uma tirania?

A resposta era simples: A Soul Society precisava de pessoas como ele. Alguém que rastejasse pelo chão, alguém discreto e letal como uma cobra.

Enquanto eles mantinham a aparência de bons moços perante as casas nobres e o restante da soul society, gente como ele sujava as mãos para fazer os trabalhos que os defensores da justiça não podiam. Era hilário, ainda mais quando se levava em consideração que existiam pessoas como o Aizen fazendo parte da Soul Society.

Inclusive, mesmo sem o auxílio da Kyoka Suigetsu, manter aquela farsa foi algo fácil para o Aizen, especialmente com alguém como Gin por perto. Os dois eram quase que como antagonistas do outro. Um era um homem simpático, com princípios nobres e professor dedicado. Já o outro, tinha um ar de deboche em volta dele, seus comentários eram sempre sarcásticos e todos pareciam querer o manter mais longe possível.

Havia apenas uma homem que desconfia de Aizen. Ele era o capitão do quinto esquadrão Hirako Shinji. Felizmente, Aizen conseguiu o despachar com certa facilidade. Ele e um bando de outros shinigamis que serviram como cobaia para suas experiências macabras.

Aquele teatro se manteve por pouco mais de um século. Somente após a derrota de Kuchiki Byakuya nas mãos de Kurosaki Ichigo, quando este invadiu a seireitei para salvar a amiga Rukia, é que tudo foi revelado.

Depois de toda aquela confusão as coisas ficaram mais interessantes. Além dos Shinigamis, Aizen agora manipulava os arrancars do Hueco Mundo. Muitos não tinham nem motivação própria, apenas seguiam o shinigami traidor como se ele fosse uma espécie de deus. É bem possível que os Espadas pensaram que poderiam competir com a Soul Society por influência de Aizen. Gin, por outro lado, sabia que não eram páreos para os capitães. E ela estava certo. Todos os espadas, tantos os que lutaram no Hueco mundo quanto os da falsa cidade de Karakura, foram derrotados.

O que era mais assustador em relação a Souske Aizen não era seu poder descomunal. Em uma luta de um contra um, talvez existissem umas três ou quatro pessoas que poderiam bater de frente com ele. O que realmente causava temor era a astúcia de Aizen.

O desgraçado planejou tudo milimetricamente, cada passo, tanto de seus aliados como de seus inimigos. Foi por isso que Gin esperou tanto tempo agir. Um único passo em falso e seu plano estaria arruinado.

No final, nem mesmo os vaizards ou o comandante da Gotei conseguiram deter o homem que queria se tornar um deus. Tudo correu exatamente conforme Aizen havia planejado. Tudo. Até mesmo sua traição.

— Medo é necessário para a evolução. O medo de que eu pudesse ser morto a qualquer momento. Obrigado, Gin. Graças ao seu esforço eu me tornei uma existência superior aos shinigamis e hollows. - Zombou do moribundo que tentou assassina-lo.

Gin não queria ser celebrado como um herói, ou ser reconhecido como o salvador do mundo. Suas intenções ao atacar o ex-capitão não eram nobres, longe disso. Muitos o julgariam por todas as pessoas que ele assassinou com um sorriso no rosto. Minutos atrás havia partido ao meio uma vaizard e se divertido com o desespero de seus aliados ao ver seu corpo cair no chão. Também sentiu certo deleite ao ver o esforço fútil de todas aquelas pessoas tentando derrotar o ex-capitão, sabendo que só ele poderia realizar essa tarefa.

Estava ele arrependido de todo o sofrimento que causou? Nem um pouco.

Para falar a verdade. Não completamente porque existia uma pessoas que iria sofrer com a sua morte.

O que Gin realmente queria ao tentar matar o shinigamis traidor, era devolver algo que foi roubado de sua amiga séculos atrás.

Assim, ela nunca mais iria chorar.

Infelizmente, ele falhou. Duas vezes. A primeira por não ter conseguido matar o ex-capitão e a segunda por ter feito Matsumoto chorar, justamente o que ele havia prometido nunca mais deixar acontecer quando decidiu se tornar um shinigami.

Quando Rangiku os seguiu até a cidade de Karakura, ele tentou tira-la do campo de batalha para que, na pior das hipóteses, ela não o visse na situação deplorável que se encontrava naquele instante. Infelizmente, aquela mulher era teimosa demais. Ela conseguiu se recuperar dos efeitos do kidou que usou para deixa-la inconsciente, e foi ao seu encontro.

Mas dessa vez aquela teimosia valeu a pena. Gin agradeceu a quem quer que fosse o deus dos shinigamis por ter lhe dado uma última oportunidade de ver sua amiga de infância.

Era irônico. A primeira vez que os dois se encontraram, Rangiku estava caída no chão e ele apareceu para salva-la. A situação agora estava invertida. Ele é quem estava a beira da morte enquanto ela vinha ao seu amparo. No entanto, infelizmente, Rangiku não poderia devolver o favor de fez séculos atrás.

Muito poderia ter sido feito em todo esse tempo que se passou, desde sua a entrada na academia até sua promoção como capitão. Ele poderia te-la procurado para poder passar mais tempo em sua companhia, como quando eram crianças. Esses foram os melhores dias de sua vida.

Agora, naquele exato momento, quando tudo o que se via era o borrão dos cabelos loiros e sons distantes que lembravam uma voz que ele conhecia muito bem, só havia uma coisa para se fazer.

— Me desculpe, Rangiku.


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