Mestres do Destino escrita por Serenity Elián


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeira colaboração minha com o Projeto Saint Seiya, se ainda não conhecem, deveriam é muito legal! Vão gostar muito!

Eu por alguma razão não consegui colocar a capa... Vai entender o Nyah né? Ela tá lá no Spirit pra quem quiser ver! Feita pela linda da @cartergemini (Spirit) e betada pela @Etnom (Spirit).

Espero que gostem, boa leitura!



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Eu não posso escapar do meu destino

Eu não posso escapar

E como um cervo, ainda como pedra na estrada

Como abordagem de faróis



A Guerra Santa acabara, Atena saiu vitoriosa como era esperado por seus cavaleiros. A deusa não ficou muito tempo triste com a perda de seus companheiros, rogou aos Céus, a seu pai, Zeus, que lhes concedesse uma nova chance de viver, sem batalhas ou guerras. Seu pedido foi realizado, em um ato de misericórdia do Rei do Olimpo. 

 

Ao acordarem em suas respectivas casas, os cavaleiros acreditavam que era apenas um sonho, que na verdade aquele era o Elísio. Mas ao sentirem o cosmo acalentador e amoroso de sua deusa, entenderam que realmente estavam vivos. 

 

— Atena! — A voz grossa e profunda de Saga disse receosa o nome da divindade. 

 

— Impossível não reconhecer um cosmo tão caloroso como o dela. — A voz quase idêntica à sua soou atrás de sua pessoa. 

 

Saga virou-se no mesmo instante. O rosto que não via há treze longos anos. Sentiu os olhos marejarem. Seu irmão gêmeo estava alí, em sua frente, com um sorriso bem singelo nos lábios. Não perdeu um único segundo e o abraçou forte, sendo correspondido, igualmente intenso. 

 

— Olá, irmãozinho. — Kanon disse com o tom maroto que lhe era costumeiro. 

 

O mais velho ainda não acreditava que estava ao lado do irmão, havia tanto que precisam conversar, esclarecer entre eles, perdoarem—se. Porém foram interrompidos pelo chamado de Atena ao Décimo Terceiro Templo. 




Todas as coisas que dissemos e fizemos

Todas as coisas que nós começamos

Todas as coisas que dissemos e fizemos

Nós já dissemos e terminamos, nós dissemos e terminamos



Durante a reunião, Atena fez questão de abraçar cada um de seus Cavaleiros de Ouro, feliz por tê-los mais uma vez ao seu lado. Explicou tudo o que aconteceu depois da queda do Muro das Lamentações. O porquê estarem de volta à vida. 

 

— De forma alguma eu saio daqui! — Milo exclamou do jeito que só ele poderia fazer. — Se voltamos é porque ainda somos necessários! 

 

— Milo, se comporte. — Camus disse um tanto ríspido, carregar o título de melhor amigo do escorpiano às vezes era cansativo, pois se comportava como se ainda tivesse oito anos de idade. 

 

— Nem vem, Louis! — O chamou pelo apelido infame. 

 

Atena apenas riu. Sabia que ele não falava por mal. Também estava ciente de que muitos no Santuário não tinham lugar para ir, seria injusto não deixar que ficassem, pois era o único lar que conheceram. 

 

— Não se preocupe, Milo, ninguém vai a lugar algum! — Ela disse, voltando a se sentar em seu trono. — Vão continuar aqui, como cavaleiros, apesar da vitória, ainda temos nosso dever com a humanidade. 

 

Todos prestavam atenção nas palavras dela. Falaram sobre a reconstrução do Santuário, de Rodório, que também sofreu os efeitos da Guerra Santa, mas o que realmente tirou a todos do eixo foi quando Atena lhes concedeu permissão para casarem e formarem famílias. 

 

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Assim o tempo passou.

 

O Santuário voltou a sua glória de outrora, tudo parecia em paz. Parecia. Nem tudo estava sendo um mar de rosas, principalmente para os dois guardiões de Gêmeos. Mesmo perdoados pela deusa, muitos os enxergavam como inimigos, traidores em potencial. Afinal, uma vez traidor, sempre traidor. 

 

Sussurros entre os cavaleiros de patentes mais baixas e servos. Achavam muita ingenuidade de Atena permitir que os dois vivessem, acreditavam que logo teriam uma nova rebelião liderada por Saga. Ou até mesmo Kanon. 

 

Eles fingiam não escutar, não se importar. Ainda havia muito ressentimento pelas atrocidades cometidas no passado. Foram mestres do destino de muitos que ali viviam. 



Nós somos os sonhadores

Nós rolamos os dados para que estejamos vivos

Nós sempre seremos

Mestres do destino

 

— Se não tomarmos cuidado, é capaz de nos matarem enquanto dormimos. — Kanon disse um pouco desgostoso. Não queria admitir, mas começava a se sentir afetado pelos sussurros que corriam pelo local sagrado. 

 

— Temos muito sangue nas mãos, Kan. — Saga comentou. Sentia-se como o irmão, queria poder ignorar, mas era impossível fingir que aquele passado não aconteceu. — Atena nos perdoou, mesmo não sendo merecedores de tal. 

 

O caçula apenas ouvia. É, não eram dignos do perdão Dela. Só que não poderia ficar daquele jeito, sentindo pena de si mesmos, de nada adiantaria. Talvez devesse seguir o conselho de Atena. Estudar. Ocuparia a cabeça, desligaria a mente do que diziam deles. 

 

— Fomos Mestres do Destino por treze anos… — Disse em tom amargurado. Por ânsia de poder, quase destruíram o mundo. Saga tinha seus pecados, mas não foi o grande arquiteto de tudo, e sim o outro, Kanon. — E tudo por minha culpa. Eu te instiguei a cometer os crimes, plantei o mal no teu coração. 

 

Os dois ainda precisavam conversar, colocar verdadeiramente tudo para fora. Perdoar-se não era fácil, era o calvário que enfrentavam diariamente. 

 

Kanon encarou o gêmeo. Era agora ou nunca, antes que a coragem se esvaísse de seu corpo. 

 

— Saga… — Chamou o irmão, tremendo por dentro, maldita insegurança. Era um homem feito, não um menininho com medo de seu mestre. 

 

— Diga. — Foi tudo que o irmão disse. 

 

— Me perdoa, por favor! — Começou, respirou bem fundo. — Eu te coloquei na maior enrascada da sua vida e acabou morrendo por minha causa, eu te provoquei, instiguei e não sosseguei enquanto… 

 

Saga o interrompeu com um abraço, não importava mais aquele passado. Seu irmão, bondoso, alegre, quase calmo, estava de volta. Sua única família. Ainda havia uma chance para eles. Chorou como uma criança, não era capaz de segurar aquele sentimento que explodia em seu peito. 

 

— Claro que te perdoo, mas só se também me perdoar.Disse em meio aos soluços do choro. 

 

— Nem precisa me pedir, seu boboca! — Riu por alguns segundos, retribuindo o abraço. 

 

Os irmãos não perceberam que tinham uma espectadora. Atena desceu as doze casas atrás dos dois. Queria se certificar que estavam bem, os ditos sussurros chegaram até sua pessoa. Ficou furiosa, admitia. Não era justo, todos erravam, até mesmo ela que era uma deusa. Por que não daria a eles uma chance? Por que não permitiria uma redenção a eles? Seria injustiça dar aos demais e não a eles. 

 

Ela escondeu o cosmo para descer com calma, assim que chegou ao seu destino, ouviu as vozes ambos, estavam em um momento delicado, conversando sobre o passado, sobre perdão. Não interromperia por nada naquele mundo. Chorou em silêncio, emocionada por ser testemunha desse momento. Esperou—os se acalmarem. Quando sentiu seus cosmos mais em paz, bateu à porta da área privativa de Gêmeos. Kanon foi quem abriu. 

 

— Atena! — Disse surpreso. — A que devemos a honra da visita?

 

— Posso entrar? — Perguntou. 

 

— Claro! Claro! — Kanon respondeu um pouco sem graça. — Entre, por favor, princesa! 

 

— Atena!! — Saga ficou vermelho, estava apenas de bermuda. Trajes inapropriados para receber a divindade. Saiu em disparada para seu quarto. 

 

A jovem de cabelos lilases achou uma graça. Um homem já feito como Saga, corado de vergonha; foi engraçado, sentiu-se até privilegiada com a cena. Sorriu, olhou Kanon, estava com a roupa de treino. 

 

— Quer uma água? Suco? — Kanon perguntou nervoso. Nunca esperou ver a deusa ali na casa deles, não sabia como tinha que proceder. 

 

— Estou bem, obrigada, Kanon.Disse com um sorriso no rosto. — Na verdade, eu vim pedir um favor a vocês. 

 

Saga retornou com uma roupa mais formal. Kanon apenas olhou o exagero do irmão, apena uma camisa seria o suficiente, mas, enfim, era apenas Saga sendo Saga. 

 

— Claro, o que precisar. — O geminiano respondeu pelos dois sem ao menos saber do que se tratava. 

 

— Eu terei uma festa misturada com reunião de negócios e quero que me acompanhem, como meus seguranças. — Ela fez o pedido, mas sua intenção na verdade era tirar os dois um pouco da toca, fazer com que aproveitassem um pouco a vida. Já tinha todo um plano traçado em sua mente. 

 

— Tudo que precisar, princesa. — Kanon ajoelhou-se perante ela. — Quando? 

 

— Nesta sexta, precisarão usar ternos, então irão comigo a um alfaiate tirar as medidas.Disse, tentando parecer mandona, mas era gentil demais. — Levante-se, por favor, Kanon, não precisa de tanta cerimônia, afinal, esta é a sua casa. 

 

Saga estava mudo diante do pedido e o quão rápido o gêmeo aceitou. Tudo bem, que eles nunca se negavam a fazer algo que Atena pedisse. Mas uma reunião? Com civis? Não sabia se era uma boa ideia. 

 

— Não prefere que Shion ou até mesmo Dohko vá? — Saga perguntou incerto, assim que terminou de falar, sentiu um beliscão na cintura. Olhou para o gêmeo que tinha cara de poucos amigos. 

 

— Não vamos negar um pedido da deusa, Saga! — disse sério. — Só nos dizer o local e a hora que estaremos lá. 

 

Atena tinha um pequeno plano traçado em sua mente. De todos os seus cavaleiros, eram os únicos que ainda viviam enclausurados, como monges, quando este era o papel de Shaka. E nem mesmo ele vivia sozinho, ainda que não admitisse em público, o Homem Mais Próximo de Deus encontrou o amor em uma jovem brasileira chamada Amanda. 

 

— Perdão, princesa. — Saga pediu. — Foi indelicado da minha parte. 

 

Ela sorriu, a primeira um de seu plano deu certo. Contando com a ajudinha de Shion ficou ainda mais fácil. No começo ele hesitou, mas bastou ela piscar de uma maneira mais fofa, como a filha que pisca para o pai quando quer algo. 

 

— Tudo bem, Saga! — Sorriu—lhe amável. — Amanhã mesmo as instruções vão chegar! 

 

Eles perceberam a animação da jovem quando disseram sim. Era bom saber que a companhia deles agradava a deusa. Dando aos corações deles alguma sensação de paz. 

 

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Conforme o combinado com Atena, receberam as instruções, o local onde deveriam ir para tirarem as medidas dos ternos. Ficaram muito sem graça quando chegaram na loja, um lugar chique, refinado. Eles sentiram-se um pouco intimidados com o lugar, afinal, eram pessoas de poucas posses, mesmo recebendo um soldo relativamente alto, por serem elite. 

 

O alfaiate os tratou muitíssimo bem, uma vez que, eram indicados de Saori Kido, uma figura de muita importância no mundo dos negócios. Era uma experiência totalmente nova para eles, acostumados a usarem roupas bem mais simples e humildes por assim dizer. 

 

Ao se olharem no espelho, ficaram surpresos. Eram muito bem afeiçoados, dotados de uma enorme beleza. Entretanto, usando aquele terno, não sabiam dizer ao certo como se sentiram, definitivamente diferentes, mas… era estranho. 

 

— Tudo bem, eu sou bonito, mas… — Kanon disse enquanto se olhava com aquele traje formal. — Não quero ficar parecendo um palhaço.

 

Saga nada disse. Só queria que aquela reunião acabasse, e não tinha sequer começado, já desejava o fim. Ainda não sentia-se digno de estar na presença da deusa, tentou matá-la quando ainda era um bebê. Um bebê! Que tipo de cavaleiro era? Um louco, traidor, indigno. 

 

— Para de martelar o que seja nessa cabeça, Sa.O irmão disse. — Passado é passado, não fique preso nele! Eu sei que não é fácil! 

 

Alguns instantes depois, Atena, ou melhor, Saori Kido entrou na loja; ansiosa como estava, não conseguiu esperar até a reunião para vê-los de terno. Os dois logo a perceberam, assim como suas companhias. 

 

— Eu sabia que ficariam bem de terno.Disse toda animada. — Estão lindos! 

 

Os dois coraram no mesmo instante com o elogio. As duas moças que estavam com ela, também notaram a beleza deles, no entanto, foram mais discretas na inspeção.

 

— Ainda não almoçaram, não é? — Perguntou.

 

— N-não… — Saga respondeu um pouco incerto. 

 

— Vão almoçar conosco. — A animação de Atena era sentida até mesmo em seu cosmo. 

 

Eles se entreolharam, impossível dizer não. 

 

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O dia da dita reunião finalmente chegou, Saga não poderia estar mais aliviado e nervoso ao mesmo tempo. Não era muito chegado a encontros sociais. Diferentemente de sua versão maligna, que nunca dispensou uma única orgia.  

 

— Vai acabar tendo um treco. — Kanon disse assim que surgiu na sala, arrumado, nem parecia com ele mesmo. Bem que diziam que uma roupa mais refinada fazia diferença. 

 

— Quero que isso acabe logo! — Disse apenas. 

 

Ouviram passos se aproximando da área privativa da casa, era a deusa, mas não estava sozinha, Afrodite de Peixes a acompanhava. 

 

— Ah, minha deusa, queria eu poder te acompanhar. — O pisciano fez um biquinho contrariado. — Uma festa animaria essa rotina parada do Santuário. 

 

— Quem sabe fazemos uma aqui no Santuário? — Indagou. 

 

Os guardiões de Gêmeos a olharam com cuidado, a jovem estava impecavelmente arrumada, um vestido longo azul claro, os cabelos presos em um coque elegantemente feito, um leve rubor nas bochechas, um colar de diamantes, brincos que também deveriam ser. 

 

— Está linda, Atena.Disseram em uníssono. 

 

— Caprichei, né? — Afrodite se gabou do próprio trabalho. 

 

— Vamos? — Perguntou. E saíram os três em seguida.

 

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O salão onde ocorria o evento estava luxuosamente decorado, lotado. Algo que deixou Kanon um pouco em alerta foi a presença de Julian Solo. Outro arrependimento dele, ter manipulado o jovem para alcançar seus objetivos e, no final, fracassou. 

 

— Saori, querida. — Julian disse ao se aproximar, pegou sua mão e a beijou. 

 

— Julian.Disse em tom cordial. 

 

Sorento o acompanhava, trocou um olhar zangado com Kanon, ainda não o perdoara pelo acontecido. O geminiano entendia os motivos do outro, por isso não se aborreceu nem se deixou abalar pelo olhar dele. 

 

— Deixe-me apresentar, Saga e Kanon, meus seguranças.  — Ela os apresentou. 

 

— Olá, senhores. — Julian os cumprimentou.

 

— Senhor Solo. — Ambos o cumprimentaram de volta. 

 

— Nos vemos depois, Saori? — O jovem Solo perguntou com uma ponta de esperança em sua voz. 

 

— Nos veremos no jantar, Julian. — disse de forma gentil. — Com licença. 

 

Saori andou pelo salão procurando por duas pessoas específicas. O fato era que não iria à reunião, só mudou de ideia quando os boatos chegaram aos seus ouvidos e também depois de uma boa conversa com duas de suas amigas mais queridas.

 

Enquanto seguia Atena, observando o ambiente, Kanon sentiu-se um pouco sufocado. O encontro com Sorento o afetou, mais do que queria admitir. Puxou um pouco colarinho da blusa social. Saga percebeu o incômodo do gêmeo. 

 

— Tudo bem? — Perguntou. 

 

— Não, preciso de um pouco de ar, fique de olho em Atena.Respondeu e saiu, precisava de ar fresco, viu portas duplas abertas que davam para uma varanda e foi na direção. — Maldição…

 

Respirou fundo assim que deixou o salão. O ar noturno beijou sua pele com suavidade. A culpa, querendo ou não, consumia—lhe por dentro. Ardia, pesava, talvez fosse assim que Saga se sentia. O peito pesado, como se uma tonelada estivesse em cima. Os ombros também, um peso que o minava a cada dia.

 

Não percebeu que não estava sozinho. 

 

Um pouco mais adiante, uma mulher de longos cabelos negros, olhos azuis, pele alva, vestindo um elegante vestido longo vermelho, observava—o. Ele parecia que teria um treco a qualquer momento, como se carregasse o peso do mundo em seus ombros. Não era bom para ninguém. 

 

— Está tudo bem? — Perguntou enquanto se aproximava. 

 

— Eu… — Ele perdeu a fala, a beleza dela o deixou desconcertado, e também a familiaridade. Era a moça que acompanhava Atena no dia que foram fazer a prova dos ternos. 

 

Ela esperava a resposta dele, no entanto, parecia que o gato tinha comido sua língua, as bochechas levemente coradas, o que achava uma graça. 

 

— Eu… — Não conseguiu formular uma frase. Desde quando se acanhava com as mulheres? Sentia o coração bater furioso no peito, parecia que poderia sair a qualquer momento. Sentiu o rosto ficar quente, será que desmaiaria? 

 

— Você está vermelho, talvez devesse sentar. — Ela aproximou-se dele, o rosto ainda estava vermelho, possivelmente sentia muito calor com aquela roupa.

 

Kanon apoiou—se no parapeito de mármore, afrouxou a gravata, abriu o botão da gola, pôde respirar um pouco melhor. Sentiu um toque quente em seu braço. 

 

— Eu vou buscar um copo de água pra você… — Virou-se para entrar no salão quando sentiu a mão grande e quente em seu braço. 

 

— Não precisa, já estou bem.Disse, olhando—a atentamente. 

 

— Certeza? — Perguntou. 

 

— Sim.Respondeu. — Você… estava com a senhorita Saori na loja. 

 

Ela o observou bem, era verdade, já o vira antes. Quando Saori ligou pedindo que marcasse com o melhor alfaiate de Atenas, acompanhou a moça até o local. Lá estava ele e o irmão, usando os ternos, perfeitamente cortados, uma visão magnífica. 

 

— Sim, eu conheço a Saori há tempos, somos amigas.Comentou. — Às vezes faço alguns serviços pra ela. 

 

— Desculpe, não me apresentei, sou Kanon.Disse um pouco envergonhado, que imagem passaria de Atena se não se comportasse devidamente? Não gostaria nem de pensar no castigo que Shion lhe daria. 

 

— Serenity.Ela disse o próprio nome. — É um prazer conhecê-lo, Kanon. 

 

Quando iria falar algo, foi interrompido por ninguém menos que Sorento. 

 

— Ah, aí está a senhorita.O general marina disse.

 

— O que quer? E que modos são esses? Interromper uma conversa, Sorento... — retrucou ríspida, não era muito fã do rapaz de cabelos lilases

 

— O senhor Ju… — Mas não teve a chance de continuar. 

 

— Diga ao meu irmão para cuidar da vida dele! — Serenity tinha as bochechas vermelhas e parecia de raiva. — Lembre ao Julian que eu sou a mais velha, não ele!  Pode ir! 

 

Kanon sentiu-se incomodado por alguns segundos, por pouco não flertou com a irmã de Julian, receptáculo do deus que enganou durante treze anos. Viu quando o marina saiu, um pouco acuado com as palavras da moça.

 

— Eu não sei onde meu irmão arrumou esse… assistente! — Bufou de raiva. — Não gosto nem confio nele… 

 

Ele nada disse, era melhor não falar coisa alguma. O mundo não sabia da existência dos Cavaleiros de Atena. Não teria como explicar qualquer desavença com Sorento caso ela percebesse. 

 

— Irmão? — Perguntou. — Não sabia que Julian tinha uma irmã. 

 

— Sou a primogênita dessa geração — Disse, olhou para ele e sorriu. — Não gosto de ter minha privacidade invadida, então, poucos sabem. 

 

Apenas assentiu positivamente, entendendo os motivos dela. Com o silêncio imperando entre eles, a música do salão pôde ser ouvida, baixa, agradável. Percebeu que ela fechara os olhos, aproveitar a melodia talvez, ou a brisa suave que soprava, levou até ex-marina o seu perfume, doce sem ser enjoativo. Queria sentir mais dele. Quem sabe cheirar a pele dela mais de perto, embriagando-se. De onde viera tal pensamento?

 

— Quer… dançar? — Kanon perguntou antes mesmo de pensar direito sobre o assunto. 

 

— Aceito.Respondeu sorrindo, pelo jeito, causara uma boa impressão. 

 

Estendeu a mão para ela e foi prontamente aceita. Quando tocou a palma, uma corrente elétrica correu por seu corpo. Nunca tinha sentido isso por ninguém. O mesmo poderia ser dito por Kanon. Que sensação era aquela? Era agradável, gostosa, sublime. 

 

Puxou—a para perto de si, o calor dos corpos juntos era bom. Um sentimento que do azulado nunca tinha experimentado antes apossou-se de seu espírito, a paz. Não conseguia desviar os olhos dela, estava hipnotizado. 

 

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Saga ficou preocupado com o irmão, Kanon não era do tipo que sentia-se sufocado ou pelo menos esforçava-se para não aparentar. Iria atrás dele assim que se certificasse que Atena iria ficar bem sem sua presença por alguns poucos instantes. Pensou em abrir a boca para se retirar quando viu com quem a deusa conversava. A moça que a acompanhava na loja, ficou estático. Era lindíssima, os longos cabelos vermelhos, a pele branca, os olhos de tom amarelo, a boca carnuda lhe dava vontade de morder, sugar, beijar até não conseguir mais. Pelos deuses, desde quando pensava algo do tipo ao ver uma mulher pela primeira… Bom, segunda vez? 

 

Desceu os olhos pelo corpo dela, os seios grandes sem serem exagerados, a cintura fina, os quadris proporcionais, as pernas deveriam ser igualmente belas, mas estavam escondidas pelo vestido longo. Deveria ser uma delícia senti-las enroscadas em seu quadril enquanto transavam, os seios também pareciam apetitosos, que vontade de devorá-los. Recriminou-se pelos pensamentos libidinosos. Sequer conhecia a moça, mas já a imaginava nua, debaixo de si, gemendo de um prazer que só ele poderia proporcionar. 

 

— Saga? — Atena o chamava, mas ele parecia não ouvi-la, sua cara de bobo começava a chamar atenção. — Saga! 

 

Sendo tirado de seus pensamentos nada castos pela deusa, agradeceu, não sabia como sair dessa saia justa se ficasse animado onde não deveria. Fazer a divindade passar por uma situação embaraçosa. 

 

— Saga, tudo bem? — Atena perguntou, mas já imaginava onde o geminiano estava com a cabeça, em Ágape, abobalhado com a beleza da moça. Ótimo, parte do seu plano deu certo, agora era só dar mais um empurrãzinho! 

 

— Sim, senhorita Saori, perdão pela distração. — Desculpou-se. 

 

— Tudo bem, quero te apresentar Ágape, meu braço direito dentro da Fundação. — Apresentou-os. — Ágape, esse é Saga, não é apenas meu segurança, mas um grande amigo. 

 

O geminiano ficou totalmente sem jeito com as palavras de Atena. Sentia as bochechas quentes, estava corado. 

 

— Muito prazer, Saga. — A voz era melodiosa, música para seus ouvidos. Ficou ainda mais encantado com a moça. 

 

— O prazer é todo meu, senhorita. — Pegou a mão dela e beijou-lhe o dorso. Como um bom cavalheiro. 

 

Ágape o olhava fascinada. As feições masculinas, o queixo marcado, o nariz levemente afilado, os olhos expressivos, marcantes; as sobrancelhas perfeitas, complementando o olhar. A boca, ah, sua boca... uma tentação à parte. Queria morder o lábio inferior. Ai, pelos deuses, alguém precisava abaná-la, o calor que subia era muito. Aquele homem só com um olhar a incendiou. 

 

— Eu vou no toalete, com licença. — Atena percebeu que a atração foi mútua, então deixaria o resto com eles, mas, se preciso, daria outro empurrãozinho. Agora precisava cuidar de Kanon. Misturou-se na multidão para que Saga ficasse a sós com Ágape. 

 

A ruiva mordeu o lábio inferior, estava um pouco acanhada, afinal, um homem como Saga não aparecia todo dia na vida. Olhou-o por inteiro, os ombros largos, assim como o peito. Imaginou-se deitando a cabeça nele, o calor do corpo alheio junto ao seu.  

 

— Então, Saga… — Começou. — Você dança?

 

Ele não entendeu de primeira, mais uma vez o curso de seus pensamentos eram libidinosos, mirava o decote dela. Sentia a boca salivar, queria prová-los. E agradeceu quando ela falou consigo, tirando-lhe daquele rumo. 

 

— Eu… Sim.Respondeu. 

 

— Dança comigo? — Ágape perguntou. 

 

— Claro. — declarou sem pensar, apenas esperava que nada constrangedor acontecesse, como ficar animado demais. 

 

Foram para o salão de dança, então ele a puxou delicadamente para si. Ela tinha um cheiro bem gostoso, seu calor era aconchegante. Permitiu-se, pelo menos uma vez naquela vida, ser uma pessoa normal, sem obrigações com o mundo, com a paz, com Atena, ser apenas um homem que desfrutava da companhia de uma bela mulher em uma noite agradável. Envolvido por ela e pela música, o mundo apagou-se para ele. Só existiam eles e mais nada. 

 

Passado alguns minutos, Atena os viu juntinhos, sorriu. Tudo o que ela queria era a felicidade de seus cavaleiros e os gêmeos eram quem mais a preocupava. Pois viviam quase reclusos, em automático, enquanto os demais encontraram suas parceiras, sorriam e viviam a vida leve e descontraída. Aliviada de ver Saga tão entretido com Ágape, foi procurar por Kanon que sumira há algum tempo, temia que o guardião caçula pudesse ter ido embora. 

 

Procurou por todo o salão, evitou um encontro com Julian, mas nada de achar o geminiano. Decidiu então procurar do lado de fora. Aha! Encontrou-o aos beijos com Serenity. Sequer precisou apresentá-lo, o destino deu seu jeito. Agora sim poderia aproveitar a festa, senso de dever cumprido. 

 

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O tempo voou desde aquela noite. Alguns anos mais especificamente. O plano de Atena funcionou, os gêmeos se apaixonaram perdidamente pelas mulheres que conheceram e com elas formaram suas famílias. 

 

Saga casou-se com Ágape quatro meses depois de se conhecerem, não quis perder tempo, e desse casamento nasceram Dante e Sófia, seus tesouros. Dante era levado, demonstrou ter cosmo desde muito novinho, aparecendo e desaparecendo para o desespero dos pais. Já a caçulinha, a princesinha dos olhos do pai, era quieta, mas não significava que não fazia das suas, ainda mais junto de seu irmão e primos. 

 

Kanon foi ainda mais afobado que o irmão, casou no mês seguinte e também não tardou a ter sua cria. Argos e Tessa. Revelou-se um pai babão e muito coruja. Um único espirro e o geminiano se deslocava na velocidade da luz para certificar-se que sua prole estava bem cuidada. 

 

Os dois não poderiam estar mais em paz consigo mesmos, o coração leve, cheio de amor e alegria. Depois de tantas provações, de quase destruírem o mundo, receberam sua chance de redenção.  


Os Mestres do Destino, por fim, conheceram o verdadeiro amor.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Eu amei escrevê-la! Nos vemos por aí em alguma atualização das demais!

Beijos!



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