Bound By Honor. escrita por Bellakeforever30


Capítulo 1
1. A Perda de Seu Coração


Notas iniciais do capítulo

Para quem leu os livros terão muitas coisas parecidas mas modifiquei outras da minha própria autoria.


Espero que gostem =)



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Bellamy Blake - 11 anos


Octávia e eu nos sentamos à mesa de jantar, esperando pela nossa mãe. A campainha do jantar já havia tocado há muito tempo. Nosso pai, Kane Blake, raramente comia
conosco, mas Aurora Blake, nossa mãe sempre jantava conosco.

Ela sempre descia bem vestida e também nos obrigava a nos vestir elegantemente, caso nosso pai decidisse aparecer e nunca estava atrasada.

Indra, nossa governanta, está encostada na parede, olhando para o relógio e depois se voltando para nós. Ela está preocupada com a demora de nossa mãe assim como eu.

O que será que aconteceu? Será que ela está doente?

Ontem ela estava meio branca, exceto pelas manchas azuis e amarelas em seu rosto e braços onde Kane a disciplinara. Ela costumava fazer coisas erradas.

Era difícil não errar com Kane. Uma coisa que estava bem ontem poderia estar errada hoje. Octávia e eu muitas vezes nos confundíamos e éramos punidos também, eu na maioria das vezes para defender minha irmã.

Minha irmã, minha responsabilidade.

Octávia pega sua faca e enfia na tigela com purê de batata, colocando a lâmina coberta de purê em sua boca.

— Octávia! Um dia você vai se cortar. - diz Indra irritada.

Octávia empurra a faca de volta para o purê e a lambe novamente, seu queixo se sobressaindo teimosamente.

— Eu não vou. - diz Octávia revirando os olhos.

Empurro minha cadeira para trás e me levanto. Não era permitido levantar antes do jantar ser servido, mas meu pai não estava em casa, então eu sou o dono da casa porque Octávia era dois anos mais nova que eu e uma mulher, fato que meu pai adora mencionar.

Indra da um passo em minha direção tentando me impedir.

— Bellamy, você não deveria… - começa Indra mas para ao olhar para o meu rosto.

Eu me pareço com meu pai. É por isso que ela tem mais medo de mim do que Octávia. Isso e porque eu seria o Capo da Máfia de Nova York.

Logo, eu seria o único a punir todos por fazerem coisas erradas.

Indra não me segue enquanto subo as escadas em direção ao quarto de minha mãe.

— Mãe? O jantar está pronto. - eu digo alto.

Sem resposta. Eu piso no patamar, então me aproximo do quarto da minha mãe. A porta está entreaberta. A última vez que isso aconteceu, eu a encontrei chorando em sua cama, mas agora está quieto por dentro.

Empurro a porta aberta, engolindo em seco. Está quieto demais. A luz sai do banheiro aberto.

Ouço a voz do meu pai lá embaixo, ele chegou em casa do trabalho. Ele provavelmente está zangado porque eu não estou sentado na mesa da sala de jantar. Eu devo descer e pedir desculpas mas meus pés me levam para a fonte de luz.

Eu entro no batente da porta e congelo. O chão esta coberto de sangue. Eu já vi sangue com frequência suficiente para reconhecer. Meus olhos seguem o rio de sangue, depois a cachoeira seca de vermelho manchando a banheira branca até um braço flácido.

A carne branca está dividida, dando lugar ao vermelho escuro abaixo.

O braço pertence à minha mãe. Seus olhos castanhos e sem brilho me encaram, tristes e sem vida.

Eu me movo alguns passos mais perto.

— Mãe? Mãe? - eu digo baixo.

Ela não reage. Ela está morta. Meus olhos registram a faca no chão. É uma das facas de Octávia, uma faca preta Karambit. Minha mãe não tinha suas próprias armas.

Ela se cortou. Era seu sangue. Olhei para os meus pés. Minhas meias estão encharcadas com o líquido vermelho. Eu tropeço para longe e escorrego, caindo para trás, gritando.

Eu me levanto e corro para fora do banheiro, ainda gritando. Escuto passos de pessoas se aproximando e esbarro em alguém. Encontro o rosto furioso do meu pai olhando para mim. Ele me bate com força no rosto.

— Pare de gritar porra. - diz Kane com raiva.

Minha boca se fecha e pisco para o meu pai, colocando a mão no meu rosto aonde ele me deu o tapa. Ele me agarra pelo colarinho, me sacudindo.

— Porque essa gritaria? Porque você está chorando? - diz Kane alto.

Eu sabia que chorar não era permitido. Eu nunca chorava, nem mesmo quando meu pai me machucava.

— Mamãe está morta. - eu digo baixo.

Meu pai franze a testa, absorvendo o sangue nas minhas roupas. Ele passa por mim em direção ao banheiro.

— Venha agora. - diz Kane dando uma ordem.

Seus dois guarda-costas estão no corredor e me observam com um olhar em seus olhos que não entendi. Eu não me mexo.

— Venha Bellamy. - diz Kane alto.

— Por favor pai, eu não quero vê-la novamente. - eu digo implorando.

Outra coisa proibida. Implorar.

O rosto do meu pai se contorce de raiva e eu me preparo para outro tapa. Ele segura meu braço fortemente.

— Você nunca mais dirá essa palavra. E sem lágrimas, nenhuma outra lágrima repugnante, ou arrancarei seu olho esquerdo. Você ainda pode ser um homem feito com um olho. - diz Kane rosnando.

Não luto quando meu pai me puxa de volta para o banheiro e não choro de novo, apenas olho para o corpo na banheira. Apenas um corpo.

Apenas Aurora Blake minha mãe.

— Patético, puta patética. - murmura Kane.

Raiva invade meu corpo. As mulheres que meu pai conhece quando ele não esta em casa são putas mas mamãe não. Ela era sua esposa. Prostitutas cuidam dos desejos de meu pai então ele não machucava tanto minha mãe. Isso é o que ela me explicou. Mas não funcionou.

Ela se matou.

Ouço meu pai chamar um de seus guarda-costas para remover o corpo após ele inspecionar minha mãe mais de perto com um sorriso cruel.

— Peça a alguém para limpar essa bagunça e ligar para Jaha. Ele precisa me encontrar uma nova esposa. - diz Kane sorrindo.

Meu cérebro tropeça no que ele diz.

— Outra esposa?

Meu pai estreita os olhos, olhando para mim com raiva.

— Troque de roupa e aja como um maldito homem, não um menino. E traga Octávia. Ela precisa ver que tipo de puta covarde era sua mãe para não se tornar igual. - diz Kane com raiva.

— Não. - eu digo em voz baixa.

Octávia amava nossa mãe. Isso a machucaria.

Meu pai olha para mim e depois começa a me bater. Eu caio de joelhos mas mal sinto os golpes, apenas olho para o vermelho no mármore branco.

Depois de um tempo meu pai para de me bater. Olho para ele, minha cabeça martelando, minhas costas e estômago queimando. Ele olha nos meus olhos por um longo tempo, e eu encaro de volta. Ele poderia me espancar pra vida toda. Eu estava acostumado a dor e não buscaria Octávia.

Ele ordena que seu outro guarda-costas que estava no corredor buscar Octávia. Eu tento impedir mas meu pai segura meu braço com força, me parando.

Alguns minutos se passam e Octávia aparece na porta.

Seus olhos verdes ficam enormes quando ela vê nossa mãe e o sangue, depois a faca ao lado da banheira.

— Sua mãe te abandonou. Ela se matou porque era uma covarde. Espero que você aprenda essa lição e não seja como ela. - diz Kane friamente.

Octávia apenas encara o corpo de nossa mãe sem responder.

— Pegue sua faca. - ordena Kane frio.

Octávia tropeça ao entrar no banheiro e pega a faca com as mãos trêmulas. Tento me aproximar dela mas meu pai ainda segura meu braço com força.

Eu odeio meu pai. Eu o odeio muito.

E agora eu odeio minha mãe por fazer isso, por nos deixar com ele.

—Agora limpe essa faca, vocês dois. - diz Kane friamente.

Meu pai solta meu braço. Octávia permanece imóvel, olhando para sua faca ensanguentada. Agarro seu braço e a puxo para fora, levando para meu quarto.

Chegando em meu quarto eu arranco a fica de suas mãos e a levo para o banheiro para limpa-la, me livrar do sangue. Enquanto observo a faca se tornar limpa novamente as lágrimas tentam retornar mas eu não permito.

Sem lágrimas, nunca mais.

— Por que ela usou minha faca?. - pergunta Octávia baixinho.

Desligo a torneira e volto para o quarto, tentando abraçar Octávia. Ela se afasta de mim, sentando-se na cama.

— Porque? - pergunta Octávia chorando.

— Não chore. - eu digo com raiva.

Corro rapidamente para fechar a porta do meu quarto para que meu pai não entre. Octávia se levanta e começa a chorar mais alto, tacando meus livros para longe.

Eu vou até Octávia e retiro os livros de suas mãos e seguro seu rosto, a encarando.

— Pare de fazer barulho e de chorar, O. Pare com isso. Se nosso pai ver ele irá te castigar. eu digo baixinho.

— Eu não me importo. Não me importo com o que ele vai fazer comigo. - diz Octávia com raiva.

Suas palavras são uma mentira devido a nota instável de terror em sua voz.

Eu olho pra porta preocupado em ouvir passos mas estava tudo em silêncio. Provavelmente nosso pai estava ocupado cuidando do corpo de nossa mãe.

Me viro de volta para Octávia que ainda derramando lágrimas.

— Pegue a faca. - eu digo baixinho.

Octávia me encara e aperta os lábios, sem se mover.

— O. nosso pai não vai deixar nos livrarmos disso. É apenas uma faca. - eu digo baixo, me sentindo mal.

Minha irmã finalmente pega a faca e coloca no bolso.

Nós nos encaramos.

— Agora estamos sozinhos. - diz Octávia triste.

— Você me tem. - eu digo sério.

Uma batida soa na porta e eu me coloco na frente de Octávia. A porta se abre e Indra entra. Seus olhos se entristecem quando ela olha para nós.

— O Mestre me enviou para ver se você estava se preparando. Logo seu Consigliere estará aqui. - diz Indra tristemente.

Ela chega mais perto e toca meu ombro.

— Eu sinto muito. - diz Indra triste.

Eu me afastando do toque e a encaro.

— Ela era fraca. - eu digo baixo.

Indra da um passo para trás, olhando entre Octávia e eu, sua expressão caindo.

— Depressa. Ele está esperando. - diz Indra antes de sair.

Octávia segura minha mão.

— Vou sentir falta dela.

Olho para os meus pés, para minhas meias cobertas de sangue e não digo nada. Seria fraco falar. Eu não estava autorizado a ser fraco. Nunca mais.

E foi nesse dia que eu perdi meu coração para sempre.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam?

Espero que gostem dessa história, eu amo histórias de máfia.



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