Nossa Família escrita por Dri Viana


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Meu dia todo de folga se resumiu em escrever essa fic. Coloquei na cabeça que de hoje não passava. E, felizmente, consegui escrever a fic.



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— Papaizinho querido, eu vou poder mesmo segurar o meu irmão?

Aproveitando que havia parado naquele exato instante no semáforo,  Grissom se virou para encarar no banco detrás de seu carro sua filha que estava muito bem acomodada e protegida em sua cadeirinha vermelha.

— Vai sim, abelhinha linda!

Há coisas de dias atrás, ela veio com esse pedido e obviamente, foi impossível de negar aquilo.

— Oba!

Lis ergueu os braços em comemoração e Grissom sorriu. A alegria e empolgação eram explícitas no rosto angelical de sua menina. E pensar, que quando ela recebeu a notícia dele e de Sara sobre vir um irmão e não a irmã que tanto desejava, Lis ficou claramente decepcionada e triste. Inclusive até chegou a chorar pela não vinda da irmãzinha que já tinha até nome escolhido por ela: Anna, o mesmo nome de uma das princesas de seu filme preferido.

Grissom e sua esposa cortaram um dobrado para fazerem a pequena aceitar a vinda de Daniel. Ela não queria de jeito algum um irmão menino. Repetiu várias vezes isso. Porém, com muita paciência, jeitinho e conversa, os pais aos poucos foram quebrando a resistência da filha.

E como forma de ajudar no processo de aceitação da primogênita em relação ao irmão, o casal fez questão de envolvê-la aos poucos nos preparativos para a chegada do novo membro da família, levando-a sempre quando possível para comprar as coisas para o bebê. Deixavam que ela opinasse e até mesmo escolhesse algo, tudo para fazer a menina 'baixar a guarda'. E isso, lentamente, foi dando resultado já que logo Lis começou pouco a pouco a demonstrar sutis indícios de aceitação à vinda de Daniel, para a alegria de Grissom e Sara.

O casal também chegou a levar a filha em algumas consultas de Sara, principalmente quando tinha ultrassom para que Lis visse o irmãozinho. É bem verdade que ela não conseguia entender as imagens, mas adorava ouvir o som do coração do bebê. Achava engraçado o barulho e ria dele toda vez, fazendo seus pais e o médico experiente se encantarem com sua reação.

E assim, que Lis já tinha esquecido por completo sua predileção por uma irmã e aceitado Danny (tal apelido carinhoso foi ela quem deu ao bebê), ela de maneira espontânea passou a acariciar e beijar a barriga de Sara alegando que estava fazendo carinho em seu irmãozinho. Aliás esta passou a ser sua 'mania' preferida, juntamente com: conversar direto com o bebê e lhe cantar as músicas que aprendeu na escola ou as que Susie lhe ensinava em casa.

O curioso era ver que Daniel parecia gostar, porque sempre ficava quieto quando a irmã cantava para ele. O bebê era agitado, não parava quieto, mas bastava escutar a voz da irmã para sossegar dentro da barriga da mãe.

Tanto Grissom quanto Sara achavam aquilo incrível e por vezes ficaram emocionados com tal interação entre os filhos, principalmente com os gestos de amor e carinho que a filha mais velha passou a demonstrar pelo irmão que ainda nem havia nascido.

— Papaizinho como o médico fez pra tirar o Danny da barriga da mamãe?

Grissom deu graças a Deus que o sinal abriu, porque assim pôde desviar o olhar de sua pequena, para a pista e assim, ganhar um breve tempo de pensar rápido em uma resposta que não fosse absurda como a dada meses atrás, sobre os bebês serem sementes que chegavam pelos correios. Até hoje, Sara tirava sarro dele por isso.

— A mamãe não contou isso pra você, abelhinha?

Pelo espelho retrovisor, ele observou sua menina linda.

— Não. Eu também nem perguntei. - Ela deu de ombros enquanto alcançava seu boneco Olaf acomodado do seu lado no banco do carro. - Você sabe como o médico fez, papaizinho?

Ele se recordou do conselho dado por sua esposa logo após o ocorrido com a história da semente.

"O melhor é sempre falar a verdade, querido! Pode parecer complicado num primeiro momento, mas sempre dá para encontrar uma resposta que satisfaça a curiosidade da Lis sem causar traumas à ela ou nos deixar constrangidos de falar."

A verdade! Foi à ela que Gil recorreu para responder o questionamento de Lis.

— Filha, o médico da mamãe deu um remédio pra ela dormir... - ele começou a explicar enquanto dividia sua atenção entre a avenida movimentada daquela tarde e o espelho retrovisor por onde observava sua filha curisosa. - aí, depois, ele fez um pequeno corte na barriga da mamãe por onde tirou o Daniel.

Sara optou pela cesariana desta vez, porque ia aproveitar para fazer logo o procedimento para não engravidar mais.

— A mamãe sentiu dor? - os assustados olhinhos azuis da menina buscaram os do pai pelo espelho retrovisor.

— Não, filha. A mamãe estava dormindo, nem sentiu nada.

— E saiu sangue?

— Um pouco!

— Não gosto de sangue. - Lis comentou torcendo o rosto em uma careta que seu pai não pode ver por estar naquele instante com o olhar atento a pista.

— Eu sei minha abelhinha.

Na verdade sua menina tinha certa aversão e até mesmo um pouco de medo de sangue. Uma vez, eles estavam cuidando da roseira do quintal, quando Grissom espetou o dedo feio e começou a sangrar. Ao ver o sangramento, Lis na hora cobriu o rosto com ambas as mãos e começou a chorar, parando somente depois que o pai limpou o sangue e a embalou em seus braços, dizendo que estava tudo bem com ele.

***

Eles chegaram ao hospital por volta das cinco e meia. De mãos dadas, pai e filha caminhavam pelos corredores do hospital rumo ao quarto de Sara. No meio do caminho toparam com Jim e Catherine que tinham vindo conhecer o mais novo membro da família Grissom, mas que já estavam indo embora.

— Olha se não é a pequena linda do tio. - O capitão se abaixou e pegou Lis no colo, salpicado um beijo no rosto da menina enquanto Catherine e Grissom trocavam um abraço.

— Como é que se diz ao receber um elogio, filha?

— Obrigada!

— De nada, minha pequena. - Jim não resistiu em beijar outra vez o rosto da menina. Lis o fazia se recordar de sua filha a quem perdeu o contato por completo. Ellie era tão esperta, curiosa e linda quanto a menina em seus braços.

— Oi, princesinha! - foi a vez de Catherine cumprimentar a menina com um beijo estalado no rosto. Todos os tios postiços de Lis tinham verdadeiro encanto por ela. Na verdade era impossível não cair de amores por aquele pingo de gente.

— Oi, tia Cath.

— Veio conhecer seu irmão?

— Sim. E também ver a mamãe. - Ela revelou com sua habitual desenvoltura.

— Ah, está com saudade da mamãe, não é verdade?

Lis assentiu para Catherine.

— Já estão de saída?

— Sim. - o capitão e Catherine responderam juntos e acabaram rindo logo em seguida disso.

— Tenho uma reunião de supervisores no laboratório antes do turno começar. - explicou Catherine.

— E eu supervisionar o treinamento de novos policias. - O capitão fez uma careta não muito satisfeito com tal tarefa.

— Boa sorte aos dois.

— Tio Jim, você já viu o meu irmão?

— Sim, pequena.

— E você também, tia Cath?

— Sim, princesa. E sabe que ele me lembrou você quando nasceu?

— Eu?

Os olhinhos de Lis se arregalaram em surpresa, arrancando sorrisos dos adultos.

— Sim!

Grissom se viu concordando com a amiga. Assim que Sara e ele viram Daniel logo após seu nascimento, foi impossível não notar a semelhança de traços com Lis. A boca, o nariz, as bochechas rechonchudas e é claro, os olhos cor de céu!

— E a propósito, Gil, parabéns! Que garotão bonito, hein meu amigo.

Catherine bateu no ombro do amigo que agradeceu as felicitações dela e as que vieram de Jim logo em seguida, com um sorriso gigante estampado em sua face barbuda. Os amigos ainda trocaram mais algumas poucas palavras para logo em seguida, se despedirem e cada um tomar seu caminho. 

— Olha só quem chegou pra uma visita. - Grissom anunciou ao abrir a porta e dar passagem para Lis.

Dentro do quarto estavam apenas Sara e Beth que ficou de acompanhante da nora enquanto o filho foi em casa buscar Lis que havia ficado aos cuidados de Susie.

Assim que viu a mãe, Lis se apressou em chegar perto da cama dela.

— Oi, mamãe!

— Oi, minha florzinha! - Sara esticou a mão para tocar o rosto da filha. Sua menina estava tão linda com os cabelos soltos e para variar enfeitados com sua coroa de flores; vestindo uma jardineira de um azul clarinho com estampa de nuvens, nos pés uma sapatilha e em uma das mãos o inseparável Olaf. 

Grissom se aproximou delas e ergueu Lis do chão para que a esposa pudesse dar um beijo na filha deles.

— Não vai perguntar como a mamãe está, abelhinha?

— Como você tá, mamãe?

— Estou bem, meu amor.

— Papai disse que o médico cortou sua barriga para tirar o Danny e que saiu sangue.

Sara olhou de relance ao marido e sorriu. Pelo visto ele aprendeu a não criar mais histórias mirabolantes.

— Foi, teve que fazer um corte e saiu um pouco de sangue na hora, mas a mamãe nem sentiu nada.

— Mas não tá doendo sua barriga agora?

— Só um pouquinho, porque o remédio que a mamãe tomou já passou o efeito.

— Filha viu só como a barriga da mamãe diminuiu. - Grissom chamou a atenção da filha sobre tal detalhe.

— É porque o Danny saiu daí de dentro, não é mamãe? 

— Isso mesmo, meu amor.

— E cadê o Danny?

Ela já não se cabia de curiosidade para conhecer o irmão. Foram meses de espera até aquele momento.

— Ele está ali com a vovó!

Sara apontou o pequeno sofá de dois lugares no canto do quarto, onde Beth estava acomodada com Danny em seus braços.

— Vem, abelhinha, conhecer o Danny.

Com a primogênita no colo, Grissom contornou a cama da esposa e se acomodou com Lis em seu colo ao lado de Beth.

— Olha o Daniel, filha! Dá um "oi" pra ele.

— Oi, Danny! - ela saudou o irmão com um sorriso tímido nos lábios. - Ele é muito pequeno.

— Porque é um bebê ainda. - Explicou Grissom. - Você quando nasceu era assim também. - ele piscou para a esposa que os observava da cama hospitalar.

— Ele vai demorar pra crescer?

— Só um pouquinho!

— O olho dele é da cor do seu, papai.

— E do seu também, filha. - Gil beijou os cabelos de sua menina.

— Faz um carinho na cabeça dele, filha, mas bem devagar.

Incentivada pelas palavras da mãe, Lis deslizou a mão pelos cabelos finos do irmão. Depois tocou seu rosto, a barriga por cima do macacão verde que o bebê usava, tudo sempre com muito cuidado e estampando um sorriso tão lindo, que deixava os pais e a avó  encantados, com a delicadeza de seus gestos e a aparente alegria dela em estar conhecendo o irmão.

— Sabia que ele estava muito querendo te conhecer?

A menina no mesmo segundo desviou a atenção do irmão para encarar Grissom.

— Verdade, papaizinho?

— Acha que o papai ia mentir pra você?

— Não!

— Lis - Sara chamou e atraiu a atenção de pai e filha. -, o Daniel queria muito conhecer quem era a menina que ficava falando e cantando pra ele enquanto estava dentro da barriga da mamãe. Conta pra ele que era você.

A menina se voltou outra vez para o irmão que agitava os bracinhos e esfregava as pernas inquietas uma na outra enquanto emitia resmungos.

— Danny era eu que ficava cantando pra você. - Ela se virou para Grissom. - Papaizinho, eu quero segurar ele. Você disse que ia poder isso.

Em questão de poucos segundos, o pedido dela era atendido e Lis estava com Daniel em seu colo, tendo Grissom auxiliando-a na tarefa de segurar o bebê, enquanto Sara e Beth apenas observavam deliciadas a cena.

A menina não conseguia desgrudar os olhos do irmão. E sem tirar o sorriso dos lábios, ela olhava para ele em um misto de encantamento com adoração, chegando a fascinar os adultos presentes.

Em certo momento, sem que ninguém sugerisse ou mesmo mandasse, ela tomou a iniciativa de beijar o irmão na testa e disse que gostava muito dele, deixando os adultos de olhos marejados por seu gesto de amor.

— E ele gosta de você, abelhinha! - Grissom acrescentou, esticando uma das mãos para alcançar o rosto se sua menina e lhe fazer um carinho.

***

— Acho que em casa ela não vai desgrudar dele.

— Também acho. - Sara concordou, esboçando um sorriso enquanto tinha Grissom sentado ao seu lado na cama do hospital, com um braço sobre seus ombros. O casal observava Lis bastante entretida junto com a avó, ambas paparicando Daniel.

— Ela está tão feliz e encantada que nem dá pra acreditar que de início não queria aceitar um irmão menino.

— Mas ainda bem que conseguimos reverter isso.

— É! - ele respondeu, dando um longo suspiro.

— O que foi?

Ele a encarou e esboçou um sorriso largo e feliz.

Como eram as coisas!

Até anos atrás ser pai para ele era algo tão distante quanto a ideia de 'baixar a guarda' para sua até então subordinada. Mas aí as coisas foram acontecendo. Ele deixou o medo de lado e criou coragem de se declarar para sua amada; iniciaram um relacionamento as escondidas. E dois anos depois Sara engravidou sem qualquer planejamento.

Foi um susto, mas também uma imensa felicidade. A paternidade transformou sua vida em um grau que Grissom jamais imaginou ser possível. E tal acontecimento foi a segunda melhor coisa que lhe aconteceu. A primeira havia sido Sara! Sem ela jamais seria possível aquela família linda que eles construíram juntos e a qual acabava de aumentar.

— Obrigado!

— Pelo quê exatamente está me agradecendo?

— Pela NOSSA FAMÍLIA!

#Fim#


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Notas finais do capítulo

É isso, amadas!

Espero ter agradado no fim das contas.

Meu agradecimento desde já a você que leu até aqui.

Um super beijo e nos encontramos nos outros projetos em aberto.



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