O Segredo de Pendragon escrita por Dandy Brandão


Capítulo 13
Capítulo 12 - O caminho certo




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Capítulo 12 – O caminho certo

 

Manhã do 3º dia de Viagem, Reino de Corbeau, Região de Cohen

 

 

A senhora não poderia estar mais assustada. Depois que ela abriu as portas de sua casa, todos os outros, no pequeno vilarejo dos arrozais, começaram a aparecer um por um, nas janelas, portas e varandas. Os rostos assustados de adultos, idosos e crianças apontavam: Alguém estranho e agressivo tinha passado por aquele local. A franzina senhora encarou o duque ainda sem conseguir expressar muitas palavras, enquanto o nobre sisudo a perguntava:

— Como era esse homem e o que ele fez?

— Ele invadiu as nossas casas! — um homem avançou, segurando seu chapéu de palha, respondendo no lugar da senhora — era um maluco de capuz preto!

— Ele parecia procurar alguma coisa... — a senhorinha falou, ainda um pouco acanhada com a presença de todas aquelas pessoas.

Valkyon escutou a frase da mulher e seus olhos se arregalaram no mesmo instante. Sua expressão assumiu um tom sério em um instante. Ele se virou para as Valquírias, e de prontidão as moças se colocaram em plena atenção às suas ordens.

— Caméria e Elizabeth, vasculhem a área e tentem encontrar esse homem. — até mesmo o tom de voz calmo de Valkyon mudou para uma entonação mais autoritária — Malena, fique aqui conosco para garantirmos a proteção da vila.

As mulheres assentiram e seguiram a cumprir as suas ordens. Elizabeth e Caméria eram mais bélicas e exploradoras, enquanto Malena sempre preferia servir de suporte. Do seu exército, especialmente a ordem das Valquírias, Valkyon conhecia como suas próprias mãos. Também, fazia questão de colocar-se a disposição para a proteção: sempre teve em mente que nasceu para ser um guerreiro.

— Sig, vá com elas para orientá-las pela região. — completou Zayin e seu discípulo assentiu, partindo em direção à estrada que se encaminhava para a floresta.

 — Nenhum de vocês conseguiu ver o rosto dele? — perguntou Aisha, chegando mais perto do grupo.

As pessoas que já se amontoavam em frente à casa da senhora, se entreolharam como se procurassem a resposta. Até que o mesmo homem que respondeu

— Não, senhora, na verdade, o  rosto dele era... era borrado, né, minha filha? — ele olhou para uma menininha encolhida atrás dele. Os olhinhos pretos dela encaravam a todos com desconfiança, enquanto se agarrava à barra da camisa de seu pai. Ela balançou a cabeça olhando diretamente para Valkyon, sem pretensão alguma de falar alguma coisa.

— Ela viu o sujeito? Está bem? — Aisha colocou-se um pouco mais à frente, sem deixar de sentir-se angustiada pela criança.

— Ele se enfiou em nossa casa, minha senhora.  — o homem continuou a falar, apertando um pouco mais o seu chapéu de palha. — minha pequena já ‘tava acordada e soltou um grito da sala...

A menininha se encolheu atrás do pai quando ele começou o seu relato. O fazendeiro continuou:

— Quando cheguei lá, com uma arma na mão, né, só vi o rosto borrado e a peste fugindo. Mas eu vi e ela também. A sala ‘tá lá uma bagunça, sabe... Mas pelo menos a pequena ‘tá bem.

A princesa, a valquíria e o duque olharam diretamente para Valkyon, e ele não precisava pensar muito para adivinhar o que todos eles achavam daquilo.

— Ele não tem qualquer interesse em ser reconhecido. — Zayin disse, confirmando todos os pensamentos do jovem rei que respirou fundo antes de tomar uma decisão.

— Malena, fique aqui e guarde a vila. — a moça assentiu e colocou-se à disposição junto aos moradores da vila, que agradeceram, curvando-se muito para eles.

— O que pretende fazer? — Aisha adiantou a pergunta.

— Quero ir até a floresta também. Acho que já temos uma ideia do que ele está atrás. — os olhos de Valkyon estavam agora curvados, impositivos,  a expressão de um guerreiro atrás de seus objetivos.

— Então... Não pensa ser o Valarian? — ela continuou, cautelosa, poucas eram as vezes que viu o rapaz daquele jeito.

— Não posso ter certeza. Mas... — ele encarou a bolsinha aveludada perfeitamente alinhada no colo da moça e algo lhe dizia que toda aquela história tinha relação com o fragmento.

— Valkyon, não me diga que...

— Sim. Queria que você e o Zayin fossem comigo investigar. — o duque estava bem ao lado e assentiu.

— Ele ainda está por perto eu e Sig podemos sentir. Por isso eu o enviei com as meninas. Está claro que é um feiticeiro e sei que a senhorita Aisha também poderá sentir. — ele levantou as sobrancelhas e Aisha segurou-se para não revirar os olhos quando o homem sorriu de lado, como se a desafiasse.

Ela tratou de ignorar as investidas do duque e trouxe outro assunto à pauta:

— Mas eu achei que você veio até aqui investigar sobre o seu irmão. — ela segurou a pequena bolsa no seu cinto dourado, onde o colar de Pendragon e o fragmento descansavam, juntos. A moça tirou a bolsa do cinto e a abriu, tirando o colar de dentro.  O objeto de ouro reluziu sobre a luz tímida do sol. Os olhos de Aisha brilhavam com intensidade enquanto olhavam diretamente para Valkyon e ele não desviou, nem mudou de expressão.

Em verdade, o rei ofereceu a ela um olhar de quem sabia muito bem o que estava fazendo.

— Eu estou aqui para isso e eu sei que estamos no caminho certo.

Algo lhe dizia que aquele fragmento queria dizer alguma coisa. Foi nesse momento que o rei viu o brilho avermelhado do objeto se esvair da bolsinha ainda aberta nas mãos de Aisha. A moça se agitou, desembrulhando-o, porém, assim que o objeto tocou em suas mãos delicadas, uma queimação dominou toda a palma da princesa, que o soltou, deixando um “Ai!” escapar de seus lábios.

Faltou pouco para que atingisse o chão, se não fosse a destreza do rei em pegá-lo. Ele segurou o objeto e este brilhou com mais intensidade. Ele sentia apenas o calor habitual que lhe era transmitido.  Apertou-o em sua mão, e se apressou a verificar a princesa:

— Você se machucou, Aish? — Valkyon tocou a mão da moça, avermelhada pela pequena queimadura, uma bolha pequena surgia no local.

— Estou sim, mas é superficial... — enquanto assoprava sobre a própria palma.

— Passe isso aqui — o duque estendeu para ela um frasco de vidro tampado com uma rosca, onde pequenas ervas estavam misturadas. — é próprio para ferimentos pequenos como esse. Se não cuidar, pode criar uma ferida maior.

Ela olhou o para o frasco, desconfiada, mas Valkyon foi mais rápido. Ele guardou o fragmento no bolso interno de seu casaco, deixando as mãos livres, e logo abriu o frasco depositando algumas ervas sobre a ferida. Aisha sequer teve tempo de protestar.

— Pode demorar um pouco, mas vai ficar melhor, eu garanto. — o duque se virou, como se estivesse para partir — Majestade, podemos ir? Não podemos demorar.

Valkyon assentiu para ele, mas antes de sair, pediu a Aisha:

— É melhor você ficar aqui. Eu já volto, prometo. — ela ia protestar, mas o rei foi rápido em seus movimentos, e logo correu para seu cavalo.

— Valkyon, você...  — ela observou o rapaz e o duque saírem em seus cavalos, enquanto a moça permaneceu parada em meio a vila, o colar de Pendragon ainda pendendo em seu braço.

 

Reino de Pendragon, 3º dia de viagem, manhã

 

Claire estava sentada em sua cama, no meio da manhã, depois de um treinamento, ainda se lembrando dos acontecimentos da noite anterior. Um elfo de cabelos loiros e uma mulher misteriosa: um pequeno embate que os levaram a desconfiar de alguns possíveis fatos sobre Ahriman e seus planos. Ela se lembrava bem da voz diferente usada pelo elfo azul – ainda escondido em seu disfarce loiro – para perguntar a mulher:

“Diga-me... Onde a senhorita conseguiu este cogumelo iridescente?”

“Não é da sua conta.” A mulher não o queria dar o braço a torcer, mas bastou ele piscar um pouco os olhos dourados e insistir, que ela fumegou em um vermelho estonteante e cedeu: “Um... um amigo muito rico conseguiu. Ele precisa do... do dinheiro para...”

“Para...?” continuou ele, insistindo no charme, enquanto Claire e Adrian eram espectadores do drama.

“Ajudar alguém, é isso... Você está indo longe demais. Não é da sua conta, mesmo.”

E era urgente. Ela necessitava do dinheiro naquele momento. Adrian recusou, dizendo que aquilo era caro e raro demais para ele pagar, indicando outra loja. Depois da saída da moça, Ezarel retornou aos seus cabelos originais e riu-se como uma hiena sob os olhares curiosos do elfo da terra e da Valquíria.

Então Claire recebeu mais uma missão para aqueles dias: Seguir uma mulher, mais precisamente, uma pequena duquesa muito amiga de um príncipe astuto de cabelos vermelhos. Quando ela se levantou da cama no dormitório das Valquírias, ao lado, na cabeceira, estava o “dispositivo” de lá da terra dos elfos de como ela executaria esta nova tarefa: uma garrafa bem entalhada em prateado dentro um líquido verde estonteante prometia deixar Claire invisível, além de aumentar seus sensos de audição e visão. Ezarel gastou umas boas moedas de ouro naquela poção e Claire não queria nem sequer imaginar como se sentiria quando tomasse aquilo.  Eles foram embora do mundo élfico e Ezarel não parou de falar sobre a poção: seu efeito só durava quatro horas, foi feita por ilustres elfos alquimistas da geração de seus pais, a fórmula era secreta e vários termos alquímicos e élficos que Claire não conseguiu assimilar, pois em sua mente circulavam vários pensamentos: sobre aqueles seres das brumas que Adrian tinha citado... Sobre os objetivos de Ahriman e, também, aquela poção.... Tinha receios em relação à magia. De certa forma, poderia até falar em medo. Alguns medos a rodeavam.

É claro que ela não admitiria isso ao elfo, por seu orgulho de guerreira da ordem das Valquírias.  Ela precisava tomar apenas duas gotinhas, o frasquinho com entalhes prateados era aparelhado até mesmo com um pequeno conta gotas.

Ela segurou o frasco e observou o líquido, pensando se tomava ou não, para iniciar sua missão. Porém, enquanto tomava a decisão, duas batidas fortes na porta surgiram de repente, e a poção dançou em suas mãos, quase alcançando o chão.

Ela depositou a poção no bolso interno de seu casaco e abriu a porta. Era uma de suas colegas e, por sua expressão enrugada, alguma notícia ruim estava por vir.

— Claire! Que história é essa de que querem pagar fiança do ladrão?!

Atrás dela surgiram outras mulheres, todas muito sisudas, extremamente chateadas com a situação.  Claire respirou fundo, assumindo a posição de líder que ela deveria ter, já que Caméria não estava ali, ela era a primeira em comando durante aqueles dias. Ela deu um passo à frente, enquanto as mulheres chiavam entre si.

— Ei! — ela tomou a atenção para si, fazendo um gesto com a mão para que parassem — Sim, eu soube ontem pelo senhor Ezarel. Existe essa possibilidade, mas ainda vai ser analisado por ele.

— Ele não pode aceitar! — uma mulher alta e robusta exclamou e todas concordaram — Esse ladrãozinho desrespeitou a nossa ordem!

— Eu sei. — ela falou, de forma rígida, aumentando seu tom de voz. — Mas não somos nós quem decidimos isso, é com o Ezarel.

— Aquele elfo... Se ele...! — uma das mulheres começou, mas logo se interrompeu quando Claire lançou um olhar fulminante para ela. Era claro que muitas pessoas naquele reino não confiassem em feiticeiros e em elfos, em especial, por conta do passado de guerras e traições entre reinos com o mundo élfico. Porém, Ezarel servia a família Pendragon há muitos anos, era alguém de absoluta confiança.  

— Deveríamos ir todas lá. Pedir para que ele não aceite. — disse a mesma mulher que bateu à porta de Claire. A sugestão dela foi muito bem aceita por todas as outras que balançavam a cabeça, prontas para irem até a área principal do castelo convencer o elfo.

Claire também desejava muito que o homem ficasse preso pelo resto dos seus dias, por outro lado, não sabia se aquela era uma boa ideia. Ezarel parecia ter planos: tais estes que ela ainda não os conhecia muito bem, mas aquele homem preso era uma pecinha dele. Apesar disso, ela não se oporia à ideia.

Era sua ordem e deveria defendê-la. Ela respirou fundo e exclamou:

— Tudo bem! — todas prestaram atenção em sua fala — Mas sem algazarras!

As mulheres se agitaram e seguiram todas para a área do castelo, Claire seguia à frente, como líder, mas também para controlar os ânimos de todas as moças. Assim que elas subiram a escadaria e passaram pelo hall central do castelo, uma figura veio surgindo de dentro dos corredores internos em direção a elas. Sua voz chegou antes mesmo de seu rosto ser descoberto:

— Algum problema urgente de segurança, senhorita Claire? — os olhos dourados de Ahriman brilharam e seu cabelo vermelho parecia estar em chamas quando iluminado sob a luz do sol. Uma pitada de sarcasmo poderia ser identificado em sua voz... Algo a mais estava nas entrelinhas daquelas palavras.

— Na verdade, sim. — ela se colocou à frente e todas as mulheres se posicionaram, quase em posição de “ordem!”. Parecia haver um sentimento comum em todas elas de antipatia em relação ao príncipe do reino de Mainyu. — Viemos pedir para que o senhor Ezarel rejeite o pedido de fiança ao ladrão do machado de Valhalla.

É claro que o príncipe já estava ciente daquele fato e deveria participar da reunião onde  a decisão seria discutida: afinal de contas, ele era seu antigo chefe e a opinião de Ahriman seria considerada relevante pelos juízes.

— O sr. Ezarel está ocupado no momento, mas isso não será um problema. O pedido será rejeitado com certeza. — Ele cruzou as mãos atrás das costas, assumindo uma posição solene.

— A reunião ainda não aconteceu. — uma das guerreiras levantou a voz, sem qualquer medo de represálias — Que garantias vossa alteza nos dá?

Ele sorriu, daquela forma despreocupada e cheia de intenções como sempre.

— Eu conversei com os juízes hoje e eles são contra, já que a ordem das Valquírias é de grande prestígio no reino e algo como este crime não deve ser afiançável.

As mulheres se entreolharam agarradas as suas desconfianças características de uma guerreira de frente a um possível inimigo. E Ahriman preenchia alguns requisitos para tal posto.

— E o senhor? — perguntou Claire, dando um passo à frente, estreitando suas sobrancelhas. — Qual será a sua posição?

Todas elas pareciam estar de acordo com a pergunta de Claire e olharam diretamente para Ahriman, cujo sorriso se apagou no mesmo instante.

— É claro que também sou contra. Falando nisso... — suas mãos se soltaram das costas e ele a posicionou à frente do seu corpo, colocando um dos pés para trás e se curvou:

— Eu devo um pedido de desculpas a vocês, Valquírias. — ele continuou a se curvar enquanto falava e, quando voltou à posição ereta novamente, encontrou olhares espantados das guerreiras — O que meu funcionário fez é imperdoável, sei o quanto ofendeu a honra de sua ordem. Aceitem minhas desculpas em nome do reino de Mainyu.                

Claire não conseguiu encarar aquela cena durante muito tempo e voltou-se para suas companheiras e então sua surpresa aumentou. A maioria delas apresentavam um brilho no olhar, e ela não sabia precisar se era orgulho ou admiração pela atitude de Ahriman, mas Claire já tinha entendido uma coisa: aquele gesto teve um efeito positivo sobre elas.       

Porém, aquele discurso a moça não compraria tão fácil, só precisava medir as suas palavras:

— Então vossa Alteza, por gentileza, faça valer as desculpas e continue firme em sua posição. — ela disse, os olhos semicerrados, quase em tom de ameaça.

— Com toda certeza, querida Claire. — ele se curvou mais uma vez, cumprimentou-as e, em seguida, deu meia-volta, seguindo pelo mesmo corredor de onde veio.

“Não esperava isso dele... Foi um gesto bonito.”

“Sim! Não sei por que vocês desconfiam tanto do cabeça de fogo, ele parece até simpático...”

“Já que nosso rei não está aqui, acho que podemos contar com ele, por enquanto...”

Os comentários se espalhavam enquanto elas voltavam para sua base e Claire não gostava nada do que ouviu. Fazia poucos dias que Valkyon saiu em viagem e Ahriman já tomava suas rédeas conquistando simpatia entre as Valquírias, prestigiada ordem de guerreiras do reino.

As situações precisavam ser resolvidas logo. Claire sentiu uma vontade imensa de conversar com o elfo sobre aquele acontecimento, mas ele teria um dia cheio por conta daquele julgamento.

Teria que esperar até a noite. Antes disso, era melhor partir para sua missão.

 

Manhã do 3º dia de Viagem, Reino de Corbeau, Região de Cohen

 

Valkyon e Zayin cavalgaram durante alguns minutos, ambos de olhos atentos na floresta para qualquer rastro de indícios da passagem daquele andarilho que andou assustando a população dos arrozais. O duque seguia à frente, sentindo a energia de algo próximo e guiava o rei que se sentia inquieto a cada momento. Era aquela energia estranha que mexia consigo, o impelia a seguir em frente naquela floresta. Em nenhum momento eles se encontraram com as Valquírias e com Sig, o que indicava que eles seguiram caminhos completamente opostos.

Eles estavam chegando perto de uma área cavernosa, as árvores se tornavam mais densas e escuras e Valkyon estacou de repente. O cavalo relinchou, inquieto, mas ele logo retomou o controle... Mas algo, algo ali estava afetando tanto o seu peito que as mãos tremiam violentamente. Dentro do seu casaco estava quente e, quanto ele tocou ali, encontrou o fragmento vibrando como se sofresse um abalo sísmico interno. O duque espichou os olhos para ele, também parando o cavalo, e perguntou:

 — O que houve, majestade? — ele franziu o cenho, preocupado — Se quiser podemos voltar...

— Não. — a voz de Valkyon saiu firme. Ele desmontou do cavalo, ainda segurando o fragmento e observou a entrada da caverna, um pouco à frente — Vamos por ali.

O duque fez o mesmo que ele, e este não deixava de observar em como o tremor nas mãos de Valkyon diminuíam à medida que eles se aproximavam do lugar.

Os únicos sons que ouviam naquele momento eram as pegadas dos dois sobre as folhas secas no caminho e, ao longe, água corrente...fraca, no fundo da caverna. Quando entraram, seus passos eram cautelosos. Zayin estava desarmado, mas tinha sua magia para se proteger... Valkyon segurava o fragmento com uma mão e, com a outra, o cabo de sua espada. Os olhos dourados do rapaz vasculhavam cada canto do local, com várias galerias... Porém, ele seguia um único caminho, como se soubesse exatamente por onde ir.

— O que está sentindo? — perguntou o duque, baixando o tom de voz.

— Há algo por aqui. Eu sinto.

Depois de uma caminhada de alguns minutos, eles chegaram ao fundo da caverna.

Um rio corria por entre o chão de pedras firmes da caverna, seguindo um fluxo lento, fraco, mas a corrente de água era robusta, apesar de rasa, provavelmente havia uma nascente ali por perto. Aos olhos de qualquer observador, aquele rio apresentava águas escuras pelas pedras no fundo e pequenos peixes passeavam no local. Apenas dois detalhes chamavam atenção... Uma pedra vermelha mergulhada entre pedras e fios de cabelo... Cabelos branco-prateados como se tivessem recém-cortados.

Entretanto, sob o olhar atento e espantado de Valkyon, fios de cabelos branco-prateados flutuavam sobre um rio vermelho sangue, cujas águas cintilavam como chamas em ebulição.

 

 


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