— Shishou, eu posso explicar.

Sakura apressou-se em tomar a palavra, embora a garota não soubesse como explicar o inexplicável.

— Quem precisa me explicar é a senhora, Tsunade-sama. – Shizune estava tão alarmada que tinha perdido temporariamente a noção de perigo.

— Como pode ter feito algo assim? – Shizune estava tão chocada com a imagem mental dos velhinhos do conselho assassinados pelas mãozinhas potentes da Godaime que ela não conseguia nem parar para pensar o quão infundada era a ideia de Tsunade ter assassinado o conselho.

Tsunade chegou abrir a boca para defender-se mas Sakura resolveu reagir e trazer de volta as ideias de Shizune para o mundo real.

— Shizune-nee-san, minha mãe não matou ninguém do conselho... – Sakura disse um tanto aturdida, porque o modo como Shizune tinha falado parecia que ela estava acusando Tsunade-sama de ter matado o pessoal do conselho.

Sakura nem sabia como a sua senpai tinha chegado a essa catastrófica hipótese, mas ela antes tinha se referido ao fato como se a mãe de Sakura tivesse feito isso... O que deixou a aprendiz da Godaime totalmente confusa.

— Será que todos os apaixonados ficam assim? – Sakura se perguntou enquanto esperava as engrenagens da brilhante cabecinha de Shizune funcionarem.

Já Tsunade sentiu os joelhos falharem, por um momento achando que Sakura havia tido toda a verdade revelada, e ao contrário de seus temores a menina parecia ter reagido bem a novidade.

— Sakura... – Tsunade chamou pela rosada de um modo estranhamente terno. A jovenzinha encarou sua mestra, e se surpreendeu ao ver seus olhos sempre tão ríspidos, repletos de uma emoção bonita e assustadora.

— Fico feliz que você tenha entendido as coisas. – A Senju disse pegando as mãos da kunoichi, fazendo Sakura ficar vesga quando viu isso...

Estava começando a achar que ela ainda não tinha acordado, e que na verdade tudo que se passou até então naquele dia foi um sonho.

Mas, porque sua shishou estava segurando suas mãos daquele jeito ao invés do Lee... Er, quer dizer Sasuke-kun?

Sakura se perguntou antes de ser puxada para um abraço de urso por parte da Godaime, fazendo a companheira de time de Naruto quase preferir as pancadas dela durante os treinamentos.

— Não duvide que eu e seu pai fizemos tudo pelo seu bem. – A garota ficou com uma veia na testa, ficando irritada e confusa... Primeiro sua mãe era acusada de matar o conselho e agora seu pai era mencionado como tendo feito algo para o seu bem... Mas, ela não imaginava Tsunade e Kizashi se dando bem, nas duas únicas vezes que eles conviveram, ele quase teve o pescoço torcido pela Senju depois dele ficar fazendo piadinha “yuri” com ela, Shizune e até Sakura.

O queixo de Shizune caiu, e ela se deixou cair sentada, pois em sua mente Tsunade estava confessando tudo para Sakura antes de se entregar para as autoridades... E certamente ser condenada à morte.

Shizune caiu no choro, achando que tudo era sua culpa... Se ela não ficasse tanto tempo pensando em romance nada daquilo teria acontecido, já que ela continuaria sendo a vigilante de Tsunade-sama.

— Se eu não tivesse me apaixonado por Iruka-sensei, nada disso teria acontecido.

Shizune disse se debulhando em lágrimas, mas Sakura não conseguia consolá-la, porque estava quase sendo sufocada pelos peitos de Tsunade-sama... Já a Godaime estava fascinada por finalmente poder estar apertando sua garotinha, sem que isso parecesse estranho...

Sendo que na verdade estranhamento era o que mais a Haruno estava sentindo ali.

— Não seja dramática ele está bem, só está preso. – Tsunade disse olhando feio para Shizune, já que ela estava estragando o momento de revelação da verdade a Sakura que continuava ali se debatendo sem entender patavinas.

Definitivamente, ela estava tendo um sonho estranho, por sorte sonhos estranhos eram esquecidos logo o acordar.

— Porque Iruka-kun está preso. – Shizune enfim pareceu pensar em outra coisa que não fosse na situação jurídica de sua chefa.

— Hum. – Tsunade não queria ter aquela conversa com Shizune naquele momento, na verdade ela estava feliz que queria mandar para os ares toda aquela papelada e ir para algum lugar sossegado conversar com sua filha e fazer coisas de mãe e filha com ela...

Por outro lado, Shizune tinha sido sua fiel escudeira, ela tinha um dever moral de zelar pela felicidade de sua aluna mais velha, quase filha.

— Eu vou explicar. – Tsunade disse enfim sentando-se, só que não contente ela puxou a aturdida Haruno para seus braços com a intenção de fazer a jovem sentar-se em seu colo.

Sakura protestou, mas a Senju era mais forte e no fim ela teve que ceder, definitivamente não entendo mais nada.

“Será que sua shishou andou bebendo além da conta?”

...

Depois de deixar Iruka no cativeiro, Orochimaru saiu como se não tivesse feito nada.

Foi comprar um saquê caprichado, como brinde para adular Tsunade a lhe dar um pagamento digno de sua ilustre e exclusiva pessoa.

No meio do caminho, ele percebeu que alguém estava a espreita o seguindo. Mas, não deu importância, pois ele sabia que aquele ser estava um pouco obcecado demais em descobrir podres que não existiam...

Ele realmente estava se esforçando para ser um homem integro e honesto. Queria casar com Tsunade e recuperar sua família... Quem sabe até aumenta-la? Tsunade dizia que não dava tempo, mas ela era uma Senju com Uzumaki aquela vitalidade toda deveria servir para alguma coisa...

Por isso, sem nem se preocupar em interpelar seu “stalker” Orochimaru apenas seguiu com seus planos, louco para colocar as mãozinhas em Tsunade... E torcendo para que Shizune colocasse as mãos em Iruka de uma vez, assim era uma coisa a menos para ficar empatando os poucos momentos que ele conseguia a sós com sua “turrona”.

...

Iruka abriu os olhos um pouco confuso, tentando entender onde estava.

Mas, para seu pavor, ele não encontrou absolutamente nada que permitisse ele reconhecer o ambiente em que se encontrava.

Tentou levantar-se e a primeira coisa que descobriu é que estava com um grande galo na cabeça.

— Cacetada.

Ele murmurou achando-se muito azarado, pois ele era sempre tão bonzinho, mas coisas assim sempre acabavam acontecendo com sua ele...

Porque os bonzinhos sempre sofrem mais em qualquer história?

Iruka se perguntou um pouco choroso e queixoso, tentando usar suas parcas habilidades sensoriais para identificar o que estava em seus arredores.

Foi quando ele sentiu uma aproximação nada sutil, o que o obrigou a colocar-se em posição de batalha... Seu taijutsu não era grande, mas não se deixaria vencer sem lutar.

Afinal, até os fracotes podiam ter a vontade do fogo, não?

...

No escritório da Hokage, Tsunade, Shizune e Sakura pareciam estarem falando línguas totalmente diferentes.

— Fale-me Sakura como você descobriu? – A Senju perguntou corada, o que fez Sakura tocar o rosto da mulher só para ver se ela estava com febre.

Mas, a Senju fechou os olhos deliciando-se com o toque de sua garotinha. A última vez que sentiu sua mãozinha em seu rosto, foi quando ela era bebê.

— Acho que a culpa foi minha. – Shizune disse ainda envergonhada. Pois, para ela era evidente que faltava pouco para a testinha de Konoha, juntar as peças do quebra cabeça.

— Você está preocupada porque acha que os velhinhos do conselho estão mortos, mas eles estão bem. Minha mãe não os mataria. – Sakura coçou a bochecha, mas parou no meio do caminho quase tendo um estalo mental.

— Hum. – A garota gemeu tentando se livrar do colo de Tsunade sem conseguir, ela só rezava que nenhum conhecido aparecesse por ali e a visse naquela situação vergonhosa, principalmente Lee... Er, Sasuke-kun.

Mas, então oura ideia assombrosa brotou no fundo de sua mente.

— Claro que não. – Tsunade respondeu com convicção, embora ela começasse a ver além da cortina da emoção, e começasse a ver o primeiro fio do novelo de mal entendido que estava acontecendo bem ali.

— E sobre Iruka, eu só queria ajeitar as coisas... – Shizune só pode lamentar a falta de sorte de Iruka em ser testemunha ocular do crime de Tsunade, e de sua própria falta de sorte, já que ela deu com a língua nos dentes e a bomba só não tinha explodido porque a rosada ainda não tinha ligado os pontos...

— Tsunade-sama... – Até ela abrir a boca e lançar um olhar de duvida para a Godaime, mas antes que ela continuasse a dizer mais alguma coisa.

Orochimaru apareceu todo perfumado, vestido com um quimono elegante, estava com flores, chocolates e uma garrafa de saquê em mãos...

— Querida cheguei... o serviço está feito, quero meu pagamento. Kukuku.

Ele entrou cheio de amor para dar, mas teria que colocar sua mente brilhante a funcionar, pois aquele plano de Tsunade foi um fracasso... era hora de fazer outro plano, mas qual?