Na Medida Do Possível escrita por Mah


Capítulo 7
Capítulo 6




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Aidan manteve seu olhar fixo no homem carregando Ronnie. Estava atrás deles, então tudo o que podia ver eram as pernas dela balançando e o topo de sua cabeça. Ele queria gritar, tomá-la em seus braços e sair dali. Fazer qualquer coisa seria perfeito, mas a arma pressionada contra suas costas não lhe permitia. Ainda mais agora que Veronica estava desmaiada. Tinha que se manter calmo e em controle. – Nós não temos nada contra vocês. Só estamos tentando salvar a minha mãe. – A sua voz tremia. – Olha, nem sabemos quem você é. Deixe-nos ir e prometo que não nos verá novamente.

A pessoa atrás de si não estava respondendo e custava cada um dos nervos de Aidan para não virar. O homem com Veronica parou e pegou a arma. Fez um sinal para eles esperarem. Em questão de segundos, três monstros passaram e foram mortos. Foi tão rápido que ele mal viu acontecer. O silêncio se instaurou, então eles voltaram a andar.

Eles entraram em um prédio abandonado que sua condição parecia preceder os recentes acontecimentos. Quando estavam subindo a escada Aidan voltou a respirar novamente, porque Veronica acordou. – Me deixe em paz, seu idiota! Eu posso andar! – Com isso, o homem a colocou no chão e apontou a arma para sua cabeça.

— Então ande. – A voz de trás de Aidan voltou a falar. Quando fizeram a curva na escada, ele pode ver o perfil de uma garota jovem, parecia ter a mesma idade que eles, talvez alguns anos mais velha, e estava usando roupas rasgadas.

— Aidan, você está bem? – Veronica perguntou antes de ser empurrada pelo homem. Ela caiu contra uma porta, e a mesma abriu.

Assim que pararam de andar, eles adentraram uma sala onde vários outros rostos os encaravam. Todos eram pessoas saudáveis, mas alguns estavam machucados. Quando ele se aproximou de Veronica, os dois se abraçaram. Depois, Aidan pode ver um pouco de sangue escorrer pela testa dela. – E agora? O que vocês querem com a gente? – O senso de justiça dentro dele estava alto. Precisava fazer algo por ela.

Veronica endireitou as costas e pareceu confiante. – Nós não fizemos nada para vocês. Deixem-nos ir.

A garota de cabelos curtos com uma faixa roxa reluzente estava apenas aproveitando o show. – Ah... Não fizeram nada, né? Graças a vocês dois idiotas, esse prédio agora está cercado de infectados. Nós não temos como sair em segurança porque vocês os atraíram para cá. Obrigada. – O sarcasmo praticamente pingava em sua voz.

— E qual era o plano de vocês exatamente? Ficar aqui até alguém fazer alguma coisa? Porque nós estamos indo a fonte do problema e buscar uma solução lá. – Veronica estava brava com tudo o que havia acabado de acontecer, então não estava medindo esforços para liberar a sua raiva.

A garota estranha cruzou os braços e ficou esperando. – Como você acha que vai fazer isso? A CFCDG está infestada de infectados, ir lá é uma sentença de morte. – As duas mulheres começaram a se encarar.

— Nós vamos achar a minha mãe, ela trabalha lá e se eles causaram isso, deve ter uma cura. – Aidan estava cansado dessa garota. Queria apenas sair dali com Veronica e acabar logo com isso.

— Se tivesse uma cura, você não acha que alguém a teria usado? Principalmente a sua mãe? Apenas aceite, ou ela está morta, ou ela já se transformou.

Veronica deu um passo em direção a garota. – Talvez sim, talvez não. Teremos que ir lá e descobrir. Então, porque você não devolve a minha arma e saímos do seu caminho. – A estranha começou a rir.

— Nada disso. Você pode ir como quiser, mas a sua arma fica. Graças a vocês, estamos rodeados. Precisamos de qualquer vantagem possível. – Veronica se aproximou um pouco mais.

— Você é a líder daqui obviamente, então explica uma coisa: Como pretende manter todas essas pessoas vivas em algumas poucas balas? Porque eu sei que a cada minuto que passa, os monstros ficam mais desesperados e esse prédio não é exatamente escondido. É uma questão de tempo. Tempo que eles não parecem ter. – Veronica grudou no rosto da garota e falou bem devagar e baixo, para que apenas ela pudesse ouvi-la. – Você precisa decidir agora: quer manter todos vivos por alguns poucos dias ou quer salvar a todos por alguns bons anos? Você parece uma garota inteligente e experiente. Venha conosco, nós entramos lá, achamos a cura e salvamos a todos. O que acha?

Alguns segundos passaram. – O que te faz pensar que eu tenho interesse na cura?

— Talvez você não tenha, mas tem o interesse de se manter no poder. E nesse momento, nós somos os únicos dispostos a fazer alguma coisa. – A garota olhou ao redor e todos encaravam as duas. Aidan estava analisando Veronica, surpreso com sua atitude.

— Você tem muita coragem ao tentar me ameaçar. Também pode ser considerada estupidez... – A garota fez um sinal e o homem que a havia carregado lhe devolveu a arma. – Bom, tudo bem. Qual é o plano? – Veronica sorriu.

— Mais importante, qual é o seu nome? – As duas estavam competindo para ver quem poderia sair por cima.

— Verdade, não fomos devidamente apresentadas... Eu me chamo Rachel. – A garota disse já mais calma.

— Prazer. Eu sou a Veronica. Ele é o Aidan. Agora que tiramos isso do caminho, vamos logo ao problema: tem algum lugar mais privado que possamos discutir o assunto?

Aidan andou até ficar ao lado de Veronica e ela guardou a arma. – Me sigam. – Os três passaram por um corredor sujo, com paredes desgastadas e um predominante cheiro de esgoto até uma porta velha que mal se conservava na parede.

Rachel abriu a porta fazendo um rangido alto se propagar pelo lugar e eles entraram em uma sala vazia que poderia ser considerada arrumada. Havia uma mesa de jantar antiga no centro e algumas cadeiras velhas ao seu redor. Nas paredes, alguns quadros estavam pendurados, com imagens variadas de florestas, cavalos e crianças. Nos cantos do lugar havia pequenos armários enferrujados e abarrotados de papéis. A sala tinha um cheiro um pouco mais agradável que o resto do lugar, mas ainda era um prédio que havia sido abandonado a anos.

Eles sentaram-se ao redor das cadeiras questionáveis. – Então, qual é o plano? Como você pretende acabar com essa situação toda? – Rachel estava curiosa e parecia realmente interessada.

— Bom, nós íamos entrar no prédio e de lá, acharíamos a mãe de Aidan. Depois encontraremos a cura e a liberaremos para todos. – A expressão de Rachel atingiu um nível de inexpressividade que nenhum dos dois jamais tinha visto em outra pessoa.

— Só isso?! É só isso que você tem?! – Rachel apoiou-se nas mesas e usou sua força para ficar de pé. – Isto não é um plano! Isso mal é uma ideia! Vocês não pensaram em nada e ainda querem que eu os ajude! O que vocês vão fazer quando chegarem lá e sua mãe já tiver sido transformada? Isso se chegarem lá! – Ela cruzou os braços. – Tem um mar de infectados daqui até o prédio. Lá dentro estará ainda pior. Vocês precisam de algo melhor e rápido! Não posso colocar todas as esperanças em uma possibilidade!

— Você tem razão. – Veronica levantou-se também, queria poder falar com Rachel na mesma altura para mostrar dignidade. Sabia que tinham muito pouco planejamento. – Mas você já parece ter tido algumas ideias. Nós todos sabemos que há uma cura para isso ou menos queremos acreditar que há uma. E no momento, é melhor que qualquer alternativa. Então, você pode nos ajudar a entrar no prédio, chegar na cura e salvar a todos. O que acha?

Rachel estava incerta. – E por que eu faria isso? Para mim, parece que a minha maior chance de sobrevivência é fazer tudo isso sozinha. Cuidar dessas pessoas. Protegê-las.

— Exatamente por isso. Você tem uma motivação. Nessa vida, você só alcança um objetivo, se realmente o quiser. Juntos podemos ajudar essas pessoas antes que seja tarde demais. – Veronica caminhou para o outro lado da mesa até ficar cara a cara com Rachel. – Podemos esperar até que o governo entre e faça alguma coisa, mas quantos vão morrer no processo? Admito que nós não temos um plano. Mas sei que se unirmos nossas forças, poderemos fazer uma diferença. Pode ser? – Veronica tomou uma grande bocada de ar após terminar seu discurso. Ela estava esperando a resposta de Rachel, esperava tê-la convencido depois disso.

— E você? O que você pensa sobre tudo isso? – Ela se virou para Aidan.

— Eu estou com ela em qualquer condição. Se me perguntasse em que eu confio mais nesse mundo, a resposta sempre seria Ronnie. Ela é a melhor pessoa que eu conheço e coloco a minha vida nas mãos dela em todas as situações. Se ela está dizendo que salvaremos a todos, eu acredito nela. Você também deveria. Essa é a minha opinião. – Veronica apenas sorria para o garoto. Suas palavras foram tão sinceras que até seu coração doeu.

— Tudo bem, vamos fazer isso. Vocês me convenceram. – As duas sorriram e se sentaram. – Tenho algumas ideias.

Aidan e Veronica entreolharam-se. – E estamos prontos para ouvi-las.

— Então, vamos começar. Vocês já devem ter percebido que os infectados possuem uma debilidade ao sol. Eles ficam dentro dos prédios até tarde e só então saem. Por isso, aconselho fazermos isso durante a noite. Porque apesar de podermos utilizar a sua fraqueza para entrar no prédio durante o dia, uma vez que estivermos lá dentro, é isso. Terá um mar concentrado deles.

Veronica estava pensativa. – Faz sentido. Indo por esse princípio, podemos usar objetos com luz e calor, além das armas, para mantê-los afastados.

— Quantas lanternas vocês têm? – Aidan perguntou pensativo.

— Poucas e bem velhas, mas podemos usar fogo. Com cuidado é claro, se começarmos um incêndio, então a cura já era.

Aidan se lembrou de repente. – Quando eu peguei o facão no mercadinho, passamos por uma seção de utensílios domésticos, com lanternas e lampiões.

— É uma opção válida. Isso nos ganharia alguns segundos, iremos precisar de um pouco mais. Os infectados também possuem certa quantidade de audição e visão. Se passarmos bem quietos e não causarmos comoção, a noite será a nossa aliada. Poderemos atravessar os que estão do lado de fora sem chamar atenção.

Veronica estava calculando todas as coisas que poderiam dar errado e parecia o melhor caminho. – Tudo bem, isso lida com os de fora. Uma vez que estivermos dentro, teremos que achar alguma alma viva que nos leve à cura.

— Não necessariamente. Minha mãe uma vez me deixou ir com ela ao trabalho. – Veronica sorriu, mas então recordou. – Eles não me liberaram para entrar, mas bem na entrada, uma vez que passar as catracas, tem um mapa do prédio.

— Já é algo, não muito promissor. Mas algo.

— Nos ajuda bastante já, Aidan. Assim, passaremos bem silenciosamente pelos monstros até chegarmos na sala com a cura.

— E depois? Essas coisas devem ser protegidas por senhas e cartões de passe. Não poderemos entrar. – Veronica havia decidido, Rachel era uma pessoa muito realista. O que tinha seus lados bons e ruins.

— Quando chegarmos lá, descobrimos. Se tiver algum cartão passe, a gente rouba de alguém morto. Além do mais, tem várias pessoas aqui, algumas delas devem ser boas com um computador. Isso ainda se lá tiver energia.

Rachel estava considerando todas as opções. – Eu cuido dos computadores, se tiver algum ainda funcionando.

— Vamos ser honestas, podemos planejar quanto quisermos, mas só saberemos o que fazer uma vez que estivermos lá dentro. Existem tantas variáveis nesse plano que é impossível promover a garantia de sucesso. O melhor é o que já temos: opções alternativas e motivação. O que vier a seguir será resultado disso. – Aidan queria colocar um sorriso na cara de Ronnie e conseguiu.

Rachel pegou sua arma e colocou em cima da mesa. – Tenho mais algumas dessa. Veronica, você é uma das melhores atiradoras que eu já vi, fica responsável por mantê-los longe. E eu te ajudo com isso. Quando chegarmos lá, eu irei para o centro de controle e desativarei todas as proteções eletrônicas. Aidan, você é bom em alguma coisa? A não ser palavras? – A honestidade na voz dela doía nos ouvidos de Aidan.

— Eu entendo um pouco de vacinas, curas e farmacêuticas. Minha mãe me ensinou alguns truques. – Ele não estava seguro de si.

Rachel não confiava nele, mas precisava tentar. Por que eles tinham razão, se não fizessem nada, estariam mortos com certeza. – Tudo bem, vou juntar os armamentos que temos e ver o que dar para levarmos sem comprometer essas pessoas. Jonathan! – O homem forte que havia carregado a Veronica apareceu pela porta. – Sei que você ouviu a nossa conversa, mas precisamos discutir um assunto. Fiquem à vontade aqui, que eu já volto. Está quase escurecendo, então precisamos fazer isso rápido. – E começou a fazer seu caminho em direção a ele.

— Sim, por isso que eu preciso ir buscar as lanternas no mercado. – Aidan lembrou-se do que haviam discutido. Queria provar que era útil para o time.

Rachel já estava perto de Jonathan na porta. – Tudo bem, vão lá rápido e nos encontramos aqui em meia hora? – Aidan e Veronica se levantaram e todos deixaram a sala.

Quando estavam longe dos ouvidos alheios, Veronica puxou assunto: - O que você achou dela? Acha que esse plano dará certo?

Aidan estava confuso e pensativo. Não tinha certeza do que realmente acabara de acontecer, mas precisava acreditar que tudo daria certo. O medo de perder a Ronnie era grande e esse plano era um enorme risco, mas não é como se os dois tivessem algo melhor antes de conhecê-la. – Honestamente? Eu não sei, ela parece uma garota intensa e problemática. Mas tem ideias boas e me sinto um pouco melhor sabendo que irá nos ajudar.

Veronica estava insegura quanto a Rachel. Não podia explicar seus sentimentos. Sim, estava mais tranquila sabendo que tinham um caminho em mente de como realizar o objetivo, mas não era como se confiasse na mulher. Acabaram de se conhecer e quando isso aconteceu, ela acabou inconsciente. – Você não acha estranho ela querer nos ajudar? Nem nos conhece.

— Eu sei, Ronnie. Mas ela tem razão, isso é maior que a gente. – Veronica concordou e os dois começaram a descer as escadas no prédio abandonado. – Quem você acha que são essas pessoas?

— Não tenho ideia, talvez nem ela tenha. Mas isso não importa, não é? Todos merecem o direito de sobreviver e precisam de ajuda. – Os dois chegaram na entrada do prédio e ela sacou a arma. – Você sabe o caminho, vai na frente. Eu te dou cobertura. – Aidan saiu primeiro olhando para os lados com cuidado, tentando encontrar um monstro. Os dois não estavam fazendo barulho, apenas andavam depressa pelo caminho parando de pouco em pouco, toda vez que um monstro aparecia.

Já estava entardecendo e daqui a pouco a noite chegaria. Quando viraram a esquina, o mercado estava à frente. Era o grande mercado que os dois tinham bloqueado a porta, então precisavam entrar por trás. Pelo menos, se lembravam que ele estava vazio, claro, exceto por Rachel e Jonathan. "Vamos torcer para que ainda esteja".

O sentimento de tranquilidade era curto, porque a porta estava aberta. Precisavam ser rápidos. Uma vez lá dentro, os dois tomaram a decisão mútua e não expressada de permanecerem em silêncio. Veronica trocou de posição com Aidan, colocando-se na frente enquanto procuravam as lanternas. A cada corredor que eles viravam, seus corações davam um pulo. A loja parecia extremamente silenciosa, mas era melhor garantir.

Quando as lanternas apareceram à sua frente, os dois pegaram o máximo que cabia dentro de suas mochilas e vários pacotes de bateria. Então, começaram a fazer seu caminho de volta para Rachel. Tudo estava calmo do lado de fora também, então ganharam um pouco mais de confiança em seu plano de passar despercebido, mas mesmo assim, as próximas horas definiriam a resposta entre vida ou morte.

 


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