Na Medida Do Possível escrita por Mah


Capítulo 5
Capítulo 4




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A cidade de Rivertown despertou aos gritos. O vírus tinha se espalhado até as florestas. Ela estava deserta porque ninguém ousava sair as ruas e até o momento parecia que a melhora estava longe. Pessoas tentaram vir ajudar de cidades vizinhas, mas seus próprios comandantes haviam feito barricadas e estavam matando qualquer coisa que movesse em direção a eles. Infelizmente, várias pessoas inocentes sofriam no processo. Já por dentre a parte florestal da cidade, o sol estava forte e havia uma leve brisa balançando as árvores do lado de fora da grande e convidativa casa. Os pássaros cantavam no topo de suas gargantas aproveitando suas asas para fugir de qualquer animal ou monstro que quisesse atacá-lo.

Apesar da aparente paz que a rodeava, Veronica acordou bruscamente ao som de gritos e explosões vindo do andar a baixo. Ela deu um pulo tão grande que acabou no chão porque suas pernas estavam enroladas no cobertor. No melhor que conseguiu, se soltou, agarrou a arma que estava na cabeceira e cambaleou escada a baixo tropeçando em alguns móveis e degraus. Ainda estava despertando e seu corpo não tinha muita coordenação no momento. Ela não sabia de onde vinha os sons, mas estavam perto.

Estava alerta procurando a fonte, mas saltou quando uma mão segurou seu ombro. Em movimentos rápidos, a pessoa conseguiu tirar a arma dela. – Ei, filha, relaxa... Está tudo bem. – Seu pai disse com uma voz preocupada enquanto encarava o semblante alerta de sua menina. Seu pijama estava amarrotado, seu cabelo tinha caído do rabo de cavalo e neste momento ela possuía apenas uma meia. Ele sempre havia dito que ela poderia ser uma incrível policial, só tinha muito o que aprender. – Filha, é só a televisão. – Ele apontou para trás e ela se virou em direção a sala de estar. Pode ver sua mãe sentada encarando-a sem saber se podia rir, porque as notícias eram tão sérias que o clima estava tenso. Mas não evitou sorrir.

Aidan estava ao seu lado guardando aquela cena em mente, já estava completamente vestido nas roupas do dia anterior. Para ele aquilo não era engraçada, e sim impressionante. Porque ela nunca pareceu tão natural. E para ele beleza é apenas assim, pura.

Veronica corou quando o olhar entre os dois ficou fixo, então Aidan desviou sua atenção a televisão. Ela andou para se sentar enquanto arrumava seu cabelo o melhor que pode. - O que está acontecendo? Eles têm alguma notícia? – Ela apoiou em Aidan e ele lhe entregou uma xícara de café quente, recebendo como agradecimento um sorriso.

Antes que alguém pudesse lhe responder, a repórter acabada de cansaço apareceu na tela. – O que vocês estão observando são as destruições que tivemos desde o surto. Milhares de pessoas ou já foram infectadas ou morreram. A CFCDG foi invadida pelo vírus também, sendo plausível considerar que ela é o estopim dessa situação. Até o momento conseguimos comunicação apenas com o cientista Harold Smithens – um dos principais na companhia –  ele disse que a situação dentro do prédio já está dentro de controle. – “Não sei porque, mas não acredito nele.”—  Que estão tentando ao máximo realizar uma cura. Mas enquanto isso, foi pedido para que não saiam de suas casas e fiquem todos a salvo.

Veronica não aguentou. – Algo está errado. Não faz sentido. – Aidan apenas olhou para ela de relance e em segundos pode sentir que a preocupação do garoto estava grave.

A repórter voltou a falar. – Até o momento é toda a informação que temos. Mas prometo que vamos sair dessa, trazer Rivertown para a luz novamente. E quando tudo isso tiver terminado, vamos descobrir o que realmente aconteceu e quem é o verdadeiro culpado. – Ela estava visivelmente exausta. Mal podia se manter acordada. “Bom, a central de televisão é perto de tudo. E talvez seja ela que tem saído para coletar as imagens. Não quero nem imaginar. Pelo menos ela não desistiu.”. — Até o momento é só. – Sua mãe desligou a televisão e Veronica levantou decidida.

— Nós temos que ir agora. Não há tempo a perder. – Pode sentir seus pais virarem para si e começaram calafrios na sua espinha.

— Querida, eu sei que você quer ajudar, mas o que você vai conseguir indo lá fora? Você nem sabe o que está fazendo. – Ela não queria ouvir isso e eles precisavam sair logo.

— Eu estarei fazendo mais do que faria ficando aqui. Há pessoas lá fora precisando de ajuda e eu sei o quão perigoso é, confia em mim. Mas nós temos que fazer alguma coisa porque se alguém fosse ajudar, esta pessoa já teria resolvido. – Decida a acabar com isso, ela puxou Aidan escada a cima como na noite anterior, pulando a cada dois degraus. – Pega a sua mala, saímos em dez minutos.

Ele não precisava de mais nada. Pegou tudo o que iria precisar e deu um beijo na testa de seu irmão. – Voltamos em breve, amo vocês. – Após mais alguns segundos observando as duas crianças dormindo, ele saiu do quarto e viu Veronica pronta ajustando a arma na cintura. Ela estava usando uma regata amarela que expunha seu braço machucado e uma calça jeans com um cinto preto. Seu cabelo se continha em um rabo de cavalo e ela parecia pronta para o que viesse. Ele se lembrou que precisava checar seu machucado para ver como estava, mas não tinha tempo agora.

Veronica se aproximou dele, pegou a chave do carro e disse: - Desta vez, eu dirijo. – Ela estava confiante, mas ele não. Fez uma cara de incerteza enquanto todas as vezes que ela bateu o carro passaram pela sua mente e pegou a chave de volta.

— Desculpa, mas eu te conheço e não pretendo morrer antes de chegar lá. – Indignada e preocupada, ela guiou o rosto dele dizendo com calma e assertivamente:

— Ninguém irá morrer hoje, ok? Somos mais fortes juntos, eu acredito nisso e você também deveria. Agora vamos que estamos perdendo tempo. – Ele sorriu para ela sabendo que está certa, ao menos achava que sim. E isso bastava. Desceram a escadaria que levava a porta e os pais de Veronica estavam parados ao lado dela.

Ela não tinha cabeça para isso agora. – Olha, não vamos dizer mais nada. Só tomem cuidado, por favor. Amamos vocês dois demais. – Todos se abraçaram por alguns segundo. – Liguem assim que conseguirem, mandem mensagem, qualquer coisa. Até sinal de fumaça servirá, só não explodam nada, ok? – Eles riram e Camila virou-se para Aidan. – Nos vamos cuidar do Jack, não se preocupe. E assim que conseguir, dê uma olhada no braço dela para que não infeccione, tudo bem? – Ele concordou e os dois iam sair pela porta, mas Richard a parou.

— Colocamos comida e alguns sacos de dormir no carro. Também tem mais munição no banco de trás, mas por favor, tome cuidado. – Ela assentiu e eles saíram. O silêncio de instaurou até darem a partida.

— Pronto para isso? – Aidan só olhou para ela e os dois começaram o caminho de volta para o que poderia ser facilmente a morte certa. Veronica virou focando em manter estável para pegar a maleta de munição que seu pai havia deixado, enquanto Aidan esperava por qualquer coisa que pudesse pular em frente a eles. – Uau. – Ele ouviu e virou a cabeça. A mala estava carregada e o sorriso que Ronnie havia dado era um tanto preocupante, mas ele sabia que seria ela a responsável por usar aquelas coisas e desejava fortemente que fosse necessário quase nada disso. Mas ele também era realista, talvez aquilo não fosse o suficiente.

— Toma cuidado. – Ela assentiu enquanto enchia a mochila dos dois com munição. Sabe... para garantir. E por que carregar aquela maleta seria muito pesado. Quando ela terminou, colocou a maleta no banco de trás e pegou as comidas e garrafas da água, sem exagerar. Apenas o básico. Depois, sentou-se direito novamente e ficou pronta para qualquer coisa. – Como está o seu braço? – Ele guiou o olho para a faixa que já precisava ser trocada.

Após alguns minutos de delegação, Veronica respondeu. – Está bem, eu acho. – Não queria ele se preocupasse com isso agora. Latejava um pouco, é claro, mas tinha aprendido a viver com a dor.

Aidan negou enquanto fazia uma leve curva deixando para trás a visão da cabana familiar em seu retrovisor. – Pega a bolsa no fundo da minha mochila, vou te ajudar a limpar o ferimento agora. – Ela seguiu o que ele tinha dito e ficou surpresa a encontrar tudo o que precisava ali.

Sentindo-se um pouco movida, ela removeu a bandagem que estava no seu braço com cuidado e colocou em um saco plástico descartável que encontrou na bolsinha. – Você lembrou de trazer tudo isso? Por mim? Obrigada. – Ele deu o seu famoso sorriso reconfortante para ela.

— É claro que sim. Não poderia deixar você sangrar até a morte no meio da floresta, ou poderia? Ok, agora com cuidado quero que você pegue o soro fisiológico e lave o seu braço. Faz do lado de fora da janela para não molhar nada. – Ela apenas fez o que ele estava falando. – Muito bem, acho que está bom. Pegue sabão e lave com uma das garrafas que seu pai deixou para nós, para evitar infecções. Por fim, seque bem toda a área e prenda uma faixa nova com esparadrapos. – Quando Veronica terminou se sentiu feliz, um pouco mais independente. – E é isso.

Ela fechou a janela e disse: - Obrigada Aidan, uma coisa a menos. Agora só temos que estar prontos para o pior. Quanto tempo até a cidade?

— Eu diria que se mantivermos essa velocidade, mais umas seis horas. – Disse avaliando quanto tempo ainda tinha, mas Veronica não respondeu. Apenas se ajustou no banco e começou a observar as árvores lá fora. Alguns minutos se passaram, e sem perceber ela caiu no sono. Como seu rosto estava virado para a janela, Aidan não notou. – Acho que esse é um bom momento para nós conversamos. – Ele engoliu em seco. – Eu acho que tem algo entre nós, algo mais forte que apenas uma incrível amizade. O que você acha? – Ele perguntou olhando de relance. – Ronnie? – Ele pôs uma das mãos em seu ombro e ela revirou para o lado dele ainda dormindo. – Talvez uma outra hora então.

Passaram-se cinco horas e era quase uma da tarde. O sol estava em seu pico e com sorte o nublado permitia uma proteção do calor horroroso que se instauraria facilmente se o céu estivesse limpo. Aidan estava ficando com fome e ela ainda estava dormindo, mas os dois precisavam comer.

— Ronnie... – Ele sacudiu levemente ela. Nada. – Ronnie acorda. Vamos, acorda... – Ele sabia o quão difícil isso era, mas após algumas tentativas ela abriu os olhos lentamente.

— Já chegamos? – Perguntou enquanto sentava melhor no banco.

— Não. – Pode ver sua cara de decepção claramente estampada. – Mas eu pensei, como não vamos ter tempo de comer na cidade porque está muito mais perigoso, o que acha de almoçarmos aqui antes de chegar lá?

— Pode ser, mas não acha que estamos perdendo tempo? Por que sua mãe está em perigo. Precisamos salvá-la. – Ele fez uma cara triste e ela se arrependeu de repreende-lo.

— Vamos ser realistas, ela pode ser um monstro agora e talvez consigamos ajuda-la, mas não seremos de nada se estivermos fracos e com fome. – Veronica sabia que ele estava certo, então concordou.

— Que tal assim? Vamos comendo enquanto você dirige, eu te passo a comida. Assim não teremos que parar e nem perdemos tempo. O que acha? – Ele apenas concordou enquanto ela se esticava para pegar comida que não estivesse em suas mochilas.

Enquanto Veronica abria dois sanduíches e uma garrafa de água, Aidan estava considerando dizer o que ele tinha começado antes, mas então notou o painel do carro. – Acho melhor comermos rápido porque estamos ficando sem gasolina. E daqui a pouco precisaremos da energia para andar. – Ela apenas lhe estendeu um dos lanches enquanto mordia o outro.

— Estamos ficando sem tempo então, vamos aproveitar que está calmo agora e conversar, pode ser? – Ela não conseguia encará-lo e ele não sabia o porquê.

— Sobre o que? – Disse depois que deu outra mordida e virou seu corpo para ela levemente, ainda prestando atenção na estrada.

Veronica buscava palavras para expressar o que ela queria dizer, mas nada que lhe vinha parecia suficiente. – Bom, estamos numa situação difícil eu e você... Estamos entrando literalmente no meio do que pode ser um inferno. – Aidan percebeu que ela estava corando e seu coração disparou. Tinha uma vaga esperança de que sabia onde a conversa estava caminhando, mas precisou lembrar que estava dirigindo, então eventualmente teria que olhar para frente. – Eu só quero saber se o que eu estou sentindo está acontecendo mesmo... Acho que tem algo muito importante entre nós e tenho certeza de seria incrível, mas ao mesmo tempo não quero arruinar a nossa amizade ou a das nossas famílias. O que acha? – Ela estava vermelha. Tão vermelha quanto o sinal de pare em um farol. Mas não escondeu e tentou olhá-lo firmemente, apesar da clara vulnerabilidade em seu rosto.

— Eu entendo perfeitamente como você se sente e acredito que nós dois seria algo... inacreditável. Num sentido maravilhoso, é claro. – Ela sorriu abertamente e ele apenas retribuiu. – Mas acho que deveríamos... – Não pode terminar a frase. Ele travou e sua cara foi de felicidade para espanto. – Cuidado, Ronnie! – Ele a puxou, segundos antes de um monstro chocar em seu lado do veículo quebrando o vidro. Por segundos, não ganhou outro machucado feio.

Como instinto, ela retirou a arma da trava e atirou na criatura fazendo ficar para trás. Mas ela trouxe amigos, vários outros infectados correram no sentido do carro vindo de todas as direções. – Corre Aidan! – Veronica estava atirando em vários deles, sem nem lembrar que aqueles foram pessoas até recentemente. Como seu pai lhe disse: numa situação de perigo, é você ou o outro. Então, ela colocou todo seu treinamento a prova enquanto tentava ao máximo não ser pega pelos monstros que pulavam em sua janela.

Um infectado conseguiu se prender no porta-malas do carro, estava sendo carregado junto com eles e batia fortemente no vidro. No melhor que pode, ela aproveitou a janela de oportunidade de não ter ninguém por perto do seu lado, colocou seu corpo para fora e atirou no monstro. Ele percebeu e tentou alcança-la pelo lado do carro mesmo, mas ela continuou atirando até ele finalmente cair.

Aidan estava distraído entre dirigir e garantir que Veronica não caísse. Seu corpo no momento estava quase do lado de fora e ele tentava manejar numa velocidade alta e constante para que ela não fosse jogada longe, e ainda desviar dos monstros. Porém eles pareciam vir de um estoque inesgotável. Quando a garota conseguiu voltar para dentro percebeu que uma das mãos de Aidan estava presa em sua blusa. Ele a havia segurado caso precisasse puxá-la em uma emergência. – Obrigada. – Ela disse enquanto trocava o cartucho vazio da arma por um novo.

— Sempre aqui. Se segura. – Ele começou a fazer uma série de curvas perigosas, mas eficientes para passar os infectados. O carro não duraria muito se continuasse na velocidade em que estava. Eles não tinham muito tempo.

Quando enfim conseguiram passar o ponto de crise da situação e fugir dos monstros, os dois puderam respirar. Aidan virou-se para Ronnie por um segundo e não pode desviar. Uma pessoa tinha aparecido na frente do carro e quando ele foi desviar, acabou acertando a pessoa e uma árvore. A força do impacto fez o carro sacolejar e tudo ficou preto por uns instantes.

 Aidan foi o primeiro a recuperar a consciência. “Há algo errado... O que houve aqui?” Sua memória estava retornando aos poucos e flashs do que havia acabado de acontecer ainda brilhavam em sua mente. Podia sentir os principais locais que haviam sido feridos no impacto. Ele sabia que não havia quebrado nada, mas sua cabeça bateu com força no volante e parte da árvore havia entrado no veículo separando-o de Veronica. “Veronica!” Pensou ele lembrando-se de tudo. Virou-se como pode para garota e pode ver uma trilha de sangue descendo o seu nariz. Ela ainda dormia.

Passando seu braço por cima da árvore que os dividia, ele começou a balançar seu corpo levemente. – Ronnie, acorda... – Nada. – Ronnie, por favor acorda. Esse é o momento que eu mais preciso que você faça isso. – Balançou um pouco mais até ela acordar em desespero. – Ei... Se acalma, estamos vivos. Veronica piscava tentando ajustar à vista. – Como você está? Pode sentir tudo? Mover tudo?

Ela demorou alguns segundos para responder. Estava tentando ver se algo de errado consigo saltava acima da situação. Porém, para ele essa espera foi eterna. – Acho que está tudo normal, o estrago foi mais no seu lado. Como você está? – Ela falou enquanto pegava as mochilas e guardava a arma na cintura.

— Eu estou bem. – Ela não acreditava nele, então apenas o encarou questionando. – Tenho uma leve dor de cabeça, mas nada que não passe. Consegue sair? – Ela afirmou abrindo a porta com as mochilas nos ombros. – Cuidado! Você pode sentir tontura.

Ela levantou e rodeou o carro para ajudá-lo. – Estou bem, agora segura na minha mão e vamos tentar devagar. – Com sorte, o corpo dele estava funcionando bem e, com nada além de alguns bons arranhões e uma dor de cabeça forte, ele conseguiu sair do carro. Porém perdeu o equilíbrio e segurou-se nela. – Calma, um passo de cada vez.

 Veronica pegou uma garrafa de água da janela agora quebrada do banco de trás e entregou a Aidan, que tomou bons goles antes de lavar seus machucados. – Acho que estou bem agora. – Falou ficando em pé por si só e pegando a sua mochila que estava com ela.

— Por garantia, eu vou te ajudar. – Não havia nada que os dois pudessem fazer pelo carro naquele momento, o que restava agora era caminhar. “Ainda bem que estamos perto da cidade” Pensou Veronica enquanto na estrada, com uma mão na arma da cintura e a outra passava pelo corpo de Aidan, para mantê-lo estável e garantir que não cairiam. Ela estava pronta caso alguém aparecesse em seu caminho.

Vinte minutos se passaram em silêncio até finalmente conseguirem ver a cidade ainda a distância. Causava alegria aos dois saberem que estavam perto. Veronica estava preocupada com Aidan, ele estava tenso. Ela podia sentir pelo braço que cruzava suas costas. E ao mesmo tempo estava feliz de estar viva, de estarem vivos. Já Aidan estava se culpando por tê-la colocado em risco novamente, por ter batido o carro, por terem que andar, por estarem ali, por tudo, na verdade. Em uma situação diferente estaria agradecendo a proximidade. Mas agora acreditava que o mais perto que ela estivesse dele, mais em perigo a mesma estava.

Quando finalmente chegaram ao fim da floresta e podiam ver a cidade, os sons de gritos e desespero de antes não podiam ser ouvidos. Na verdade, tinham sidos substituídos por um silêncio tão arrasador que nem pássaros cantavam. Os dois pararam ali para observar. O estrago de antes tinha piorado a um nível extremo. Havia prédios pegando fogo, cadáveres por todos os lados e uma densa camada de poeira perpetuando o ar. Se a cidade enfim voltasse a ser Rivertown, segura e saudável, levaria meses para se recuperar. Talvez até anos.

Veronica queria melhorar a situação, mas não sabia como. A distância entre eles e o prédio do CFCDG era grande. Maior do que ela queria imaginar. – Bom, não podemos pegar o carro porque ele está sem gasolina e claro... destruído. – Ela começa a rir de mesma. – Acho que nos resta apenas andar. – Aidan estava quieto. – Vai ser bom... Um pouco de exercício nunca matou ninguém. – Veronica começa a andar pela estrada a caminho dos prédios, mas ao perceber que Aidan ficou parado atrás, ela volta. – Ei, o que houve?

Aidan estava triste e algumas lágrimas secas estavam marcadas em seu rosto. Isto quebrou o sorriso dela. – Me desculpa, Ronnie. – Disse ele cabisbaixo.

Ela se aproximou dele confusa. – Pelo que?

O mesmo encarou os prédios analisando a distância. Quase como se ela fosse transparente. – Por ter te colocado nessa situação... Você veio aqui por mim e agora estamos tendo esses problemas... Não quero por sua vida em risco.

— Ei... para. – Ela segurou seu braço, o virou e girou sua cabeça para si fazendo incapaz de olhar para outro lugar. – Isso não é culpa sua. Nada disso é culpa sua, por isso não tem o que pedir desculpas.

Ele parecia não acreditar nela.

— Eu estou fazendo isso por você claro, mas pelo Jack e pela Elena também. Vocês são minha família! Você acha que eu ligo para aquele carro? Relaxa... Quando tudo acabar, a gente vê o que faz. Talvez até tenha conserto. Não é nem um problema. – Aidan conseguiu sorrir um pouco, mesmerizado pela mulher em frente a si. – E quanto a colocar minha vida em risco, não foi sua escolha. Foi minha e eu teria feito isso quer você queria ou não. Por que o maior risco seria te perder. Pelo menos assim estamos juntos. – Ele aproveitou a explosão de emoções dentro de si e a abraçou. Não sabia quando o próximo monstro sairia para os atacar, então precisava usar cada segundo.

Ele a soltou. – Você é incrível. Sabia disso?

Ela deu de ombros. – Eu tenho os meus momentos. – Aidan sorriu e pegando a mão dele, ela disse: - Agora vamos, por que senão jamais chegaremos lá.


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