Complexo escrita por noora


Capítulo 1
U: complexo


Notas iniciais do capítulo

oi gente!
voltando com o claraverso/verse não sei ainda como chamar HAHAHA
como eu disse antes, eu postei a mesma fic com o mesmo nome lá em 2014, mas resolvi reescrever e postar de novo! mas temas como o TDAH e a entidade Nina Longbottom não mudaram hehe.
bem feliz com essa porque o James é um dos meus favoritos de escrever sobre!
queria agradecer também a Tess por ter me ajudado com ideias e lendo a one conforme eu ia escrevendo, brigada mesmo amiga ♥
AVISO GATILHO: tem cenas sobre ansiedade e ataque de pânico, caso não se sinta confortável por favor não leia.
espero que gostem ♥



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O mundo bruxo vibrou de alegria quando os Potter anunciaram que estavam esperando o primeiro filho.

Nasceu numa tarde de neve no primeiro dia de Dezembro. Era o terceiro da segunda geração dos Weasley a nascer, a família extasiada por ser o primeiro menino dos netos. Era um bebê calmo, que quase nunca chorava. Os pais acreditavam que ia crescer assim, mas estavam bem enganados.

James não parava quieto. Não conseguia ficar 30 minutos parado: se não estava correndo por ai ou inventando o que fazer, mexia as pernas ou batucava descontroladamente, o que deixava qualquer um por perto estressado. E quando se juntava com seu primo Fred, não tinha quem aguentasse.

Fred não era nem um ano mais novo que James e os dois eram grudados desde que se lembravam. Seus tios brincavam que os dois se comunicavam telepaticamente, já que pareciam estar conectados. James uma vez escutou sua tia Audrey falar que ele parecia mais irmão de Fred do que de Albus, seu irmão mais novo.

Albus era dois anos mais novo que James. Ele era bem mais quieto, então sempre custou para James se identificar com o irmão, mas ao contrário do que muitos acreditavam, ele não o odiava. O Profeta Diário muitas vezes soltava notícias questionáveis sobre o relacionamento dos irmãos, vindo de fontes que apenas viram uma vez James implicando com Albus.

A verdade era que ele o respeitava demais. James amava o irmão, apenas enchia o saco dele por achar engraçado sua reação, mas nunca faria nada para machucá-lo de verdade. Bateu palmas entusiasmadamente quando Albus foi selecionado para a Sonserina e ameaçou quebrar a cara de qualquer pessoa que ele escutasse falando algo de ruim do irmão (foi muita gente).

Apesar de tudo, os dois eram bem próximos. A mais distante dos irmãos Potter era provavelmente Lily. Desde que ela entrou em Hogwarts, James conseguia perceber que ela ignorava os irmãos de propósito quando os via nos corredores. Parte era por vergonha deles em público, mas também porque Lily era provavelmente a Potter que mais tentava escapar da sombra do sobrenome. Tanto Albus quanto James faziam de tudo para honrar os pais.

Como o mais velho, havia uma espécie de regra silenciosa de que ele tinha que seguir os passos dos pais. Ou talvez não tivesse, mas James havia enfiado na cabeça que ele não podia desapontá-los e de que devia ser tão grandioso quanto seus pais.

Aos quatro anos, a primeira decepção veio. Ginny resolveu dar umas voltinhas com James em sua vassoura, para ver se ele se acostumava. Ela havia subido apenas cinco metros do chão quando James começou a chorar, pedindo para voltar para o solo. Foi nesse dia que a família descobriu que o menino tinha medo, praticamente terror, de altura. Fazer parte do time de quadribol, como seus pais foram, já estava fora de questão.

A decepção de não ir para a Grifinória não aconteceu, mas chegou perto. O Chapéu Seletor estava considerando colocá-lo na Lufa-Lufa, mas James implorou tanto que foi mandado para a casa dos pais. Infelizmente, a decepção logo veio quando as aulas começaram.

Não era como se ele realmente não ligasse para aulas. Claro que havia algumas insuportáveis, mas tinha um grande interesse na maioria. Só que a aula começava e minutos depois o jeito que a menina em sua frente mexia no rabo de cavalo parecia mais interessante, o barulho que alguém fazia enquanto escrevia era intrigante e ele percebia que não estava mais prestando atenção. Começava a forçar sua concentração, mas acabava ficando tão focado nisso que na verdade não ouvia o que o professor estava falando e quando a realidade voltava, a aula tinha acabado e James não tinha aprendido nada.

Isso acontecia em quase todas as aulas. Herbologia e Feitiços eram as menos piores, já que ele não era obrigado a ficar sentado em uma cadeira tentando focar. Ele ficou extremamente triste quando recebeu as notas no final do ano, sabendo que havia tirado o mínimo para passar enquanto seus melhores amigos, Johnny e Fred, tinha notas extremamente boas.

Como sempre, ele nunca contava para as pessoas quando estava triste, mas Johnny, como todo Longbottom, percebeu e forçou o amigo a contar o que estava acontecendo. James, após muita relutância, botou para fora como tinha sido seu desempenho no primeiro ano.

Enquanto Fred era o amigo mais engraçado que James tinha, Johnny era com certeza o mais gentil. Devia ser uma regra na casa dos Longbottom: sempre seja a pessoa mais gentil e bondosa que você consegue ser. Toda vez que tinham um problema, tanto James quanto Fred, era só irem falar com Johnny que sabiam que ia ficar tudo bem. Depois de ouvir o desabafo de James, o amigo logo se ofereceu para ajudá-lo em todas as matérias que ele precisava, esse acordo estando de pé até os dois se formarem.

Com a certeza de que conseguiria se salvar nos estudos, James acabou relaxando um pouco. Começou a focar mais na parte social de Hogwarts, aumentando seu número de admiradores. James conseguia ser extremamente charmoso e carismático quando queria então a cada ano seu grupo de “fãs” crescia. Todo mundo gostava dele.

Esse grupo, além de serem encantados pela personalidade de James, também foram conquistados por todas suas pegadinhas em Hogwarts. Desde pequenas, como trocar ingredientes no armário de Slughorn para as poções darem errado; médias, como a clássica de explodir as privadas de algum banheiro; até seu maior feito: James, com a ajuda de Fred, conseguiu trocar todos os quadros de Hogwarts de lugar, causando a maior dor de cabeça que Filtch já teve. O corpo docente nunca conseguiu provar que tinha sido ele ou até mesmo como tinha sido feito aquilo, mas a fama de James entre os alunos era astronômica.

Com toda essa popularidade, a ansiedade de James aumentava cada mais. Ele precisava que os outros gostassem dele e quando não riam de suas piadas, ficava com esse peso no peito como uma angústia que não passava. Todos esses sentimentos se juntavam, criando uma bola de neve cada vez maior.

Teve seu primeiro ataque de pânico aos 15 anos. Estava sozinho em casa, seus pais trabalhando e os irmãos em casa de amigos. Primeiro veio como uma leve dor no peito, mas logo seu cérebro já começou a exagerar a situação: e se não fosse qualquer dor? E se fosse um ataque cardíaco? Sua respiração começou a acelerar, seu corpo a formigar e ele tremia. A sensação era de que não entrava ar em seus pulmões e James se desesperava cada vez mais.

Aqueles foram os 20 minutos mais horríveis de sua vida, piores do que quando sua mãe tentou fazê-lo voar numa vassoura. Sabia que o certo era contar para alguém, mas sentindo que não queria incomodar, apenas guardou para si mesmo. Guardou aquele segredo por praticamente um ano: ficava dias sem sentir nada, mas do nada tinha seis ataques num dia só.

A primeira vez que resolveu procurar ajuda foi depois de ter conversado com Amber Nott.

Amber era uma garota de seu ano, mas da Sonserina. Costumavam descrevê-la como “misteriosa”, já que quase ninguém sabia muito dela. Não tinha amigos e ficava sempre sozinha pelos corredores de Hogwarts. Apesar do comportamento esquisito, James sempre a achou bonita, com o cabelo loiro e os olhos azuis. Ficou com o orgulho ferido quando, no ano anterior, tinha a chamado para sair e ela respondeu que não. Então como todo adolescente idiota de 14 anos, ele começou a odiá-la. Não mexia com Amber, mas também não agia como se fosse seu fã.

Mesmo com a ajuda de Johnny, James estava indo muito mal em Transfiguração. A professora decretou que ou ele aceitava um tutor da escolha dela ou ele acabaria reprovando. Revirou os olhos quando entrou na sala e viu Amber sentada lá, desenhando alguma coisa no pergaminho. James ficou em silêncio enquanto ela explicava, mas ainda não conseguia entender totalmente. Amber começou a ficar frustrada que não estava rolando, então sugeriu uma pausa. Ele achou que os dois iam conversar, mas a menina pegou o pergaminho de antes e voltou a desenhar.

— Por que você não fala com ninguém? – ele perguntou antes de pensar.

Ela levantou o olhar para ele, um brilho severo nele.

— Por que você é tão burro? – Amber perguntou de volta, claramente irritada.

James engoliu a seco, magoado. Amber suspirou, arrependida.

— Desculpa. Você não é burro, só descontei em você porque tive um dia ruim – ela ainda olhava para o desenho, rabiscando – e já se perguntou que eu talvez não fale com ninguém porque não falam comigo? Não venho de uma família legal que nem você, sabe? A sua é conhecida por fazer coisas ótimas, a minha por coisas horríveis.

“E eu não tenho ninguém para me fazer companhia também, que nem meu irmão tem nosso primo. Vocês falam comigo para dizer coisas ruins ou para me chamar para sair, mas ninguém quer realmente ser meu amigo”.

James ouvia o desabafo dela, se arrependendo de tudo que já sentiu por ela. Amber estava certa: ele sempre ouvia falarem maldades, mas nunca via alguma pessoa de seu ano tentando fazer amizade com a menina. Sorriu para si mesmo, antes de falar baixinho:

— Meu cérebro não funciona direito – Amber levantou a cabeça para ele, confusa – não vou mal nas matérias por estar nem aí, eu só não consigo prestar atenção. Eu realmente tento, mas mesmo focando muito acabo me distraindo.

— Você já pensou em falar isso para algum dos professores? Talvez eles sejam mais compreensivos. Pelo menos foram com os problemas de entendimento de Gregory. E talvez ir em algum médico trouxa ver isso, foi assim que descobrimos da dislexia dele.

Ele seguiu o conselho de Amber e no verão seguinte, pediu para sua prima Molly se ela podia levá-lo para uma consulta com algum médico trouxa. A parte materna da família de Molly era nascida trouxa e sua tia trabalha com alguma coisa relacionado com o cérebro. James foi diagnosticado com TDAH, um distúrbio neurobiológico que atrapalhava sua concentração e o fazia ser hiperativo do jeito que era. A médica prescreveu ritalina para ele e James tomava relutantemente, porque odiava como o deixava lento, mas pelo menos ele finalmente conseguia focar. Além disso, uma colega dela o diagnosticou com ansiedade e medicou-o para tratar isso. Para os dois casos James os tomava escondidos, não querendo preocupar os pais.

Depois daquele dia, James e Amber se encontraram por mais alguns sábados. Acabaram ficando bem amigos e James descobriu que Amber na verdade falava até demais. E era muito engraçada, além de inteligente. Quando ele finalmente, meses depois, tomou coragem para perguntar o porquê de ela não querer sair com ele, James se tornou a primeira pessoa para quem Amber se assumiu lésbica. O problema não era ele como pessoa, apenas não tinha menor o interesse por garotos.

Foi pra Amber que ele contou sobre todas as meninas com quem havia ficado. As pessoas sabiam que James era bem popular entre elas, mas nunca sabiam quando e quem ele havia pegado. A única coisa que seus melhores amigos tinham o conhecimento é que ele tinha perdido a virgindade um pouco depois de fazer 16 anos, mas era só isso. Fred sempre brincava falando que James estava mentindo e nada tinha acontecido, mas Potter apenas ria e não falava nada.

Mas a verdade era que nenhuma dessas garotas importavam enquanto Nina Longbottom existisse.

Ele a conhecia desde criança. Era uma das irmãs mais novas de um de seus melhores amigos e não havia um dia em que ele não a admirasse. Nina sempre fora uma de suas pessoas favoritas no mundo inteiro. Lembrava-se de quando era mais novo e ao invés de prestar atenção no jogo de quadribol de seus primos, ficava assistindo Nina e Dominique brincarem que eram advogadas e estavam livrando algum bruxo de uma acusação falsa.

Nina era provavelmente a pessoa mais gentil que James conhecia. Nunca viu ela sendo maldosa com ninguém, mas as vezes via em Hogwarts ela brigando com algumas crianças por terem sido cruéis com outras. Toda vez que visitava Johnny no Caldeirão Furado ele notava que Nina sabia o nome de absolutamente todos os clientes que colocavam o pé lá. Mas o maior motivo para ele sempre ter gostado tanto dela era que Nina, além dos membros de sua família, era uma das únicas pessoas que o tratava como ele mesmo, não apenas como um sobrenome.

Notou como ela era bonita quando ele estava em seu sexto ano. James estava saindo dos Três Vassouras com seus amigos e encontrou Nina e Dominique indo entrar. Percebeu como as bochechas dela estavam vermelhas por causa do frio e o quão fofa ela ficava quando estava assim. Se pegou pensando no sorriso dela mais tarde naquele dia, enquanto relaxava em volta da lareira com os meninos. Olhou para Johnny e logo se sentiu culpado por estar pensando desse jeito sobre sua irmã, mas não conseguia evitar. Passou o resto do ano inteiro procurando desculpas para ir falar com Nina e em todas as conversas ela o respondia com a maior animação do mundo.

Na primeira semana de férias, James combinou com Fred e Johnny de irem no Beco Diagonal, mas chegou propositalmente mais cedo para poder encontrar Nina. Ela estava guardando as bebidas novas que haviam chegado e James ficou parado na porta, observando por alguns segundos. O cabelo dela estava preso num coque e sua franja estava meio comprida, então alguns fios castanhos caiam em cima dos olhos esverdeados. Quando notou a presença dele, abriu um sorriso que aqueceu o coração de James:

— James! Será que você pode me ajudar aqui? Essas caixas estão pesadas demais para esses gravetos – ela balançou os dois braços.

Nina era bem magricela, mas a parte que ele mais gostava dela era sua altura. Ela era alta, com uns 1,75 de altura. James gostava de não precisar abaixar muito a cabeça para olhar ela nos olhos e sabia muito bem que não precisaria se inclinar demais para beijá-la.

Ficou segurando as caixas enquanto Nina colocava as garrafas de cerveja amanteigada nas prateleiras. Conseguia sentir o cheiro característico de baunilha que emanava da menina, inebriante. Os dois ficaram conversando, até James perguntar se ela iria para A’Toca naquele verão.

— Difícil... Não sei se Johnny te falou que eu estava atrás daquele estágio no Ministério – James concordou, lembrando da conversa com o amigo – então, sua tia mexeu uns palitinhos ali e consegui! Normalmente eles não deixam alguém do quinto ano participar, mas como eu já faço 16 em outubro sua tia os convenceu. Só que vai pegar quase o verão inteiro.

— É porque Fred está tentando convencer a vovó a deixar ele dar uma festa de aniversário e ele com certeza ia querer você lá.

Com ele na verdade James falava sobre si mesmo, mas Nina não precisa saber disso.

— Claro que eu vou! Não perderia por nada – Nina abriu seu sorriso característico e James só queria segurar seu rosto e beijá-la até não respirar mais.

Notou como as garrafas tinham acabado e colocou a caixa apoiada no chão. Quando levantou o corpo, percebeu a pouca distância entre ele e Nina. Se ele apenas se inclinasse, poderia fazer o que queria há tanto tempo e pelo jeito que a menina olhava para ele, sabia que seria recíproco.

Mas ficou no “e se”, porque logo Johnny apareceu. Os dois se afastaram com rapidez, como se tivessem sido pegos fazendo algo terrível. O amigo de James pareceu não notar o clima, porque apenas cumprimentou os dois e avisou que Fred estava esperando numa sorveteria no Beco Diagonal.

O verão foi sofrido para James. Como acontecia todo ano, sua avó colocou ele e Fred para concertarem tudo que estava minimamente quebrado nA Toca. Passava os dias mexendo em tudo, sendo com magia ou não. Pelo menos isso tudo, junto com o primo aceitar o emprego oferecido pelo avô, valeu a pena já que Molly finalmente deixou os dois darem a famosa festa de aniversário de Fred.

Compraram tanta bebida que pelo menos umas dez pessoas provavelmente iam entrar em coma alcoólico. Fred estava entre elas, como sempre. Ele tinha um hábito péssimo de achar que daquela vez ele ia conseguir definir um novo limite de quanto aguentava, mas no fim sempre acabava com a cara enfiada na privada e sua namorada Elizabeth cuidando dele.

James era provavelmente o maior fã daquele relacionamento. Achava engraçado como Effy era nervosinha, parecendo que estava sempre a um passo de socar alguém, enquanto Fred era a pessoa mais calma e de boa com a vida que James já conheceu. Os dois eram que nem uma vez ele ouviu Effy dizer para Fred: “Eu odeio todo mundo nesse mundo, menos você”.

Todos pareciam estar se divertindo horrores na festa, mas James tinha muita coisa na cabeça. Na verdade, uma coisa específica: Nina naquele vestido azul e o batom vermelho. Não tinha tirado os olhos dela desde que a menina chegou, mas ainda não havia falado direito com ela, apenas se cumprimentaram.

Ele gargalhou quando viu ela e Dominique subirem em cima da mesa para dançaram uma música trouxa bem antiga. Os olhares se cruzaram e Nina, encorajada pelo álcool, cantou a letra da música olhando diretamente para ele.

Gimme, gimme, gimme a man after midnight

Take me through the darkness

To the break of the day

Se encontraram algum tempo depois. James tinha ido para o lado de fora para fumar um cigarro, mas estava se perguntando se realmente acendia naquele momento ou guardava para depois por ser o último do maço. Nina saiu da casa tropeçando um pouco. Estava meio confusa, mas quando viu James sorriu e falou um oi com a animação de bêbada que ela tinha.

— Vai acender isso aí? – ela questionou, apontado para o cigarro na mão de James.

— Depende – ele sorria, colocando o cigarro atrás da orelha – você está fazendo o que aqui fora?

— Procurando Dominique! Um minuto ela estava do meu lado e depois sumiu e não posso deixar ela sozinha que faz merda, toda santa vez.

Nina divagava enquanto James dava risada do seu tom embriagado. As bochechas dela estavam vermelhas, bem do jeito que ele gostava. Nina se aproximou dele, mexendo o corpo ao som da música que tocava dentro da casa. Quando estavam de frente a frente pegou na bainha da camiseta dele, brincando com o tecido.

— Então – começou a perguntar, olhando bem nos olhos dele – qual é o seu veredito sobre acender esse cigarro ou não?

— Ainda depende.

— Do que?

— Do que vai acontecer agora.

As mãos dele na cintura dela, as de Nina subindo pelos braços dele, os narizes se encostando e Effy atrapalhando tudo.

— Ei, James!

A loira estava parada na porta, com Fred apoiado em seu ombro. Nina se afastou de James, andando um pouco para o lado. Effy deu um sorriso solidário, como se estivesse pedindo desculpa, e voltou a falar:

— É... A fila do banheiro ‘tá gigantesca e esse aqui vai colocar tudo para fora daqui a pouco. O que eu faço?

Ele suspirou, tentando limpar a mente. Percebeu que Nina tinha dado a volta na casa, provavelmente voltando a procurar a melhor amiga. James foi ajudar Effy, passando o outro braço de Fred em seus ombros:

— Vamos levar ele lá para o mato, é melhor.

Effy tentou pedir desculpas, mas James disse que não precisava se preocupar. Talvez aquilo realmente não deveria acontecer, afinal.

Chegar ao sétimo ano era um grande marco na vida de qualquer bruxo. Para James e Fred, significava que era a última chance para mostrar seu talento para a travessura. Planejaram provavelmente uma das pegadinhas mais icônicas que Hogwarts viu. Usando um feitiço de aumentar o espaço em seus malões, cada um colocou várias vassouras trouxas. Então, no primeiro jogo de quadribol da temporada, Sonserina contra Grifinória, eles trocaram as vassouras do time da casa rival pelas que não funcionavam.

A pegadinha foi genial. Eles esconderam tão bem as vassouras enfeitiçadas que o jogo acabou levando uma hora para começar de verdade, sem contar o total desespero dos jogadores da Sonserina. A sala comunal da Grifinória estava uma loucura depois do jogo, comemorando tanto a pegadinha quanto o fato que eles realmente tinham ganhado.

then she appeared

Estava comemorando com Johnny e Fred quando avistou Nina passando pela multidão em direção a ele. Foi como uma das cenas dos filmes trouxas que sua prima Molly obrigava-o a assistir. Naquele momento, apenas Nina Longbottom existia e era como se o mundo tivesse desaparecido. Ela estava gritando alguma coisa, mas era como se apenas a música de fundo da cena estivesse tocando.

Nina estava cada vez mais perto e foi quando James se virou para Johnny e pediu desculpas pelo que ia acontecer. Abandonando o amigo completamente confuso, James apenas andou em direção a Nina e segurou seu rosto, beijando-a.

Era realmente como um filme.

O barulho sumiu e a única coisa que importava era a sensação dos lábios de Nina nos seus e o cheiro de baunilha do perfume dela. Os dois sorriam de vez em quando no meio do beijo, provavelmente sem acreditar que aquilo finalmente estava acontecendo.

James percebeu depois que o barulho realmente tinha diminuído fora da imaginação dele, porque aquela era a primeira vez que tinham visto James Sirius Potter beijar uma garota em público. Apoiou sua testa na de Nina, rindo enquanto sussurrava:

— Puta merda, eu queria fazer isso a tanto tempo.

— Bem, eu estou imensamente feliz que você resolveu fazer isso – Ela sussurrou de volta.

Sabia que estava apaixonado após algumas semanas de namoro. Só de apenas olhar para Nina fazia seu peito se encher de paixão. Era apaixonado por quão inteligente ela era, podia ficar horas escutando ela falar sobre História da Magia (mesmo que ele detestasse a matéria); como Nina ficava animada em contar as fofocas do pessoal de seu ano; pelo jeito que ela enrolava mechas do cabelo quando estava lendo e acabava ficando com ele ondulado.

Era apaixonado por ela.

Disse que a amava sem pensar. Estavam matando aula no dormitório dele, numa quarta-feira. As camisas e gravatas dos dois estavam no chão e Nina sentada no colo de James, travando uma batalha com o cinto emperrado dele. Enquanto assistia ela com o cenho franzido, totalmente concentrada, as palavras escaparam de sua boca:

— Eu te amo.

Os dedos de Nina travaram no ar e o corpo dela ficou rígido. Os dois passaram os próximos minutos sentados lado a lado, James desesperado por achar que havia estragado tudo e Nina olhando para o nada, pensativa. Antes que ele pudesse falar alguma coisa, ela começou a subir as alças do top e pegar o resto das roupas no chão.

— Não é que eu não – ela falou, o tom de voz calmo – você sabe. Só preciso pensar.

Ele não apareceu nas aulas pelo resto do dia. Fred e Johnny ficaram bem preocupados quando viram o amigo em completo silêncio, encarando o nada por várias horas. Tiveram até que levar comida de volta para o quarto porque James não conseguia fazer o menor esforço para sair da cama. Acabou dormindo mais cedo, sendo acordado de madrugada por um Fred levemente rabugento:

— A Nina tá lá na porta te esperando. São três da manhã, francamente – ele resmungava enquanto voltava para a cama.

Toda a energia que tinha sumido de James voltou de supetão e ele praticamente correu até a porta. Nina abraçava o próprio corpo, parecendo estar um pouco nervosa. James saiu do quarto, ficando no corredor para não atrapalhar os amigos:

— Ei, aconteceu-

— Eu te amo – ela interrompeu James, que foi pego de surpresa – desculpa não ter respondido na hora, mas eu realmente te amo. Até demais. Só fiquei um pouco assustada.

James abraçou-a, beijando sua têmpora. Ela era a melhor coisa que tinha acontecido na sua vida. Não sabia o porquê, mas Nina passava uma energia que o deixava confortável para falar sobre qualquer coisa. Contou sobre sua angustia de não saber o que queria fazer depois de Hogwarts e ela logo veio com várias sugestões recheadas de elogios das qualidades de James; reclamou das dificuldades de aprender com o TDAH e como odiava tomar os remédios, enquanto Nina escutava atentamente; e foi a primeira pessoa que James contou de sua ansiedade e do eterno medo de desapontar seus pais.

Foi por causa de Nina que ele finalmente sentou-se com os pais para conversar. Teve muita dificuldade de se expressar, as palavras engolidas pelos soluços de choro dele, mas conseguiu colocar para fora tudo que sentiu em seus 18 anos de vida. Ginny tinha lágrimas nos olhos assim como o filho e Harry o abraçou com todo o carinho que conseguia.

— James, nós não esperamos que você seja que nem a gente – ele começou a explicar para o filho – eu e sua mãe só queremos que você e seus irmãos sejam sempre as melhores versões de vocês mesmos. Não esperamos que seja o melhor jogador de quadribol ou que salve o mundo! Você é nosso filho, só queremos que seja feliz.

— Nós te amamos tanto— Ginny passou os dedos pelo cabelo do filho – e temos muito orgulho de você.

Era difícil para ele entender todas as coisas boas que falavam sobre ele. James passou a vida inteira se autossabotando, se comparando com outros, diminuindo todas suas qualidades. Felizmente, ele tinha seus pais e irmãos para dizer o quão orgulhosos eram dele; uma melhor amiga que afirmava o quão inteligente ele era, até quando James não conseguia enxergar isso; dois melhores amigos que fariam de tudo por ele e que confirmavam sempre a boa pessoa que James era; uma namorada que o amava tanto e acreditava nele, mesmo quando ele não conseguia fazer isso.

James Sirius sempre seria um complexo, mas aquela era com certeza sempre a melhor versão de si mesmo.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado! comentários são muito bem vindos ♥
um beijão!!!



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