Puro igual Branco e Corrompido que nem Preto escrita por blacksnow


Capítulo 2
Capítulo 2




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Em uma cabana na parte mais profunda da floresta de macieiras, que ninguém conhecia ou iria, a filha do Deus e do Diabo daquele mundo cuidava de ninguém menos do que o filho do inimigo de seu mundo, uma coincidência estranha e amizade recém formada mais estranha ainda, já que todos os diabos e deuses de diferentes mundos sabiam do acidente que tinha acontecido no gray garden, de como um demônio do mundo de Siralos tinha invadido e tentado roubar o poder de outro diabo, mas que tinha sido derrotado inevitavelmente pelo Deus daquele mundo e também teve boa parte de seus poderes roubados por conta do Diabo, o que fez com que a relação entre os três fosse apenas ódio puro e rivalidade(por parte de Ivlis), ninguém conseguiria dizer que filhos de pessoas que se odeiam tanto podiam se dar tão bem, mas aqui estavam os dois, no meio de uma cabana na parte mais profunda de uma floresta onde a garota cuidava e examina o estado do garoto, com medo de ele poder não acordar ou ficar doente, qualquer um diria que é uma besteira, que a filha de um Deus cuidando do filho de um Diabo é impossível de diversas maneiras, mas se tinha algo em que o gray garden era bom, era quebrar todas as regras e senso comum de anjos e demônios.
—x-


Shilouette agora estava sentada de lado a cama onde o menino dormia, olhando para ele atentamente, ela não sabia se demônios poderosos podiam ficar doentes, mas não queria arriscar com o garoto, ele foi a coisa mais incomum que tinha acontecido com ela em todos esses anos de vida, ela podia ter arriscado e contado para seus pais sobre ele e eles iriam cuidar disso, mas algo nele fez ela hesitar e mudar de ideia, ela não sabia o que era mas devia ser o motivo dela estar nessa cabana agora cuidando dele, esperando ele acordar e ver o efeito que ela teve nele, ela nunca tinha usado seus poderes dessa forma e o melhor que ela poderia fazer era esperar pelo pior, ela sabia de tudo na teoria mas nunca fez na prática, ela não sabia que efeitos poderiam ter em um demônio, mas ele estava curado agora e era o que importava, ele também não parecia instável pelo modo de como dormia pacificamente, o cabelo preto bagunçado se espalhando pelo travesseiro, a pele branca dele brilhava com a luz do sol que vinha da janela, ele parecia com uma princesa dos contos de fada, que dormia eternamente por causa de uma rosa, esperando por um beijo de amor verdadeiro para acordar dessa maldição, ela riu com o pensamento, achando engraçado o fato de poder ser o dragão que guardava a princesa, se o príncipe não viesse ela ainda poderia cuidar dele por um tempo, ser a guardiã e protetora dele não seria tão ruim, ela pensa com diversão na hipótese de isso ser uma história de contos de fada, ela sai de seus pensamentos quando o menino se mexe, virando para o lado fazendo com que a coberta se mova e não cubra seu peito, ela sai da cadeira e pega o cobertor, tocando de leve no garoto, ela pegou o cobertor vermelho e puxou para cima cobrindo o garoto, ela então levantou a cabeça, olhando novamente para o garoto só para perceber que ele estava acordado, um par de olhos dourados olhando para ela preguiçosamente, percebendo a proximidade que seus rostos estavam, ela recua rapidamente envergonhada pelo fato de que ela estava observando ele dormir tão perto, mas ela tenta distrair ele desse fato, explicando sobre sua situação:


— Eu estava cuidando de você, quer dizer eu te achei e você estava ferido, então eu te curei e te trouxe para cá.


Ele vira na cama para o outro lado dessa vez para olhar para ela, ela desvia os olhos não querendo fazer contato visual com ele, ela olha para os seus chifres, seus olhos seguindo o formato deles e evitando olhar para seus olhos, ela não sabia como lidar com os estranhos de fora, ela estava acostumada com sua família e seu povo, mas perto dele ela ficava tímida, ela não sabia nada dele e muito menos como agir com ele, ele era um completo estranho e isso deixava ela meio nervosa, mais ainda quando ele só ficou olhando para ela sem falar nada, apenas observando ela.


Licorice estava confuso, a última coisa que ele lembrava era que tinha começado a lutar com o servo insolente de seu pai(Envi, esse era seu nome), até que isso ficou borrado e a memória do “depois" foi embora e ele acorda nessa cabana junto de uma garota desconhecida, que disse que tinha achado ele ferido e tinha curado ele, ele procurou algum sinal dela mentindo quando ela disse isso, sua mente dizendo para se transformar em sua forma adulta em algum sinal de perigo, mas não tinha achado nada de ameaçador nela e ela não estava mentindo, então ele pode relaxar e dessa vez observar ela melhor, o vestido cinza com detalhes pretos e sua capa branca o lembravam de sua irmã Poemi, ele também ficou curioso sobre os diamantes em sua cabeça, ela não parecia um anjo ou um demônio, então o que era? Talvez um fantasma ou youkai, ele já tinha visto alguns deles no mundo de Satanick, mas nenhum deles tinha diamantes em volta da cabeça, mas ele ignora isso, demônio ou não isso não importava, ela tinha salvado ele, mesmo que ele não se lembrasse do que tinha acontecido, ele deveria pelo menos agradecer ela:


— Obrigada, por ter cuidado de mim.


Ele fala, mas sua voz está rouca e grave ele fica confuso, era como se ele não tivesse tomado água por dias, ele coloca a mão na garganta, abrindo a boca e tentando falar de vez em quando, mas nada saia ele não conseguia falar, ele queria pedir água a garota, mas não conseguiu dar som ao seu pedido, ele olhou para a menina que dessa vez olhou para seus olhos séria, ela olhou para a garganta dele e como se por telepatia, ela soube o que ele queria e foi até a cozinha da cabana, ele ficou aliviado quando ela chegou com um copo de água alguns segundos depois, ele tirou o cobertor vermelho e se levantou, sentando na cama pegou o copo de água, ele bebeu ele tudo em um gole, quando sua sede foi embora e a garganta refrescada pela água gelada, ele conseguiu falar com a garota dessa vez, agradecendo mais uma vez:


— Obrigada, eu nem sabia que estava com tanta sede, meu nome é Licorice e o seu?


Ela respondeu com um sorriso, segurou uma parte do vestido e se curvou, fazendo uma reverência, ela olhou para seus olhos e ele percebeu que eles eram cinzas igual aço, o sorriso dela dava um ar sábio e travesso e fazia seus olhos brilharem com uma sabedoria escondida, ele ficou um pouco surpreso, ela estava nervosa e mal conseguia olhar para ele alguns segundos atrás, como estava tão confiante agora? Ele ficou mais curioso ainda sobre ela, ela então falou se apresentando:


— Meu nome é Silhouette, é um prazer conhecê-lo Licorice.


Ele saiu da cama e ficou em pé, ele estendeu a mão para ela, ela pegou a mão dele, e ele apertou enquanto sorria, não notando o leve rubor nela e como ela desviou o olhar dele:


— É um prazer conhece-la Silhouette, é a primeira vez que conheço outra garota da minha idade, adoraria ser seu amigo.


Silhouette cora mais uma vez, desviando o olhar do garoto e olhando para o chão, ela não estava acostumada a corar tanto, mas Licorice parecia ter um talento para fazer ela se envergonhar constantemente, ele também parecia bem, não tinha notado até agora que sua dor mental e física tinha sido desligada, seus poderes não tiveram um efeito negativo e isso era bom, ela suspirou de alívio com isso, ele também não pareceu perceber o fato de que esse mundo não era o dele, que era um forasteiro, ela teria que contar a ele em algum momento, mas:


— Uugww.


Ela ouve um barulho estranho vindo do menino, ele próprio parece surpreso com isso igual ela, a fome dele gritando através de sua barriga, ele apenas sorri timidamente com isso e olha para ela:


— Desculpa, mas eu poderia comer algo? Sinto como se não tivesse comido a dias.


Talvez ele realmente não tenha, ela pensa rapidamente e seus olhos mudam para um tom mais escuro de cinza, como se acompanhasse seus pensamentos conspiratórios, do jeito que ele estava quando ela encontrou ele alguém devia ter machucado ele por muito tempo, o jeito que a garganta dele estava rouca e a sede, sem dizer de sua repentina fome, ele pode ter sido mantido em cativeiro, mas ela não falaria isso em voz alta, iria dar a ele o que comer ao invés disso, seus olhos voltam ao normal, tudo acontecendo muito rápido, Licorice não viu o que aconteceu, ela sorri para ele:


— Tem torta de maçã aqui, eu fiz ela recentemente com um anjo, gostaria de um pedaço?


— Sim, por favor.


— Já está saindo.


Ela vai até a cozinha da cabana, pega a torta, pratos e talheres, quando ela volta a sala o Licorice estava sentado, esperando a refeição com as mãos na mesa, olhando para a cabana ao seu redor, uma cama estava do lado da janela, prateleiras cheias de livros ficavam mais ao fundo da sala, outras duas janelas ficavam no meio delas, mostrando a bela manhã na floresta de macieiras, a porta ficava alguns passos longe da mesa, a cozinha e a sala sendo os únicos cômodos da cabana, sua atenção volta para ela e a torta, seus olhos brilharam com a vontade de comer o doce, ela apenas riu baixinho com a infantilidade dele, cortou a torta com a faca e deu para ele e depois para ela, os dois comeram em silêncio, ela querendo achar algum momento para quebrar o silêncio, quando viu que ele tinha acabado de comer a torta, ela viu a chance perfeita:


— Quer mais um pedaço?


— Sim.


Ela deu para ele e continuou a falar, querendo saber mais sobre ele:


— Qual seu doce favorito?


Os olhos dele brilharam quando a comida foi mencionada, ela soube rapidamente que tinha acertado no assunto:


— Eu adoro pirulitos e balas, mas meu favorito é pirulito.


— Eu gosto muito de torta, mas meu favorito é bolo de chocolate.


— Você já provou torta de chocolate? Minha irmã adora comer esses.


Ela arregala seus olhos com a possibilidade de novos gostos se abrirem para ela, sua voz fica mais animada:


— Eu nunca comi um, onde se arranja um desses? Em uma loja? Ou em uma confeitaria? Não importa onde eu vou achar essa torta!


— Pelo que eu me lembro eles eram exclusivos do mundo das chamas.


Ela se levanta da cadeira ficando mais próxima do garoto, sua animação evidente pelo brilho no seu olhar, Licorice fica surpreso com o entusiasmos dela com chocolate, mas responde obediente:


— Você pode me levar para lá? Eu iria adorar ir lá para comer essa torta, não tem como eu perder a chance de comer um torta de chocolate.


— Se minha mãe deixar você poderia ir.


Quando ele fala de sua mãe ela perde seu entusiasmo seu brilho sumindo e ela volta a sentar na cadeira:


— Ah, a permissão dos meus pais.


Licorice fica confuso, ela estava tão animada antes, o que tinha acontecido?:


— Seus pais não deixariam?


Ela sorri para Licorice, seus olhos cinzas brilhando com tristeza, ele viu como ela parecia distraída, como se estivesse lembrando de algo, ela então olha para ele, observando cada parte dele, como se esperasse ele desaparecer em algum momento, depois de um tempo ela responde:


— Não é isso, aposto que eles deixariam, mas eu não conseguiria sair desse lugar para começar.


— Eu poderia te tirar daqui se quisesse, poderia nos teletransportar.


— Isso não é o problema, mas tá tudo bem deixa para lá.


Ela continua sorrindo enquanto come a torta, mas ele sabia dizer quando alguém mentia, anos morando com sua mãe e pai tinham ensinado ele algumas coisas, ele já tinha visto muitas vezes as pessoas mentindo com um sorriso fingindo, mas nunca um tão solitário quanto o de Silhouette.


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