Hermione Granger viu Draco Malfoy chorar três vezes. Foram três vezes que ela o viu desarmado. Três vezes que ela viu os olhos cinzas brilhando, por conta das lágrimas. Três vezes que teve vontade de o abraçar e dizer que tudo ficaria bem. Três vezes, que não tinha uma resposta.

Draco andava calmamente pelos corredores que levavam até as Masmorras, sabia que ali poderia pensar no significado do Torneiro Tribruxo e o porquê de Harry Potter ter sido escolhido. Desde seu segundo ano, já desconfiava que seu pai ajudaria aqueles que apoiavam Voldemort a entrar em Hogwarts.

No início pensou de Igor Karkarof, porque ele era um ex-comensal da morte e um dos mais fiéis seguidores de Você Sabe Quem, mas quando Viktor Krum foi escolhido como campeão de Durmstrang, aquilo deixou de fazer sentido. Ele não arriscaria a vida de seu melhor aluno e um dos jogadores de quadribol da Bulgária, se estivesse de fato, manipulando o Cálice.

Por mais que achasse Madame Maxime estranha, em sua cabeça, sua única implicância com ela, era por ser gigante. Não via maldade na mulher e, ao ver como ela ficara furiosa quando o nome de Harry Potter saiu do Cálice, ela já fora automaticamente descartada como culpada.

Restavam os professores de Hogwarts, mas após quatro anos de convício ficava difícil apontar o dedo a qualquer um deles. No fundo, sabia que seu padrinho – Severo Snape – não era fã número um do menino Potter, mas tinha certeza absoluta de que ele não faria algo assim. Sobrava então Alastor Moody, entretanto ele era chefe dos aurores e jamais colocaria um aluno em perigo.

Deixou de lado essa questão, afinal não podia viver preocupado com tudo o que pai dizia, já que muitas delas era mentira. Porém, que a situação era estranha, isso era. Fez o que fazia de melhor, irritar o Santo Potter e seus amigos.

Ele só não esperava que em uma dessas fosse ser transformado em doninha. Ninguém sabia, porque era um segredo que ele guardava a sete chaves, mas ele tinha fobia de doninhas. Desde o dia que uma a mordeu, enquanto ainda era criança. Podia o terem transformado em rato ou até mesmo cobra, mas doninha já era demais.

Saiu correndo sem notar que Hermione rumava pelo mesmo caminho e ela, por curiosa da forma que era, o seguiu. Ele se sentou em um banco qualquer e abaixou a cabeça. Naquele momento, ninguém passaria por ali, todos estariam ocupados com seus afazeres, todos menos a Granger.

Hermione ficou escondida, sem conseguir se mexer, mesmo sabendo que era errado presenciar aquele momento. Mas, seus pés não a obedeciam, por mais que tentasse. Só restou a ela escutar o desabafo do garoto e sentir um pouco de pena naquela situação.

— De todos os animais do mundo, ele tinha que escolher justamente a doninha? E de todos os animais do mundo eu tinha que ter pavor de uma doninha? – choramingava.

A menina resolveu sair antes dele terminar de se martirizar, aquilo era algo que não iria suportar. Sabia muito bem o que era ter fobia de um animal e vê-lo com medo era assustador.

Aquela foi a segunda vez que Hermione Granger viu Draco Malfoy chorar.