Situação complicada escrita por Parcimônia


Capítulo 5
Desastre Iminente


Notas iniciais do capítulo

Voltei, espero que goste!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795333/chapter/5

A situação em que se encontrava era extremamente desconfortável, pois das duas possibilidades que tinha, nenhuma era segura. Primeira opção: havia perdido a memória por algum motivo foda, e agora era casada com o fracote do Shikamaru e tinha um bebê — ao qual não sabia interagir. Segunda: aquilo era parte de algum plano estranho de ataque, mas não fazia ideia de quem era o agressor, seu objetivo ou estratégia.

Sem falar nas súbitas ondas de sentimentos que a dominavam, como a ternura ao ver o Nara com a criança, o aperto no peito que teve no hospital e algumas certezas que não sabia como fundamentar.

Merda, precisava de um plano de ação, já que deixar-se levar pela corrente — leia-se deixar as decisões a cargo de Shikamaru — não funcionou muito bem.

Quando voltaram para a casa do ninja da Folha já era início de noite. Temari não havia comido muita coisa no decorrer do dia, apenas baozi, porém, os pães cozidos no vapor dificilmente poderiam ser considerados uma refeição respeitável. O bebê Nara também lhe ofereceu biscoitos de nozes babados — na verdade, sob o olhar divertido do pai, a criança tirou a guloseima da boca e tentou enfiar na cara da loira — mas, ela recusou. Por isso, não foi uma surpresa quando sua barriga reclamou.

Ouvindo isso, Shikamaru ofereceu-se para cozinhar. No instante que a proposta foi feita a Sabaku sentiu um pressentimento ruim, entretanto, ignorou — mantendo a cautela.

Percebeu exatamente o que estava errado quando labaredas de fogo subiram do fogão.

Desde o princípio ela podia ver os sinais do desastre iminente: o fato dele abrir todos os armários várias vezes como se não soubesse onde ficava cada coisa, a maneira que parou em frente a geladeira por um tempo considerável, coçando a cabeça. Os ingredientes colocados na bancada, que não conversavam entre si — por Kami, havia separado carne de porco, verduras, lau-jiu (saquê chinês) e molho de ostras. E o mais alarmante, o desleixo ao mexer nas panelas, a temperatura do fogo e a física básica, como por exemplo, considerar que banha quente em contato com água, espirra, pior, que óleo quente em contato com fogo entra em combustão.

Temari estava sentada na mesa da cozinha observando — com certo menosprezo no olhar — Shikamaru pulando entre uma panela e outra, de forma desajeitada. Ao seu lado, Shikadai arrulhava enquanto babava um brinquedo, deitado na cadeirinha. Quando a lavareda subiu, a única coisa que ela considerou foi proteger a criança. Em um momento estava em pé no extremo oposto da cozinha, com o bebê Nara no colo.

Ele não chorou, pelo contrário, o menino colocou a mão rechonchuda no seu rosto e sorriu como se estivesse muito confortável com toda a cena. Era uma sensação indescritível, não exatamente desagradável, afinal, a coisinha não pesava tanto, mas Temari era uma ninja e sabia quando tinha em mãos algo… frágil. 

Tinha medo de quebrá-lo por acidente.

Por mais que o segurasse com hesitação, o bebê só confiava — independentemente da posição que o colocava. Suas mãos gostavam de agarrar, e se prenderam nos cabelos loiros — logo, acompanhado da boca.

— Não — a Sabaku advertiu, e o afastou levemente do corpo, porém voltou para a postura inicial, pois era mais segura. Longe de ser desencorajado, o menino mudou de direção do cabelo para os seus seios, as mãozinhas ávidas.

— Mamamamamama — a criança balbuciou. 

— Não, não, não — com pânico na voz e o rosto ruborizado, o afastou novamente.

— Pronto — vindo em seu socorro, Shikamaru pegou a criança com maestria.

— Que espécie de idiota coloca fogo na própria cozinha? — vociferou, recorrendo a raiva para esconder o constrangimento.

 — É complicado — tinha uma expressão resignada, que alguns poderiam achar cômica em conjunto com o rosto extremamente vermelho por conta do fogo.

Para ele poderia ter sido uma boa resposta, mas com ela só serviu para inflamar seu temperamento.

— Como pude perder nos Exames Chunin pra alguém tão imbecil assim? — perguntou para ninguém em especial.

Sua vontade era pegar o leque e mandá-lo pelos ares — só a ilusão era o bastante para provocar uma satisfação sádica — porém, a dor de cabeça de ter que lidar com a bagunça depois não compensava. Podia facilmente cuidar da histeria do pessoal da Folha, mas não com o bebê Nara chorando — e ele parecia gostar muito de Shikamaru.

— Deixa que vou fazer — emanando irritação, a Sabaku começou a organizar as coisas na pia — coloque o garoto de volta, e venha lavar isso — apontou para a panela cheia do sal que ele havia usado para apagar o fogo — que merda iria fazer com o molho-de-ostras?

— Não sei — o Nara deu de ombros.

— Idiota — Temari cuspiu a ofensa, mas ele não aparentou se importar.

Um tempo depois, todos estavam em volta do chabudai — o bebê Nara nos braços do pai. Apesar de tudo, Temari percebeu que não se sentia desconfortável na companhia dos dois, quer dizer, desde que não precisasse segurar o menino. Mas sentada ali, só comendo, quase podia acreditar na possibilidade de ter escolhido aquela vida para si.

[NA: Chabudai é aquela mesa de madeira com pernas curtas utilizada para as refeições nas casas dos japoneses]

Com a rapidez de um ninja, Shikadai estendeu a mãozinha para o prato do pai e roubou uma cenoura grelhada. Shikamaru nem se abalou, com a mesma velocidade, segurou a mão do garoto antes que ele pudesse enfiar a comida na boca sem dente.

— Quantos meses ele tem?

— Vai fazer 6 daqui a duas semanas.

Não tinha errado tanto assim no chute — pensou — deveria anotar aquela informação no...

— Meus diários! — disse num estalo.

— O quê? — ele parou o hashi no ar, a encarou.

— Escrevo em diários desde pequena — explicou, animada — sabe onde estão?

— Sei… — o Nara respondeu incerto — mas não é uma boa ideia.

— Por quê?

— Ino disse que devíamos começar de forma leve, e definitivamente ler seus diários antigos não se enquadra na categoria.

— Foda-se — rebateu — as lembranças são minhas, então como faço para recuperá-las é problema meu.

— Não é bem assim, você é minha mulher.

— Não fala isso — ordenou, pois, a simples afirmação acelerou seu coração.

— É a verdade — insistiu — essa decisão pode prejudicar nossa família inteira.

— Vocês vão sobreviver — disse com sarcasmo.

— Pelo amor de Kami, nem consigo preparar uma refeição sem colocar fogo na cozinha — apontou para o garotinho em seu colo — como acha que posso fazer isso funcionar sem você?

— Já não sou de muito ajuda agora.

— É o suficiente — no seu olhar só existia súplica e desespero — não seja tão teimosa, Temari.

Ele não tinha o direito de interferir naquilo, o maldito idiota não fazia ideia do quão cansativo era sentir-se insegura o tempo todo, sempre procurando por segundas intenções. Ou ter os outros falando como se a conhecessem há anos, esperando um comportamento que não viria. Aguentar milhões de novas informações sem sentido, e o mais aterrorizante, não poder confiar nas reações do próprio corpo.

— Me diz onde estão os diários, ou parto para Suna ainda hoje.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai, quais são suas teorias?
Gostou do bebê Nara???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Situação complicada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.